terça-feira, 30 de agosto de 2011

BOTAR FOGO NO JOGO

O Galo, que começou o Brasileiro nos aplicando um três a zero desconcertante, chega a Curitiba com a crista baixa. Nos últimos sete jogos, sete derrotas. O técnico Cuca, considerado pelo presidente do clube como o treinador que mais conhecia o elenco depois de Dorival Júnior, ainda não viu um empate. Sua saída já estava na planilha da diretoria, a derrota para o Cruzeiro justificaria o bota-fora, ela veio, mas o paranaense continuou no cargo.
Com um time de primeira linha no papel – Rever, Richarlyson, Daniel Carvalho, André, Guilherme, Magno Alves, Mancini, Pierre, entre outros –, os comentaristas procuram as razões para o mau rendimento crônico. A aposta em nomes consagrados sem a correspondente resposta em campo seria o principal motivo. Carlinhos Neves, recém assumindo a preparação física, aponta o condicionamento irregular como um dos motivos. Uma folha de pagamentos milionária para quinze pontos em dezenove jogos. Este é o futebol.
O problema é que nós não estamos longe desse cenário. Estamos também com a corda no pescoço, com a única vantagem de jogarmos em casa e termos um time mais entrosado, menos mexido a cada partida, mais consistente defensivamente. O Galo já sofreu trinta e nove gols, dez a mais que o Furacão.
A meu ver, duas partidas do galináceo apontam o caminho a ser percorrido pelo Rubro-Negro.
O Corinthians entrou se achando e tomou logo dois no primeiro tempo. Se o Renato reclama a falta de matador, o Galo tem três. André, ex-Santos, Guilherme, ex-Cruzeiro, ambos resgatados do exteiror, e Magno Alves, ex-todos. Se bobear leva. O Timão levou e teve que correr uma barbaridade para virar.
O Botafogo saiu para matar, fez logo dois a zero, continuou forte, marcou o terceiro e, só então, administrou a partida. Ao final, Daniel Carvalho lançou para André diminuir de primeira. Com seu ímpeto inicial e manutenção da intensidade do jogo, o Fogão teve vida fácil.
A seriedade ao entrar em campo, a vontade de ganhar transformada em ações efetivas, foi a diferença entre o sofrimento e o sossego.  O Atlético tem que estudar o Galo e escolher entre levá-lo logo à panela, ou tomar bicada da ave meio tonta, confusa, com problemas.
A retaguarda é um maná. Leonardo Silva e Rever fazem gols no ataque, e entregam o ouro na defesa. Rever está lento demais e Leo está brigando com a bola. O time leva gols de cabeça, em chutes de fora, em jogadas centrais. O velho Mancini pode ser improvisado na lateral direita, posição onde não joga desde a infância, e Eron, o lateral esquerdo, forte no ataque contra o Cruzeiro, sentiu o tornozelo e pode jogar sem as melhores condições.
Fillipe Soutto é importante na saída de bola, necessário bloqueá-lo, mas de pouca chegada na frente. O gol de fora contra o Cruzeiro foi feito extraordinário. Richarlyson corre todo o campo tentando marcar e organizar. Pierre é o último, o marcador eficiente de sempre.
A quantidade de atacantes contrasta com a exiguidade de armadores. Caio é o preferido de Cuca, inimigo da torcida. Daniel Carvalho é o preferido da torcida, normalmente no banco. Para ajudar na transição, o time conta com o apoio de Richarlyson e o retorno de um dos atacantes, Guilherme ou Magno Alves, o que estiver em campo. André joga entre os zagueiros esperando o passe difícil de chegar. Se chegar, guarda.
Se Daniel Carvalho for o encarregado da armação, tem que marcar. Tem muita visão de jogo, lança de primeira, e bem, deixa os atacantes na frente do gol. Anulado, o Galo perde as penas, vai depender das individualidades que até agora não resolveram.
Perdendo, Cuca abre três atacantes, coloca Neto Berola para correr pela direita, entrando nas costas da defesa para receber o lançamento de Daniel Carvalho. Muito perigoso.
Falta ao time do Renato treinador, o espírito do Renato jogador.
O caminho dos três pontos passa pela seriedade, pela ousadia ofensiva, pelo bloqueio das principais armas do alvinegro. Chegou a hora de ganhar, entrar em campo e botar fogo no jogo.

domingo, 28 de agosto de 2011

VOLTAR A GANHAR

Como havia treinado, Marcelo Oliveira entrou com William Leandro pela direita e William no lugar de Donizete. Sinal de que iria atacar e atacar pelo lado de Paulinho. Nem precisou esperar. Aos três, Leandro fez seu primeiro cruzamento e disparou o sistema nervoso rubro-negro. Fabrício falhou, Kleberson matou mal, o Atlético errava e dava campo para o coxa avançar.

Aos seis, Bill entrou livre pela direita e cruzou rasteiro, a bola passou raspando a chuteira de Marcos Aurélio. Na sequência, o jogador que cresceu no Furacão, tirou do zagueiro e finalizou para fora. As alfaces saltitantes entraram para ganhar. Nas arquibancadas, hortaliças de todos os tipos cantavam e mandavam beijinhos.

Só aos doze o Furacão deu o ar de sua graça no ataque, com sucessivos cruzamentos de Edilson e um chute fraco de Cleber Santana. Parecia que o time tinha superado o início claudicante, faria uma partida mais equilibrada, com Paulinho preso atrás e Edilson liberado para o ataque. O predomínio durou poucos minutos, encerrou-se com chute perigosíssimo de Leo Gago, defendido espetacularmente por Renan Rocha.

O Atlético voltou a sofrer pressão, os escanteios a principal arma coxa. Aos vinte e um Deivid bobeou e cedeu o tiro de canto. A bola subiu e Lucas Mendes cabeceou livre para Deivid salvar sobre a linha. Novo escanteio, Emersom fuzilou de cabeça para o gol coxa. O que começou com um vacilo, acabou em orgasmo ervilháceo.

Seguiu o jogo com o domínio alviverde, municiado pelas rebatidas sem rumo dos defensores e as perdas de bola dos atacantes rubro-negros. Difícil jogar, o Coritiba marcava bem, dificultava a troca de passes, anulava Marcinho e Edigar. Rafinha simulou falta grave, acreditou no amigo Héber, mas a encenação foi tão grosseira que o alho porró deixou o cartão no bolso. Ele tenta se segurar, mas não aguenta.

A bola longa foi cabeceada por Paulinho para Madson na entrada da área, Jéci caiu no choque com o baixinho, se embaralhou com a bola, pareceu ter tocado com a mão, e, no correr do lance, Edigar quis arrumar para chutar e perdeu a chance. Esse é o momento em que entendo a necessidade de um matador, alguém que chute de primeira, de bico.

Renato reclamou pênalti e foi expulso. Héber deu uma olhada suspeita para Rafinha. Se Renato mereceu ser expulso, cada jogo do Brasileiro deveria ter pelo menos um treinador indo mais cedo para o chuveiro. O Luxemburgo e o Felipão todo dia.

O primeiro tempo terminou com Kleberson não alcançando bom passe de Madson e a defesa atleticana entregando bolas para o cadenciado meio campo inimigo.

Já aos dois do segundo, Bill tentou arrumar penalidade máxima, saiu discutindo com Fabrício e cuspiu no zagueiro. Aos quatro deu tranco violento por trás em Deivid. Cartão? Uma conversa ao pé de ouvido? Nada. Seguiu o jogo. O Atlético continuou vítima de erros de passe, domínios mal feitos, perdas de bola. Aos seis, Rafinha entrou na área, cortou prá lá, prá cá e finalizou rente à trave. Aos sete, contra-ataque, Gago adiantou a bola e Deivid salvou. Aos dez, Manoel fez falta e levou amarelo.

Branquinho entrou no lugar de Edigar e a superioridade coxa continuou, os escanteios se sucedendo. Num momento Emersom cabeceia, noutro Jéci, mais adiante, Marcos Aurélio tenta olímpico e Renan espalma. Tendo que atacar, o Atlético estava todo recuado, submisso, sem saída, as individualidades bloqueadas. Nesse quadro, a substituição de Madson tinha sentido. Não por Fransergio. O torcedor não merece.

Entreguei para os santos rubro-negros e eles atenderam. Um minuto depois, falta na intermediária coxa, Edilson cobrou para desvio, ninguém tocou na bola e ela foi ninar no fundo da rede de Edson Bastos. Se a defesa rubro-negra falhou no gol coxa, o forte cabeceio defensivo alviverde entregou o empate. Silêncio no lado verde do treme-treme. O setor em vermelho e preto balançou perigosa e ruidosamente.

