quinta-feira, 29 de março de 2012

AINDA EXISTEM

O Atlético de Don Juan é prá lá de movimentado. Quem está na direita, vai para a esquerda. Quem está na defesa vai para o meio. Quem está na reserva, vira titular. No jogo contra o Toledo foi uma festa. Se alguém conseguir fazer uma análise do conjunto da equipe, é candidato a um daqueles prêmios de final de ano na categoria tirar leite de pedra.

O Atlético ganhou por que, individualmente, o Toledo é muito ruim.

Até que o time da torcida “porcos selvagens” tem bom desenvolvimento tático, mas, quando alguém tem que definir, seja no ataque, seja na defesa, as pixotadas são a tônica.

Como acho que o Furacão tem que ganhar de todos esses times do Paranaense de três para cima, a superioridade que imagino permite Don Juan fazer todas as modificações que lhe dão na telha sem correr riscos. Se colocasse o time que jogou a Copinha, bem treinado, também teria que ganhar.

Ter a certeza da vitória é possível, acreditar numa boa partida no sentido coletivo seria querer demais. Assim foi. O Atlético ganhou pelo ótimo aproveitamento das poucas oportunidades ofensivas e pelo esforço defensivo quando o Toledo resolveu atacar. A oportunidade é ótima para análises individuais, nas situações específicas em que alguns jogadores foram empregados. Vamos ver se o amigo concorda comigo.

Vinícius fez ótimas defesas, uma importantíssima quando ainda estava zero a zero. Saiu mal em cruzamento alto. Tem que treinar a bola aérea.  

Gabriel Marques é rápido na recuperação defensiva, joga na lateral, na zaga, tem poder de choque e boa condição técnica. Fez a cobertura de Manoel com qualidade. Ótima indicação de Don Juan.

Manoel e Héracles podem voltar a suas posições de origem. Manoel de zagueiro esquerdo sofreu uma barbaridade e Héracles de meia desapareceu. É para isso que as experiências servem.

Alan Bahia, como pivô na saída de bola, teve ótima atuação. Acertou a maioria dos passes para o ataque, sem abusar da bola longa. Pouca participação no desarme e na ação ofensiva. Experiente, pode ajudar. Bom retorno.

Edigar Junio fez o primeiro e deu o passe longo para Bruno Mineiro deixar Zezinho em condições de marcar o segundo. Tem que deixar jogar, insistir com o menino.

Bruno Mineiro tem que se benzer.

Com a liberdade para experimentar garantida pelos resultados, Don Juan vai testando jogadores e formando um quadro bem claro do que pode e não pode fazer.
O quadro que eu visualizo sinaliza para a contratação de um goleiro, um zagueiro pela esquerda e um atacante de área. Jogadores para chegar e lutar pela posição. As necessidades já diminuíram muito, mas ainda existem.

domingo, 25 de março de 2012

FICANDO PREOCUPADO

Com um jogador a menos durante toda a partida, o Atlético venceu com facilidade o Cianorte.

Quando a escalação foi distribuída, onze atletas constavam da relação. Quando o jogo começou, Harrison havia desaparecido.

Desapareceu no túnel, foi sequestrado?

Não. Harrison não foi vítima de um desvio oculto nos túneis do Durival de Brito, nem de um comando coxa invejoso da sua categoria, irritado com a derrota em Arapongas. Harrison, no primeiro tempo, e Ligüera no segundo, foram vítimas do esquema.

Com o lança-lança a partir de Baier e de Héracles, a presença de mais um armador ficou desnecessária. Harrison pouco tocou na bola, Ligüera tentou se aproximar da área e apareceu um pouco mais. Quando Furlan foi expulso, o Atlético ficou com nove.

A marcação próxima dos dois jogadores pode ter contribuído. A realidade é que ambos não jogaram.

O lança-lança que incapacita jogadores foi responsável pelos dois gols primeiros do rubro-negro. No primeiro, o lançamento de Héracles para Edigar Junio, a entrada na área, o cruzamento, o gol de Guerrón. No segundo, o lançamento de Baier para Guerrón pela esquerda, o corte para o pé direito e o gol. Então, o esquema é bom?

Sem dúvida, pelo menos enquanto o adversário permitir que Baier jogue livre na intermediária defensiva rubro-negra, com espaço para lançar durante noventa minutos, diga-se também, enquanto a perna do velhinho aguentar.

