Eu não disse? Com Éderson e Dellatorre em
campo, não tem placar em branco. Zezinho faz ótima virada de jogo para Éderson
pela direita, o artilheiro olha, pensa, mira e lança Dellatorre entrando na
área. A bola vai ao encontro da cabeça do milimétrico e gol do Furacão. Os dois
se entendem, lá vamos nós para o Sul com vantagem, o amigo pode achar pouco o um
a zero, eu acho uma mordomia de imperador chinês.
O placar nos dá a possibilidade da vitória,
um a zero Grêmio vamos para pênaltis, qualquer empate é nosso, o tricolor tem
que ganhar, se fizermos gol, por larga diferença. Seu Renato aponta para o
retorno de seus três atacantes como trunfo para o jogo no campo da OAS, o mesmo
time que tomou de quatro dos coxas. Um grupo que faz e toma gol, vamos com fé
irmãos. Final à vista.
O Furacão fez jogo equilibrado, não foi a
força ofensiva que eu esperava, mas compensou com boa marcação, permitiu ao
Grêmio três a quatro ações ofensivas nível 1, em escala de 1 a 5, e uma nível 5
aos 91, esta só para atormentar meu coração abalado por segundonas e outras
cositas más.
Achei até que o mosqueteiro sulino começou
melhor, com controle da partida, o Atlético errando muitos passes na
intermediária, Zezinho muito atrás, só fomos incomodar aos 13 com bom chute de Éderson
entrando sobre o zagueiro direito. Aí fomos ganhando força. Aos 20, Léo foi
para a jogada individual na vertical da área e falta perigosa. Toda vez que
tentar vai ficar estendido no chão, é chance para Paulo Baier.
Aqui faço um reparo. Acertar o gol em bola
parada é fácil, difícil é colocar força na batida e embocar a redondoca na
gaveta. Se Baier não colocar velocidade na bola, vai atrasar todas para o Dida.
Tem que arriscar, força e efeito, diferente disso vira Pato. Dida é um gato velho,
aos 44 do primeiro fez defesaça em chute rasteiro de Everton, salvou o Grêmio.
O Rubro-Negro fez um segundo tempo cauteloso,
forçou no ataque com Léo, Dellatorre e Baier pela direita sem conseguir o gol
maracujá. É assim mesmo. O Grêmio gostou do resultado, ficou atrás, só foi dar
um passinho à frente no final da partida com as substituições. A defesa
atleticana jogou quando podia, rifou quando foi preciso.
Manoel virou lançador, precisa olhar um pouco
para a esquerda, sempre tem alguém livre do outro lado. Baier cadenciou o jogo,
buscou a aproximação dos companheiros, fez a sua parte. Gostei de Dellatorre,
fez o gol e é jogador que dá sequência às jogadas, dificilmente perde bolas,
erra passes, é de grande utilidade, tem ótimo entrosamento com Éderson.
Olho para Mérida e penso que no dia em que o
aproximarmos do ataque vai dar samba, melhor, vai dar flamenco. El toreador
sabe sair do touro com rapidez, perto do gol ficará em ótimas condições para o
arremate ou assistência precisa. Ainda vou ver isso.
Renato saiu de campo preocupado, lembrou que
pelo Brasileiro em POA deu um a zero tricolor, resultado que pouco ajuda, leva
para as penalidades. Eu fui dormir vendo a bola entrando na rede, a torcida
pulando como louca, louco de faceiro, na cara velha um sorriso de campeão.
A goleada que o Coritiba impôs ao Grêmio ajuda
na análise do tricolor gaúcho. Um gol contra aos 15 segundos, outro de Alex aos
4 minutos desmontaram o esquema do seu Renato. O Coxa cresceu na marcação,
impediu o meio campo gremista de atuar e foi marcando gols quando as
oportunidades aconteceram.
O 4 a 0, sonho de todo torcedor rubro-negro
para o jogo de hoje, foi obtido em lances de sorte, o gol contra
especificamente, e elevado grau de precisão dos atacantes coritibanos. Alex,
Robinho e Geraldo não perderam chances. Se a marcação funcionou exemplarmente,
manteve o Grêmio sob pressão todo o tempo, os finalizadores foram cirúrgicos.
O amigo dirá que a vitória coxa serviu para
muita coisa. Temos que marcar febrilmente, atacar, criar chances e
aproveitá-las. Perfeito.
O chororô do pessoal das bombachas de favo de
mel aponta para desconcentração em início de partida, a festa da classificação
nas penalidades contra o Corinthians teria jogado o foco dos atletas para a
partida de hoje, daí as falhas defensivas, o placar inacreditável. É bem
possível. O time cresceu nas esporas, achou-se, e quando abriu os olhos já
estava 2 a 0.
Reclamando da mídia, afagando seus atletas
sapecados pelas venenosas flores do campo, Renato promete atitude, um time
defensivo, os atletas só falam em não tomar gol. A escalação está sob segredo
de justiça. Olhei, li, rebusquei notícias e escalei o time para o Portaluppi:
Dida; Pará, Werley, Rhodolfo, Bressan e Alex Telles; Ramiro, Souza e Riveros;
Elano e Lucas Coelho.
Três zagueiros e três volantes fecham o setor
defensivo. São velhos titulares em suas posições. Elano tem experiência, sabe
organizar, é bom de bola parada. Lucas Coelho não conheço, escalei por ser preferência
da imprensa gaúcha. O sobrenome indica rapidez, tudo o que o Grêmio precisa.
Resumo da ópera tricolor para a partida:
marcar, marcar, marcar, jogar por uma bola no ataque. Algo que o Coritiba fez
depois dos 2 a 0. Oito atrás, Alex e Julio Cesar na frente para organizar, dar
rapidez às ações ofensivas.
Como o time do Renato pode atacar? Com o
avanço dos laterais, o Coxa bloqueou muito bem Alex Telles, mais Ramiro pela
direita, Riveros pela esquerda. O amigo ainda lembra da entrada de Riveros pelo
meio da área marcando o gol da vitória gremista contra nós neste segundo turno.
A missão principal é defender, a ação ofensiva acontecerá onde o Furacão
mostrar vulnerabilidade.
Lembrando o filme clássico Um Domingo
Qualquer, o Atlético não pode dar uma polegada de espaço em todo o campo. Marcar,
forçar o erro, com chance colocar a bola para dentro eis a concepção da manobra
tática. Jogar na vertical forçará o acúmulo de faltas, cartões e a possível
exclusão do jogo.
Evitar entrar na catimba gaúcha é
fundamental. Na última partida, tivemos dois jogadores expulsos, a derrota
amarga. Ficou para trás, o jogo é outro, somos favoritos, temos que provar em
campo o favoritismo. Eu confio. Repito. Com Éderson e Dellatorre em campo, não tem
placar em branco.
Tento fazer cálculos para verificar as
possibilidades do Atlético se manter no G4 nas últimas sete rodadas restantes e
desisto no meio do caminho. Impossível fazer qualquer análise. O motivo dessa
impossibilidade? A perda de mandos de campo garantida pelo nosso quinhão de
idiotas.
Já estamos fora de casa a milênios, somos nômades
contumazes, o viajar está gravado no nosso currículo desde o dia que
abandonamos a Baixada para jogar no Pinheirão, fortaleceu-se com nossa
graduação durante o construir da primeira Arena, garantiu o mestrado na segundona
2012, em 2013 nos doutoramos com louvor. Nosso quinhão de idiotas vai nos levar
ao patamar mais alto do nomadismo.
Diante desse passado, alguém pode dizer que
já estamos acostumados, o eu te sigo em toda a parte vai resolver mais este
problema. É diferente. No primeiro turno jogamos contra o Flamengo em Joinvile
com a torcida do Urubu marcando grande presença no estádio. Ganhávamos de dois
a zero, deixamos empatar.
É outro campo, outro gramado, castigado pelos
jogos do dono da casa, o torcedor atleticano vai com ressalvas, jogos às 19:30
de domingo são impeditivos para muitos. Um “Hip! Hurra!” para o nosso quinhão
de idiotas. Já falei muito sobre esses imbecis. Vamos trocar de assunto.
Vamos falar da nossa segunda porta aberta
para a Libertadores. A Copa do Brasil está aí, amanhã fazemos um primeiro jogo
histórico contra o Grêmio que tomou uma surra de laço das flores do campo. Não
precisamos repetir os coxas, sapecar os gaúchos sem dó, mas um bom dois a zero
ajudaria muito para o jogo de volta em Porto Alegre.
Seu Vavá vai ter um treinamento para ajustar
o time para a partida decisiva. Tem que pensar no ataque, na maneira de
envolver e triturar o 3-5-2 que já se anuncia pelos lados do tricolor. Vencendo
aqui, o jogo no Sul tende a ficar mais aberto, a possibilidade de gols aumenta
muito, um gol fora é tesouro cobiçado por piratas de todas as nacionalidades.
Por sorte nossa, o pirata gremista não joga na Vila Caldeirão.
Eu gosto do ataque com Dellatorre, Éderson e
Everton. O jogo fica veloz, Dellatorre é daqueles que gostam da assistência, se
Everton caprichar pouco mais nos cruzamentos teremos grandes chances. Não é
jogo para Marcelo. Jogador voltando de lesão contra o Grêmio é alvo de pancada
no primeiro minuto, bem onde dói. Carta fora do baralho em segundos.