Rafinha fez carga sobre Manoel na linha de fundo, socou o zagueiro e na queda tentou chutá-lo. Cartão vermelho para o agressor? Nem pensar. Uma conversinha ao pé do ouvido com Manoel. Haja estômago. Manoel mereceu o Nobel da Paz. Foi um santo.

O Coritiba centralizou o jogo, avançou o lateral esquerdo e voltou a ameaçar, com Marcos Aurélio e Lucas Mendes entrando pelo meio com o auxílio dos pivôs. Saiu Marcinho entrou Gustavo. Renato estava satisfeito com o resultado. Não demorou dois minutos para o Héber ter um particular com Gustavo. Quase tive uma coisa.

O cerco ganhou vulto, Bill foi conseguindo as faltas para Gago bater, o bandeirinha da Copa deu impedimento inexistente de Branquinho num dos poucos contragolpes do Furacão. O Coritiba esgotou-se, não tinha mais pernas, os passes já pecavam pela imprecisão, o indesejado apitou o fim do jogo.

Completei a taça de vinho, peguei o telefone e pedi uma pizza gigante de escarola. Insisti com a mocinha, muita escarola. Só para comemorar.

Pelo que o Atlético fez no ataque, o empate foi grande resultado. Não fossem as seguidas falhas no jogo aéreo, a defesa sairia de campo com nota dez. Os jogadores foram brilhantes no embate com a arbitragem. Engoliram sapos, tomaram pancadas, conseguiram terminar o jogo sem expulsões. Venceram um desafio maiúsculo.

O time saiu amadurecido da partida. Os erros de passe, a condução excessiva da bola, a insistência em sair para o jogo no lançamento longo dificultaram muito. O Coritiba também, impossível desmerecer a marcação, o posicionamento e a qualidade da troca de passes das couves de Bruxelas.

Os jogadores deram sangue, lutaram, acabaram o primeiro turno atrás na tabela, mas com a cabeça erguida e a invencibilidade de sete jogos. Agora, só falta voltar a ganhar.


sábado, 27 de agosto de 2011

ATACAR E VENCER

O amigo quer cair de costas? Não? Pois eu vou fazer você cair assim mesmo. Sabe qual é a maior diferença estatística entre as performances do Rubro-Negro e do time das alfaces saltitantes? Vou lhe dizer. O número de faltas cometidas. O coxa é o primeiro dos vinte clubes do Brasileiro com 387 faltas, o Furacão, com 284, o décimo nono. Quem diria, a base do futebol coxa é o anti-jogo.
O técnico Marcelo Oliveira chora os cartões amarelos, reclama da arbitragem, seus meninos, anjos de candura. O time bloqueia a primeira ação do adversário sempre com falta. O jogo para, o time tem tempo para recompor defensivamente, o jogo segue. Um dos destaques da estatística não jogará: Leandro Donizete. O volante é bom jogador, faltoso, criador de caso, um argentino camuflado em verde e amarelo.
Esse brócoli vai fazer falta na salada, primeiro porque é importantíssimo na marcação e transição para o ataque, segundo, e mais importante, por ter a capacidade de irritar nossos jogadores, lesionar, arrumar confusão e desarticular o Atlético. Sua ausência vai tornar o jogo fácil para a arbitragem, embora o alho porró Héber seja o Héber.
Entro no elevador e o vizinho coxa afirma que o técnico alviverde é medroso. Desde a perda da Copa do Brasil o amigo não engole o mineirinho. Cutuco para saber quem vai jogar na lateral e ele se esquiva. No lugar de Donizete, cita dois ou três. Fico apenas com o informe, não confirmado, de que Marcelo Oliveira é medroso. Será? Se for, Demersom será o lateral direito e William o volante. O meu porteiro coxa faz falta.
Com medo ou sem medo, o Coritiba tem lá suas virtudes. Entrosamento de mais de ano, bom cabeceio frontal, tiros de meta e lançamentos longos são sempre interceptados, contra-ataque rápido, partindo com Marcos Aurélio pela direita, ou com Bill lançado longo por Gago, bom aproveitamento nos escanteios ofensivos, o avanço da segunda linha de defesa dificultando a saída de bola adversária, os passes verticais de Marcos Aurélio e Rafinha para os atacantes entrando entre os zagueiros, a força de Bill forçando a jogada individual para obter a falta a ser cobrada por Gago, e o melhor de tudo, os atacantes não perdem chances. É pouco?
Tem também seus problemas. Sem Jonas, fica dependente de Rafinha para ter jogadas pelos lados do campo. Tcheco pela direita e Gago pela esquerda devem lançar Bill dentro da área já da intermediária ofensiva. Edson Bastos vem sendo contestado. Sofre nas rasteiras. Existe espaço para o cruzamento a partir do setor defendido por Lucas Mendes. Pelo outro lado tudo é uma incógnita. Os volantes avançam muito e deixam a defesa desprotegida, daí a necessidade de faltas no ataque. Sem Donizete, a saída de bola fica comprometida, o time perde força de impulsão para o ataque. As perdas, Donizete e Jonas, eram o escape pela direita. O setor perde eficiência, mesmo com Tcheco se aproximando pelo lado.
Para o Atlético, a grande vantagem reside em conhecer o adversário de cor e salteado, suas virtudes e defeitos. O Furacão vai ter que ser Furacão para vencer. Marcar sem permitir escapadas, sem menosprezos ao velhinho Tcheco. Jogar com intensidade os noventa minutos, sem pressas desnecessárias, sem morosidades irritantes, o passe como prioridade, o passe certo uma exigência marcada a fogo no cérebro de cada um dos jogadores.
Os caminhos são conhecidos. Uns tem que ser bloqueados, outros explorados. O Atlético deve ter a consciência de que ganhar é uma possibilidade real. O Coritiba tem desfalques importantes e a torcida desconfia do seu técnico. Há uma boa chance de vitória. As lideranças Marcinho, Kleberson e Cleber Santana têm que dar o exemplo, dar o ritmo. Com eles na frente, é fugir da falta, atacar e vencer.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

COPA 2014

Correndo lista de emails fiquei sabendo de reunião de Petraglia com os principais blogueiros do Atlético, com o objetivo de tirar as dúvidas possíveis sobre a realização das obras da Arena para a Copa 2014. Confesso que não sabia que o meu Rubro-Negro tinha tantos blogueiros principais, imagino o número de secundários e terciários. Ainda estou procurando me enquadrar neste rol.
Corri a relação dos blogs constante do email onde encontrei a notícia sobre a reunião e não encontrei repercussão significativa. Nem no site furacao.com, de onde parece ter surgido a iniciativa do meeting, encontrei nota de alguma relevância.
Do pouco que consegui ler, achei a abordagem sobre os financiamentos para a obra, sobre as quais tinha especial interesse, muito superficial, passando-se para temas menos importantes para a conjuntura, como relacionamento com a torcida, onde os jogos irão acontecer durante a realização das obras, preços de ingresso pós-Copa, etc.
No melhor conteúdo a que tive acesso, fiquei sabendo que os Títulos de Potencial Construtivo terão a venda a encargo do Fundo de Desenvolvimento Econômico. Ponto final. Se conseguir vender e lucrar, sorte dele, se perder, azar dele. Muito pouco para sanar as minhas dúvidas. Muito simples e ótimo para o Atlético.
De todo o conjunto de expedientes vindos à tona, partindo de favoráveis e contrários, fica a certeza de que a engenharia financeira para a obtenção dos recursos necessários é por demais complicada para o entendimento de quem está afastado do ramo. Eu diria mesmo, uma difícil e refinada costura, constituída de pontos encontrados em anexos e apêndices de legislação múltipla. Por isso, quem sabe, a pouca profundidade da explanação.
Nada que o vento político não possa dar jeito, aliás, os benefícios para a comunidade curitibana serão imensos, justificam os acertos para o abrir de torneiras, considerando-se que o dinheiro público está sendo despejado às toneladas na maioria das sedes da Copa. Segundo declaração lá atrás do secretário estadual para assuntos da Copa, Mario Celso Cunha, após reunião com Cassio Taniguchi, “já está tudo encaminhado”. O vento político parece ter soprado faz tempo.
Na reunião de ontem do Conselho Deliberativo foram aprovados os nomes da Comissão de Obras, passo inicial para a criação da Sociedade de Propósito Específico, entidade encarregada de buscar os recursos e a empresa especializada para gerenciar a obra. As dúvidas que seriam colocadas pela diretoria, presume-se tenham sido dirimidas pelo Petraglia. Tudo está dentro dos conformes.
Tem coisas na vida que você não vai e não precisa entender. Para que então perguntar? Basta ter fé.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ESTÔMAGO DE AVESTRUZ

Repete Renato Gaúcho: “quem tudo quer nada tem”.
Digo eu: “quem nada quer constrange Fransergio a jogar de atacante noventa minutos”
Nada contra o jogador, uma vítima exposta ao ridículo.
Não é hora para o Renato perder crédito com os jogadores.
A diretoria deveria avisar o torcedor no seu site: “não compareçam, afastem-se das gripes e resfriados, guardem suas gargantas para as próximas partidas. O técnico vai escalar o time para perder.”
Definitivamente, sou contra o excesso de liberdade que os treinadores têm para escalar as equipes, errar e repetir o erro com o maior descaramento. Só falta o absurdo se repetir no Atletiba.
Do jeito que a coisa vai, o presidente de um clube ou é um ignorante completo sobre futebol, ou tem estômago de avestruz.  

