Ainda meio mareado com o fuso
horário mexicano, vou ao computador em férias desde o último jogo do Brasileiro
e assisto ao seu renascer vagaroso, sem pressa, como se esperando a volta ao
trabalho somente em 2014. Era essa minha intenção. A esposa me fez voltar às
teclas. Bisbilhotando rede social constatou o número de amigos a me
cumprimentar pelo aniversário. Não dava para estender ainda mais meu exílio
informático.
Queria estendê-lo hasta el
início de janeiro. Creio ter cansado os amigos em 2013. Alonguei-me nos textos,
fui quase diário, uma overdose mortal até para o mais fanático dos atleticanos.
Então vamos esquecer o Atlético, até por que as notícias sussurradas nos
rápidos contatos telefônicos me forçam a acreditar que insuperável mão
invisível vai dar jeito em tudo, no Furacão ou você tem fé, ou começa a
choramingar pelos cantos. Tenhamos fé.
Volto para agradecer os
cumprimentos pelo aniversário, os bolos rubro-negros compartilhados, as
mensagens de Natal, os votos de Feliz Ano Novo. Desejar aos amigos tudo de bom,
a começar pela indispensável saúde, seguindo pela harmonia familiar, um tesouro
a alimentar dia a dia, pedir pela compreensão de que a felicidade está nas
pequenas coisas, no bem estar do filho, no sorriso do neto, no salário
suficiente para comprar o pouco necessário para ser feliz.
Em 2014, o mundo repetirá seus
erros e acertos. As guerras continuarão, os campos de refugiados serão abastecidos
diariamente, a generosidade humana se fará presente, a medicina descobrirá
curas, o homem voltará à Lua, pensará em Marte, para quê?
Penso que devemos focar na
família, estar cada vez mais juntos, estender nosso abraço amigo àquele perto
de nós, às vezes necessitado de apenas uma palavra para dar o passo decisivo no
seu desenvolvimento material e espiritual. Penso que devemos entender inúteis
noventa e nove por cento de nossas preocupações, entender que nossas verdades
não são abolutas, pedras imensas a nos impedir o sorriso, afastar as
indispensáveis e benfazejas amizades.
Por isso saúdo os amigos de
infância, da juventude entre chuvas e granadas, que carrego no peito com tanto
respeito e saudade, os que ganhei com o tempo, que tanto me ajudaram e por quem
tão pouco fiz, os que sem me conhecer me acarinham com suas palavras de afeto,
suas críticas burilantes do meu pensamento. A todos o meu agradecimento pelos
votos de boas festas, de feliz aniversário. A todos Feliz 2014.
O Atlético que eu queria ver em
campo contra o Vasco estava lá. Marcando a saída de bola, atacando desde o
início, rápido, resssurgiu no último momento e nos levou à Libertadores. A
semana de treinamentos nos fez bem, recuperou a memória das boas atuações e nos
fez jogar com fluidez, aumentando as dificuldades do Vasco e vencendo com
facilidade.
O gol no início foi
fundamental, trouxe a tranquilidade só quebrada pelos baderneiros mais
preocupados em mostrar ao mundo suas ignorâncias. Mostraram, mancharam
indelevelmente a história de uma torcida que nunca primou pela violência, que
teve o azar de em determinado instante ser escolhida por eles como base para
seus barbarismos. Deixemos de lado nossos azares e voltemos à bola.
O acaso do gol vascaíno não
desviou o Furacão do seu rumo. Força no ataque, na retomada da bola, na saída
veloz na direção do gol. Pouco demorou para Éderson marcar o segundo e ir se
fortalecendo na artilharia. Salvo algum imprevisto, os 45 finais levariam o
Vasco à segunda divisão com certeza.
O time do Dinamite é inferior
ao Atlético, com alguns jogadores jovens para o tamanho da missão, com
experientes já pedindo a aposentadoria. Adilson pouco tinha a fazer. Esperneou
o que deu e acabou exaurido à beira do campo, assistindo sentado o fim da
partida, para ele melancólico.
Baier iniciou a jogada do
terceiro, Felipe serviu para Éderson marcar o quarto, Deivid foi o garçom do
quinto, outro de Éderson, vinte gols, artilheiro indiscutível do Brasileiro.
A partida final foi a
confirmação de atuações que nos levaram ao terceiro lugar no campeonato, à
final da Copa do Brasil. Baier teve participação efetiva nos três primeiros
gols, Marcelo foi muito bem, Éderson deslanchou na artilharia, Manoel está cada
vez melhor, cada vez mais consciente da sua importância como zagueiro. Deivid
fez partida brilhante, coroada com a assistência para Éderson fechar a conta.
Mancini recuperou o brilho da equipe, ultrapassou a crise com dignidade, foi o comandante
que precisamos.
O caminho da América está
aberto. Nada de férias para o departamento de futebol, há muito trabalho a
fazer. Foi um grande ano, de muita luta, desde o início atrapalhado pelos
nossos azares. O Atlético tem que identificar e processar os irresponsáveis,
fazê-los pagar por todas as perdas financeiras que tivermos, acabar com essa
tralha definitivamente. A torcida magnífica vai continuar embarcada, viajando,
torcendo, fazendo o Brasil, fazendo a América.
Já falei e vou repetir. Quando
o Coritiba caiu para a segunda divisão e seus torcedores devastaram o Couto
Pereira, no espaço Bate-Boca da antiga Tribuna do Paraná, fui dos poucos a
defender a diretoria coxa, certo de que nenhuma segurança privada seria capaz
de enfrentar os vândalos que assumiram o comando e dominaram o espetáculo.