Hoje passei pela Petit na minha inspeção
diária de obras e aquisição de cadeiras e o movimento estava grande. A
mobilização para o jogo é total, os smarts estão nas carteiras prontos para o
acionamento das catracas ansiosas. Vamos com tudo torcedor rubro-negro. Parodiando
o hino do Paraná “Lutar! Lutar! Chegada é a hora. Para a final! Eis o teu
norte! Furacão! Avante para essa nova aurora!”.
O Atlético perdeu grande chance de assumir a
segunda posição no Brasileiro, consolidar-se no G4, desmotivar seus
perseguidores. Jogando fora contra o fraco Bahia, o Furacão conseguiu apenas um
ponto, contra três conquistados por Goiás e Vitória também em jogos longe de
casa. O Atlético que parou de fazer gols está ficando com a vida enrolada.
Com Fran Mérida no lugar de Baier, o Furacão
fez primeiro tempo dentro do esperado, com boa posse de bola, criando algumas
chances, sem, entretanto, incomodar o goleiro Marcelo Lomba. O Bahêa atacou
menos, mas obrigou Weverton a quatro defesas importantes, uma delas milagrosa
desviando cabeceio de Obina.
O empate poderia ser considerado bom, não
tivéssemos perdido Bruno Silva expulso ao cometer falta no ataque. Achei
exagerada a expulsão do volante. O que eu acho de nada adianta, foi o Furacão
com dez para o segundo tempo, o retorno com mais ofensividade morreu na
expulsão.
Disse que jogar acordado na defesa era
fundamental. Dois minutos da segunda fase, os zagueiros tiram uma soneca, Obina
entra livre e encobre Weverton. Gol do tricolor de aço. O lance acontece no
mínimo umas duas vezes por partida, Weverton tem feito milagres, ontem não deu.
O Bahia que vi jogar outras partidas
continuaria na defesa, iria arriscar os contra-ataques. Por sorte isso não
aconteceu. O time do seu Cristóvão foi ao ataque e ficou vulnerável. Com
Dellatorre e Éderson em campo não tem placar em branco. Aos 12, Dellatorre
escapou pela direita, olhou para a área, passou a bola rasteirinha para Éderson
se antecipar a Lucas Fonseca Falha e empatar.
Seu Vavá fez suas substituições. Mérida por
Zezinho, Dellatorre por Ciro, Ederson por Deivid e voltou ao bico para frente,
forma de fazer a bola chegar no ataque que virou especialidade da casa. Quando
Weverton repete minuto a minuto o tiro de meta longo, só o destino pode definir
o jogo.
O Atlético só voltou a incomodar ao final da
partida com finalizações de Everton e Zezinho de fora, e boa jogada individual
de Ciro entrando pela direita para ótima defesa de Lomba. O empate pouco ajuda.
O resultado que pode ser ótimo em mata-mata, no Brasileiro é pífio.
A entrevista de Marcão, ídolo da nossa melhor
Libertadores, destaca ponto importante: “Temos que estar ligados em tudo e
cuidar das armadilhas do sucesso. Às vezes deixamos de fazer as coisas que nos
levaram o sucesso e é aí que as coisas começam a dar errado”. Por que paramos
de fazer os gols que nos levaram ao sucesso? Ensinamos o caminho e perdemos a bússola.
O Furacão marcador de gols tem que renascer
até quarta-feira. O empate contra o Grêmio no próximo jogo é fim de linha,
melhor nem ir a Porto Alegre. Agora só a vitória interessa. Para vencer tem que
jogar bem, fazer a bola passar pelo meio de campo, chegar organizado no ataque,
evitar os cruzamentos que não visem a companheiro, finalizar com esmero.
O Atlético podia e tinha que ganhar do Bahia.
Nada me consola.
Revirei sites e não encontrei a escalação do
Bahêa. Assim, vou ajudar o seu Cristóvão: Marcelo Lomba; Madson, Lucas Fonseca,
Titi e Raul; Feijão, Rafael Miranda e Helder; Marquinhos Gabriel, Obina e
William Barbio.
O time do Ramsés baiano joga num 4-3-3 com
três volantes, Rafael Miranda pela direita, Feijão pelo meio e Helder pela
esquerda, todos com liberdade para avançar e finalizar de fora. Feijão é o mais
ousado, arrisca umas arrancadas centrais, chega nas proximidades da área e
manda bala. Helder joga pouco mais avançado, tem mais participação na armação
das jogadas.
O setor ofensivo, em princípio, usa Marquinhos
Gabriel pela direita, caindo na diagonal da área e finalizando muito de fora,
Obina centralizado, fazendo o pivô aéreo na bola longa, e Barbio pela esquerda,
podendo voltar para fazer a ligação pelo meio do campo, ou cair pela direita,
juntando-se a Gabriel.
Com essa configuração, o tricolor defende com
nove, só Obina na frente, e contra-ataca. Fazendo o gol, nada muda no seu
comportamento. Sofrendo gol, vai para o ataque avançando seus laterais,
substituindo volantes por atacantes, um tudo ou nada de improdutivas bolas
cruzadas e chutes de fora sempre perigosos. Temos que bloquear essas
finalizações. Os escanteios buscam normalmente a primeira trave.
O Atlético deve forçar o jogo pelo setor de
Madson Toma Caneta e Lucas Fonseca Falha, a porta aberta para o sucesso.
Atacado pelo Bahia, a bola nas costas de Raul é boa solução.
Complicado escalar o Bahia, surpreendente a provável
escalação do Furacão. Vamos a ela: Weverton;
Jonas, Dráusio, Luiz Alberto e Juninho; Bruno Silva, João Paulo, Everton e
Felipe; Dellatorre e Roger. Nem tão extraordinária assim. Bruno Silva e Roger
fora da Copa do Brasil já eram esperados na equipe. A surpresa fica pelas
entradas de Dráusio e Felipe. Pelo jeito Manoel, Baier e Zezinho estão de
folga. Tudo bem, força máxima contra o Grêmio.
São escolhas que seu Vavá tem que fazer,
lógicas, nenhuma invencionice. Fosse eu o dono das camisas entrava com Coutinho
no lugar de Felipe, jogando pela esquerda, forçando desde cedo o setor direito
baiano.
O que o Atlético tem que fazer
obrigatoriamente é obter o controle do jogo, jogar no ataque, forçar o
descontrole tricolor, a falha defensiva, introduzir Roger entre os zagueiros
aproveitando-se do posicionamento em linha da defesa.
Fosse o jogo ao findar da tarde, eu apostaria
em dois gols no primeiro tempo e água de coco no segundo. Não dá. Jogar às três
da tarde no horário de Salvador exige ritmo menos intenso, trocar passes,
aproveitar-se das oportunidades, comer pelas beiradas. Se ganhar o jogo sem
grandes desgastes é preciso, jogar acordado na defesa é fundamental. Lembrai-vos
do Goiás.
Temos hoje um reforço importante, a torcida
coxa amanheceu vestida de vermelho e preto. Por ter visto o Bahia jogar, conhecer
o Atlético, acreditar na seriedade da equipe, acho que as flores do campo podem
ter esperança, acordei com certeza da vitória.
Sem inspiração, sem ter visto ainda jogos do
Bahia para fazer uma avaliação do nosso adversário de domingo, saí ao final da
tarde para uma festa infantil com a certeza de encontrar lá a motivação para o
texto. Beijos aqui, abraços ali, cumprimentos acolá, sento-me e vou me
deliciando com salgadinhos de todos os tipos, o de queijo estava especial de
bom, o refri zero para diminuir o impacto da comilança.
Olho em volta e poucos são os conhecidos.
Levanto e vou dar uma olhada nos brinquedos, no pula-pula, nos jogos eletrônicos
e fico frente ao avô do aniversariante, que eu não sabia uma mistura fantástica
de coxa com gremista. Olha eu mergulhando no universo do inimigo mais feroz.
Convidado educado, mordo e assopro com
cuidado. Vou logo dizendo que aqui no mínimo três a zero para o Furacão, lá um
empate ou derrota pela contagem mínima. Com o princípio de revolta
estabelecido, asseguro com os olhos rútilos de admiração que o Grêmio é um
timaço, a tarefa do Rubro-Negro é prá lá de difícil. Serenados os ânimos,
volto-me para o Coritiba, lembro que enquanto estamos ali, mais um gol do
Itagui.
O mix de tricolor e alviverde à minha frente
trinca os dentes e eu avanço meu entusiasmo pelo futebol de Alex, um jogador de
rara habilidade, um azar suas seguidas contusões. A paz volta a reinar, empresto
minha compreensão aos lamentos do coxa preocupado com a escalação de Geraldo,
afirmo categórico que o Verdão não vai cair, uma figa escondida sorrateiramente,
e sou salvo pelo parabéns.
Depois do “é big, é big”, caio nos braços dos
brigadeiros, dos camafeus de nozes, da torta, como disse alguém ao meu lado
saboreando cada garfada, bem úmida, uma delícia. Então uma jovem vem conversar
comigo. Para minha surpresa a Gabriela, ex-aluna dos meus tempos de diretor de
colégio.
Menina ainda, lá pelos seus 14 anos, Gabriela
era da banda, tocava prato, diga-se a verdade, quando queria. Como toda a
cerimônia do educandário acabava com o hino do Atlético, a pequena torcedora do
Verdão mantinha os seus pratinhos imóveis, um explícito sinal de resistência à
imposição do diretor atleticano.