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ONZE DIDIS

O Atlético enfrenta hoje o Urubu com o objetivo de vencer bem e passar para a próxima fase da Sul-Americana. Quem vai vestir as camisas? Não interessa. A meta é a mesma, os jogadores irão se empenhar para alcançá-la, os nomes pouco importam. Serão atleticanos, a torcida enfrentará o frio horrível e estará lá para apoiá-los.
Quanto ao jogo de sábado, é hora de nós torcedores entendermos o novo patamar em que nos encontramos. Embora exista toda uma movimentação para o jogo com o Coritiba, os estresses já pipocando nos sites e principais informativos, a escalação do Heber acirrando os ânimos, os verdadeiros e principais rivais do Atlético não se encontram mais dentro dos limites municipais, estão longe, tão longe quanto o Flamengo que hoje nos visita.
Flamengo, São Paulo, Grêmio, Vasco e Cruzeiro, o amigo poderá alinhar outros, são os novos rivais do Rubro-Negro, os clássicos em que estamos envolvidos na atualidade. São jogos importantes em que o futebol fala mais que a arbitragem e a estatística revela grande equilíbrio.
Pelo Brasileiro faz algum tempo não enfrentamos o alviverde. Onde andava essa gente?
No Paranaense, planejamentos perversos têm nos levado a jogar contra o Coritiba sempre na obrigação de vencer. Então, ingenuamente, criamos um monstro como adversário, entramos para matar ou morrer e, quase sempre, morremos ainda no primeiro tempo, ao levar três gols em poucos minutos, ou ter jogador expulso ainda na primeira etapa.
Somos vítimas de nós mesmos, entregamos em trinta, jogos a serem definidos em noventa minutos, com as cautelas e ousadias de uma partida comum. Por que não cometemos os mesmos e bárbaros enganos contra os principais times nacionais, jogando em São, no Rio, em Porto Alegre? Simplesmente porque vamos a campo com os espíritos desarmados, para jogar futebol, conhecendo os oponentes, usando nossas armas e tentando anular as contrárias.
Perder uma partida é resultado a lamentar, mas absolutamente natural, está nas regras do esporte. Perder-se tática e disciplinarmente é inadmissível, entregar o jogo a grupo de qualificação equivalente ou inferior é imperdoável.
Renato tem que colocar a equipe de quarentena, as entrevistas têm que exaltar a grande fase do adversário, mesmo que ela não exista, lembrar que mesmo com ausências o coxa tem um grande elenco.  Fechada a boca grande, treinar para jogar futebol, com a cabeça focada na bola, no acerto de passes que dá tranquilidade, no coletivo que corrige deficiências, as falhas renitentes em nos tirar pontos preciosos.
Além disso, os jogadores devem mentalizar um rendimento superior, que ultrapasse marcações duras, caracterize suas participações com força, criatividade e precisão de elevado nível. Por óbvio, grandes atuações individuais podem decidir qualquer partida.
Quando menino li na revista O Cruzeiro frase do príncipe etíope, o Didi, que guardei no canto boleiro do meu cérebro. Dizia o inventor da folha seca: “vitórias pedem concentração para que não se perca com a cabeça, aquilo que os pés podem construir”. É o que eu espero do Atlético nesta semana em que jogaremos apenas mais um jogo importante fora de casa: concentração. Um Rubro-Negro de onze Didis.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

FALTOU FUTEBOL

Não gostei. Faltou seriedade. Faltou futebol.
Toda a evolução ficou pelo caminho, evaporou correndo atrás do toque de bola do América, time na lanterna do campeonato, perdendo de dois a zero, tranquilo no domínio da partida . Faltou futebol.
O indispensável sair jogando, bola de pé em pé, valorizando o resultado, a posse de bola, foi substituído pelo tiro de meta inexplicável. Faltou comando.
A necessária substituição de Madson, seu rendimento nada tem de objetivo, por Fransergio, com os atacantes existentes no banco de reservas, foi brincadeira de mau gosto. Renato foi castigado duramente pela bobagem sem tamanho. Faltou seriedade.
Quando Renato implora por atacantes, inventa sem a menor necessidade, eu continuo de joelhos pedindo por zagueiros. A falta de Fabrício desarruma a casa toda, obriga Paulinho a morar na defesa e quando se afasta um minuto a casa cai. O time que agora faz gols tem que parar de levar. É a crônica falta de visão que nos acompanha desde o início do ano. Falta direção.
Ou Renan Rocha aprende a sair do gol na bola aérea, ou vai continuar fazendo defesas no fundo da rede. Melhor sair mal, dificultando para o atacante do que esperar, em cima da linha, o cabeceio no seu peito. Não pode ser culpado pela derrota, mas nos dois gols teve participação negativa. Tem seis dias por semana para evoluir. Quem é o responsável pelo treinamento de Renan Rocha?
Com o dois a dois no placar, o time foi para cima, trocou passes, chutou a gol, apareceu na frente. Já era tarde. Se o problema foi ansiedade, ela inexistiu depois do gol de empate. Faltou pisar na bola, jogar coletivamente, privilegiou-se o recuo, a dividida raçuda, que não levou a nada. Faltou liderança inteligente. Faltou exatamente uma hora de futebol.
Foram dois pontos perdidos em casa, com as condições mais favoráveis possíveis, obtidas dentro do próprio campo. Ou o Atlético muda de postura, ou a ordem dos treinadores adversários será “aperta que eles entregam”.
O importante é enxergar que os dois gols do coelho aconteceram por falhas defensivas. Edilson disse presente nos dois lances. Permitiu o chute de fora no primeiro e o cabeceio no segundo. Se a visão me enganou, me perdoe o jogador. Se não, um pouco mais de vontade, por favor.
Não é caso para abalos terríveis, não é a morte, mas não gostei.
Faltou seriedade. Faltou futebol.