Por isso, volto, de sangue
doce, a bater na mesma tecla. O Atlético só conseguiria deter os doentes que se
envolveram na briga horrorosa, existisse disponível um elemento privado com
armamento adequado, com condições legais de utilizá-lo, e pessoal preparado
para o enfrentamento, o que não existe. Confunde-se segurança privada com leão
de chácara, mais ou menos algo como gente grande, careca, ameaçadora, de quem
os litigantes não têm o menor temor.
Ou poder-se-iam estabelecer
cercas elétricas, rolos de arame farpado, meios materiais agressivos que
impossibilitassem o confronto. Algo que existe, mas nunca se pensou utilizar.
O que existe, é pago
regiamente, tem treinamento, equipamento e efetivo pronto para deter esses
inconsequentes é o estamento policial, que há muito tempo está escondido, longe
dos confrontos, no caso catarinense acobertado pelas medidas judiciais que o
colocaram fora do campo. Na hora do pega para capar, apareceu, quando o caído
já tinha tomada vinte chutes na cabeça. Eu pergunto, é pago para quê? Ou quer
mais algum, um reforço no salário para cumprir o seu dever?
Na Inglaterra, a polícia
assumiu seu papel, agiu de múltiplas formas e conseguiu transformar guerras terríveis
em episódios de mínima visibilidade. No Brasil, bem... O Brasil é o Brasil.
Ouvi dizer que a desmobilização dos sodados do Exército, a iniciar neste mês,
só acontecerá depois da Copa, a polícia teria declarado que só garante a
segurança nos arredores da Arena. Sendo verdade, vai sobrar para o meu EB. Se
assim for, fique tranquilo, eu confio.
O atleticano está preocupado
com os desdobramentos do desastre. Não é difícil imaginar. O Atlético vai
perder dez mandos de campo, vai pagar uma multa pesada, continuará correndo os
mesmo riscos nas arquibancadas enfrentados neste 2013. Ninguém tenha dúvida
disso. Os briguentos não estão nem um pouco preocupados com o Atlético, com as
consequências dos seus atos, nada os impedirá de continuar a nos infernizar.
Estão agora nos botecos comemorando. A polícia já está em casa, o uniforme na
cadeira, nem sequer amassou.
Amigos, resolvi primeiro falar
do lixo, para depois falar do jogo. Até amanhã.
O sol apareceu forte e a
torcida embarcada aproveita para seguir rumo a Joinville, pronta para carimbar
o passaporte para a América. A última vez que jogamos lá, aplicamos expressiva
goleada no Náutico, o ratão que venceu o Corinthians, campeão do mundo, na sua
despedida da primeira divisão. O resultado serve apenas para escancarar o que é
o futebol. Um duelo de vontades impressionante, perdeu o foco,
desinteressou-se, o Barcelona corre o risco de ser atropelado pelo Ibis.
O jogo de hoje coloca frente a
frente dois times cheios de interesse. O Furacão buscando a vaga na
Libertadores, o Almirante tentando fugir das garras do rebaixamento. Na última
partida do ano, jogam seus futuros em 2014.
O Atlético busca um
supercalendário, a rota andina, portenha, maia, ferver o coração da torcida com
jogos incandescentes, quem sabe alguns já na nova arena belíssima. O atleticano
espera um time jogando à morte, à altura de algumas partidas memoráveis
acontecidas neste ano de grandes vitórias. O torcedor fanático merece.
O vascaíno ajoelha-se nas
igrejas, pede proteção, sonha com um lance de individualidade de Marlone, um
gol salvador de Edmilson. Tenta fazer em
um jogo o que não fez em trinta e sete. Pode? Sim, pode, como eu disse lá no
alto, no futebol pode tudo.
Difícil acreditar, simplesmente
pelo interesse que o time do seu Vavá tem na partida, pela sua melhor
constituição individual, pelo seu melhor coletivo, pela semana de descanso que
desfrutou para o último combate.
Nesta guerra de interesses, as
flores do campo choraram lágrimas de alegre catarata ao saber que a partida
contra o São Paulo não será a despedida de Rogério Ceni, imaginam elas que, se
assim fosse, as portas da segunda divisão para o “glorioso” estariam
escancaradas. Amanheceram com seus caules curvados pelo peso das derrotas, em
solene e desesperado pedido de proteção.
Faltam poucas horas para tudo
estar decidido. O vidente que traz o amor de volta em sete dias, com direito a
devolução do investimento, perde-se em tonturas, cambaleia, não consegue
definir se alegre ou triste o retorno coxa-branca.
Ao voltar-se para o destino rubro-negro,
as velas a ponto de apagar se recuperam, um cheiro de foguetório inunda o
ambiente, um sorriso satisfeito sinaliza para o retorno festivo de Joinville,
um até que enfim encharcado de suor, carregado de sorrisos. Que a nossa vontade
seja superior, que consigamos impor nosso melhor futebol, que assim seja.
Tenho lá meus poréns quanto ao tal bom senso
que faz os jogadores sentarem, ajoelharem, trocarem passes displicentes antes
do início das partidas. Penso que os penitentes ajoelhados ganham demais,
atropelam-se em campo, quebram cabeças, insistem nos carrinhos por trás, os
cotovelos são armas usadas com frequência. Menos violência, salários
condizentes com a baixa qualidade técnica do futebol jogado e melhor percentual
de passes certos fariam com que minha simpatia pelo movimento ganhasse força.
Tenho meus poréns, porém, quando se observa
que esta foi a primeira semana cheia que o Atlético teve para treinamentos,
desde a chegada de Mancini, fica evidente a insanidade do calendário, o absurdo
esforço físico a que foram submetidos os jogadores atleticanos e tantos outros.
Times que foram se afastando de competições,
o Cruzeiro, por exemplo, eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo, tiveram
desgaste inferior, puderam aprimorar-se taticamente, tiveram seu caminhar facilitado.