Só na minha despedida, quando a banda me
homenageou com o hino do Furacão, ela acionou seu instrumento. Sempre tive
saudades daquela menina, como ainda tenho de todos os meus alunos. Pois ali
estava ela, moça, formada, ainda os mesmos olhos vivos da desafiadora tocadora
de pratos. Conversamos longamente, revivemos ótimos momentos da minha vida
junto àquela juventude maravilhosa, junto aos meus jovens guerreiros,
atleticanos, coxas, paranistas.
Pois é, com a Gabriela à minha frente, tantas
alegrias aflorando, acho injusta minha figa sorrateira, que mal faz o Coxa na
primeira divisão, por que aquela flor de pessoa tem que passar os maus bocados
que passei em 2011? Ninguém merece, muito menos a Gabriela. Que assim seja
então, retiro meu mau agouro, Verdão na primeira divisão, quase caindo, graças
à Gabriela.
Petraglia Coração de Ouro entendeu o
rumorejar da fanática torcida como veredicto de afinada assembleia e aquiesceu
na renovação do contrato de Paulo Baier, voltou atrás na decisão tomada
anteriormente. Ave Petraglia.
A notícia é velha, volto ao tema para tocar
no ponto nevrálgico de toda fala do comandante rubro-negro, a necessidade do
torcedor correr até a Petit e associar-se ao Furacão. Sem o faz-me rir do
amigo, a sua prestação mensal, o time que todos esperamos, as contratações que
desejamos estampem o site do nosso Atlético Gigante não acontecerão.
Estou de pleno acordo com o Presidente.
Dentro da saudável perspectiva de que não se deve onerar o clube com dívidas
para as quais não se tem previsão de receitas para pagamento, sem as entradas
advindas do sócio torcedor, pouco se pode esperar em termos de caras novas de
elevada qualidade técnica no elenco do Furacão.
Sem 30 mil sócios, 2014 será outro ano de
contratações tópicas, jogadores com alguma experiência para preencher os claros
mais importantes, o pessoal da base, promessas que não vingaram e espera-se
desencantem no Caju e torça-se para que o tal encaixe aconteça. Encaixando, o
narrador Milton Leite poderá repetir no ano da Copa sua frase deste feliz 2013:
“Que ano do Furacão!”. Caso o encaixe não aconteça, voltamos à dureza.
O irmão rubro-negro dirá: Melhor um bom
encaixe do que um time de estrelas. É verdade. O Inter que voltou para Porto
Alegre sem vaga para a semifinal na Copa do Brasil é exemplo claro. Time
carregado de craques, o D’Alessandro me servia para reserva do PB, não funciona
desde o ano passado, é visível no semblante dos jogadores o desestímulo, a
certeza de que nada ali dará certo. Também, se encaixa, digo eu, é campeão para
cinco anos seguidos.
O Atlético construiu base importante que deve
ser reforçada. O Corinthians do patético Pato está de olho grande em Everton.
Difícil segurar. Se ganhar o rumo do Parque São Jorge alguém tem que
substituir, alguém no mínimo da mesma qualidade. Sem recursos, quem sabe o que
virá. Com recursos, uma Libertadores na agenda, o elétrico fica.
No Exército diz-se que o principal elemento
do combate é o homem, e sempre será. Assim, o amigo torcedor, que ainda não se
associou, deve correr para a Petit. Quarta-feira tem Grêmio, seu apoio é o ingrediente
basilar da vitória, sem smart você estará fora do jogo do ano, da festa, da
emoção indescritível.
Você tem cinco dias para se associar. Já
temos 23 mil sócios, até quarta seremos 25 mil, você será um deles. Atenda ao
chamado de Petraglia Coração de Ouro. Vamos! Garanta seu smart, coloque sua
farda e lute, a batalha espera o teu grito, não perca a chance de fazer a
história.
Não há como emagrecer sem passar fome, não há
como vencer sem sofrimento. O Atlético passou para a semifinal baseado em
esforço defensivo extremo, seu torcedor roeu as unhas até sangrar, assistiu a
um jogo fraco, que muitos classificam de histórico, e foi para casa feliz pouco
se importando com o espetáculo pobre.
À tarde assisti Real Madrid e Juventus. No
clássico mundial, vi uma vez Bufon rifar a bola da Champions quando apertado em
recuo da defesa. No restante da partida, mesmo sob pressão, os times saíam
tocando desde o goleiro. O jogo da noite foi a antítese. Chutão para todos os
lados, de ambos os lados.
Fico imaginando a razão de tantos lançamentos
longos a partir da defesa. Do lado do Atlético, necessitando destruir, impedir
o gol pedido por Clemer, é a certeza de evitar erros defensivos, que poderiam
levar ao gol desejado pelo treinador colorado. O adversário tenta atacar, tenta
trocar passes, criar situação para finalizar, você rifa a bola e o obriga a
recomeçar a articulação desde a sua defesa. Há todo um desgaste que vai minando
forças, tirando o ânimo.
Mancini é técnico campeão da Copa do Brasil,
vai lá é esse seu jeito de ganhar mata-mata. Seja ou não seja, deu certo,
passamos, é o que interessa.
A manutenção pelo Inter de todo seu sistema
defensivo à retaguarda impossibilitou qualquer ação positiva de Éderson e
Dellatorre, dois jogadores de velocidade marcados de perto tendo que correr
atrás de chutes sem orientação que lhes beneficiassem minimamente. Nada a
reclamar dos atacantes.
Baier foi assistente dos pelotaços passando
por sobre sua cabeça. Nas poucas chances que teve para acertar o lançamento não
o fez com a precisão necessária. Neste tipo de jogo quem sabe fosse melhor
aproximá-lo dos atacantes, dar a ele condições de fazer um passe mais preciso,
chegar à área para finalizar.
A defesa toda foi de uma disposição e
eficiência muito acima da média. A turma da cozinha está de parabéns, segurou o
resultado e nos transferiu de fase com raça inigualável. Vou dar menção honrosa
para Deivid e Zezinho, o amigo pode escolher qualquer outro defensor que estará
cheio de razão. Para esbanjar premiação, vou dar um destaque especial para
Everton.
O jogo vai acabando, a torcida ligada no 220
e eu vou me emocionando, estou ficando velho demais. Vou ter que fazer dieta,
exercícios, prolongar a vida, ganhar tempo para ver o Furacão campeão de tudo.
O Inter que vem a Curitiba é claro na
escalação, na forma de jogar, no objetivo e no modo de atingi-lo. A escalação
será a mesma do clássico de domingo: Muriel; Gabriel, Jackson, Juan e Kleber;
João Afonso, Willians, Jorge Henrique, D’Alessandro e Otávio; Leandro Damião.
Jackson é aquele zagueiro que fez um golaço contra no Gre-Nal.
A forma de jogar está definida com clareza. O
time joga no 4-2-3-1. Do meio para frente, D’Alessandro Tem Que Marcar joga
pela direita, Jorge Henrique centralizado, Otávio pela esquerda. Todos tem a
missão de assistir Damião, aproximar-se dele para finalizar.
O objetivo é simples, segundo Clemer: “Marcar
um gol lá”. O porquê está claro nas declarações do treinador: “Se fizermos um
gol, eles precisarão sair para cima. Se fizermos e tomarmos um, estamos nos
pênaltis”. Quando ouço declaração de tamanha obviedade me pergunto por que
treinadores ganham tanto. Imagino o papo pré-jogo: “Aí negada, vamos fazer um
gol neles”.
O modo de atingir o objetivo também está
expresso nas palavras do comandante colorado: “Precisamos estar ligados,
atentos. Principalmente nos 15 minutos iniciais. Será uma pressão... A
característica do Atlético-PR é de ir para cima. Precisamos estar atentos para
passar o primeiro impacto e depois colocar nosso ritmo”. A recorrência é tanta que
começo a ficar com medo. Tem que ter alguma coisa escondida, alguma surpresa
aterradora à nossa espreita.
Seu Vavá não pode reclamar de falta de
informações. Elas estão todas aí, se pesquisar um pouco mais vai ficar sabendo
a cor da sunga do D’Alessandro.
O Clemer cheio de certezas cansou sua defesa
no treinamento de bola parada, uma deficiência escancarada. Treinou também
penalidades, sabe que o pau que bate em Chico, bate em Francisco.
Deivid já marcou D’Alessandro, já está
encarregado da missão, sem querer lhe passar responsabilidade metade do sucesso
rubro-negro está na sua capacidade de marcar o gringo sem cometer faltas. O
cuidado com Juan na bola parada defensiva é essencial. Contra o Goiás, o perigo
era Rodrigo e aos três minutos ele já estava cabeceando com sucesso. A jogada
individual de Otávio sobre Manoel é outro problema. O segundo gol do Goiás
exemplifica minha preocupação. Léo tem que fechar o lado, dar o primeiro
combate.
No ataque é evitar a bola longa para Éderson.
Não funcionou em Novo Hamburgo, não vai funcionar aqui. Jogar pelos dois lados,
evitar ancorar Marcelo na direita, fugir do cruzamento na maluca, pressionar tabelando
pelo centro da zaga são ações importantes na busca do gol.