Criticar na vitória é ser o chato, o sempre insatisfeito. Entretanto, é importante. O Atlético precisa alternar momentos de jogo vertical, com outros de troca de passes, jogadas de ultrapassagem pelos lados, dando ao centroavante a possibilidade de marcar, não somente fazer o pivô, tomar trombadas por trás de minuto a minuto.

De qualquer forma, a escalação do time principal parece estar mais próxima. Vinícius é o goleiro, foi muito bem na partida. Gabriel Marques está se soltando, é dono da posição. Manoel ninguém tem dúvida. Gustavo está no meu paredão. As principais jogadas importantes do adversário acontecem sobre seu setor. Héracles tornou-se importante na saída de bola, não tem sombra.

Deivid e Baier são unanimidades. Deivid voltou a jogar bem, forte na marcação. Andava meio perdido entre o ataque e a defesa. Harrison e Ligüera disputam a vaga “do que eu estou fazendo aqui?”. Guerrón e Marcinho estão escalados. Na esquerda, o retorno de Ricardinho estabelecerá se ele ou Edigar Junio vestirá a camiseta.
Já é um caminho. A meu ver estamos atrasados. O elenco ainda não está completo, faltam jogadores, o esquema precisa ser aperfeiçoado. O tempo está ficando escasso. Estou ficando preocupado.

domingo, 18 de março de 2012

JOGAR COMO GRANDE

O Atlético acelerado de quinta-feira contra o Sampaio Corrêa deixou o combustível em Curitiba. O atacar noventa minutos da vitória que nos deu a classificação para a próxima fase da Copa do Brasil me fez pensar. Em quantas partidas um time jogando neste nível de intensidade demonstrará queda no seu rendimento físico? A resposta veio mais rápido que o esperado. O empate de hoje teve como uma de suas causas o cansaço do elenco.

Só para lembrar, o preparador físico saiu do banco e foi pedir empenho.

Cansado, modificado, prejudicado pelo gramado, pelo calor, o rubro-negro empatou com candidato ao rebaixamento. Péssimo resultado.

Por quê? Simples. No Paranaense, o Atlético pode enfrentar alguma dificuldade contra o Coritiba, contra as demais equipes tem que golear. Uma atuação inspirada de defesa bem organizada, o trabalho excepcional de um goleiro são causas únicas a justificar placar menos elástico. Não foi o caso do Roma.

O time de Apucarana fez uma apresentação dentro do esperado. Defendeu-se sem exageros, atacou quando pôde, fez seu gol numa bola parada. Poderia ter feito outro, aos 42 do segundo tempo, em chute bem defendido por Rodolfo.

O Atlético sortudo, o pênalti mal batido por Guerrón retornou aos seus pés para o gol ao final da primeira etapa, teve todos os méritos no empate. Repetiu os costumeiros erros, o principal deles a perda de gols. Harrison chegou atrasado para duas finalizações.

O que mais me incomodou foi a imagem de Bruno Mineiro chamando os companheiros para comemorar o gol rubro-negro com Guerrón.  Só me faltava voltarmos a 2011, àquele Atlético pequeno de espírito. Vou creditar a ausência ao cansaço de todos.

Foi um jogo morno, sem brilho, sem qualquer destaque a fazer. Nem a estreia de Gabriel Marques merece análise. Com quase nada a dizer, a substituição de Marcinho aos 36 do primeiro tempo mobilizará os fofoqueiros de plantão.

Chega de maus resultados, de apresentações inferiores. O tempo está passando. Don Juan tem que aproveitar os retornos de Baier, Ligüera e Ricardinho, e acertar o time, torná-lo consistente, fazê-lo jogar como grande.

sexta-feira, 16 de março de 2012

BOLSO DO COLETE

A Fórmula 1 vai começar, a velocidade volta às manhãs de domingo, agora com o sobrinho do Ayrton, o craque dos craques, pilotando uma Willians. Dizia uma dessas promessas nacionais que não guardei o nome: Ser rápido é fácil, duro é ser constante, evitar erros dentro de uma corrida de 70 voltas. A esperança brasileira está certa.

O Atlético de Don Juan é prova disso.

A velocidade é uma moeda de duas caras. Atacar 90 minutos a 200 por hora é aproximar-se da vitória e correr riscos a cada passe. Quando um gol adversário pode significar o fim do campeonato, representa andar na corda bamba sem qualquer segurança.