A citada Raposa venceu com facilidade o Brasileiro. Um estranho caso de perder
aqui para vencer ali. Para a Ponte Preta, um caso grave de cair aqui, para
tentar vencer ali.
Não fossem as premiações para os clubes que
avançam às finais dos vários campeonatos e torneios, o planejamento anual
poderia começar com a seleção de competições a jogar à vera e à brinca. O
Atlético já deu o primeiro passo nessa direção abandonando o Paranaense. Só
imaginando, ano que vem, empenhado na Libertadores, poderia enfrentar a Copa do
Brasil com um time B, aberto à possibilidade de perder para o Luverdense na
primeira fase, preservando o principal para o Brasileiro. Só imaginando.
Voltando à realidade, o Furacão viveu semana
a que estava desacostumado, sem entrar em avião, fazer check-in em hotel, as
famílias viveram overdoses paternas. Mancini teve “a
oportunidade de trabalhar mais com o grupo em termos táticos e dar um pouco
mais de posse de bola e velocidade de jogo à equipe”. Graças ao nosso quinhão
de idiotas terá que fazer uma viagem de ônibus a Joinville, mais uma vez,
palmas para o nosso quinhão de idiotas.
É tanto descanso que chega a
dar medo. Claro que não. O Atlético já passou por tudo neste ano, aprendeu
muito, sabe da necessidade da vitória, vai enfrentar o Vasco com ânimo de leão,
vai vencer. A torcida embarcada, uma nova categoria de torcida, a que deu show
no Maracanã, pode confiar.
No programa Bola da Vez da ESPN, Seedorf
driblou com categoria todas as perguntas polêmicas, veladamente criticou a
imprensa brasileira e sua obcessão pelos problemas internos dos clubes, o
esquecimento completo das coisas boas acontecidas nas difíceis vidas dos times
nacionais. Caso Seedorf jogasse no Furacão, já teria pedido o boné, em termos
de criar crises, entraves aos seus passos, a mídia local é algoz implacável.
Agora, se o Furacão ficar fora da
Libertadores, o culpado já está escalado: Mario Celso Petraglia. Para complicar
ainda mais, fomenta-se o desequilíbrio de Paulo Baier, espalha-se o negativismo,
desobriga-se o grupo da vitória, justifica-se antecipadamente possível mau desempenho
por conta do vestiário no Maracanã. Uma dirty press com fim específico.
Percebe-se certa dor em alguns ao ver no
sorteio para a Copa do Mundo, hoje, a definitiva inclusão de Curitiba no rol
das sedes para o maior espetáculo da Terra. O esforço tremendo em atrasar,
aumentar gastos, criar dificuldades para a administração atleticana não
funcionou. Pior, só aumentou as depesas para os mal administrados cofres
públicos, pelo menos é o que afirma o município como desculpa para que Curitiba
fosse a única a não comparecer à apresentação das cidades sedes na Costa do
Sauípe. Um vexame mundial.
Permita-me o amigo, a citada pobreza
assinalada como desculpa é inverdade absoluta, a causa real é a pobreza mental
de nossos homens públicos, a falta do básico entendimento da grandeza do evento
em andamento. A Copa começa hoje, o mundo todo está ligado, menos o seu Fruet, um
desqualificado para o cargo. Por favor, vamos evitar o voto em filho de
político velho. São gerações perdidas, sem sequer a capacidade de
envergonhar-se.
O atleticano tem que entender um ponto
importante. Se você colocar o nome Petraglia no título do seu texto dobra a
leitura. Se no primeiro parágrafo falar mal de Petraglia multiplica por dez. Se
você está meio baleado de audiência, vive disso, sabe o caminho para tirar o
pescoço fora d’água. Petraglia é notícia. As pessoas gostam da polêmica,
Petraglia é polêmico.
O atleticano se aborrece com polêmicas, as
constantes más notícias sobre time vice da Copa do Brasil, por um fio na
Libertadores, gostaria de um noticiário mais clean, mais dentro da realidade.
Irrita-se por que quer. A arena será concluída, os prazos foram dilatados pela
FIFA, a cada dia a obra ganha contornos mais nítidos, o time vai fazer grande
partida domingo, voltará de Joinville classificado para a América. Quem tem que
se irritar é o inimigo em desespero.
Calma, rubro-negro. Aproveite o sorteio, curta
os potes, os grupos, faça as suas análises, a festa começou, você faz parte. Relaxe,
faltam só três dias para o fim do Brasileiro, o time vai jogar como nunca, vai
trazer a vaga. Comemore.
Alguém, no fundo da redação, amargando seus
rancores, vai ter que produzir texto elogioso, engulir a manchete difícil:
Furacão na Libertadores.
O site da menina que tudo sabe informa que
Pedro Botelho não joga mais pelo Atlético. O porquê fica envolto em mistérios
que vez por outra tornam o Caju um filme de Hitshcock. Sempre achei Botelho
jogador mediano, com alguma desenvoltura no ataque, lento na recomposição, um
marcador com dificuldades. Isso bastaria para colocá-lo na reserva
indefinidamente, passá-lo a outra equipe, deixá-lo prosseguir na carreira com
outra camisa.
Sem contratações, com pouca visão das suas
necessidades, o Atlético foi se obrigando a entender Botelho como titular
absoluto do setor, tendo na sua passagem pelo Arsenal o diploma de
titularidade. Um erro grave. O Brasil não é grande produtor de laterais-esquerdos,
a espetacular seleção de setenta tinha Everaldo fechando o setor, sem dúvida, o
menos genial da equipe.
Quem está há anos luz na estrada conheceu
alguns supercraques como o recém-falecido Nilton Santos, Rildo, Junior, Roberto
Carlos, fica com parâmetros elevados de comparação. Quando vê uns e outros
glorificados por ter acertado um cruzamento no ataque, dá de ombros, quer ver
mais, não vê, joga o dito cujo na caixa dos RQD, melhor dizendo, ruim que dói.