O mais importante é cumprir seu papel, fazer
o que Clemer espera, jogar para cima no início, mostrando força coletiva e
vontade de vencer. Começou morno, sem posse de bola, é bom a torcida puxar logo
um “Raça! Raça!” se quiser ir para casa comemorando. Clemer colocou os
medalhões no banco e saiu para jogar com o pessoal da luta. O Atlético
descansou jogadores e vai para a batalha com toda a força. Vai ser uma guerra.
Vencerá o Furacão.
O jogo segue fácil para o Goiás e sua torcida
briga na arquibancada. A polícia acompanha, erra uma cacetada, acerta outra, os
briguentos estão pouco ligando para a ação policial, o couro come, o negócio é
causar tumulto, acertar contas, seja lá qual for o objetivo dos idiotas. É
inconcebível. Acaba a pelada e até o gordito que comandou a goleada está
indignado, dá declaração contrária à sua própria torcida.
O que vai acontecer? O Goiás vai perder
mandos de campo, à semelhança do acontecido com o Atlético. Eu pergunto ao
amigo, que culpa tem o Goiás de possuir idiotas em sua torcida? Eles estão por
aí, pelo Brasil inteiro, afrontando a polícia, sem dar a menor pelota se o
clube vai ser prejudicado ou não. Tenho outra pergunta ao amigo. Como poderia o
Goiás impedir a ação do seu quinhão de idiotas? Impossível, o clube não tem
estrutura para isso.
Para agir repressivamente, precisaria de um
setor de inteligência que pudesse antecipar local e instante da eclosão do
conflito, tropa de choque pronta para atuar em força, sem muita força, sempre
tem alguém com sua câmera focada na repressão, garantindo com seu instantâneo
problemas para o mantenedor da ordem. O dia que o Goiás tiver essa estrutura
deixará de ser clube de futebol, vai trabalhar com segurança, substituir a
polícia.
E o que interessa isso para o Superior
Tribunal de Justiça Desportiva? Absolutamente nada. É líquida e certa a perda
de mandos de campo pelo Goiás. O clube sofre com a lei Pelé, os empresários
nadam de braçada, e sofre com a ação nefasta do STJM, ao imaginar que
prejudicando o Verdão goiano, a torcida se sensibilizará e não mais causará o
caos nas arquibancadas.
É de morrer de rir. No Atletiba em que o
Furacão com seu Sub-23 ganhou do Coritiba, tudo para a confraternização, lá
estava o nosso quinhão de idiotas saindo na porrada. Novo Atletiba, nova vitória
e lá estavam eles em plena ação. Os manos presos na Bolívia, mal voltaram ao
Brasil e já estavam envolvidos de novo em confusão em Brasília. O controle de
idiotas só é possível com o encarceramento, uma raridade na terra de Cabral, no
máximo momentânea.
Sem prisão, idiotas soltos, incapazes as
autoridades de dar solução real ao problema, é fácil imputar ao clube a culpa. Vou
ganhar dinheiro com isso, criar uma força de ação rápida desportiva, a FARD. Distribuída
pelo campo, aconteceu o conflito, em segundos as borrachadas vão colocar os
assanhados para dormir.
Se isso acontecesse, dentro do mais
verdadeiro espírito de Brasil varonil, seria eu a dormir, no xilindró, acusado
de comandar abominável ataque ao livre direito de manifestação de idiotas de
todos os tipos.
Como toda tragédia, o jogo contra o Goiás
mostrou erros acumulados que resultaram no 3 a 0 sem contestação. Vamos ver se
o amigo concorda comigo.
Primeiro: Quando se marca jogador como Walter
à distância, deixando a bola chegar aos seus pés com tranquilidade, o erro é
grave, acaba em gol para o adversário. Treinadores não gostam de marcação
individual. Eu gosto, por mim o medida errada que dá certo teria jogador ao seu
lado 90 minutos, não receberia a bola. Não teve, 1 a 0 Goiás.
Segundo: Em outubro, o Atlético está improvisando
na lateral-esquerda. Trocamos Elias por Rodrigo Biro que, pelo jeito, já chegou
fora dos planos. Vejo o trabalho do Departamento de Futebol atleticano com
receio. Se Petraglia imagina formar grande time para 2014 tem que pensar nisso
seriamente.
Terceiro: Coutinho no lugar de Marcelo,
jogando pela direita, foi uma impropriedade tática relevante. Coutinho não tem
velocidade, deu certo no sub-23 jogando pela esquerda, pela direita só seria
útil com sorte. Não foi.
Quarto: Marco Antônio está longe de ser jogador
criativo, foi engolido pela marcação. Pode ajudar em time pronto, entrando em
momento específico de partida. Para carregar o time nas costas, fazer o papel
de Baier, faltam qualidade e entrosamento. Demorou a sair.
Quinto: Se Roger é jogador de área como
afirmam, de nada adianta colocá-lo em campo sem jogadores que possam criar as
jogadas que o beneficiem. A saída de Marcelo, a ineficiência de Léo e Maranhão
no ataque, a partida pobre de Marco Antônio, obrigaram o jogador a voltar para
buscar, tentar resolver sozinho. Só um milagre salvaria sua atuação.
Sexto: A entrada de Felipe em lugar de Marco
Antonio é seis por meia dúzia. Felipe é um toque-toque que pode compor um time,
nunca dar solução a situações críticas. Quem vê o Atlético desde 2012 sabe
disso.
Sétimo: A permanência de Éderson no banco
enterrou as esperanças de gol do Furacão. Coutinho pela esquerda, Roger na área
e Éderson pela direita poderiam ter conseguido o golzinho de honra. Mancini
demorou a mudar, mudou mal, levou o terceiro.
O Atlético facilitou, quando precisou do
banco, a reposição não funcionou. Muito mérito do técnico Enderson Moreira do
Goiás. Armou bem o time, aproveitou-se das vulnerabilidades atleticanas, ganhou
e descansou a rapaziada. O Furacão sequer incomodou.
Eu que nem pensava em empate, com vinte minutos
de jogo já tinha entregado a rapadura. Espero que tudo faça parte de
planejamento que não alcanço, o time tenha economizado forças para o jogo
contra o Inter e seu Vavá reencontre o caminho do gol perdido há algum tempo.
Vamos fazer de conta que perdemos quando
podíamos perder, que foi um tropeço causado pelo horário de verão. Eu pelo
menos acabei o domingo de cabeça quente.
Lutando pelo G4, o Furacão vai ao Serra
Dourada bater mais um Verdão, já detonou um alviverde dias atrás, deixou-o pelo
caminho, abraçado com a zona do rebaixamento. O esmeraldino de Goiás não é o
glorioso paranaense, está em ascensão, venceu o Vasco em Macaé, quer a vaga
rubro-negra para a Libertadores, vê o jogo de hoje como a grande chance de se
aproximar.
O pessoal da terra vai comer um arroz com
pequi e lotar o belo estádio goiano, dar força à tropa do seu Enderson Moreira,
treinador grisalho no comando do Goiás. Qual é o time que entra em campo:
Renan; Vitor, Rodrigo, Ernando e Willian Matheus; Dudu Cearense e Thiago Mendes;
Eduardo Sasha e Hugo; Walter e Roni. Certeza é que seu Enderson quer a vitória,
vai jogar no ataque.
Contra o Vasco venceu, mas não foi assim.
Começou o jogo na defesa, marcando com nove atrás da linha da bola, só el
gordito Walter na frente. Walter é um caso à parte no time goiano. Isolado no
ataque, recebe todas as bolas, mesmo com marcação domina, dribla , sai jogando,
passa para os companheiros com muita qualidade. É difícil tomar-lhe a bola. Com
algum espaço finaliza a gol com precisão. O Walter que jogou aqui no primeiro
turno e pouco apareceu não é o atacante que carrega o Goiás nas costas.
Feito o parênteses Walter Tem Que Marcar,
voltemos ao jogo do Vasco. Com Sasha pela direita e Roni pela esquerda
bloqueando a subida dos laterais, e Hugo pelo meio fazendo sombra, o time
segurou a pressão inicial vascaína e foi crescendo no jogo, soltando Vitor pela
direita, segurando Willian Matheus pela esquerda, forçando o jogo central tendo
Walter como vértice de todas as jogadas, avançando Roni pela ponta esquerda.
Equilibrado o jogo, o Vasco já com a pressão
a 19 por 15, a ZR azucrinando, fez seu gol de bola parada aos 36 com o zagueiro
Rodrigo de cabeça, seu terceiro gol no ano. É o Rodrigo Tem Que Ter Cuidado.
Quando se esperava que voltasse para o
segundo tempo atrás, avançou a defesa e quebrou o Vasco psicologicamente. A nau
lusitana tentou atacar, fez dezenas de cruzamentos a partir dos dois lados do
campo, o tal esforço totalmente improdutivo, nada conseguiu e, aos 22, Walter fez
ótimo e produtivo cruzamento da esquerda para Welinton Junior no segundo pau, o
cabeceio para o meio da área encontrou Hugo livre para marcar. O jogo acabou.
Welinton Junior entrou em lugar de Sasha e
Ramon substituiu Hugo, duas modificações ofensivas. O jogo em Macaé afastou os
dois volantes do jogo de hoje, justos amarelos para Amaral e David, entram Dudu
e Thiago Mendes.