O rubro-negro atacou, atacou e passou de fase. A necessária vitória mínima aconteceu fruto da troca de passes dos velhinhos do elenco, Guerrón para Baier, daí a Marcinho e bola no fundo da rede.

Pouco antes do gol, ali pelos 15 do segundo tempo, eu achava o Atlético perdido, a marcação dando sinais de cansaço, Baier e Harrison pouco contribuindo na transição, Gustavo o principal lançador da equipe. O goleirinho a mesma catapulta louca de sempre. Confesso que vi a viola em cacos.

A diferença da qualidade entre os elencos deu a vitória ao rubro-negro. A experiência resolveu o problema, que poderia ter solução antecipada, tivessem Baier e Harrison feito os gols cara a cara com o goleiro ainda no início da partida.  Como não fizeram, o jogo foi sofrido até o último minuto. Uma dureza.

A partida mostrou o estilo Don Juan. Atacar a todo o transe. O negócio é fazer gols. Segurar resultado não se consegue com a introdução de volantes na equipe e sim com a troca de atacantes por atacantes. Até o único volante se troca por outro com características mais ofensivas. Fazia tempo não via algo assim. Para dizer a verdade, acho que nunca vi.

Impossível criticar quando a defesa é pouco solicitada, o time vive perdendo gols, o goleiro adversário é o melhor jogador da partida, e o resultado é obtido. Melhor sair diplomaticamente e achar... interessante.

Dá para entender quando a vitória é indispensável e o adversário de qualidade inferior. Difícil acreditar que este comportamento possa ser usado em todas as circunstâncias e que Don Juan não tenha outras soluções no bolso do colete.


quinta-feira, 15 de março de 2012

PARABÉNS CURITIBA

Na noite quente de 14 de março de 2012, 203 conselheiros do Clube Atlético Paranaense deram um presente à cidade de Curitiba. Reunidos nas dependências da Baixada de todos os rubro-negros, os Cavaleiros e Amazonas da Ordem do Atlético Gigante ouviram explicações detalhadas sobre a necessidade de empréstimo de 46 milhões de reais junto ao BNDES e decidiram dar em garantia o CT do Caju para ter os urgentes dinheiros em caixa.

O Atlético contraiu uma dívida, a cidade ganhou em presente.

O atleticano ausente da reunião, orgulhoso do patrimônio do seu clube, pode temer a perda do melhor centro de treinamento do Brasil. Acalme seu coração amigo rubro-negro.

A oneração do patrimônio é de apenas 46 milhões e quireras, a ser pago em 15 anos, com três anos de carência. Na matemática financeira da Dona Mindoca – ela põe a ponta do lápis na boca para umedecer e amaciar o grafite antes de fazer a conta –, são 3 milhões por ano, uma bagatela para as infinitas possibilidades de recursos a serem auferidos com a nova Arena.

A Dona Mindoca faz outra divisão e descobre que o pagamento médio mensal seria de mais ou menos 250 mil reais. Ri a irônica velhinha atrás dos óculos imensos. Lembra ela da entrevista do presidente coxa no dia em que o Atlético ganhou o primeiro turno, lamentando ter que pagar mensalmente 1,5 milhão em dívidas. Se o coxa com 8 mil sócios inadimplentes pode pagar a bolada, nós, com a fidelidade do nosso torcedor, vamos tirar esta de letra. A rubro-negra de quatro costados faz um sinal de positivo, abençoa a dívida e cai nos braços de Morfeu, dorme o sono dos justos e previdentes.

Irmão atleticano coloque sua camisa e saia pelas ruas agradecendo aos cumprimentos de taxistas coxas, garçons paranistas, donas de casa preocupadas com a melhoria da cidade como um todo, do bem estar de seus filhos que saem cedo para o trabalho nesta cidade com a segurança ameaçada, mas que agora ganha fôlego novo graças à determinação do povo rubro-negro.

Curitiba está definitivamente na Copa 2014. O maior espetáculo da Terra passará por aqui, trazendo consigo grandes obras de infraestrutura, turistas de todos os cantos do mundo, seus recursos, benefícios para todos os curitibanos, nossa autoestima subirá como fogos Caramuru, os únicos que não dão chabu.

Voltamos a ser exemplo para o país, de todos os estádios da Copa, o mais barato, o único com a obra totalmente gerenciada por clube de futebol, como não poderia deixar de ser, o Clube Atlético De Todos Os Paranaenses.

