quinta-feira, 31 de março de 2011

SERÁ SANTO

No intervalo contra o Cascavel, ainda aturdido com os gritos do inconformado às minhas costas, saio para a pizza obrigatória e quem passa rápido pela minha fome, ligeiro como cobra? Nada mais, nada menos que Adilson Batista. O estômago deixa de ter a merecida prioridade e pergunta imediata sacode meu cérebro cansado: "estará Geninho agonizando seus últimos minutos no Atlético?" Terminado o jogo, resignado com a magra vitória, ligo o radinho esperando pelo entrevista do treinador.

Nenhuma alteração no comando. Geninho lamenta os erros de passe, aponta as duas próximas semanas de trabalho como imprescindíveis para a melhoria da equipe, únicas sem jogos nas quartas antes da retomada da Copa do Brasil. Uma entrevista com jeitão de já tentei tudo, só falta tirar da tomada e ligar de novo.

De fato, Geninho já fez todas as experiências que tinha direito. Já tentou o 352, já inventou Manoel de lateral, algo que Carpegiani ensaiou em 2010 com Bruno Costa, e, felizmente, voltou à primeira linha de quatro. Como apreciador da boa mesa, Geninho sabe que o bom angu é feito com simplicidade. No futebol não é diferente. Pode-se arriscar uma malagueta no ataque, nunca na defesa. Ali é o reino do tempero parcimonioso, dos ingredientes de alta qualidade.

Essa danada da qualidade é o que nos falta no setor defensivo. Em alguns casos, como para a lateral-direita, nos falta até o produto. Ou temos um reserva para a posição? Desconheço. Zagueiros nota sete, no máximo dois, e olha que estou incluindo Dalton nessa dupla, crente na palavra de amigo gaúcho velho, colorado doente. Na lateral-esquerda reina Paulinho, Héracles, ainda uma promessa. Torço por ele.

Os volantes que gastaram as canelas no ano que passou, Vitor, Deivid e Clayton, foram esquecidos. Agora é a vez de Robston, Alê, Kleberson. Contratou tem que jogar. Choramos a falta de Chico, mas o mesmo aconteceria com ele se aqui estivesse. Só trocou a reserva no Atlético pela do Palmeiras, onde o seu Walmor está garimpando Pierre. Ele quer me matar.

No ataque, o desentrosamento é evidente. Passes errados, muitos colocando a saúde do companheiro em risco, condução nervosa da bola, lançamentos para o vazio, chutes sem direção ao invés de precisos cruzamentos, finalizações com a força de dentes de leite. Falando em esquecidos, por onde anda Branquinho? Por que Baier não pode descansar uns 20 minutos? Por que Guerron tem que esgotar minha paciência?

No Brasil inteiro, os grandes empatam e perdem. O São Paulo perde para o Paulista, o Flamengo empata com o Madureira, o Santos perde para o Bragantino, o galo mineiro empata com o Uberaba, o Grêmio sofre para empatar com o Caxias aos 51 do segundo tempo. A invencibilidade do Coritiba é que nos maltrata. Ainda bem. Choca a torcida, empurra a diretoria, obriga os jogadores ao treinamento, coloca o cargo de Geninho em risco.

O campeão Geninho sabe que está com a vida enrolada. Tem que acertar a defesa, melhorar a saída de bola, distribuir as camisas no ataque e entrosar o setor, tudo antes do jogo com o "coxa", quando a derrota será inaceitável. Se conseguir, não será mais mestre. Será santo.