O Serra Dourada não verá Paulo Baier que fez
um monte de gols por lá, Marcelo foi poupado nos treinamentos. O Goiás é um bom
time, bem treinado, vai dar trabalho. O Atlético pode ganhar, vai depender do
substituto do velhinho, da forma que entrar em campo. Se entrar Zezinho, espero
que jogue mais para o ataque do que para a defesa, defendendo é só um a mais.
Ao entrar em campo espero que o faça com
personalidade, com cara de time a ser batido, acordado desde o primeiro minuto,
trocando passes, bloqueando Walter, aproveitando todos os espaços no ataque. Foco
na vitória, nada de pensar em empate.
Tenho prezado amigo coxa que me afirma ler logo
ao raiar do dia a coluna do Mafuz. Diz que o cronista é ótimo em animá-lo para
o começo do trabalho, suas colunas são estimulantes para o torcedor coxa,
sempre trazem algo nocivo ao Furacão. É um exagero. Leio o autor
episodicamente. Para ser bem sincero, quando alguém em lista de e-mails ou rede
social indica a leitura.
Apesar da minha pouca assiduidade, recomendo
a todos ler tudo e a tudo analisar com carinho, a verdade deve ser construída
na cabeça de cada um encaixando detalhes como as crianças fazem com os
insuperáveis brinquedos da família Lego.
Recomendada a leitura, passei os olhos na
coluna Culpa no Cartório escrita pelo colunista no dia 18 de outubro, ontem,
disponível no site Paraná-online. O texto é aterrador.
Em síntese diz que “os governantes têm rabo
preso, temendo no futuro uma recusa de prestação de contas. Se não fosse esse o
caso, Richa não aceitaria a sugestão de Mattos Leão, e determinaria a liberação
do dinheiro que o BNDES emprestou e que está garantido pelo patrimônio do
Atlético”.
Para entendedor mediano como eu, diz que,
envolvido em maracutaias, o seu Beto está nas mãos do Tribunal de Contas do
Estado, obrigado a realizar os desejos do senhor Artagão de Mattos Leão,
presidente do TCE, segundo se presume do texto – “o presidente do organismo
prefere ambientar o caso em uma temperatura de Atletiba” – um coxa de primeiríssima
qualidade, sentado em cadeira de onde pode obstruir a construção da arena da
Baixada pelo simples atemorizar do governador atolado em malfeitos.
Eu que pensava Curitiba como o Poço das Almas
de Indiana Jones, repleto de cobras de todos os tipos, agora tenho que mudar o
enfoque, chamar o Eliot Ness e sua turma de intocáveis para por fim ao
descalabro que se tornou nossa cidade pela simples razão da construção de um
estádio de futebol para a Copa do Mundo. As invejas estão à mostra, agridem, há
um clima de intimidação no ar, há um sussurro de joelhos tremendo assustando a
capital.
Um torcedor, com poder, ao que se pode
presumir da leitura, impede obra importante para a comunidade submetendo ao “seu
arbítrio” governante “que não tem a ficha limpa”. Amigos um horror. Um caso de
polícia. Por favor, alguém com contatos no além, chame logo o Eliot Ness.
Depois de ver jogos do Furacão e seu genérico,
concluí que cruzamento só é origem de gol contra defesas mal-arrumadas. O Galo
cruzou umas vinte contra o Cruzeiro e foi fazer gol em jogada individual de
Fernandinho. O Atlético cansa de cruzar bolas e necas de pitibiribas.
Concorre para a jogada zero gol a dificuldade
que os ponteiros, sejam eles jogadores de frente, sejam alas ocupando espaços
no ataque, têm para realizar o cruzamento pelos menos nas proximidades dos
atacantes. Na defesa desses centradores de bola pode-se argumentar que no
momento do cruzamento apenas um atacante, às vezes dois, estão dentro da área
para finalizar. Somam-se para a inutilidade do lance as falhas técnica e
tática.
Assim, concluo pela morte definitiva da
jogada pelo lado do campo. O amigo vai desembarcar do meu texto neste momento.
Espera aí, me dá uma chance.
O lado do campo continua sendo o espaço defensivo
menos congestionado, em que se pode romper com mais facilidade a primeira linha
de defesa adversária. Por várias vezes atacantes conseguem chegar à linha de
fundo em boas condições de cruzar a redondoca. A sequência do lance, o
cruzamento é que o inviabiliza, cria uma imensa expectativa de gol que não se
materializa. E daí?
Aprofundar a jogada individual área adentro, arrastando
as coberturas defensivas, arriscando a penalidade, criando ângulo para o chute
direto a gol, dando segundos para que mais jogadores se coloquem em posição de
arremate, pode ser uma boa saída. Tudo vai depender sempre da qualidade
técnica, do sangue frio do condutor da bola, o que me leva a pensar que é
melhor cruzar mesmo, vai lá dá uma sorte, a bola procura a cabeça do
companheiro e o gol sai.
Exemplifico minha teoria com o gol de Baier
contra o Coxa, Marcelo cruzando do interior da área, a bola defendida por Lauro
da Portuguesa em cabeceio de Baier, Marcelo cruzando do interior da área, o gol
perdido por Éderson contra a mesma Lusa, de novo Marcelo cruzando do interior
da área. O parágrafo me traz outra pergunta. O que faz Marcelo escondido na
lateral do campo?
Volto ao tema pela angústia que me dá vendo
Éderson saracotear dentro da área por 65 minutos sem que uma bola lhe seja
entregue com boas condições de finalização. O jogador que já chamei de
artilheiro dos míseros minutos, na ponta da artilharia nacional, passa hora
inteira sem pegar na bola. Se não se vira, volta para buscar, tenta o chute de
fora, passa em branco.
Fico pensando se não devemos entrar com
Coutinho e deixar Éderson para os últimos minutos que o consagraram. Pensar, eu
posso. O que manda é o jogo. Vai lá, na imensidão do Serra Dourada, os
cruzamentos acontecem, os gols saem e eu fico falando no deserto, teorizando o
fim do jogo pelos lados, a panaceia apontada
por todos os profissionais do ramo.
Como não sou profissional, tudo posso. Posso,
por exemplo, com atraso, apontar os meus craques do jogo contra o Galo. São
eles, Weverton, Léo e Everton. Weverton salvou a lavoura, Léo atacou e
defendeu, tem que segurar as mãos nervosas, ainda vai nos complicar, Everton
botou o ataque nas costas e carregou, deu início à jogada do gol. Uma jogada
lateral, que virou central e matou a pelada.
Quando parecia que o Galo seria duro de
engolir, botamos o bicho na panela de pressão, a torcida ajudou, Baier
justificou a renovação do contrato e vencemos a poucos minutos da ceia ser
servida. Foi sofrido. O Galo esperneou, tomou sete amarelos, teve dois
jogadores expulsos em final de partida, mas cedeu. Ver o Furacão com 51 pontos
na tabela é um sonho. Já me belisquei umas três vezes, não é sonho, estou
acordado, é a mais pura verdade.
O Furacão sem confiança, alheio a colocar a
bola no chão, sair jogando com boa troca de passes, leva o torcedor a
desacreditar do melhor resultado. Só a falta de confiança pode justificar as
cabeçadas sem direção da defesa, os chutões para o ataque sem qualquer
necessidade. A bola sobra para o defensor livre, podendo matar, sair para o
jogo e o danado dá um cabeçadão para o adversário, rifa a bola sem o menor
sentido.
Calma, não somos as flores do campo, não
estamos para cair, o Galo que sufocou o Cruzeiro veio para jogar no
contra-ataque, vamos no toque-toque, usando os dois lados do campo, ter o
controle do jogo. Longe disso. O Atlético esqueceu o lado esquerdo, a saída de
Botelho pode ter contribuído, e focou o esforço ofensivo pela direita, até Everton
foi jogar por lá. Quase deu certo. Aos 32, o elétrico cruzou, Éderson raspou de
cabeça, por um triz Baier não fez o centésimo.
O gol resiste em sair, o Furacão mostra
nervosismo, o Galo ganha força. Aos 40, Tardelli exige ótima defesa de
Weverton, aos 41 Alecsandro acerta a trave. Fomos para a conversa do professor
Vavá com lucro.
Sai la pelota e Everton aos dois finaliza de
fora com perigo. Começo a ter esperança. A audácia repercute rápido no avanço
da defesa. Aos 4, Fernandinho colocou Weverton para jogar, ainda aos 4,
Tardelli entrou livre, o moicano fez milagre, aos 5, Josué chuta de fora, a
bola explode na cabeça de Manoel. Assustado com o Galo vingador, volta tudo ao
que a antiga musa canta, nervosismo e dá-lhe chutão para Marcelo resolver o
problema na escapada.
Mancini faz o que pode. Coloca Coutinho no
lugar de Éderson, talvez agora um pouco de jogo pela esquerda, quando
Alecsandro é expulso, Roger substitui João Paulo. Toda a força à frente, o
objetivo é a vitória. O jogo pela direita finalmente começa a dar rendimento.
Aos 37, Everton cruza, Coutinho cabeceia, Giovanni salva. Aos 39, Everton toca
a Roger, daí a Paulo Baier, uma letra rápida, a bola procura espaço entre as
pernas do zagueiro e se oferece novamente para Roger. Dois toques na redondoca
e caixa. O jogo acabou.
