sábado, 20 de agosto de 2011

ENXERGAR A RAPOSA

O terremoto que abalou o Flamengo na quinta-feira deve servir de exemplo para o Atlético em evolução. Os três pontos já estavam contados, o Urubu ganharia com o pé nas costas, dormiria dividindo a liderança com o Corinthians, outro atormentado pelo Atlético Mineiro, uma vitória sofrida, obtida virando para três a dois jogo praticamente perdido. Este é o campeonato dos jogos duríssimos, definidos nos últimos segundos. É bom colocar as barbas de molho.
O América Mineiro é o lanterna da competição, mas nos últimos três jogos goleou o Fluminense, perdeu para o Botafogo de quatro a dois no Rio, quando começou ganhando por dois a zero, e empatou com o São Paulo em casa. O tricolor marcou lá pelos quarenta, por três minutos deu um salto na tabela, e sofreu o gol de bicicleta de Kempes, tirando o sono de Adilson Batista.
O time tem em Neneca um goleiro cujo nome me dá arrepios. Toda história de velho começa com “há muitos anos atrás”. Pois há muitos anos atrás, o Londrina tinha um goleiro com o mesmo nome. Bastava o time do café fazer um gol na Baixada e ele começava com a cera. Tocava a bola para o lateral, recebia de volta, ria, e olhava para a torcida doida, querendo atravessar o alambrado, eu o primeiro da fila. Os seis segundos para a reposição de bola acabaram com o expediente. O futebol a cada vinte anos tem uma boa solução para seus problemas.
O 442 é o esquema tático do time do Givanildo, uma espécie de Geninho para o coelho de Minas. Uma primeira linha com Marcos Rocha, Micão, Gabriel e William Rocha; uma segunda com dois volantes, Dudu e Amaral, o meia Rodriguinho, e o lateral esquerdo Gilson; o ataque tem Leo e André Dias, este último contratado há pouco mais de um mês. Deve estrear com a contusão de Alessandro.
Olhar mais curioso pode enxergar um 352, com Micão, Gabriel e William Rocha formando a linha de três zagueiros e Marcos Rocha e Gilson como alas avançados. Eu diria que o time oscila entre os dois esquemas, com William Rocha por vezes atuando na lateral esquerda, quase sempre defendendo dentro da grande área. Qualquer que seja o esquema, a prioridade é defender e contra-atacar.
O ataque se baseia na ação central de Rodriguinho, no avanço dos laterais, principalmente Gilson, e no posicionamento centralizado dos dois atacantes. Os volantes pouco chegam à frente. Parece limitado, mas tem feito gols em todas as partidas. Quem sabe pela pouca fé que os adversários lhe dedicam.
Na reserva, um punhado de ex-atleticanos: o goleirão Flávio, uma grande salva de palmas para o pantera, Fabrício, Netinho e Irênio. Netinho entrou no segundo tempo contra o São Paulo.
Givanildo diz que o time está em evolução. No um a um com o time do Morumbi, nada vi de especial. A defesa permitiu várias situações de gol para um tricolor sem o mínimo de inspiração ofensiva. O ataque esperneou sem conseguir levar perigo real para Rogério Ceni. Somente a entrada de Kempes pela direita e o avanço definitivo de Gilson para o ataque, com o afastado Alessandro no meio dos zagueiros, trouxe algum perigo.
Parece fácil, três pontos garantidos. Nada é fácil neste Brasileiro. É bom jogar para valer, forte na defesa, rápido no ataque, sem cochilos, sem menosprezos. A torcida tem que comparecer, ajudar os noventa minutos. O segredo é olhar para o coelho e enxergar a raposa.   


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