Botelho não é um RQD, com alguma ajuda pode
melhorar, ser mais eficiente na defesa, o primeiro objetivo da sua posição. Verdade
o divulgado pela menina que tudo sabe, tudo vê, vai ter que buscar ajuda em
outro condomínio. Meus olhos e meu coração terão um descanso. Boa sorte Botelho.
O site do Atlético nada traz sobre a
recuperação de Adriano. Difícil de entender se alguns consideram esta uma
genial jogada de marketing. Como diz o velho estudante em aperturas, não
entendeu, decora. Verdade é que o imperador está lá, usufruindo das tecnologias
e carinhos do cajueiro santo.
Se está lá, deixo por dois minutos meu
coração peludo de lado, entendo Adriano um ser humano em dificuldades e bato
palmas para o meu Furacão caridoso. Qualquer iniciante em humanas sabe que a
recuperação do trintão da Vila Cruzeiro depende dele mesmo, a estrutura
colocada à sua disposição é uma nave dirigida por sua cabeça, por enquanto, um
computador em pandarecos. Ele que aproveite. Boa sorte.
Enquanto nos conflitamos diariamente com os
mexericos da Candinha, o time treina para o jogo que nos levará à Libertadores.
Temos que estabilizar o barco o mais rápido possível, recuperar a confiança
abalada. O Furacão tem que voltar a jogar o que sabe, o que se viu. O meu
coração merece.
O pessoal da maquininha tem certeza que nem
Einstein com suas teorias mais delirantes poderia contestar. Um carioca vai
cair. Fluminense e Vasco não escapam juntos da arapuca. Assim, amigo velho,
torcedor do “glorioso” em Curitiba e tricolor no Rio de Janeiro, assistirá os
jogos do fim de semana com o telefone do pronto-socorro ao alcance da mão. Vai
lá caem os dois e o amigo tem um chilique ao ligar para a provedora de TV a
cabo, passar por aquele vexame de incluir no seu cardápio a série B. Há dor
maior? É de cortar o coração.
O Furacão pode minorar esse sofrimento, dar
uma tamancada no português e diminuir uma vaga para os seus amores, colocar o
Vasco para ninar na zona do rebaixamento. Pelo que vi no noticiário vascaíno, a
queda não seria o pior dos desastres para os cruzmaltinos e brasileiros. Eurico
Miranda anda se assanhando para voltar à colina. Tem desgraça maior?
Impossível.
No timão da nau vascaína está velho
conhecido, já nos encaminhou para o abismo em 2011, nada mais, nada menos que o
capitão Adilson Batista. Sem rumo desde que saiu do Cruzeiro, Batista tem boa
campanha no Vasco, ganhou três, empatou duas, perdeu uma. Alguma coisa fez que
deu certo. Antes do jogo com o Náutico afastou cinco por falta de
comprometimento. O comandante anda com o coração mais peludo que o dos inimigos
do pirata Jack Sparrow.
Vem para Joinville sem seu pior marinheiro, o
terrível Guiñazu, afastado por amarelos. Nada o intimida, avisa que “vai
atacar, buscar o gol, mas sem loucura”. Seu artilheiro Edmilson avança que a
partida é de “erro zero”. O Vasco vem para correr noventa minutos, arriscar o
gol na falha atleticana e segurar na defesa, como fez no jogo dos olhares
pecaminosos e leituras labiais indecorosas em que venceu a Raposa por dois a
um.
Assisti ao jogo, o Cruzeiro lutou por melhor
resultado, usou de todos os seus talentos, mas o dois a zero sofrido enquanto
ressonava em campo foi impossível superar. A partida é exemplar para o
Atlético. É cópia carioca da nossa derrota para o Criciúma. O início sonolento,
as falhas transformadas em gols, a recuperação impossível.
Vejo nossos Pitágoras afirmando que o empate
nos coloca na Libertadores. O empate é resultado perigosíssimo, estávamos bem
contra o Santos, esse empate de que falam assegurado, vem a bola nas costas, a
defesa espera o quinto zagueiro assistente cortar o lance, ele não corta, gol,
fim da pelada.
Mancini tem que montar o time para a vitória,
ganhar o jogo no primeiro tempo, acabar com o moral do navegante, conquistar a
vaga. O Atlético fez campanha elogiada por coxas e paranistas, tem que terminar
o ano com partida que dignifique todo o seu trabalho, uma nota dez na prova
final. A torcida tem que ir, soprar as velas rubro-negras com vigor, aplaudir
de pé o fim da bela viagem.
A amiga me pergunta o que acho da
possibilidade de Adriano JOGAR no Furacão. Saco minha pistola mata-boatos e atiro
duas vezes no disparate. Há uma tendência a se achar que tudo que Petraglia
toca vira ouro, um Midas rubro-negro. Não creio que o Presidente tenha gosto
pela ideia, gastar chumbo em chimango não faz seu gênero. As probabilidades de
dar errado são altíssimas.
Se o Atlético vai gastar algo a mais que o
salário de seus profissionais na recuperação de Adriano está empenhando
recursos na loteria, algo pouco empresarial. Se deve gastar algum para garantir
o recebimento da megassena tem que ser um mínimo, simbólico para o tamanho da
aposta. Caso o amigo ache que não, pague suas cadeiras em dia para garantir o
trono do imperador. Enfim, enquanto não sair no site do clube é boato, fogo
nele.
Outro amigo se preocupa com a matéria da
Gazeta do Povo, teme jogo dificílimo em Joinville se tudo que leu for verdade.