Aí é esperar o fim da partida, a entrevista
de Baier louco de faceiro com a renovação do contrato. Acho que o Atlético fez
bem. O grupo gosta de Baier, a torcida gosta de Baier, o velhinho tem
resolvido, pode não ser a estrela da companhia em 2014, mas vai ajudar. O
pessoal contrário ao Fica PB só não pode agourar. Se existia uma vaga de idoso
no Atlético, deixou de existir.
O Furacão tem que recuperar a personalidade,
entender-se um time com jeito de jogar eficiente, jogadores comprometidos,
desnecessário o nervosismo evidente. Agora, em final de campanha, tudo o que precisamos
é de um velhinho inspirado e um Furacão cheio de confiança.
– Com quem o Atlético joga amanhã? – pergunta
a esposa em nossa quarta volta na Ouvidor Pardinho, idosos me ultrapassando por
todos os lados.
– Com o Atlético Mineiro –, digo preocupado.
– Vamos dar uma surra neles –, afirma ela
triunfante, já se perguntando onde estarão os comprimidinhos do coração, indispensáveis
depois do “viu o que esse cara fez”, do “isola Manoel”, do “fecha Botelho”, do “aí
é pracabá”. Atleticano tinha que casar com cardiologista, no mínimo enfermeira
com doutorado na França. Impossível a doutora, pelo menos uma excelente chef.
Estamos nos especializando em aves. O Urubu,
depenamos em pleno Maraca, com direito a queda de treinador. Já colocamos fim
na interminável invencibilidade do Galo no seu terreiro em BH. Contra o mesmo
Galo envelhecido, hoje vamos fazer um bom ensopado, cozinhando lentamente, só
para acabar com as unhas do mestre Cuca.
O Galo “forte e entregador”, lembrai-vos da
goleada para o Cruzeiro na última rodada de 2011, vem a Curitiba com ausências.
Entre outras selecionáveis, Leonardo Silva e Pierre não jogam. Marcos Rocha
ainda é dúvida. O time deve formar com: Giovanni; Marcos Rocha, Jemerson,
Emerson e Júnior César; Leandro Donizete e Josué; Luan, Diego Tardelli,
Alecsandro e Fernandinho.
O amigo viu o que a Portuguesa fez com o
Atlético no segundo tempo. Pois foi o que o Galo fez com o Cruzeiro durante o
clássico de domingo. Empurrou seus defensores para as proximidades do meio de campo,
avançou seus atacantes e obrigou a defesa azul a jogar dentro da sua grande
área. Com o ataque distante da defesa, perdendo todas as segundas bolas, a
Raposa resistiu e só caiu na armadilha aos 41 da etapa final.
Diego Tardelli Tem Que Marcar é o principal
jogador alvinegro. Com presença pelos dois lados do campo, apoia Luan e Marcos
Rocha pela direita, Fernandinho e Júnior Cesar pela esquerda. O Galo cruza
dezenas de bolas, só falta alguém para colocar para dentro. Algo como o nosso
Furacão.
Sem armadores de ofício, o time pouco troca
passes no ataque, o jogo é em velocidade e na vertical, recebeu parte para cima
a mil por hora. O fixo Alecsandro pode servir de pivô, mas como o esforço é
pelas laterais fica sem serventia, acenando, pedindo, meio como boneco de posto
com gasolina adulterada. Leonardo Silva vai fazer falta na área para definir as
bolas paradas.
Cuidados especiais? A falta direta de
Tardelli, os escanteios pela direita no primeiro pau, os laterais ofensivos
sempre cobrados no interior da grande área. Manter sempre a compactação entre
ataque e defesa e evitar a bola longa central, os zagueiros do galináceo
dominam os ares, são ótimas medidas. Evitar a provocação de Donizete é
necessário à saúde mental da equipe.
Caso Marcos Rocha fique de fora, o setor
direito com Carlos César e o garoto Jemerson estará enfraquecido. É a brecha
para o ataque rubro-negro. No mais é cozinhar o Galo devagar, mexendo sempre,
abafando, colocando umas pimentas de vez em quando. Se complicar, chama a
torcida e bota a ave na panela de pressão.
Mancini me dá um susto danado. Diz ele: “Sabemos
que talvez cinco vitórias possam nos dar uma vaga no G4”. Essa é a conta que eu
não gosto. Logo depois me anima: “Vamos jogo a jogo. Acho muito importante
pensarmos em cada adversário”. É isso seu Mancini, manda o estatístico tirar
uma soneca, guardar os seus números para aquela reportagem bonita, cheia de
gráficos, boa de visual, um perigo para aqueles
que acham que dá para deixar para depois.
Esqueçam-se os nove jogos restantes depois de
quarta-feira, eles virão a seu tempo. Agora é hora de pensar no Galo, estudar a
melhor forma de depenar e assar o bichinho, recheado com farofa daquelas bem
condimentadas, os miúdos do próprio galináceo “forte e entregador” refogados
com cuidado, dando sabor especial ao petisco.
O Brasil tem direito a cinco vagas na
Libertadores. O Campeão da Copa do Brasil, estamos na luta, e os quatro
primeiros colocados no Brasileiro. O que pode diminuir uma vaga é time
verde-amarelo ganhar a Sul-Americana, então entrarão apenas os três primeiros
do campeonato nacional.
O que pode aumentar uma vaga? Um dos quatro
primeiros classificados no Brasileiro ganhar a Copa do Brasil, então o quinto
entra. Exemplo, o Furacão chega em segundo, paralelamente ganha a Copa do
Brasil, o quinto classificado ocupa a vaga atleticana.
Essa é a regra do jogo. Se o Presidente
Petraglia se diz pretensioso, eu sou muito mais. Ele nem imagina. Perto de mim,
o Presidente é um São Francisco com pombinhos arrulhando sobre os ombros. Nas
minhas contas, em 2024, ano do nosso centenário, temos que ter uma placa na
frente da arena magnífica com o título “Furacão Campeão De Tudo”.
Assim, melhor começar logo, ganhar este ano a
Copa do Brasil, dar chance para outro brasileiro participar do torneio
intercontinental.
As dificuldades para a obtenção da vaga na
Libertadores, por qualquer dos critérios, começam pela simultaneidade das duas
competições nacionais. Embora o cansaço bata às portas de todas as equipes, o
Cruzeiro começa a dar seus primeiros sinais de fadiga, disputar Copa do Brasil
e Brasileiro pode tornar as coisas mais difíceis. Contusões, cartões, problemas causados pela
torcida, são outros obstáculos ao sucesso.
O Atlético parece ter alguma reserva de gás a
mais que seus concorrentes. Provou ter capacidade de jogar contra qualquer
adversário com equilíbrio, fazer gols em todas as partidas. Repetir essas
atuações é fundamental. Descanso entre os jogos, conhecimento perfeito e foco
no adversário do momento podem ajudar muito.
Repetir Marcelo no jogo contra a Lusa é o
segredo do negócio. Chegou livre, teve a chance, bola na rede. O caminho do gol
é o caminho da América.
Dois minutos de jogo, Baier deixa Marcelo
livre, o papa-léguas olha, coloca, gol do Furacão. Marcelo e Léo deitam e rolam
pela direita, Valdomiro leva amarelo logo aos quatorze, parece que a nau
lusitana vai fazer água muito cedo, penso em início de grande atuação
rubro-negra.
O tempo mostraria o contrário. A Portuguesa
cresceu e a partir dos 20 passou a jogar melhor, ter mais posse de bola, perder
chances. A defesa do Atlético, dando muito espaço, permitia o matar da bola, o
giro do atacante e o partir para o ataque sem incômodos, uma facilidade que só
foi se encerrar lá pelos 30 minutos, quando Marcelo fez boa jogada pela esquerda
e cruzou para Éderson chutar para fora. O susto luso trouxe de novo o
equilíbrio ao jogo.
O primeiro tempo mostrou o Furacão criando as
melhores chances, Lauro fez ótima defesa em cabeceio de Baier, fez o gol,
mereceu o resultado. A Portuguesa teve chances, mais posse de bola, provou que
não estava morta.
A volta do vestiário mostrou que a Lusa
estava muito viva. Foi um dos piores 45 minutos do Rubro-Negro na era Mancini.
Jogado na defesa, rifando, perdendo todas as segundas bolas, o Atlético foi
dominado e viveu do bico para Marcelo muito marcado, as poucas chances
aconteceram nas bolas paradas. O Atlético não optou por defender e
contra-atacar, foi obrigado, não teve capacidade para trocar passes, controlar
o jogo, salvou-se.
A Portuguesa foi incompetente em transformar
o amplo domínio em gols, a ausência de Gilberto foi providencial, seus
substitutos estão longe da sua objetividade. É óbvio, encontrou na defesa
atleticana obstáculo importante, quando Manoel bobeou, Weverton estava atento.
O Atlético parou de fazer gols.
Coincidentemente com o afastamento de Dellatorre, agora lesionado, a fonte secou.
A observação tem alcance limitado. Everton fez falta. O conhecimento do esquema
atleticano, da forma de atuar de seus atacantes, também concorre para a
ausência de gols.
Nada disso impede o Furacão de jogar
organizadamente. O time que fez boas partidas contra Inter, Coritiba e
Corinthians, forte no ataque e na defesa, tinha que manter o mesmo equilíbrio
contra a Portuguesa, sabidamente um time de poucos recursos individuais. Nem nossas
substituições funcionaram.
