terça-feira, 30 de agosto de 2011

BOTAR FOGO NO JOGO

O Galo, que começou o Brasileiro nos aplicando um três a zero desconcertante, chega a Curitiba com a crista baixa. Nos últimos sete jogos, sete derrotas. O técnico Cuca, considerado pelo presidente do clube como o treinador que mais conhecia o elenco depois de Dorival Júnior, ainda não viu um empate. Sua saída já estava na planilha da diretoria, a derrota para o Cruzeiro justificaria o bota-fora, ela veio, mas o paranaense continuou no cargo.
Com um time de primeira linha no papel – Rever, Richarlyson, Daniel Carvalho, André, Guilherme, Magno Alves, Mancini, Pierre, entre outros –, os comentaristas procuram as razões para o mau rendimento crônico. A aposta em nomes consagrados sem a correspondente resposta em campo seria o principal motivo. Carlinhos Neves, recém assumindo a preparação física, aponta o condicionamento irregular como um dos motivos. Uma folha de pagamentos milionária para quinze pontos em dezenove jogos. Este é o futebol.
O problema é que nós não estamos longe desse cenário. Estamos também com a corda no pescoço, com a única vantagem de jogarmos em casa e termos um time mais entrosado, menos mexido a cada partida, mais consistente defensivamente. O Galo já sofreu trinta e nove gols, dez a mais que o Furacão.
A meu ver, duas partidas do galináceo apontam o caminho a ser percorrido pelo Rubro-Negro.
O Corinthians entrou se achando e tomou logo dois no primeiro tempo. Se o Renato reclama a falta de matador, o Galo tem três. André, ex-Santos, Guilherme, ex-Cruzeiro, ambos resgatados do exteiror, e Magno Alves, ex-todos. Se bobear leva. O Timão levou e teve que correr uma barbaridade para virar.
O Botafogo saiu para matar, fez logo dois a zero, continuou forte, marcou o terceiro e, só então, administrou a partida. Ao final, Daniel Carvalho lançou para André diminuir de primeira. Com seu ímpeto inicial e manutenção da intensidade do jogo, o Fogão teve vida fácil.
A seriedade ao entrar em campo, a vontade de ganhar transformada em ações efetivas, foi a diferença entre o sofrimento e o sossego.  O Atlético tem que estudar o Galo e escolher entre levá-lo logo à panela, ou tomar bicada da ave meio tonta, confusa, com problemas.
A retaguarda é um maná. Leonardo Silva e Rever fazem gols no ataque, e entregam o ouro na defesa. Rever está lento demais e Leo está brigando com a bola. O time leva gols de cabeça, em chutes de fora, em jogadas centrais. O velho Mancini pode ser improvisado na lateral direita, posição onde não joga desde a infância, e Eron, o lateral esquerdo, forte no ataque contra o Cruzeiro, sentiu o tornozelo e pode jogar sem as melhores condições.
Fillipe Soutto é importante na saída de bola, necessário bloqueá-lo, mas de pouca chegada na frente. O gol de fora contra o Cruzeiro foi feito extraordinário. Richarlyson corre todo o campo tentando marcar e organizar. Pierre é o último, o marcador eficiente de sempre.
A quantidade de atacantes contrasta com a exiguidade de armadores. Caio é o preferido de Cuca, inimigo da torcida. Daniel Carvalho é o preferido da torcida, normalmente no banco. Para ajudar na transição, o time conta com o apoio de Richarlyson e o retorno de um dos atacantes, Guilherme ou Magno Alves, o que estiver em campo. André joga entre os zagueiros esperando o passe difícil de chegar. Se chegar, guarda.
Se Daniel Carvalho for o encarregado da armação, tem que marcar. Tem muita visão de jogo, lança de primeira, e bem, deixa os atacantes na frente do gol. Anulado, o Galo perde as penas, vai depender das individualidades que até agora não resolveram.
Perdendo, Cuca abre três atacantes, coloca Neto Berola para correr pela direita, entrando nas costas da defesa para receber o lançamento de Daniel Carvalho. Muito perigoso.
Falta ao time do Renato treinador, o espírito do Renato jogador.
O caminho dos três pontos passa pela seriedade, pela ousadia ofensiva, pelo bloqueio das principais armas do alvinegro. Chegou a hora de ganhar, entrar em campo e botar fogo no jogo.

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