sábado, 26 de outubro de 2013

GRAÇAS À GABRIELA

Sem inspiração, sem ter visto ainda jogos do Bahia para fazer uma avaliação do nosso adversário de domingo, saí ao final da tarde para uma festa infantil com a certeza de encontrar lá a motivação para o texto. Beijos aqui, abraços ali, cumprimentos acolá, sento-me e vou me deliciando com salgadinhos de todos os tipos, o de queijo estava especial de bom, o refri zero para diminuir o impacto da comilança.

Olho em volta e poucos são os conhecidos. Levanto e vou dar uma olhada nos brinquedos, no pula-pula, nos jogos eletrônicos e fico frente ao avô do aniversariante, que eu não sabia uma mistura fantástica de coxa com gremista. Olha eu mergulhando no universo do inimigo mais feroz.

Convidado educado, mordo e assopro com cuidado. Vou logo dizendo que aqui no mínimo três a zero para o Furacão, lá um empate ou derrota pela contagem mínima. Com o princípio de revolta estabelecido, asseguro com os olhos rútilos de admiração que o Grêmio é um timaço, a tarefa do Rubro-Negro é prá lá de difícil. Serenados os ânimos, volto-me para o Coritiba, lembro que enquanto estamos ali, mais um gol do Itagui.  

O mix de tricolor e alviverde à minha frente trinca os dentes e eu avanço meu entusiasmo pelo futebol de Alex, um jogador de rara habilidade, um azar suas seguidas contusões. A paz volta a reinar, empresto minha compreensão aos lamentos do coxa preocupado com a escalação de Geraldo, afirmo categórico que o Verdão não vai cair, uma figa escondida sorrateiramente, e sou salvo pelo parabéns.

Depois do “é big, é big”, caio nos braços dos brigadeiros, dos camafeus de nozes, da torta, como disse alguém ao meu lado saboreando cada garfada, bem úmida, uma delícia. Então uma jovem vem conversar comigo. Para minha surpresa a Gabriela, ex-aluna dos meus tempos de diretor de colégio.

Menina ainda, lá pelos seus 14 anos, Gabriela era da banda, tocava prato, diga-se a verdade, quando queria. Como toda a cerimônia do educandário acabava com o hino do Atlético, a pequena torcedora do Verdão mantinha os seus pratinhos imóveis, um explícito sinal de resistência à imposição do diretor atleticano.

Só na minha despedida, quando a banda me homenageou com o hino do Furacão, ela acionou seu instrumento. Sempre tive saudades daquela menina, como ainda tenho de todos os meus alunos. Pois ali estava ela, moça, formada, ainda os mesmos olhos vivos da desafiadora tocadora de pratos. Conversamos longamente, revivemos ótimos momentos da minha vida junto àquela juventude maravilhosa, junto aos meus jovens guerreiros, atleticanos, coxas, paranistas.

Pois é, com a Gabriela à minha frente, tantas alegrias aflorando, acho injusta minha figa sorrateira, que mal faz o Coxa na primeira divisão, por que aquela flor de pessoa tem que passar os maus bocados que passei em 2011? Ninguém merece, muito menos a Gabriela. Que assim seja então, retiro meu mau agouro, Verdão na primeira divisão, quase caindo, graças à Gabriela.

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