Inegável a importantíssima contribuição do Governador Beto Richa e do Prefeito Luciano Ducci. Se o Atlético estava pronto para aceitar o desafio, o apoio dos principais mandatários do estado foi imprescindível para que o laço em vermelho e preto envolvesse o presente que agora a cidade começa a ver nascer em cada um de seus recantos.

Parabéns Curitiba.

segunda-feira, 12 de março de 2012

É ASSIM QUE A BANDA TOCA

A caravana segue rápida e a matilha observa a passagem com os dentes à mostra. Rosnam, uivam, estrebucham de ódio, choramingam de inveja os lobos esquecidos às margens da estrada. Atacam na sinuosidade do caminho, tentam desassossegar cavaleiros, colocar dúvidas nas mentes intimoratas que avançam sem lhes oferecer crédito. A cada dia, a cada hora, a cada minuto, o avanço é mais rápido e mais estimulante.

Que texto maluco é esse? Cadê o futebol?

Até quarta-feira, o futebol no Atlético está em segundo plano. Voltará à pauta quinta, com toda a atenção que merece.

Quarta-feira, às 19 horas, reúne-se o Conselho Deliberativo para avalizar o empréstimo a ser feito junto ao BNDES com vistas a finalizar a Arena 2014, um espetáculo de projeto, um orgulho para todos os rubro-negros e curitibanos de coração.

A Comissão da FIFA esteve na cidade semana passada e saiu encantada com o progresso das obras e as providências tomadas pelo Estado e Prefeitura. O amigo não se iluda, não eram burocratas pés de chinelo que por aqui passaram. Eram os donos das canetas, gente que exige, com quem não há conversa mole, que quer ver a segurança, garantir a visibilidade dos torcedores, ditar a qualidade da grama, gente que imagina espaços repletos de pessoas, alimentação refinada, gente preocupada com você, com o padrão de hospitalidade FIFA, os Jardins Suspensos da Babilônia na Buenos Aires. Pois essa gente saiu daqui boquiaberta.

Era para estarmos soltando foguetes, colorindo nossas noites calorosas em vermelho e preto.

Infelizmente, ainda temos inimigos a corroer amarras, solapar entendimentos, lançar pedras, influenciar mentes inseguras. Lobos de todas as pelagens.

A moda é demonizar a garantia patrimonial indispensável para a viabilização do empréstimo necessário, identificá-la com a futura ruína do clube. Como se alguém emprestasse dinheiro sem garantias claras. Como se os atuais conselheiros fossem irresponsáveis prontos a avalizar ações de longo prazo sem qualquer estudo, um bando de moleques torcedores prontos a colocar em risco o patrimônio do clube, ignorantes da refinada matemática financeira que viabilizará o pagamento sem traumas.

Aos 120 conselheiros da administração anterior, que entenderam o alcance do projeto e lhe deram o aval para a continuação do sonho conduzido pelas próprias mãos, a gratidão e o respeito dos curitibanos. Eles fizeram a pior parte.

Aos 300 conselheiros de hoje, Cavaleiros e Amazonas da Ordem do Atlético Gigante, o meu chamamento ao voto consciente. A presença de cada um é de importância fundamental. O maciço apoio do Conselho será um tiro de canhão na matilha em desespero. Eles restarão atrás das árvores cheios de lamúrias, recalques e cobiças.

Infelizmente, é assim que a banda toca.

A cada tijolo assentado, a cada estrutura colocada, a cada cadeira instalada eles amenizarão seus ganidos. Daqui a um ano estarão entre nós, emocionados com a reabertura da magnífica Arena, cantando o “rubro-negro é quem tem raça” com lágrimas nos olhos.

Felizmente, é assim que a banda toca.  

domingo, 11 de março de 2012

CAMINHO CERTO

Depois de participar de visita à Arena na sexta-feira, encantado com o projeto, confiante na inauguração já para o Nacional 2013, voltei minha desconfiança para o Durival de Brito, estádio de Curitiba na Copa de 50, 62 anos atrás, casa do rubro-negro neste Paranaense, hercúlea lição de humildade a ser cumprida antes do início da nova e espetacular era que se aproxima.

A desconfiança do autor desapareceu aos dois minutos, quando Heracles lançou Furlan na direita e o ponta tocou para Harrison entrar pelo meio e marcar.

O gol mostra a força maior do Atlético. O lançamento longo perfeito, a defesa adversária desarrumada, a assistência precisa e a finalização fatal.