A notícia trata do vestiário no Maracanã, de duras palavras possivelmente ditas
pelo Presidente Petraglia, basicamente chamando o time de frouxo, Baier e
Botelho de mercenários. O jornal cita como fontes a 98 FM e a Transamérica.
Ainda com a pistola na mão, picoto o diário
com cinco balaços, sobram outros para as fofoqueiras. Com a arma ainda
fumegante, lembro que onde há fumaça, há fogo. Em fim de jornada, a derrota
atiçando a boca grande, tudo pode. Não deve, mas pode. Entretanto, a lei
universal da bola recomenda: O que se diz no vestiário, fica no vestiário.
Colocadas de lado pelo Presidente, as emissoras abriram o bico, faz parte do
jogo, abriu a guarda para o inimigo, leva chumbo.
Tremi quando uma semana antes da final, o
Flamengo anunciou 1,5 milhão de prêmio pela vitória. Um a zero para os
cariocas. Essas notícias afetam negativamente o adversário. Se não houver uma
contramedida rápida, corre-se sério risco. O amigo lembra Atlético e América
Mineiro em Minas, nós precisando da vitória, o Cruzeiro avançou belo prêmio
para o Coelho, o bicho do seu Malu foi inferior, resultado, derrota, segunda
divisão.
Nessas situações, Baier na condição de
capitão está sempre no meio, corre riscos. Não entendi Pedro Botelho. Darei
minha opinião a respeito pela última vez. O Atlético com o time que subiu da
segunda divisão, com o improviso de Juninho na direita e Éderson no ataque,
perdeu merecidamente para o Flamengo no Rio de Janeiro. O time que quase perdeu
para o Paraná a última partida da segundona no Ecoestádio, chegou à final da
Copa do Brasil, um milagre, não conseguiu jogar e virou vice. O Flamengo jogou
melhor, ponto final.
Se Petraglia falou, falou, a palavra dita não
volta atrás. Culpa todos temos. A Arena empenhou todos os recursos, o
departamento de futebol não trouxe um reforço importante, na hora do vamos ver,
Felipe, gerente de rachão, virou esperança, o coletivo antes fortíssimo não
andou, a torcida calou no segundo tempo na Vila Caldeirão, cada um vista a sua
carapuça.
Petraglia tem que reunir a patrulha, polir
arestas, dar a direção e seguir na frente. O povo rubro-negro depende do seu
bom senso, da sua inteligência, da sua grandeza. Assim sendo, o torcedor não
precisa se preocupar. Vamos ganhar do Vasco. Enquanto isso, o atleticano troca
de jornal, de rádio, evita dar ouvidos aos mexericos de Candinha.
A amiga me pergunta o que acho da
possibilidade de Adriano JOGAR no Furacão. Saco minha pistola mata-boatos e atiro
duas vezes no disparate. Há uma tendência a se achar que tudo que Petraglia
toca vira ouro, um Midas rubro-negro. Não creio que o Presidente tenha gosto
pela ideia, gastar chumbo em chimango não faz seu gênero. As probabilidades de
dar errado são altíssimas.
Se o Atlético vai gastar algo a mais que o
salário de seus profissionais na recuperação de Adriano está empenhando
recursos na loteria, algo pouco empresarial. Se deve gastar algum para garantir
o recebimento da megassena tem que ser um mínimo, simbólico para o tamanho da
aposta. Caso o amigo ache que não, pague suas cadeiras em dia para garantir o
trono do imperador. Enfim, enquanto não sair no site do clube é boato, fogo
nele.
Outro amigo se preocupa com a matéria da
Gazeta do Povo, teme jogo dificílimo em Joinville se tudo que leu for verdade.
A notícia trata do vestiário no Maracanã, de duras palavras possivelmente ditas
pelo Presidente Petraglia, basicamente chamando o time de frouxo, Baier e
Botelho de mercenários. O jornal cita como fontes a 98 FM e a Transamérica.
Ainda com a pistola na mão, picoto o diário
com cinco balaços, sobram outros para as fofoqueiras. Com a arma ainda
fumegante, lembro que onde há fumaça, há fogo. Em fim de jornada, a derrota
atiçando a boca grande, tudo pode. Não deve, mas pode. Entretanto, a lei
universal da bola recomenda: O que se diz no vestiário, fica no vestiário.
Colocadas de lado pelo Presidente, as emissoras abriram o bico, faz parte do
jogo, abriu a guarda para o inimigo, leva chumbo.
Tremi quando uma semana antes da final, o
Flamengo anunciou 1,5 milhão de prêmio pela vitória. Um a zero para os
cariocas. Essas notícias afetam negativamente o adversário. Se não houver uma
contramedida rápida, corre-se sério risco. O amigo lembra Atlético e América
Mineiro em Minas, nós precisando da vitória, o Cruzeiro avançou belo prêmio
para o Coelho, o bicho do seu Malu foi inferior, resultado, derrota, segunda
divisão.
Nessas situações, Baier na condição de
capitão está sempre no meio, corre riscos. Não entendi Pedro Botelho. Darei
minha opinião a respeito pela última vez. O Atlético com o time que subiu da
segunda divisão, com o improviso de Juninho na direita e Éderson no ataque,
perdeu merecidamente para o Flamengo no Rio de Janeiro. O time que quase perdeu
para o Paraná a última partida da segundona no Ecoestádio, chegou à final da
Copa do Brasil, um milagre, não conseguiu jogar e virou vice. O Flamengo jogou
melhor, ponto final.
Se Petraglia falou, falou, a palavra dita não
volta atrás. Culpa todos temos. A Arena empenhou todos os recursos, o
departamento de futebol não trouxe um reforço importante, na hora do vamos ver,
Felipe, gerente de rachão, virou esperança, o coletivo antes fortíssimo não
andou, a torcida calou no segundo tempo na Vila Caldeirão, cada um vista a sua
carapuça.