Mancini tem até quarta-feira para colocar o
time para jogar bem novamente. Até lá é festejar os três pontos, o avanço na
classificação, a manutenção da distância para os principais adversários. Estamos
na cola de Grêmio e Botafogo. Podia ser melhor, sem tanto sofrimento, mais
bonito, mas ganhou. O jeito é colher ensinamentos e seguir em frente.
O técnico Guto Ferreira diz que vai jogar
para cima do Furacão. Acho que é uma boa postura, todo técnico deveria colocar
seu time para jogar no ataque, pelo menos teríamos um futebol mais bonito de se
ver. Quem sofreu Grêmio e Fluminense sabe do que estou falando. O treinador da
Lusa deve ter visto Vitória e Atlético na Vila e tirado suas conclusões
ofensivas. Se vai dar certo é o que vamos ver.
Depois de uma série de bons jogos que a fez
navegar para fora da rebentação da zona do rebaixamento, a nau lusitana foi mal
contra o Goiás e perdeu em casa. Está em 14º com o mesmo número de pontos das
flores do campo, infelizmente derrotadas pelo Vitória em Salvador. Ficam aqui
os meus sentimentos.
O almirante Guto deve escalar em Curitiba o
mesmo time que perdeu para o Goiás, ou seja: Lauro; Luis Ricardo, Moisés Moura,
Valdomiro e Rogério; Correia, Bruno Henrique, Moisés e Souza; Bergson e
Gilberto. Existem rumores que Gilberto sentiu um desconforto, pode ficar de
fora. Caso isso aconteça, a Portuguesa perde seu artilheiro, o que não me
entristece em nada.
Como funciona a engenhoca lusitana? Vamos a
veire.
Defende com duas linhas de quatro, a segunda formada
por seus três volantes – Correia, Bruno Henrique e Moisés –, mais Souza
marcando pela esquerda. Faz o que todo mundo faz, a diferença é contar com três
jogadores com características defensivas, os três volantes que eu não gosto, na
frente da área.
Ao atacar pode variar o posicionamento de
Souza. Uma das composições ofensivas dispõe Bergson pela direita, Gilberto centralizado
e Souza pela esquerda, o time joga com três atacantes. Os laterais avançam,
Luis Ricardo arma uma confusão danada, Correia e Moisés ultrapassam a linha de
meio de campo e tentam fazer a transição. Bruno Henrique fica atrás, protetor da
defesa.
A dificuldade fica na transição, encargo de
jogadores sem pendor para o ofício. Para dar solução ao problema, o time joga
com bola longa, tentando colocar os atacantes livres atrás da linha de defesa
adversária. Para o Atlético que gosta de avançar seus defensores e tem
zagueiros lentos na recuperação, um perigo.
Outra forma de melhorar a chegada ao ataque é
puxar Souza para o meio, dar a ele a missão de alimentar Bergson e Gilberto. O
time joga com Correia, Souza e Moisés na alimentação, Bergson e Gilberto na
finalização.
A jogada forte da Lusa acontece pelo setor
direito com Bergson e Luis Ricardo. Mancini tem que bloquear o lateral, o bicho
é perigoso. Gilberto vem subindo na artilharia, tem que marcar. Quando o jogo
complica Moisés vai jogar de meia esquerda e pode surpreender. O time já marcou
15 gols de cabeça em total de 40. Como diria o velho treinador, sem falta,
marca o Valdomiro.
Everton vai fazer falta para bloquear Luis
Ricardo. O encargo deve ficar para Zezinho. Jogo difícil. A vitória em casa é
imprescindível. Com um Atlético sem erros defensivos, cirúrgico no ataque, a
torcida pode ir que é bicho certo.
A discussão sobre o afastamento de Paulo
Baier é deliciosa. Alguns aconselham Baier a parar, outros querem vê-lo pelas
costas, terceiros defendem o velhinho com unhas e dentes. Ontem, na feira livre
da Coronel Dulcídio, dois coxas já com direito a vaga de idoso discutiam, um
querendo PB no glorioso o ano que vem, outro na base do nem pensar, apontando o
Goiás como futuro time daquele que aprofundou a crise no alviverde.
Os matemáticos introduzem a estatística na
polêmica. Cálculos apontam que sem Paulo Baier o Furacão teve um rendimento de
57%, contra 55% com sua presença. A diferença é mínima, um empate técnico,
porém, suficiente para justificar o fim do contrato do armador rubro-negro. É
chumbo trocado com ardor de soldado novo.
Estatística é que nem picanha, você joga na
grelha e escolhe como quer: mal passada, ao ponto, bem passada. Vou dar um exemplo.
Veja o amigo o rendimento do Atlético nas primeiras seis rodadas do Brasileiro
com Nhô Drub. Total de pontos obtidos, seis. Aproveitamento do Furacão nas
primeiras seis rodadas do segundo turno com Mancini, sete pontos ganhos. Que
fazer? Sacrificar Mancini imediatamente? Santificar Mancini pelo ponto a mais?
Os números são apenas parte do estudo, existe
todo um contexto, um observar dos jogos, um sentimento do andar da carruagem que
são imprescindíveis na leitura dos dados apresentados pelos estatísticos. Estar
no Z4 ou no G4 pode orientar a análise e definir conclusões. A circunstância
pesa muito.
Assim, é perigoso adotar a estatística como
parâmetro único para a tomada de decisões, ainda mais em se tratando de
futebol. Futebol é reino onde o improvável habita e atua a cada passo. Aplicar
a matemática ao esporte sem outros cuidados é incorrer em grave risco.
É ótimo ver o torcedor colocar seus pontos de
vista, debater com os companheiros, passar bons momentos jogando conversa fora.
Quem não pode errar é o Atlético. Impossível acreditar que a decisão de afastar
o ídolo tenha por base a diferença de centésimos do aproveitamento coletivo da
equipe com e sem Paulo Baier. É óbvio que fatores diversos foram analisados
cuidadosamente até a tomada da decisão. Tenho certeza.
Disse que o Atlético não pode errar. Engano
meu. Até pode. Nada que justifique o erro, mas, errar é humano.
O secretário-geral da FIFA alertou para o
muito que fazer nas próximas semanas para que o Atlético consiga cumprir os 20%
restantes para a conclusão das obras da Arena da Baixada. Ele e todos os
atleticanos estão preocupados. A cada dia com uma armadilha nova no caminho,
quem não estiver preocupado é irresponsável e a irresponsabilidade não faz
parte do currículo da instituição Clube Atlético Paranaense.
Vai ser pauleira, mas a Arena vai ficar
pronta. Curitiba cumprirá seu compromisso, esta é uma cidade de coragem. Para
conviver com as cobras que dominam seus canteiros coragem é atributo indispensável.
Ano passado escrevi texto com o título Poço das Almas, comparando Curitiba ao poço
das almas que Indiana Jones teve que penetrar para iniciar sua busca da Arca
Perdida, de lá para cá, as cobras só aumentaram, estão em todos os níveis.
Monsieur Jérome Valcke, que já concluiu pela
dificuldade em se realizar a Copa do Mundo em um país democrático, precisava
passar uma semana em Curitiba para entender a dificuldade de se construir um
estádio nível FIFA no Poço das Almas, por vezes visitado por víboras
alienígenas, para quem as mambas-negras locais se curvam respeitosamente. Tenhamos
paciência. Vai dar certo.
Um aspecto particular deve estar alegrando o
secretário. Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo são as capitais que geraram a
maior demanda por ingressos. Curitiba ganha destaque, pois não é sede nem da
abertura, nem da final da Copa, logo é certo que brasileiros e estrangeiros
estão aprontando suas malas para aportar na cidade ecológica, sem saber que
atrás do título se escondem serpentes de todas as espécies.
Vem aí dinheiro grosso. Foz do Iguaçu que se
prepare, Morretes bote água no barreado – na Amazônia vi gringo comendo
melancia com farofa –, Vila Velha faça uma faxina nos seus arenitos, recepcionistas,
baristas, taxistas, a tropa dos serviços força no inglês, a hora está chegando,
todos estamos atrasados, o nosso prefeito então nem se fala.
A presente história de Curitiba faz lembrar a
frase de Churchill ao final da Batalha da Normandia: Nunca tão poucos fizeram
tanto por tantos. Os benefícios estarão batendo em todas as portas, favorecendo
a curitibanos de todas as camisas, como deve ser. O Furacão, o pai de todas as
benesses.
A Curitiba de gente calada, séria,
trabalhadora, que acolheu gentes de todos os quadrantes do mundo merece os impressionantes
esforços da nação rubro-negra.
O curitibano que luta dia a dia pela sua família,
que vence barreiras, que dá seu sangue pela sua cidade pode não saber, mas nós,
atleticanos de fé, com os olhos no futuro, conhecemos seu valor.
O resultado no Romildão foi óbvio. O
Corinthians com a defesa menos vazada do campeonato segurou o zero no placar e
não teve forças para ultrapassar Weverton. Na única ótima chance que construiu,
entrada vertical de Romarinho, o goleiro atleticano fez milagre. O nosso
moicano está garantindo o bicho da rapaziada faz tempo, quando a casa está para
cair, o milagre acontece.