O Furacão que era para ser uma cópia do Barcelona, com troca de passes e domínio da posse de bola, passa longe do time do Guardiola. Ao contrário do toque-toque espanhol, o rubro-negro joga lançando de trinta metros para mais, rápido na saída da defesa para o ataque, fazendo do desarme e contra-ataque o seu veneno. Nada contra, é outra forma, também eficiente de jogar.

O que dificulta é o lançamento inicial. Não é qualquer um que tem a precisão do Gerson, o canhotinha de ouro, ou do Zidane para os mais jovens que não viram o papagaio jogar. Então, o Atlético erra demais e, por vezes, quando acerta, o atacante está impedido. A solução é treinar o fundamento, ter Baier em campo, fazer os atacantes correrem na linha dos defensores e só entrar na vertical quando do lançamento.

Outra dificuldade é o posicionamento adversário. Time muito recuado, como o Sampaio Corrêa deve jogar quinta-feira, com a vantagem no placar, praticamente anula a possibilidade. O jeito é marcar pressão, tentar roubar a bola no meio-campo e sair para o ataque. Foi o que o Atlético treinou contra o Rio Branco.

Avançou a defesa lá para a intermediária, diminuiu muito a distância para os atacantes adversários, sufocou e matou o Leão. É assim que vai tentar passar de fase na Copa do Brasil.

O problema será segurar o contra-ataque dos maranhenses. Ainda não entendi a sobra da defesa do Atlético. Jogando na frente, o risco é grande. Um jogador de boa individualidade pode quebrar a segurança defensiva. Olha o Edgar!

Para o desafio que se aproxima, achei o jogo contra o Rio Branco ótimo aperitivo.

Gostei da disposição tática e da continuidade do esforço. Foram 90 minutos intensos. Perdemos uns cinco gols, incluindo o penal muito bem defendido pelo goleiro parnanguara. Se eu tivesse querer, gostaria que, com a entrada de Baier, Harrison não caísse tanto ofensivamente. Se eu pudesse pedir, gostaria que a torcida apoiasse Bruno Mineiro. O cara tem alta média de gols feitos e assistências. Tem que apoiar.

O jogo de quinta tem tudo para ser uma pedreira.

O apronto de ontem mostrou que, para este jogo, estamos no caminho certo.  

quinta-feira, 8 de março de 2012

LARGA A OBRA PETRAGLIA

Amanheci na janela vendo o sol iluminar o esqueleto à mostra da magnífica Arena, o guindaste matador na vertical, anunciando a ausência do trabalho, o dia ainda engatinhando. Ligo a TV no matinal gesto automático e descubro em segundos ser hoje o Dia da Mulher. Com elas tive sorte. A mãe, a esposa, as filhas, a neta, la niña de mis ojos, até a sogra, todas me aguentam resignadas. Reconheço... não é fácil.

A todas meu carinhoso abraço, extensivo às rubro-negras que embelezam as tardes e noites de jogo do meu Furacão. Sem elas, a Arena não seria tão magnífica, a vida um vazio de derrota em início de Copa do Brasil.

Mais alguns minutos e as tantas polegadas mostram os gols do bendito Sampaio Correa. Ainda não os tinha visto. Só sofrido. O radinho foi algoz cruel na noite anterior. Foi dando as más notícias aos socos, e, em minutos, eu sabia a senha para desligar o aparelho e evitar a dor: Edgar. Quando o locutor dizia “bola com Edgar”, eu desligava o carrasco. Segundos depois, voltava a escutar, com o rabo do ouvido, temeroso do aumento do placar.

Com o Atlético é assim. Basta um ousado se manifestar e lá vem problema. Contra o Paranavaí foi um tal Esdras, contra o Londrina, fomos detonados pelo senhor Airton, contra o time do Maranhão, quem cantou o reggae foi o Edgar.

O resultado infeliz mostra que o Paranaense não é parâmetro para nada. Pior, engana.

Os poucos gols sofridos por nossa defesa dão a impressão de que estamos bem servidos na cozinha. Amigos, aí a nossa cova. Manoel é encanador maluco a enfrentar os mil vazamentos que inundam o setor. Até ontem, o lado esquerdo era o casco do Titanic. Ontem, o iceberg Edgar rebentou o direito. A bola alta é um perigo. Por quê?

É simples. À exceção de Manoel, nossa defesa é a reserva daquela que nos levou para a segunda divisão. O problema está nos pés e na cabeça. Para tapar a buraqueira a solução é contratar. Contratar no Atlético é mais difícil que ir à Lua, demanda meses de observações.