Petraglia tem que reunir a patrulha, polir
arestas, dar a direção e seguir na frente. O povo rubro-negro depende do seu
bom senso, da sua inteligência, da sua grandeza. Assim sendo, o torcedor não
precisa se preocupar. Vamos ganhar do Vasco. Enquanto isso, o atleticano troca
de jornal, de rádio, evita dar ouvidos aos mexericos de Candinha.
O Atlético acabou se enrolando contra o
Santos, perdeu e ficou na mira do Goiás. Depois de tentar duas mil trezentos e
cincoenta e duas bolas longas, morreu na bola longa. Houvesse um Freud no
futebol, seria bom pagar uma consulta para ver o que aconteceu com o time que
marcava na frente, tomava a bola a dez metros da área adversária e em dois
toques estava criando dificuldades.
O tempo foi passando e o Atlético ficando
defensivo. O jogo de ontem deixou isso bem claro. Precisando vencer, começou os
dois tempos de jogo atrás, esperando o Santos. Pior, não se pode nem culpar a
postura defensiva, pois quando estava melhor, no ataque, perdendo gol com
Everton e Luiz Alberto, tomou o gol definitivo. É coisa mesmo para o doutor
Freud.
Fico com a impressão que os jogos pela Copa
do Brasil descaracterizaram o Atlético atacante. Lutando por placares mínimos
no torneio mata-mata, foi recuando, usando demais a bola longa, acreditando na
jogada individual de Marcelo, finou-se como time de ataque. A velocidade
transformou-se em morosidade, o ataque ficou nas mãos de poucos, deu chance às
defesas de anular Éderson.
Marcado, o artilheiro dos míseros minutos
transformou-se em assistente, foi jogar longe da área, afastado dos três metros
da balisa onde fez tantos gols. Sem Dellatorre, ficamos sem a velocidade
produtiva, que assiste, abre espaços, complica. Everton corre, avança e entrega
a bola para o marcador. Alguém tem que dizer para o elétrico que depois de
atrair a marcação, um atacante ficou livre para receber seu passe, é só tocar e
receber na frente. É desconcertante ver jogador correr tanto e produzir tão
pouco. Podia ter matado o jogo, livre na marca do pênalti deu uma varada por
cima.
A escalação dos três volantes foi a culminância
das culminâncias do defensivismo. Depois de tentar Mérida, Zezinho, Felipe e
outros pelo caminho, como Marco Antônio, Mancini resolveu optar pelo esquema
funerário, só admissível se o objetivo desde o início fosse o empate. Como
tenho ódio declarado dos três volantes, acho que nos levaram à segundona em
2011, sou suspeito, vou ficar por aqui.
Mancini tem que fazer uma pergunta simples
aos seus cochichadores de plantão: “Como era mesmo aquele esquema que nós
ganhávamos jogos todos os dias?”.
Alguém deve lembrar. Então é começar hoje os
treinamentos, marcar a saída de bola, forçar o erro adversário, desarmar e
marcar. Meus queridos amigos, vamos arrumar as mochilas e seguir para
Joinville. O Vasco não é o Náutico, se não exigirmos aos gritos a vitória,
perdemos a vaga na Libertadores e pagamos o mico do ano.
A equipe tem que voltar no tempo, trabalhar
duro e jogar no ataque noventa minutos. O Goiás vai passar por cima do Santos.
É a última partida. Só a vitória interessa. Ou vai, ou racha.
A CBF divulgou a seleção do Campeonato
Brasileiro e o Furacão conta com três jogadores escalados, Manoel, Baier e
Éderson, e ainda Marcelo eleito como a revelação do Brasileirão. O excepcional
rendimento do Furacão é causa de tantos rubro-negros na seleção do ano. Nem era
para menos, o Atlético foi vice na Copa do Brasil, a primeira com os
participantes da Copa Libertadores, e está na vice-liderança do Nacional com
grandes chances de mantê-la nas duas rodadas finais.
O time que começou capengando, virou sucesso
absoluto. As causas do alto rendimento são adivinhadas por comentaristas em
todos os níveis. Suspeita-se do afastamento do Estadual, fonte de preparo
físico extra, da chegada de Mancini no comando da equipe. Eu aposto minhas fichas
no comando do seu Vavá.
A Copa das Confederações deu um mês de
descanso às equipes em disputa, de certa forma nivelou a preparação física de
todas para o segundo semestre. Na quinta rodada, antes da competição
internacional, perdemos para o Vitória, no retorno empatamos com o Grêmio, pedi
Ney Franco, veio Mancini para assistir nossa derrota para o Coxa, estávamos na
zona do rebaixamento. A partir daí tudo mudou. Impossível não creditar parte do
sucesso ao treinador.
A preparação física ajudou, porém, creio que
muito mais devido à competência do seu Moracy do que à ausência no Parananense.
Se disser que Mancini retornou Baier ao time,
der ao capitão destaque na bela caminhada, vou tomar tanta pancada neste início
de domingo que vou almoçar na UTI de algum hospital. Vou deixar a análise para
o amigo.
Baier e Botelho não jogam hoje contra o
Santos. Há um clima de mistério pouco produtivo envolvendo seus afastamentos. O
Atlético está a um passo da Libertadores, só nos falta um climão para tirar o
foco da equipe, desarrumar o ambiente, causar desequilíbrio desnecessário para
a partida de hoje.
Vejo o Santos como adversário mais fácil do
que o Vasco na última rodada. O time de Pelé está cumprindo tabela, Arouca não
joga, o psicológico está a nosso favor. Se entrar para ganhar, vence. O Vasco
poderá estar na bacia das almas, vai jogar a vida, quem viu Criciúma e
Atlético, assistiu ontem Fluminense e Galo, sabe do que estou falando.