sábado, 20 de agosto de 2011

ENXERGAR A RAPOSA

O terremoto que abalou o Flamengo na quinta-feira deve servir de exemplo para o Atlético em evolução. Os três pontos já estavam contados, o Urubu ganharia com o pé nas costas, dormiria dividindo a liderança com o Corinthians, outro atormentado pelo Atlético Mineiro, uma vitória sofrida, obtida virando para três a dois jogo praticamente perdido. Este é o campeonato dos jogos duríssimos, definidos nos últimos segundos. É bom colocar as barbas de molho.
O América Mineiro é o lanterna da competição, mas nos últimos três jogos goleou o Fluminense, perdeu para o Botafogo de quatro a dois no Rio, quando começou ganhando por dois a zero, e empatou com o São Paulo em casa. O tricolor marcou lá pelos quarenta, por três minutos deu um salto na tabela, e sofreu o gol de bicicleta de Kempes, tirando o sono de Adilson Batista.
O time tem em Neneca um goleiro cujo nome me dá arrepios. Toda história de velho começa com “há muitos anos atrás”. Pois há muitos anos atrás, o Londrina tinha um goleiro com o mesmo nome. Bastava o time do café fazer um gol na Baixada e ele começava com a cera. Tocava a bola para o lateral, recebia de volta, ria, e olhava para a torcida doida, querendo atravessar o alambrado, eu o primeiro da fila. Os seis segundos para a reposição de bola acabaram com o expediente. O futebol a cada vinte anos tem uma boa solução para seus problemas.
O 442 é o esquema tático do time do Givanildo, uma espécie de Geninho para o coelho de Minas. Uma primeira linha com Marcos Rocha, Micão, Gabriel e William Rocha; uma segunda com dois volantes, Dudu e Amaral, o meia Rodriguinho, e o lateral esquerdo Gilson; o ataque tem Leo e André Dias, este último contratado há pouco mais de um mês. Deve estrear com a contusão de Alessandro.
Olhar mais curioso pode enxergar um 352, com Micão, Gabriel e William Rocha formando a linha de três zagueiros e Marcos Rocha e Gilson como alas avançados. Eu diria que o time oscila entre os dois esquemas, com William Rocha por vezes atuando na lateral esquerda, quase sempre defendendo dentro da grande área. Qualquer que seja o esquema, a prioridade é defender e contra-atacar.
O ataque se baseia na ação central de Rodriguinho, no avanço dos laterais, principalmente Gilson, e no posicionamento centralizado dos dois atacantes. Os volantes pouco chegam à frente. Parece limitado, mas tem feito gols em todas as partidas. Quem sabe pela pouca fé que os adversários lhe dedicam.
Na reserva, um punhado de ex-atleticanos: o goleirão Flávio, uma grande salva de palmas para o pantera, Fabrício, Netinho e Irênio. Netinho entrou no segundo tempo contra o São Paulo.
Givanildo diz que o time está em evolução. No um a um com o time do Morumbi, nada vi de especial. A defesa permitiu várias situações de gol para um tricolor sem o mínimo de inspiração ofensiva. O ataque esperneou sem conseguir levar perigo real para Rogério Ceni. Somente a entrada de Kempes pela direita e o avanço definitivo de Gilson para o ataque, com o afastado Alessandro no meio dos zagueiros, trouxe algum perigo.
Parece fácil, três pontos garantidos. Nada é fácil neste Brasileiro. É bom jogar para valer, forte na defesa, rápido no ataque, sem cochilos, sem menosprezos. A torcida tem que comparecer, ajudar os noventa minutos. O segredo é olhar para o coelho e enxergar a raposa.   


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

FORTES SINAIS DE MELHORA

Jogo difícil, vitória suada. Necessária. Pedir algo diferente era sonhar com o impossível. Os times do papai Joel são fortes na defesa, rápidos no contra-ataque, precisos na finalização.
Para a minha expectativa, o jogo teve início pouco diferente, o Cruzeiro com a defesa lá no meio campo, tentando marcar a saída de bola. A pressão pouco durou, o Atlético em minutos equilibrou as ações e mostrou suas armas.
O time do Renato já tem um jeito de jogar bem definido. Marca forte, o menino Deivid é um espetáculo à parte, e força pela esquerda, principalmente a partir dos tiros de meta, quando Paulinho é o pivô para o cabeceio e continuidade do lance pelo setor. O esforço lateral foi rendendo escanteios e Manoel incomodando na primeira trave.
Fábio tentava ganhar tempo na reposição de bola, esfriar o Caldeirão, e a raposa foi mostrando as garras. Em três lances quase marcou. Wellington Paulista chutou de fora para grande defesa de Renan. Montillo trocou passes com Ramon e entrou livre para tocar por sobre o gol. De novo o gringo, cobrando falta contra uma barreirinha de três, fez Renan se esticar todo para salvar. Haja coração.
O gol de Marcinho, um minuto depois, um cruzamento de Edilson da intermediária para o cabeceio do camisa dez entre os zagueiros, era a vantagem esperada, a chance de jogar com maior segurança defensiva, usar contra o Cruzeiro o seu próprio veneno. Durou pouco. Jogada rápida pela direita, Vitor cruzou alto e Wellington Paulista marcou de cabeça. Trinta e cinco minutos e temos de novo toda a serra pela frente.
O primeiro tempo acabou com alguma pressão do Atlético, baseada nos chutes de fora e cobrança de escanteios. O time esbarrou na forte defesa cruzeirense e na desnecessária centralização do jogo ofensivo. Sem jogadas pelos flancos, ficou fácil para o Cruzeiro defender.
A fase final foi mordida, os dois times errando passes, as faltas seguidas, as defesas prevalecendo sobre os ataques, os goleiros assistindo de longe a refrega. Aos vinte e um entra Diniz no lugar de Edilson e um minuto depois Anselmo Ramon é expulso. Os técnicos trabalharam. Roger deu lugar a Gilberto e Renato fez entrar Adailton no lugar de Kleberson. O Atlético tinha vinte e dois minutos para transformar sua superioridade numérica em vitória.
O Cruzeiro deixou Montillo isolado no ataque e fechou-se na defesa. O Furacão foi para o tudo ou nada, sem conseguir finalizar. Aos trinta e quatro entra Fransergio no lugar de Edigar, um volante na área para tentar o gol de cabeça. Aos trinta e cinco Montillo perde gol. Só faltava essa.
A torcida insiste, vibra com o bom chute de Madson defendido por Fábio, enche-se de esperança com a falta na frente de área, aborrece-se com Diniz, parado na frente do lateral, quer o drible, a jogada de linha de fundo, quer pressa.
O aborrecido ajudou a salvar a noite. Ao lado da área, percebeu a entrada de Cleber Santana pelo meio, entregou-lhe a bola perfeita, Adailton fechou o espaço do zagueiro e o tiro saiu rasteiro, indefensável. Como diria o apresentador de TV, loucura, loucura, loucura no Caldeirão.
Outra ótima partida do Atlético. Tenho cá minhas observações. Mesmo mantendo o esquema ofensivo forte pela esquerda, Renato precisa explorar melhor as vulnerabilidades do adversário. No Cruzeiro, o lado fraco era o defendido pelo lateral Diego Renan, por onde saíram os dois gols. Tínhamos que jogar mais pelo setor.
Kleberson na sua vontade de dar velocidade ao jogo está errando muitos passes. Tomada a bola, tem que ser mais calmo, passar com precisão. O passe sempre foi seu melhor fundamento. Manoel deve ter maior cuidado com escorregões. É o último. Errou, é gol. Renan tem que dar uma espiada no Deola saindo nas bolas aéreas laterais.
Para elogiar, teríamos que escrever um capítulo para cada qual dos jogadores, outro para o Renato, um volume para a torcida. Não dá. Correndo riscos enormes, vou ficar com Deivid, um monstro, com Renan, embaixo dos paus uma segurança, com a tranquilidade de Cleber Santana e a definição perfeita de Marcinho. Saímos da zona. Ainda respiramos por aparelhos. A família rubro-negra pode ter esperanças. O ente querido dá fortes sinais de melhora.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

"DADDY JOEL, THE RAPOS"