A troca frequente de treinador ajuda. O treinador desconhece, a diretoria quer economizar, binômio mortal. O torcedor já não aguenta mais, mas lá está o cabeçudo entrando em campo como a grande esperança, como se após seis treinadores, Don Juan tivesse varinha mágica capaz de transformar Nieto na grande solução do ataque, Bruno Costa e Gustavo, da defesa. Voltemos ao mundo real.

O time ainda não conseguiu virar um placar. Começou perdendo, terminou perdendo. Recuperação zero. Ontem, contra dez, nem empatar conseguiu. Outro engano propiciado pelo pobre Paranaense. Fazemos cinco no Operário e acreditamos que o ataque está uma beleza. O Juventude vem e faz quatro no mesmo Operário em Ponta Grossa. Conclusão: Não é o ataque do Atlético que funciona, é o Fantasma que é ruim demais.

No Atlético de hoje, Huguinho, Zézinho e Luizinho são esperanças. Os sobrinhos do Pato Donald nada têm a ver com a nossa realidade. Precisamos de jogadores cascudos, experientes, capazes de enfrentar a segunda divisão com sucesso.

Petraglia é um presidente cascudo. Tem que reunir os profissionais que contratou e exigir providências. Eu sei que ele contratou para não se incomodar, tocar a Arena já dá um enorme trabalho. Infelizmente não tem jeito. Larga a obra Petraglia.






domingo, 4 de março de 2012

O ATLÉTICO QUE EU GOSTO

Sinal vermelho aceso, Don Juan cuspiu o chicle e, dizem os entendidos, deu un jabón na rapaziada. Melhor dizendo, passou um sabão nos meninos. Perder pode, tomar três e um baile do Londrina foi demais. O morador do lindo bairro da Água Verde foi mais longe. Substituiu. Deu certo.

O eterno Lio Evaristo – outro dia o vi abandonando o Rio Branco –, agora técnico do Operário, inventou um 451 para segurar o resultado e segurou por exatos 30 minutos. Aos 36 já perdia por 3 a 0. Quem troca leão por trem fantasma acaba vendo assombração.

O 5 a 0 que arrepiou seu Lio de todas as camisas pode voltar o foco do torcedor para a forte ação ofensiva, as belas atuações de Harrison, Marcinho, dos Brunos Furlan e Mineiro e do recuperado Guerrón. Pode e deve. A partir do momento em que encaixou, o ataque exigiu muito do goleiro Henrique, aliviado ao sair de campo por contusão. Livrou-se do duro e repetido caminhar ao fundo das rendes. Foi esfriar a cabeça na ambulância.

Base do exagerado marcador foi a preciosa atuação da defesa rubro-negra. Destaque para Renan Foguinho. O pesadelo do barbeiro jogou muito. Marcou, desarmou e, mais do que importante, passou bem. Foi sua melhor atuação no Atlético. Outro que foi bem, sem erros, foi Bruno Costa. Confesso não ser fã do Bruno defensor, mas nesta partida, o zagueiro deu conta do recado, melhor do que o esperado.

Nada que me afaste do abaixo assinado por mais zagueiros.

Um parece estar chegando. Um certo Rafael, 31 anos, há dez anos no exterior. Confirmada a contratação, é jogador para daqui a 30, 40 dias, com direito a adaptação ao futebol brasileiro. Eu preferia um desses zagueiros jovens que estão dando boas trombadas no campeonato paulista, suando camisas de times do interior, loucos para dar um salto na carreira. O aproveitamento seria mais rápido.

Outro é Gabriel “El Léon” Marques, 23 anos, também volante e lateral direito, indicado por Don Juan, seu treinador no Nacional do Uruguai. Esse me parece mais pronto, capaz de dar seus urros pela lateral com maior prontidão, função que Adriano cumpriu sem muito brilho. Deu espaço para o único bom cruzamento perigoso do Fantasma. Foi seu primeiro jogo, vai melhorar muito.

Voltando à goleada redentora, a função exercida por Harrison quando da entrada de Baier, quase um volante no lugar de Deivid, me surpreendeu. Pensei que seria justamente o contrário, Baier atrás usando seu bom lançamento longo e Harrison se aproximando dos atacantes, fazendo valer sua velocidade e bom passe, passe que fez de Marcinho o assistido do dia, dois gols em assistências de Harrison e Guerrón.