O Atlético fez um bom jogo, jogou no ataque,
finalizou mais, Manoel cabeceou uma bola na trave, jogou de igual para igual,
poderia ter vencido. Do que gostei? Gostei de Mancini, gostei por que em
momentos viu o jogo que eu vi, o que soa como nada lisonjeiro autoelogio, erro,
vejo o que todo mundo vê.
O técnico rubro-negro voltou para o segundo
tempo achando que o Furacão precisava entrar mais na área, chegar à linha de
fundo era pouco. Quando Léo, com um tremendo espaço, cruzou uma bola de
primeira, soltou um “trabalha a bola Léo”. O óbvio tem que ser dito. Uma
estatística dessas para criar notícia positiva diz que o Atlético é o time que
mais cruza bolas no Brasileiro. Precisava completar, informar quantos gols
atleticanos saíram desses cruzamentos.
Chega a ser irritante. O jogador chega à
linha de fundo livre de marcação, com tempo para olhar para a área e colocar a
bola na cabeça do companheiro, aligeira-se e cruza na maluca, a bola atravessa
a área e se perde pela linha de fundo. Perda irreparável de esforço. Isso não
muda. Parece que a chegada à linha de fundo é o ápice da jogada, o cumprimento
da missão, o cruzamento é apenas acessório, quando na verdade é a cereja do
bolo.
O jogo serviu para avaliar os substitutos de
Baier. O amigo vai dizer que em jogo de tamanho grau de marcação qualquer
avaliação é prematura, melhor deixar para depois. Eu concordo, mas a avaliação
tem que ser feita, outras acontecerão no futuro. O que achei? Zezinho não vi
jogar no ataque, Mérida foi mais ofensivo, mas errou passes demais quando tinha
boas condições de acerto.
Embora tenha ouvido um “posso rever” na
entrevista de Petraglia, que ninguém ouviu, penso que a presença de Baier é
indispensável neste fim de campeonato. A experiência do velhinho evita a pressa
dos mais jovens, possibilita o melhor lance no momento de aflição, controla os
nervos da equipe.
Alguém vai lembrar Petraglia, dizer que o
Furacão não ganhou nada com PB, nem poderia ganhar. Só se fosse um Paranaense,
ou só se ele fizesse milagres. Os times que o Atlético montou nesses últimos
anos foram para frequentar o meio da tabela, voltarmos à primeira divisão foi
um sufoco tremendo, o time e o treinador eram de segunda divisão mesmo.
O time atual é o de 2012 com retoques,
montado para não cair, está em quarto na classificação geral. O mérito é
coletivo, dentro deste coletivo está Paulo Baier. Excluí-lo do contexto
vitorioso é atentar contra o bom senso. Por isso seu Mancini, aproveite o
velhinho enquanto ele está disponível e tem vontade de jogar pelo Furacão. Bote
para jogar. O caminho para a Libertadores passa por Paulo Baier.
O Furacão vai hoje enfrentar o Corinthians, o
gramado que segura a bola mais que o habitual, a iluminação de casa de noturna
de Mogi Mirim, o estádio só tem refletores de um lado. É possível isso? O Timão
já treinou no local tentando se acostumar à obscuridade.
O tradicional alvinegro paulista formará com Cássio;
Edenílson, Cleber, Gil e Alessandro; Ralf e Guilherme; Danilo, Douglas e
Romarinho; Emerson. A principal novidade está na zaga, Cleber no lugar de Paulo
André. Novidades com relação ao último jogo contra o Galo, as entradas de Danilo
em lugar de Ibson, de Emerson no lugar de Guerreiro, servindo à seleção de seu
país.
Desde já um cuidado especial. Danilo no jogo
em Curitiba quase quebrou Marcelo. É jogador perigoso, veterano, bate para
tirar o incômodo da partida, o juiz nem falta dá. Por isso Marcelo, jogar em
todo o ataque, deixar a dupla Danilo-Alessandro marcando o vento, quando forem
ao ataque usar o setor desguarnecido.
A preocupação de Tite nos treinamentos foi o
acerto da defesa, principalmente com as bolas paradas. Dezenas de escanteios
foram batidos pelos dois lados do campo. É o temor de Paulo Baier. O
Corinthians tem a defesa menos vazada do campeonato, sofreu só 17 gols, por
outro lado, marcou apenas 22, daí estar na 9ª posição na tabela. Defender bem
pode te tornar campeão, mas você tem que marcar de vez em quando.
O Galo atacou os noventa minutos, mandou no
jogo, cruzou dezenas de bolas e ficou no zero. Quando Tardelli entrou livre
Cássio fez o milagre. Quando Tardelli acertou de fora, a trave defendeu. Quando
o Timão teve falta a seu favor, Romarinho cabeceou na trave, o rubro-negro Cuca
gritou do banco: “Sem falta! Sem falta!”. Se Tite tem receio do PB, o Furacão
deve colocar também suas barbas de molho.
O Corinthians joga num 4-2-3-1, transformado
em forte 4-4-2 no momento defensivo. Romarinho volta para marcar pela direita,
Danilo pela esquerda. O esquema funciona muito bem. Quando ataca, Romarinho é
ponta direita, Danilo entra pela esquerda, Douglas organiza pelo meio, Emerson
é o fixo que volta muito, gosta de entrar da esquerda na diagonal da área.
As vantagens do Atlético são o conhecimento
do esquema corinthiano, a necessidade de jogar ofensivamente a que se obriga o
Timão, a decorrente abertura de espaços na defesa. Paulo Baier não vai a Mogi
Mirim. Hora de se descobrir seu sucessor no comando do Atlético. Fran Mérida? A
entrevista de Mancini nada disse. Gostei de Mérida contra o Urubu. Vamos ver.
Ontem, em entrevista à ESPN, Petraglia deu
show, nos encheu de orgulho, abriu pequena brecha para a permanência de Baier. O
atleticano foi dormir acreditando que o Furacão está em boas mãos, Baier com a
esperança de encerrar a carreira com chave de ouro.
O Atletiba acaba e Paulo Baier declara-se
entre feliz e triste. Diz ele: “Escutei de alguns
diretores que conversaram com meu empresário que seria o último ano” no
Furacão. Segundo seu empresário, Baier foi comunicado no último dia 25 de
setembro que seu vínculo não seria renovado com o Atlético.
A direção do Atlético é dona do seu nariz,
segundo a imprensa decidiu-se pela comunicação prematura por se pensar mais
honesto falar agora do que ao final do ano. Paulo Baier é um profissional, vai
entender o que muita gente não entende, até um “Fica Paulo Baier” ecoou nas
redes sociais. Paulo Baier é um profissional, entenderia da mesma forma no
final do ano.
Substituir o velhinho não é coisa fácil. O
que o Presidente Petraglia tem que perguntar aos seus fiéis “escudeiros” é quem
vai ocupar o lugar de Paulo Baier em 2014? Já existe alguma contratação encaminhada?
Discutem-se nomes? Ou se imagina que alguém já no elenco vá ocupar seu posto?
Ou Mancini tem em mente modificar o esquema?
O meu temor é que repitamos em escala
estratosférica o que fizemos este ano com a lateral esquerda. Mandamos todos
embora, ficamos com Botelho, um jogador mediano, em outubro continuamos improvisando.
Só com Botelho, por que não ficamos com Héracles, pelo menos teríamos outro
lateral esquerdo mediano em condições de jogo. Enfim, estará a transição para o fim da era
Paulo Baier encaminhada?
Amigo de muitas chuvas e granadas me aponta o
dedo acusatório, diz que em rodadas passadas reclamei de Baier, ontem exaltei o
artilheiro do jogo. É verdade, disse que Baier podia ter aligeirado os passes
nos contragolpes, o seu escanteio poderia ser mais coletivo, menos focado no gol
olímpico. São detalhes a corrigir em atuação específica que não desmerecem o
valor do jogador.
Em reunião de velhos soldados, amigo coxa,
craque na juventude, elogiou Baier dos pés à cabeça. Ele sabe. Fez um muxoxo
quando falei em Alex. Nada sobre técnica, sobre rendimento. Os elogios do amigo
são os mesmos que a imprensa nacional dedica ao PB. Alguns não gostam, só para
legitimar o conceito emitido pela maioria, afinal, segundo Nelson Rodrigues,
toda unanimidade é burra.
Para mim Baier tem emprego no Atlético até o
final da vida, um novo Nilson Borges. Parando de jogar, vai ensinar a meninada.
Baier jogou em todas as posições do campo, pode ensinar um lateral, um volante,
um meia, um atacante. Ensinar no sentido da boa ocupação de espaços, da visão
de jogo, do toque de bola, da cobrança de faltas, de assistências, da
finalização a gol. Um dia alguém me falou em ajudar na formação do Atlético, eu
queria Baier ao meu lado.
A diretoria deve ter suas razões, uma delas
os eternos custos, Baier não deve ser um jogador barato. Jogador de futebol
torna-se barato ou caro pela sua atuação em campo. Se Baier nos levar à Libertadores
é baratíssimo. Fosse eu não eliminaria o velhinho dos planos assim tão
facilmente. Faria a ele uma proposta salarial e deixaria a seu critério
permanecer ou não no Furacão.
Nada mais que um toco e me voy. Baier poderia
pisar na bola ou seguir o lance. A escolha seria dele. Se aceitasse eu ficaria
louco de feliz, por uma simples razão. Vivi, brinquei, me acostumei e gosto de
futebol com inteligência e raça.