“My players play very well, by the pontas, with Montillo in the between and Roger in the back, passing the ball long”, diz o professor Joel Santana ao embasbacado repórter da BBC de Londres, doido para entender os segredos da prancheta iluminada.
Papai Joel não está tendo vida fácil em Bel Zonte. Nos últimos quatro jogos, perdeu duas em casa, Flamengo e Botafogo, outra fora para o Inter e, no último sábado, enquanto penávamos contra o São Paulo, goleou o Avaí, obtendo o direito a pacífico dia dos pais, café da manhã com broa de milho, pães de queijo, pedacinho cremoso de queijo branco e o carinho da filharada. Como todos os pais, Joel merece.
Com seis vitórias e três empates, vinte e um pontos, o Cruzeiro amarga a décima primeira posição, uma campanha muito distante da tradição da raposa, longe da possibilidade da luta pela Libertadores. Vem para Curitiba tentar a reação, jogar como papai Joel gosta.
O Cruzeiro foi a São Paulo, segurou o Corinthians e ganhou com o gol de Wallyson do meio campo. Um golaço. A partida mostrou o jeito de jogar do time estrelado. Esperar o adversário e contra-atacar com rapidez, matando o jogo na precisão dos passes de Roger e Montillo, e boa finalização dos atacantes.
Quando teve que jogar em casa, buscar o resultado, sair do esquema, perdeu para os cariocas. Surpreendeu o Avaí com duas bolas rápidas. Na primeira, a bola foi recuperada no meio campo e Roger lançou Fabrício, volante, entrando nas costas do quarto zagueiro. Na segunda, Roger bateu falta rapidamente para Vitor, lateral direito, infiltrado na mesma posição ocupada por Fabrício no primeiro gol. Bastou para o Avaí desmontar, perder um jogador expulso e ser goleado.
A raposa é bicho ardiloso. Marca atrás e sai na velocidade com Montillo, agora fazendo a função de Wallyson pela direita, mas podendo atuar em todo o ataque. O argentino é craque, o amigo sabe, dribla com facilidade, passa e finaliza muito bem. Roger se faz de morto, fica por ali no meio campo, gerenciando a pelada, mas quando recebe a bola, lança com precisão, normalmente nas costas da defesa. O Avaí jogou com três zagueiros em linha, sem sobra. Caiu na armadilha.
Wellington Paulista, após um período de férias no Palmeiras – Felipão nem olhou para ele –, voltou para flutuar na frente da área, caindo pelos lados, enquanto Anselmo Ramon é o fixo, puxando a marcação dos zagueiros. Os avanços de Fabrício, um bom finalizador de fora, e Vitor, surpreendem a defesa menos preparada. Tem-se que estar de olho nessas avançadas. Sofremos o pênalti contra o Corinthians em chegada mais que previsível do volante Paulinho.
A vulnerabilidade da defesa é o meia Diego Renan, improvisado na lateral esquerda. Enquanto tinha onze em campo, o Avaí cansou de cruzar bolas na área pelo seu setor, numa delas Rafael Coelho acertou a trave. Tivesse feito o gol, o um a zero, o jogo seria outro.
A partida é sete e meia. O rubro-negro tem que ir para o escritório com a camisa na mochila, fazer um lanche rápido, tomar uma cerveja, só uma, e entrar em campo em tempo de esquentar a voz cantando o Hino. As nossas organizadas, que foram a São Paulo criar problemas, aliás, obrigado pelo vexame nacional, tem que fazer sua parte, puxar o povo, botar o time no colo e embalar a vitória.
Renato tem que tocar o barco com cuidado, atacar com a defesa em posição, Montillo e Roger vigiados de perto, tudo para não cair na armadilha de papai Joel, a raposa, ou, para a mídia internacional, “daddy Joel, the rapos”.  

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

HORA DA SOBREMESA

Assisti o jogo na casa da filha querida, segurando os sentimentos, sentindo os cheiros das picanhas, dos pequenos corações e dos nacos de queijo coalho ardendo na churrasqueira dirigida com maestria pelo genro gaúcho, torcedor do Grêmio, até então, companheiro de dificuldades rebaixamentistas. Os convidados chegando e eu uma educação só. Sem gritos, xingamentos, um ator com aquela cara de é só mais um jogo de futebol.
Tive sorte. Foi uma das melhores partidas do Atlético. Com um time sem dois dos seus principais jogadores da era pós-Adilson, Santana e Kleberson, o Rubro-Negro defendeu bem, tentou bloquear Lucas e Dagoberto, e trocou passes com qualidade. Os lançamentos de média distância ganharam precisão e beneficiaram a saída para o jogo ofensivo. A posse de bola por pouco não igualou a do tricolor.
Desde o início, o São Paulo avançou a defesa, martelou com Ivan Piris, Ilsinho e Lucas sobre a posição de Fabrício e insistiu com Cícero, Dagoberto e Juan pela esquerda. O Atlético defendeu e contra-atacou. Tomou sustos e assustou, tudo de acordo com o enredo de partida fora de casa.
Aos onze, Marcinho obrigou Ceni a fazer um primeiro vôo, aos dezesseis Lucas tocou Ilsinho entrando livre, aos dezenove João Felipe atropelou Paulinho, Edilson cobrou a falta na cabeça de Fransérgio e gol do Furacão. Uma educação só, aceito um queijo coalho, peço para completar o vinho.
Não deu tempo para tomar dois goles. Aos vinte e quatro, Ilsinho deu um nó no marcador e mandou uma bala de fora. Tudo empatado, um sonoro palavrão ficou preso na garganta.
O Atlético não se abalou, continuou na defesa, trocando passes e, como eu na churrasqueira, petiscando no ataque. Dois jogadores tem destaque. Ilsinho pelo time do santo e Morro pelo Furacão. Ambos perdendo gols que poderiam definir a partida. O primeiro tempo acaba com o nosso uruguaio desperdiçando ótima chance. O menino quando deve arrumar para encontrar ângulo e finalizar, chuta de primeira, quando tem que fuzilar de prima, tenta um toque a mais. Tenho tempo para apreciar o fogo, me afundar nos corações. Morro vai encontrar o tempo certo para o gol.
A vontade de matar o jogo, demonstrada pelo São Paulo no início do segundo tempo, amortece ali pelos sete minutos. O Atlético se agrupa defensivamente e volta a incomodar.
Aos nove, Edilson passa para Madson finalizar e João Vitor salva. Fransérgio e Robston perdem chances de chutar de fora, arriscam um último e mal encaminhado passe, o mesmo não acontece com Cícero e Lucas, que vão mandando bombas para as defesas de Renan. A mobilidade de Ilsinho continua dando trabalho.
Edigar substituiu Morro aos vinte e Ilsinho dá lugar a Rivaldo aos vinte e um. Achei as duas substituições ótimas para o Furacão. Morro já estava bloqueado, Ilsinho ainda iria arrumar uma brecha na nossa defesa. Respirei aliviado, que venha uma linguicinha aninhada na farofa.
Marcinho, Madson e Edigar trocam de posição no ataque, continuam recebendo o apoio dos laterais, mas os volantes ficam presos na defesa. Rivaldo vai jogar no mesmo setor ocupado por ilsinho, ali na frente de Fabrício, e mantém meu coração em sobressalto. Dagoberto cruza da esquerda, o velhinho entra no segundo pau, Fabrício salva. Rivaldo serve Dagoberto na frente da área, o chute vai na trave. Ai! Ai! Ai!
No lá e cá em que se transformou o jogo, chegou a nossa vez. Marcinho raspa de cabeça, Edigar livra-se dos dois zagueiros com um toque de direita e manda, de esquerda, a bola rasteira, mortal para Ceni. Dois a um. É hoje. Um golão de vinho para aguentar os quinze minutos finais.
Adilson coloca Fernandinho e dá-lhe velocidade pela esquerda. Edigar entra pela direita, finaliza e Ceni defende. O São Paulo força e, aos quarenta e quatro, Cícero encontra espaço livre pela esquerda, cruza e Rivaldo marca entrando de barriga nas costas de Fabrício. Cópia de lance anterior, cópia do gol tricolor contra o Ceará na quarta-feira. Uma pena.
Fico com vontade de gritar um “que azar”, mas não foi azar, foi erro, Cícero não podia ter liberdade para cruzar naquele momento do jogo. Sou mais preocupado com o azar do que com o erro. O erro é passível de reparo.
Vou enfrentar as carnes, as maioneses divinas, as farofas deliciosas com a certeza de que o Atlético fez uma grande partida. Os dois gols, obras de meninos do cajueiro, dão ânimo. Acalmo o meu coração.
Só por meia hora. O canal vai para o jogo do Bota com o América Mineiro e, em dez minutos, já está dois a zero para o time das alterosas. Ai! Ai! AI! É um complô. Demora para o Fogão virar o jogo. Enquanto isso sofro, peço um chá, só vou ter paz na hora da sobremesa.
  