Falando em assistência, não esqueçamos Bruno Mineiro servindo Harrison no segundo gol e Marcinho servindo Guerrón no quarto. Quatro assistências provam a eficácia do jogo coletivo. As sinceras comemorações mostram o novo espírito rubro-negro.
Tudo muito bom, tudo muito familiar, tudo fruto do sabão de Don Juan. Esse é o Atlético que eu gosto.

quinta-feira, 1 de março de 2012

UM BELO SINAL VERMELHO

Estreia tem acento? Nem a palavra, nem a estreia do meu rubro-negro, deglutido pelas mandíbulas do Tubarão da antiga terra do café. Só faltou a trilha sonora do clássico do suspense mundial para assombrar ainda mais meu fim de noite. Que não se engane o torcedor, o Atlético não perdeu, foi goleado.

Por que a palavra estreia não tem acento? Não sei. Escrevo de ouvido, com um belo dicionário ao lado. Aconselho. Por que o Atlético foi goleado? Todos nós sabemos.

Nem os bons primeiros 20 minutos do rubro-negro podem tirar o mérito da vitória londrinense, construída sobre os pilares do bom futebol, jogado desde a defesa, com troca de passes eficiente e contando com as tradicionais dificuldades da defesa do campeão do primeiro turno. O Londrina jogou como eu gostaria de ver o Atlético jogar.

Já que alfinetei a defesa, é bom explicar. Em 2011, a torcida creditou a Paulinho todas as desgraças do nosso setor esquerdo, o mesmo que desde a saída de Rodolfo continua dando problemas. “O jogo é por ali”, diz o técnico adversário, e por ali se consagram laterais, atacantes e toda sorte de intrometidos. Por que será?

Além da dificuldade crônica, some-se a solidão dos zagueiros, abandonados pelos volantes. Cara a cara com os atacantes, em vez de diminuir distâncias, dar o bote no condutor da bola, vão recuando, esperando o socorro de Renan, de Deivid, dando espaços para que o chute de fora aconteça certeiro, com poucas chances para o goleirinho. Em linha, pronta para ser vítima do lançamento longo, sem a sobra que afasta surpresas indesejáveis, nossa defesa é um convite à desgraça.

Essa quadra de defensores em apuros é sobrecarregada pela natureza do esquema ofensivo, que coloca oito jogadores além da linha do meio campo. Perdida a bola, vide segundo gol do Tubarão, salve-se quem puder.

Já castiguei muito a defesa? Quem sabe um pouco demais? Vamos mudar o foco.

É lógico que o jogo mostrou a distância entre o ataque considerado titular e o reserva. Sem Ricardinho, Bruno Furlan, e mesmo Marcelo, o esquema de três atacantes desmorona, inútil a catapulta maluca em que se transforma Rodolfo, louca a disparar petardos para frente em busca de um contra-ataque que só facilita para o adversário. Essa ligação direta, outro fantasma que me atormenta desde o ano que passou, parece ser uma exigência de Don Juan, então, pobre d’eu, só rezando de joelhos.

Sem jogo pelos lados, o Atlético força a jogada no pivô, que é atropelado pelo zagueiro. A cada 10 atropelamentos, em 9 o juiz manda seguir e o Bruno Mineiro fica no chão, batendo os pés como criança em primeiro dia de aula. Lá pelos 30 do segundo tempo, sua senhoria dá o primeiro amarelo. Tarde demais. A vaca já foi pro brejo, com direito a gol contra.

Não é só o aspecto tático que me deprime. As substituições são desesperantes. Tudo o que já não deu certo, volta a me assombrar. Futebol tem níveis. Se você não está no nível, baixa um ponto, dois, você será craque no círculo inferior. Não é nenhum demérito. Tive amigos craques de bola que não passaram da peneirada, nem por isso deixaram de me encantar, fazer rir, com seus dribles e golaços. No Atlético o termômetro quebrou faz tempo, continuamos esperando o milagre, perdendo a fé em santos e santas, sem entender a razão do desamparo do andar de cima.

Já começamos março e só trouxemos Ligüera. Estamos muito atrasados. Mais dois meses e estamos no Brasileiro, jogando contra times melhores que o Londrina e tendo que vencer obrigatoriamente. A derrota não é a morte, desnecessário botar a boca na comissão julgadora, invadir a zona de apuração e rasgar a papelada.

Não é a morte, mas é um belo sinal vermelho.