A Copa do Brasil acabou, fomos
excepcionalmente bem, se o atleticano lamenta, imagine o bambi que perdeu a
vaga na final da Sul-Americana para a Ponte Preta. Temos que parar de escalar
culpados em time que rendeu 110% em ano muito difícil. Temos que olhar o elenco
e reconhecer o quanto fomos longe.
Faltam ainda duas batalhas, temos que seguir
juntos, unidos, a guerra ainda não está ganha. Vamos irmãos, sem réus e sem
heróis, ergamos as bandeiras, ao rufar dos tambores vamos à luta.
O jantar de fim de ano no meu condomínio foi
pleno de final da Copa do Brasil. Os coxas com seus sorrisos indecifráveis, os
atleticanos que foram comemorando a excepcional participação da torcida, as
lendas pipocando, os sons do vestiário ouvidos de mil maneiras, o que o
Petraglia disse, o que não disse, a decepção com a equipe, com as atuações
individuais, as diversas opiniões sobre Paulo Baier.
Ao amigo que tem a paciência de me acompanhar
tenho o dever de dar minha opinião sobre a atuação de Paulo Baier. Ressalto que
não conheço o velhinho, nada ganho para dar lustro à sua história, nem me
incomoda opinar negativamente sobre sua participação em campo, limite imposto
ao julgamento de todos nós.
Paulo Baier não fez uma boa partida
tecnicamente, errou passes, quando o Atlético suspirou no Maracanã, conseguiu
atacar minimamente, o armador errou cobranças de falta que pareciam ser a
salvação da lavoura. Entretanto, PB jamais se escondeu do jogo, foi
participativo, voltou para buscar, tentou armar o time, todos sabemos, não conseguiu.
Num time acuado, escondido, Baier foi corajoso, fez o que a braçadeira de capitão
lhe condenava, se a vitória faltou, não foi por falta de seu empenho.
Alguém dirá que Petraglia estava certo ao
dizer que Baier nunca ganhou nada. Só alguém que nunca jogou a pelada da sua
vida, tendo que colocar a bola de plástico entre dois tijolos colocados no meio
da rua, e não conseguiu transformar seu sonho em realidade, poderá imaginar que
um jogador sem a adequada cooperação de seus companheiros é capaz de,
solitariamente, fazer milagres. Se alguém avançou nessa linha de pensamento,
cometeu erro grave.
Paulo Baier cumpriu o seu dever como capitão.
Devia sonhar com a vitória como todos nós. Todos nós não conseguimos, nem
Baier, nem eu, nem você, nem Mancini, nem Petraglia. Fim de uma bela história.
Ficam as lendas, as frases, os sussurros, que fazem parte, mas a nada levam. Os
ódios momentâneos, as palavras ditas ao arrepio do bom senso devem ser
esquecidas, uma análise fria das condições que levaram à derrota conduzida
profissionalmente.
Enfim, a vida continua. No inesperado dia de
sol em que eu estava simplesmente triste, nasceu na cidade do México meu neto
Leonardo, um menino lindo, um presente de Deus para adoçar meu coração, dizer
que sou eterno, que minha filha de olhos de jabuticaba está feliz. É meus
irmãos, Deus sabe a hora para tudo, ele nos sustenta a cada passo. No dia em
que eu estava simplesmente triste, Ele resolveu me colocar no colo.
Passei o dia longe da bola, dei apenas um
rápido olhar no furacão.com, tentei ler com rapidez as declarações de Mancini e
fui acometido por indignação indigna de alguém tão resignado com a derrota
quanto eu. Vou registrar frases retiradas do conteúdo “Foi um Atlético
diferente, lamenta Mancini” para que o amigo possa entender, concordar ou
discordar do meu ponto de vista. Diz seu Vavá:
“Não vimos o Atlético jogando com velocidade,
sendo aquela equipe que finaliza bastante. O ritmo de jogo foi ditado pelo
Flamengo. O Atlético foi perdendo o ímpeto... De certa forma, jogamos
diferente. Por isso, fez um jogo tão abaixo”.
“Ficamos muito morosos no que diz respeito à
transição de bola, que demorava muito a sair de trás. O meio-campo não atuou da
forma como normalmente atua. A bola chegou pouco ao ataque. Foi um Atlético
diferente. O que fica é que foi um jogo atípico... Foi um jogo moroso, onde o
Atlético aceitou o ritmo que o Flamengo desejava, segurando o 0 a 0 e, no
final, nossa equipe acabou tomando os dois gols”.
Fosse eu repórter, perguntaria ao seu
Mancini: “E o que você, o comandante dessa equipe morosa, fez para mudar a
situação?”. A meu ver, o treinador passa a ideia de que a partir do
apito inicial o destino da partida está nos pés dos jogadores.
Isso podia acontecer nas décadas de
cinquenta, sessenta, quando os craques e seus virtuosismos ganhavam partidas,
pouco incomodados com seus técnicos a ressonar nos toscos bancos de madeira.
Hoje não mais, existem as substituições, o treinador joga com o time em espaço demarcado
para isso, conta no banco com dezena de jogadores a utilizar. Os técnicos
passaram a ser venerados, ganham fábulas pelo protagonismo assumido.
Mancini podia ter modificado posicionamentos
individuais, avançado a defesa, exigido movimentação, trocado Felipe aos quinze
minutos quando ficou claro que estava dominado pela marcação, esperneado ao
lado do campo exigindo empenho. Da minha poltrona nada vi, alguém à beira do campo
pode me contestar com veemência e eu me curvarei aos novos fatos, embora as
câmeras não tirassem os olhos do treinador rubro-negro.