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

RUBRO-NEGRO MANDINGUENTO

Adilson Batista foi encontrado vagando pelo CT do São Paulo, no meio da noite, lanterna na mão, olhar preocupado, remexendo moitas, inspecionando vielas. 
– Perdeu alguma coisa seu Adilson –, perguntou o segurança ao identificar o treinador, já com o radinho na mão, pronto para chamar o médico de cabeça.
– Não...não... – respondeu Adilson vagamente, revirando uma caixa repleta de cones.
– Posso saber o que o senhor está procurando? – avançou o homem de uniforme, estranhando aquele remexer de sinalizadores.
– Você viu algum volante por aí, eu perdi dois e tem jogo sábado.
Para quem ama volantes como Adilson Batista, as suspensões de Carlinhos Paraíba e Denilson são um golpe mortal. A possibilidade de perder Rhodolfo assusta ainda mais. O retorno de Lucas, a passeio com a seleção, só para pegar experiência, aprender a perder de camisa amarela, ameniza a sofrimento do professor.
Pior que escalar o São Paulo, só escalar o Atlético, que não contará com Cleber Santana, Kleberson, Rodriguinho, Paulo Baier, Branquinho e outros menos importantes. Senhores, se alguém encontrar um DM que consiga ser mais demorado para recuperar um jogador me avise.
Tem lá um tal de Paulo Roberto em fase de transição há uns dois meses. Além de se recuperar fisicamente, deve ter que fazer cursinho de volante, realizar prova escrita, teste psicológico e adendos, até ganhar carimbo de inspeção federal, certificado ISO dois mil e cacetada para, só então, voltar a campo. Enquanto isso, os milhares de reais caem religiosamente no dia do pagamento.  E os direitos de imagem? Fica de olho feitor.
Voltemos aos problemas do Adilson Batista. Vamos considerar que Rhodolfo jogue, para diminuir suas dúvidas. Qual seria a escalação do time do Morumbi? Vamos adivinhar? Acompanhe-me.
Ceni para fechar o gol; o paraguaio Ivan Piris, João Felipe, Rodolpho e Juan; Wellington, Jean e Cícero; Rivaldo, Lucas e Dagoberto. Se Rodolpho não jogar, Piris ocupa sua posição, Jean vai para a lateral, Rivaldo volta para a linha de volantes e Fernandinho entra no ataque. Nada mal. Um belo time, com pouco entrosamento.
A virtude do São Paulo neste Brasileiro está na capacidade de ganhar partidas fora. Já ganhou seis, o que revela bom contra-ataque e muito boa finalização. Estatisticamente, para cada sete finalizações, o time do santo marca um gol. As cobranças de falta com Dagoberto para o cabeceio de Rhodolfo dão lucro certo.
As individualidades de Lucas, artilheiro do time com cinco gols, duas assistências e quatorze finalizações, e de Dagoberto, com quatro gols, seis assistências e dezesseis finalizações, tocam o time no ataque. Cícero, um meia, que escalei no lugar de Carlinhos Paraíba, decidiu o jogo contra o Avaí na Ressacada com dois gols. O potencial ofensivo cresce com o avanço de Juan pela esquerda e as entradas de surpresa na área de Jean e Rivaldo.
Defensivamente, desmontaram o time. Saíram Miranda e Alex Silva. Os substitutos entram e saem vítimas de cartões e contusões. Mesmo assim, o time leva poucos gols, muito em virtude da eterna boa fase de Rogério Ceni e da força dos volantes.
O São Paulo, com todos os problemas, ainda dá para colocar no papel. Já o Atlético, nem me atrevo a arriscar. Minha esperança é que Renato tenha aproveitado o jogo com o Flamengo para definir quem não pode escalar. Todos os atleticanos sabem. Colocar os vivos, os que acertam passes, os que possuem terceira marcha, tem direção hidráulica, é o dever do “gaurioca”.
Passei pelo amigo saindo do escritório e sorri ao seu aceno com um rosário rubro-negro na mão. É atleticano de Esparta, uma dureza. Por via das dúvidas, vou pedir uma força ao rubro-negro mandinguento.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O MEU PORTEIRO COXA

A campainha toca e eu fico preocupado. O porteiro não anunciou a chegada de ninguém, o vizinho de porta está viajando, as normas de segurança indicam perigo. Espio pelo olho mágico e vejo na penumbra do hall de entrada um homenzinho desconhecido. Abro, e quem está lá?
 O meu porteiro coxa. Há meses operado, uma cirurgia bariátrica bem sucedida transformou o rival do Bolinha em ser de boas proporções, firminho de bochechas, sem pelancas, segundo ele fruto da sua ainda pouca idade. Escuto toda a epopeia, a cinta imensa, os perigos terríveis, os sucos, as comidinhas batidas, o apoio do prédio com pudins, flans e leitinhos de soja e fico esperando pela pergunta óbvia. Ela tarda, mas aparece, ao lado do sorrisinho conhecido: “E o rubro-negro?”
Encurralado no canto do infortúnio, tento sair por cima: “Jogando mais uma competição internacional, lutando por mais um título das Américas”. Ele ri gostosamente, saca um “esse seu Ivan” e se despede rumo a mais uma perícia. A cirurgia me salvou de boa, das finais da Copa do Brasil, do belo momento coxa-branca, enquanto chafurdávamos no pântano.
Vi o Atlético entrar em campo imaginando o amigo porteiro deliciar-se com a escalação. Ele devia estar pensando: “Olha o Robston, o Rafael Santos, o seu Ivan vai morrer”. Decidi ver o jogo como leio emails, priorizando as boas mensagens, as provavelmente engraçadas, as dos amigos de bem com a vida, deixando as políticas para quando der tempo, deletando os títulos com a palavra lula, preservando a inteligência e as velhas coronárias.
Infelizmente, impossível cortar a imagem, evitar ver, e sinto algumas vezes o marulhar do sangue tentando deixar o coração e subir escada acima, na tentativa de inundar o cérebro. A máquina rateia, se esforça e consegue, ainda bem.
Em jogo sonolento, o Atlético conseguiu bom resultado, se é o caso de desejar seguir na disputa da competição. O um a zero pode ser revertido, ainda mais se o Flamengo vier para Curitiba com a mesma escalação que iniciou a partida.
O que eu queria ver, eu vi. Queria ver o goleiro Santos e vi um menino com sorte, umas duas bolas rasparam as traves perigosamente, autor de uma bela defesa em chute de Renato Abreu de fora, uns corajosos cortes de escanteios e quase que a defesa de um pênalti. Para um primeiro jogo no profissional, contra o Flamengo no Rio de Janeiro, muito bom.
Vi também uma bela partida de Marcelo Oliveira. Já disse aqui que preferia Paulinho ao ex-corinthiano, confesso agora estar na dúvida. Os dois laterais, Diniz e Oliveira, impediram o Urubu de jogar pelos lados, algo pretendido por Luxemburgo com seus três zagueiros e alas bem avançados.
Não se pode falar em ataque. Se a opção inicial era contra-atacar com velocidade, a saída de Rodriguinho por contusão acabou com a possibilidade. Edigar fez o que pôde, tem qualidade, mas rapidez e ação vertical não estão no seu currículo. Quem sabe Guerrón pudesse entrar mais cedo. Quem sabe Rafael Santos devesse mudar de posição, jogar entre os zagueiros adversários, só para cabecear.
O interessante foi observar que, quando os pilares do Flamengo, Renato Abreu, Thiago Neves e Ronaldinho entraram, foi que o Atlético teve seus melhores momentos na partida. Até chegou ao ataque, teve mais posse de bola, como querendo mostrar jogo, afirmar competência.
Foi pouco e foi tarde. Um descuido, e Ronaldinho entregou a bola limpa para Jael, “o cruel”, ser atropelado por Santos. Pênalti e gol do Urubu, aos trinta e sete do segundo tempo. Para quem esperava uma goleada, o placar mínimo deixou uma esperança. Dia vinte e quatro vamos encher a Baixada. Vai ver com doze, seguimos em frente, então, quem sabe mais leves, sem tanto peso nas costas. Como o meu porteiro coxa.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

