O atendente recomenda a
injeção e assisto a dupla se encaminhar para o quartinho, fechar a porta e, por
certo, iniciar os procedimentos para o espetar do glúteo. Pego minha poção mágica
e passo ao lado da sala silente cantarolando baixo “Maringá! Maringá! Depois
que tu partiste, tudo aqui ficou tão triste que eu garrei a imaginar...”. O que
ouvi foi impublicável. O coxa ficou brabo.
Calma coxa do meu
coração é só uma brincadeira. Quando o dia não é verde nem o Alex dá jeito.
Se a tarde foi só
alegria, pela manhã me aborreci. Estou de olho na ESPN esperando a notícia do
teste na Arena e, quando chega a matéria, sou maltratado pela repórter. A moça
começa pela praça, segundo ela um depósito de material, depois entrevista um atleticano,
filho nos ombros, reclamando da falta de informação, concluindo difícil para 10
mil, muito pior para 40 mil.
Explora então operário
da obra todo feliz, dizendo que não vai ficar pronto, seguido por imagem de
fila de obreiros com ingresso na mão sem conseguir entrar. Bate na diretoria
limitadora da imprensa e mostra imagem obtida por fresta qualquer. Fecha com a
negativa do TCE ao empréstimo de 65 milhões. Por sorte, o comentarista era o
Paulo Calçade, um homem sério, a notícia parou aí.
Amigos, não adianta
ganhar a guerra e perder a batalha da comunicação, dar um duro danado e tomar
rabada de foca cheirando a leite em rede nacional. Qualquer bebê com solidéu na
cabeça sabe da importância da imprensa, a data de hoje é emblemática, a guerra
vencida transformada em derrota por derrotados com papel, caneta e espaço para
contar estórias.
Enfim, o Atlético tem profissionais
competentes na área, eles conhecem o ofício, quem sou eu e meus achismos, meus
incômodos com a imprensa. Vamos esquecer tudo isso, começar a semana pensando
em Libertadores, final de Paranaense, Coritiba de volta à pré-temporada. Mesmo
com a mídia aborrecendo meu amanhecer domingueiro, viver atleticano é bom
demais.