terça-feira, 16 de agosto de 2011

"DADDY JOEL, THE RAPOS"

“My players play very well, by the pontas, with Montillo in the between and Roger in the back, passing the ball long”, diz o professor Joel Santana ao embasbacado repórter da BBC de Londres, doido para entender os segredos da prancheta iluminada.
Papai Joel não está tendo vida fácil em Bel Zonte. Nos últimos quatro jogos, perdeu duas em casa, Flamengo e Botafogo, outra fora para o Inter e, no último sábado, enquanto penávamos contra o São Paulo, goleou o Avaí, obtendo o direito a pacífico dia dos pais, café da manhã com broa de milho, pães de queijo, pedacinho cremoso de queijo branco e o carinho da filharada. Como todos os pais, Joel merece.
Com seis vitórias e três empates, vinte e um pontos, o Cruzeiro amarga a décima primeira posição, uma campanha muito distante da tradição da raposa, longe da possibilidade da luta pela Libertadores. Vem para Curitiba tentar a reação, jogar como papai Joel gosta.
O Cruzeiro foi a São Paulo, segurou o Corinthians e ganhou com o gol de Wallyson do meio campo. Um golaço. A partida mostrou o jeito de jogar do time estrelado. Esperar o adversário e contra-atacar com rapidez, matando o jogo na precisão dos passes de Roger e Montillo, e boa finalização dos atacantes.
Quando teve que jogar em casa, buscar o resultado, sair do esquema, perdeu para os cariocas. Surpreendeu o Avaí com duas bolas rápidas. Na primeira, a bola foi recuperada no meio campo e Roger lançou Fabrício, volante, entrando nas costas do quarto zagueiro. Na segunda, Roger bateu falta rapidamente para Vitor, lateral direito, infiltrado na mesma posição ocupada por Fabrício no primeiro gol. Bastou para o Avaí desmontar, perder um jogador expulso e ser goleado.
A raposa é bicho ardiloso. Marca atrás e sai na velocidade com Montillo, agora fazendo a função de Wallyson pela direita, mas podendo atuar em todo o ataque. O argentino é craque, o amigo sabe, dribla com facilidade, passa e finaliza muito bem. Roger se faz de morto, fica por ali no meio campo, gerenciando a pelada, mas quando recebe a bola, lança com precisão, normalmente nas costas da defesa. O Avaí jogou com três zagueiros em linha, sem sobra. Caiu na armadilha.
Wellington Paulista, após um período de férias no Palmeiras – Felipão nem olhou para ele –, voltou para flutuar na frente da área, caindo pelos lados, enquanto Anselmo Ramon é o fixo, puxando a marcação dos zagueiros. Os avanços de Fabrício, um bom finalizador de fora, e Vitor, surpreendem a defesa menos preparada. Tem-se que estar de olho nessas avançadas. Sofremos o pênalti contra o Corinthians em chegada mais que previsível do volante Paulinho.
A vulnerabilidade da defesa é o meia Diego Renan, improvisado na lateral esquerda. Enquanto tinha onze em campo, o Avaí cansou de cruzar bolas na área pelo seu setor, numa delas Rafael Coelho acertou a trave. Tivesse feito o gol, o um a zero, o jogo seria outro.
A partida é sete e meia. O rubro-negro tem que ir para o escritório com a camisa na mochila, fazer um lanche rápido, tomar uma cerveja, só uma, e entrar em campo em tempo de esquentar a voz cantando o Hino. As nossas organizadas, que foram a São Paulo criar problemas, aliás, obrigado pelo vexame nacional, tem que fazer sua parte, puxar o povo, botar o time no colo e embalar a vitória.
Renato tem que tocar o barco com cuidado, atacar com a defesa em posição, Montillo e Roger vigiados de perto, tudo para não cair na armadilha de papai Joel, a raposa, ou, para a mídia internacional, “daddy Joel, the rapos”.  

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