MATOU OS COXAS

Renan Rocha não quis renovar contrato. A boa fase abriu o olho do clube e a carteira do empresário. A carteira era grande demais para o dinheiro proposto, ficou para outro dia. Ainda bem que o feitor disse que “ele tem cabeça boa, vai continuar dando sangue pelo Atlético”. Poderia dizer, “te prepara que ele vai começar a engolir uns frangos”.
Renan é goleiro jovem, com muito ainda a aprender na posição. Não vamos aqui levantar defeitos, quando a ideia é sempre jogar para cima, incentivar, ver os meninos do cajueiro em constante progresso.
Quando eu era menino queria jogar no Atlético, passar ali uma vida com a camisa oito, desdenhando propostas, servindo ao meu time do coração. Não cheguei nem na peneirada. Sei que, mesmo com a paixão que tenho pelo clube, tivesse feito carreira com a amiga bola, um dia teria deixado a Baixada, por certo, com lágrimas nos olhos, como deixei tantos lugares.
Entretanto, não entendo como um jovem goleiro não possa pelo menos pensar em sedimentar sua carreira no clube que lhe abriu as portas, aprimorar sua habilidade, ganhar a indispensável experiência, transformar-se num ídolo, sentir o reconhecimento de toda uma nação. Vamos lembrar que o Atlético é uma força do futebol brasileiro, até ontem o melhor futebol do mundo. Hoje Fernandinho vai recuperar essa imagem.
Seria muito exigir dele a fidelidade de um Rogério Ceni, de um Marcos, de um Harlei do Goiás, até mesmo por que, em determinado momento, sua transferência é também uma necessidade para o clube. O exemplo mais recente é a ida de Neto para a Fiorentina, segundo me consta, hoje um terceiro goleiro do time da bela Florença.
Renan está na moda para nome de goleiro. O do Avaí foi para o Corinthians, não se firmou e perdeu a vaga para Danilo Fernandes, pelo menos até o retorno de Julio Cesar. O Ribeiro do Atlético Mineiro desapareceu da escalação, ou foi vendido, ou cedeu lugar para Giovanni. A posição é ingrata.
Enquanto a defesa ajuda, acho que Neto foi muito beneficiado pela defesa no ano que passou, a fase é boa, tudo vai bem, até os perus são compreendidos. Quando a fase é ruim, sempre estoura no homem das traves.
Acho que o Atlético deveria oferecer o justo e Renan renovar o contrato, evitar murmúrios, como os que atrapalharam e ainda atrapalham Manoel. Quanto é o justo? Não sei. Salário de jogador está fora do meu horizonte de conhecimentos, são loterias ganhas mensalmente, com dia certo para receber. Fico na expectativa, esperando que Renan dê sangue pelo Atlético.
Flamengo
Muito difícil saber que Flamengo entrará em campo hoje. O Urubu joga fundado em três pilares. O esforço de Renato Abreu, a surpresa de Thiago Neves e o talento de Ronaldinho. Qualquer desses que não jogar, faz muita falta. Será um bom jogo, para se assistir sem o sangue em borbulhas, algo que estou precisando há muito tempo.  Ótimo para ver as novidades do banco atleticano, as velharias, por favor, permaneçam sentadas. No Flamengo, quem sabe ver um pouco mais de Jael, “o cruel”, o artilheiro que matou os coxas.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

CANSADOS DE SABER

Quarta-feira, no horário nobre do futebol, após um dos últimos capítulos da novelinha em que as pessoas gritam, se sacaneiam, o Antônio Fagundes faz as mesmas caretas de vinte anos atrás e a pobre da Glória Pires tem que botar tudo nas costas e carregar, o Ventania enfrenta o Urubu no Rio de Janeiro pela Sulamericana.
A competição a iniciar-se é igual a prêmio de consolação. Descartável. Quebrados no Brasileirão, impossibilitados de conseguir classificação para a Libertadores, os clubes se orgulham de conseguir a vaga na Sulamericana, algo quase impossível de evitar.
Anos passados, o Atlético estava para cair na última rodada, não caiu e ainda foi brindado com a vaga preciosa. Lembro de estar saindo com a alma lavada, um cinco a três contra o mesmo Flamengo a enfrentar, quando alguém gritou a notícia. Estamos na Sulamericana! Só rindo.
Conquistada a honrosa distinção, duas hipóteses podem ocorrer. O time está no bagaço no Brasileiro, caso atual do Atlético, ou está bem demais. Em ambas as situações, os clubes decidem por jogar a competição com seus reservas, preocupados em não machucar jogadores, cansar atletas com os dois jogos por semana impostos pelo calendário fatigante. Enfim, descartam a competição, desdenham a vaga tão “gloriosamente” conquistada.
Renato Gaúcho, uma ótima surpresa, já afirmou que vai com o time B. Está cheio de razão. O jogo de domingo mostrou um Atlético cansado em final de jogo. Deivid caiu e só foi levantar do carro-maca, ou trololó como querem alguns, na boca do túnel. O peito do menino caído em campo era uma bomba de ventilação, assustador, caso de balão de oxigênio. O time tem que descansar, recuperar-se, até nas guerras existem as zonas de repouso.
O amigo quer saber qual é esse time B. Posso chutar? Pois bem, lá vai. Santos é o goleirão. Wagner Diniz, Gustavo, Bruno Pires e Héracles é a primeira linha de defesa. A gente pode facilitar, mas não entregar. Vamos de três volantes? Sim? Veja se concorda: Fransergio, Renan e Marcelo Oliveira. Três atacantes? Um 433 de manual? Tudo bem? Que tal Guerrón, Pablo e Adaílton.
Jogar com o Ventania não significa desprezar a competição, dar as costas à possibilidade de, no mínimo, receber cotas importantes por jogos futuros, veicular a marca. Significa ser realista, jogar para honrar a camisa, priorizar a defesa e ver no que dá, e, com o resultado nas mãos, reprogramar o futuro.
Tenho especial interesse em ver Santos, Bruno Pires e Pablo como titulares do Atlético. O craque a gente conhece no tocar a bola, no passe, na movimentação em campo. Quem não viu Fernandinho dar seu primeiro chute e não percebeu a promessa virtuosa. Tem que deixar jogar. Vai lá sentimos aquela sensação boa de novo, com o surgir de um novo talento no cajueiro que já deu tantos.
Afinal, quem não joga, me desculpem os empresários, já estamos cansados de saber.   
 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A GENTE CHEGA LÁ

Renato chama os volantes e sai avisando: a gambazada mudou. Emerson ficou no banco, entrou Alex, a marcação tem que mudar. O ataque a marcar, basicamente, fica com Danilo pela direita, Alex centralizado, Jorge Henrique pela esquerda e William entre os zagueiros. Muda muito e para melhor.
A partida começa e com um minuto Kleberson finaliza de fora e William responde na mesma moeda. As cartas estavam na mesa. Que se cuidem os goleiros.
O Atlético começa pouco melhor, saindo por Edilson, que manda uma bomba rente à trave em cobrança de falta. O Timão vai se acertando e começa a ameaçar Renan Rocha. Danilo cabeceia livre, Renan defende, Danilo dispara de esquerda, Renan voa para colocar para escanteio. Renato esqueceu de mandar marcar Danilo? É bom acordar.
O Furacão insiste em trocar bolas no escanteio, ao invés de jogar a danada na área, desperdiça a oportunidade e irrita a torcida imensa. Fabio Santos avança pela esquerda, faz o cruzamento perfeito para Danilo servir William de cabeça, que perde gol feito na cara de Renan. Por favor! Bota alguém para marcar o Danilo.
Começamos a jogar pela esquerda com Paulinho, para cada cruzamento certo, um errado. Marcinho pouco aparece, novo escanteio, nova rodinha inútil, as finalizações de fora continuam de ambas as partes, Manoel dá furada histórica dentro da pequena área. Renato mexe.
Madson, apagado pela direita, vai para a esquerda e Marcinho começa a aparecer pelo meio.
Dá certo. Welder, ou Weldinho para os íntimos, tenta sair jogando, perde para Madson, o baixinho entra na área e é atropelado. Pênalti. O rubro-negro faz figa, Cleber Santana dá um canhão no meio do gol e é festa no caldeirão. O jogo parelho estava se decidindo no erro de Welder.
O primeiro tempo vai se encerrando com chances perdidas pelo Furacão. Madson finaliza de fora, forte sobre o gol. Paulinho cruza e Morro erra o cabeceio. Belíssima jogada de ataque, Marcinho lança de letra para Paulinho, o cruzamento sai perfeito para Morro que perde na frente de Danilo Fernandes. No minuto final, o Corinthians bate falta e outra ótima defesa de Renan.
O baixo rendimento de Morro indicava a entrada de Branquinho. Não deu outra. No Corinthians entram Edenilson no lugar de Welder, quem faz pênalti perde a vaga, e Emerson no lugar de Jorge Henrique. William pela direita, Emerson de fixo, Danilo e Alex variando entre o centro e a esquerda.
A modificação rubro-negra nem teve tempo de ser testada. Bola no ataque do Mosqueteiro, William arranca, Madson abandona a marcação, bola para Alex, o passe a Paulinho entrando pelo meio da área, pênalti. O corinthiano de Joinvile, ao meu lado, mostra a cor da camisa. Os infiltrados estão ali, no meio do povão. Aviso que é bom tomar cuidado. Dá uma tremidinha, quando Alex marca. Coisa de catarina.
Madson tinha que seguir atrás de William, esbarrar, dificultar o passe, marcar é dever de quem acompanha a jogada. Conseguiu um pênalti, favoreceu outro.
O Corinthians avança a defesa, dá sufoco e leva seus sustos. Em escanteio, quase Cleber Santana marca. Santana chuta, a bola sobra para Branquinho pela esquerda que finaliza para fora. Edilson chuta forte aparando rebote de escanteio. Os sustos trocam de lado.
O cruzamento sai alto da esquerda, Paulinho desvia mal, a bola vai parar no pé de William, o passe para Danilo na cabeça da área, a bomba na trave. Danilo recebe livre e põe Renan para voar novamente. Olha o Danilo, Renato.
Ali pelos vinte e cinco do segundo tempo, sai Marcinho entra Rodriguinho. Eu entendo. Renato quis dar velocidade, ter três atacantes rápidos na frente, fazer Tite segurar os volantes. Eu não faria, tiraria Madson, mas deu certo. O Corinthians não incomodou mais e o Atlético ainda fez umas cócegas no ataque. Nada para assustar.
Deivid pede para sair, exausto. Correu o jogo todo, marcou, o carrinho o levou até a entrada do vestiário. Uma medalha de coração rubro-negro para o menino.
O Atlético ainda daria um susto. Falta na entrada da área, ali, daquelas para colocar com a mão. Aquela boa para o Paulinho bater. Mas, e sempre tem um mas, super-Edilson, o dono da pelada resolve bater. Aonde? Na barreira claro. Alguém tem que avisar esse rapaz que ele não pode e não sabe bater todas.
Ao sair, a torcida comemorava o resultado e lamentava o passado. O Corinthians tem uns dez meses de entrosamento, jogadores experientes, e poderia ter perdido a partida, caso tivéssemos um pouco mais de sorte e competência na finalização. Quantas vezes falei em Renan, quantas em Danilo Fernandes?  O Corinthians finalizou muito melhor.
É partida para tirar ensinamentos.
Marcar é fundamental. Não existe jogador liberado da marcação. Passou na frente, no mínimo um encontrão tem que levar. Está perto da área, tem que ter alguém de braço dado. Afrouxou, toma bomba.
Valeu pelo espetáculo, pela dedicação extrema, pelo resultado positivo. É assim mesmo. Para os últimos da coluna, subir o morro é mais difícil, mas, e sempre tem um mas, a gente chega lá.

