terça-feira, 1 de outubro de 2013

BOM DE VESTIÁRIO

Em tempos passados, Mancini foi demitido do Grêmio com alto rendimento, sussurra-se por ser demais ofensivo, cochicha-se ser ruim de vestiário. Vá entender o que é ruim de vestiário no idioma gaudério. Lá no exterior eles têm uma terminologia especial, fazem questão disso. No jogo em que o tricolor ganhou do São Paulo, o comentarista de bombachas de favo de mel disse que Dida tinha feito quatro ótimas defesas e uma “intervenção”.

O que significa essa tal “intervenção”? Deu uma chuteirada no zóio do adversário, obrigou o desavisado a sutura superior a dez pontos no supercílio em frangalhos? Diplomata criado pela escola baiana, interviu em quiproquó entre o carinhoso atacante Cleber e o santo zagueiro Antonio Carlos, uma flor de pessoa? Ninguém sabe, enquanto não dispuser de dicionário em cinco tomos da língua sulina não me atrevo a opinar.

O tal ruim de vestiário então é uma incógnita. Não estimulou à batalha, esqueceu de lembrar que trambolhão é do jogo, futebol é coisa para macho? Pode ser. Já vi Atlético e Grêmio no Olímpico em que o Evandro saiu faltando três molares, outro com a perna rachada, ninguém foi expulso e o Mosqueteiro ganhou de três a zero, com três gols de pênalti. Dá para acreditar? Imaginem o crochê no vestiário gremista, regado a chimarrão com pimenta malagueta.

Pois seu Vavá vai ter que provar ser bom de vestiário logo contra o ex-patrão, na bela arena gremista, após partida marcada pelo dramático oscilar da sorte, infelizmente definida a favor do Leão baiano.

Depois de primeiro tempo abaixo da crítica, o Atlético foi bravo, conseguiu o impossível e na euforia do momento descuidou-se e perdeu. Os jogadores foram intensos, lutaram, mostraram amor à camisa, mas o resultado foi decepcionante, dizer que o moral permaneceu intocado é presumir ausência de humanidade em nossos jogadores.

No intervalo do jogo contra o Vitória, Mancini deu mostra da sua capacidade, conseguiu colocar em campo outro time, nada a ver com a pasmaceira dos 45 primeiros minutos. Agora tem dois dias para rearticular forças, substituir perene atrapalho, liberar Marcelo da âncora que o aprisiona à ponta direita, recuperar a personalidade, voltar a jogar em toda a extensão do campo com força coletiva, marcando e atacando com ardor de soldado novo.

A tarefa está no campo das possibilidades. O Furacão tem profissionais experimentados em todos os níveis, capazes de entender o momento ruim e transformá-lo em motivação para o futuro.

Mancini vai ter que reconhecer especiais desalentos e orientar, reunir o grupo e incitar ao jogo perfeito que conduzirá à vitória. O time vai ter que ajudar seu Vavá a passar na prova, mostrar à gauchada inventiva que o comandante é bom de vestiário.

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