domingo, 7 de agosto de 2011

VAMOS GANHAR

O estrategista pega sua prancheta e sai circulando nomes com sua caneta vermelha. Marcar Danilo, Jorge Henrique, William, Emersom, os laterais, o avanço dos volantes e descobre que tem gente demais para marcar, muitas ultrapassagens a bloquear, trocas de posições a perseguir. Não dá.
Resolve fazer algumas escolhas.
Número um – Marcar com o time encolhido, diminuindo os espaços entre os jogadores e dificultando a troca de passes entre os corinthianos. Contra o genérico goiano deu certo. As diferenças entre os adversários são imensas, ele sabe, mas a conduta funcionou, há certo entrosamento defensivo, com o calor da torcida, a tendência é melhorar.
Número dois – Duas marcações aproximadas são necessárias. Fábio Santos, o lateral esquerdo pronto a entrar pelo meio, pelo lado e cruzar todas, de onde estiver, para Emersom e Danilo é uma delas. Danilo, pelo elevado número de assistências é outra. É bom ter cuidado. O velho é experiente, pode conduzir a marcação, abrir espaços para companheiros.
Número três – Ficar de olho aberto com o Paulinho do Timão e suas entradas na surpresa. É jogo de atenção, o jogador vem fazendo a diferença, sua movimentação tem que ser observada e anulada.
Chega! Não começa a dar muita missão para a defesa. Vamos falar de ataque.
Antes algumas considerações. O time é ofensivo, afoito, avança com grande número de jogadores. Os dois zagueiros e Welder vão ficar um pouco mais. Fabio Santos vai ser ponta, meia, vai jogar na frente. Paulinho vai atacar, Ralf poderá manter posicionamento mais conservador. A defesa falha na bola aérea frontal vinda de falta indireta. Leandro Castan faz suas bobagens na saída de bola. Com o avanço dos volantes, há espaço para alguém jogar com certa liberdade na frente da zaga no contragolpe. O goleiro vindo do banco pode ajudar.
Quais as soluções ofensivas?
Atacar sobre a posição de Fábio Santos e Leandro Castan. Vai encontrar Ralf fazendo a cobertura. Que fazer? Avançar jogadores nas costas dos volantes para receber o cruzamento? Parece boa ideia.
Posicionar jogador de individualidade à frente da zaga corinthiana para conseguir as faltas indiretas frontais ao gol. Seria o caso de Branquinho? Morro deveria ficar no banco?
Chutar de fora, testando a novidade Danilo Fernandes.
O estrategista sabe que é pouca coisa. A torcida não vai aguentar um time encolhido tentando o contra-ataque em plena Baixada. A partida é transmitida em rede nacional, os jogadores vão querer atacar, ganhar e jogar bem.  
Vai para frente dos jogadores e diz: este é um jogo de detalhes, onde é proibido errar e, surgida a chance, impossível perder.
Outro grande jogo nesta nossa difícil caminhada. Lembre-se, hoje tem mosaico, quinze minutos mais cedo. Tenho certeza. Mesmo com mil dificuldades, vamos ganhar.

sábado, 6 de agosto de 2011

JURAMOS QUE SIM

O Corinthians, que vinha de duas derrotas consecutivas – Cruzeiro e Avaí –, e venceu o América Mineiro com dificuldades no Pacaembu, é um dos times mais entrosados do Brasil, daí seu início de campeonato arrasador. Antes das duas derrotas, possuía rendimento superior a 90%, difícil de acreditar em campeonato duríssimo como o Brasileiro.
Para se entender o Mosqueteiro é necessário conhecer a escalação e o posicionamento básico de seus jogadores.

O TIMÃO














DANILO FERNANDES









WELDER
CHICÃO

LEANDRO CASTAN
FÁBIO SANTOS














PAULINHO

RALF













OUTRA
POSSIBILIDADE
WILLIAM
DANILO

DANILO
ALEX

JORGE HENRIQUE









EMERSOM










Ao defender, o Corinthians não é diferente da maioria dos times brasileiros. Voltam todos para trás da linha da bola, William e Jorge Henrique bloqueiam a subida dos laterais, Danilo e Emersom têm licença para ficar pouco mais à frente, liberados da marcação aproximada.
O time sofreu nove gols no campeonato, cinco nas três últimas rodadas. A luz amarela acendeu. Tite bateu o pé, teve chilique, justificou com as modificações no setor, as saídas de Chicão e do goleiro Julio Cesar, e afirmou que o timão não pode levar três gols nem do Real Madri. E do Barcelona? Do Barcelona e do Avaí póóóóóde.
Tite está tão indignado com o rendimento defensivo que mandou o goleiro Renan para o banco e promoveu Danilo Fernandes. Ver para crer.
A força defensiva está na recomposição rápida do ataque para a defesa e na eficiência de Paulinho e Ralf nas roubadas de bola, cinquenta e uma e setenta, respectivamente, para quarenta e oito do nosso menino Deivid. 
A roubada de bola é o início do ataque. A partir dela são acionados os velocistas do time, Jorge Henrique e William. Dois ex-rubro-negros. Com a defesa adversária desguarnecida, partem na vertical, valendo-se do deslocamento de Emersom puxando a marcação e do apoio de Danilo.
Quando o adversário está organizado na sua retaguarda, o Corinthians fica mais interessante. Surge então a atuação dos quatro pivôs da equipe. William, para a subida do lateral Welder, Jorge Henrique para a entrada de Fabio Santos pela esquerda, Danilo pelo meio distribuindo para quem pedir passagem, e Emersom, junto à área ou afastado dela, também para toda a galera que resolver fazer uso de seu apoio. Quando Emersom sai da área, Danilo ocupa seu espaço. Quando a coisa complica, sai William, Danilo vai para a direita reter a bola e permitir ultrapassagens, e Alex ocupa a posição central.
Não bastasse tudo isso, os volantes chegam ao ataque na surpresa. Paulinho tem quatro gols marcados, uma assistência e onze finalizações. Ralf também apresenta bons números: um gol e quatro finalizações. Está convocado por Mano Menezes. Paixão antiga.
Os números da equipe são excelentes. O artilheiro em campo é William, cinco marcados, mas todos os atacantes e volantes já fizeram gols. Danilo é o principal assistente, sete passes para gol, mas os laterais já têm duas assistências cada, e no ataque, só Emersom ainda não deu um passe decisivo. É a força do entrosamento, do coletivo sobre o individual, colocando o time na primeira posição do campeonato. É preciso aprender com o Corinthians.
A torcida rubro-negra já prepara a festa para domingo. O amigo não pode faltar. Será um grande jogo. Se você me perguntar se vamos ganhar, eu, o atleticano mandinguento, os doze mil rubro-negros de Esparta, os atleticanos de aço, juramos que sim.