Mancini tem a seu favor o minguado elenco, as
saídas de Léo e Everton fizeram estrago tremendo. Tem ainda rendimentos nulos,
atuações dedicadas, mas tecnicamente deploráveis a lastimar. Porém, colocar-se
como assistente do desastre não fica bem. Podia ter cumprimentado o seu Jayme,
assumido que tomou um baile do vovô treinador. Acontece. Aconteceu. Ninguém
jamais lhe exigiu a vitória.
Na derrota no Maracanã, seu Mancini tem
participação efetiva, está de braços dados com os jogadores. Posso incorrer em
erro grave ao pinçar declarações e analisá-las sem maior aprofundamento. É um
risco, porém, impossível deixar passar. Aprendi que o comandante é o
responsável por tudo que acontece ou deixa de acontecer. Se você quer comandar
tem que assumir o bom e o ruim, em terra de Marlboro é assim que se faz.
Se nada além da bela festa, do lindo uniforme
branco atleticano merece o elogio, que não se gastem palavras com defeitos. Proclame-se
logo o herói da merecida glória, aquele, que com Carlos Eduardo em campo, jogou
com dez duas partidas, deu o título ao Flamengo, salvou o ano do Fla do seu
coração. Parabéns vovô Jayme.
Insisto aqui em não apontar defeitos, e foram
tantos e de tantos tipos, que nem às lágrimas dei direito de sulcar a face. Desejo
apenas o espantar dos erros, a volta justa ao cenário vivo, à busca firme pela
vaga incerta.
O calendário pré-Copa 2014 será desértico para
os times fora da Libertadores. Um estadual, que desdenhamos, poucas partidas
pelo Brasileiro. Estamos a um passo da imprescindível América, só me faltam
agora abalos pela derrota reta, um jogo fraco contra o Santos sem vontades.
Esse Atlético, que levou sete mil atleticanos
ao Maraca, com todas as dificuldades e perigos, para jogar vinte minutos decidido,
tem o dever de conquistar a vaga, premiar com raça o povo rubro-negro.
A vida continua, foi só mais um jogo, dos
tantos que vi, dos tantos que perdi. A camisa jogadeira volta a conviver com
outras, os netos ficam sem possível título, eu vou sair sem espalhar orgulho,
sem qualquer trinca na paixão imensa, triste, simplesmente triste, num, até
quando, inesperado dia de sol.
Tirei o dia para passear com minha camisa
jogadeira, ouvir os gritos dos atleticanos passando em seus carros, as buzinas
imitando o hino, entrar na loja de produtos naturais, sentir o natural
desconforto de seu dono, um coxa rápido em fazer o troco, os olhos baixos como
se meu colorido impactante estivesse próximo do invisível.
Fiz minha entrada triunfal no supermercado,
polegares erguidos, sorrisos confiantes por todos os lados, o menino especial
pede um gol logo no começo, um senhor mais do que simpático avança o placar,
segundo ele dois a dois, eu sapeco um excelente como resposta.
Vou ao a quilo e não me incomodo com a menina
catando alface por alface, com a mãe convencendo o menino a comer berinjela,
com o engravatado gastando todo o azeite na sua salada mediterrânea, com a
velhinha hipnotizada entre a maminha na mostarda e o peixe grelhado. Hoje nada
me incomoda.
Quero estar ali de outdoor, mostrando meu
orgulho, procuro o coxa que todo dia está vestido de begônia e o encontro no
escanteio, metido num pretinho básico, comendo de frente para a parede. A
menina me diz, “hoje não deu, mas amanhã eu venho com a minha camisa”, e eu
recomendo, “não esqueça a faixa”.
Chego em casa e o telefone toca, é o amigo
convidando para o almoço de fim de ano, incrédulo com a minha presença em
Curitiba. Digo que não deu, a cirurgia de catarata, que fiz para ver o Furacão
campeão no melhor do seu colorido, pede repouso, vou ver pela TV, pronto para
ir à janela gritaaaaaaar campeão.
Curitiba está tensa, as flores de campo
secam, é pouco em relação a botafoguenses, vascaínos, tricolores e corinthianos
gritando “Atlllééético! Atlllééético!”. Confortado por tanto apoio, estou
relaxado dentro da minha camisa só se veste por amor.
Os foguetes espocam aqui e ali, é a festa em
preparação. Quem não marchou sempre cantando o hino do Furacão, prepara o
ambiente, bota a bandeira na janela, acende a vela para o santo, prepara os
salgadinhos, a cerveja, o refri para os noventa minutos de encantamento, agarrado
às glórias do passado, pronto para comemorar o especial feito do presente.
É rubro-negro de todos os matizes, de todos
os quadrantes, fora de campo, dentro de campo, só por que conheço o teu valor,
só por que sou um orgulhoso rubro-negro de fé, te digo de coração, prepara para
pular.
A escalação do Flamengo não é difícil
adivinhar. Felipe; Léo Moura, Wallace, Samir e André Santos; Luiz Antônio,
Amaral e Elias; Carlos Eduardo; Hernane e Paulinho. É o time que jogou contra o
Furacão em Curitiba. No jogo contra o Corinthians no domingo, vovô Jayme colocou
para descansar Léo Moura e André Santos, substituídos por Digão e João Paulo, e
entrou com Gabriel no lugar de Luiz Antônio ausente por amarelos. A forma de
jogar continuou a mesma, nada mudará no jogo de hoje.
O Urubu que viu na marcação do gol seu
principal objetivo fora de casa, agora deverá ter como prioridade evitar o gol
atleticano. Isso não significa jogar na defesa, o Maracanã não entenderá um
Flamengo defensivo, por mais que os adoradores da torcida do Fla a elogiem pela
sua participação proativa em quaisquer condições. Jogar na defesa contra o
Atlético está fora de cogitação.
Então é repetir o jogo contra o Timão, atacar
com reposicionamento defensivo rápido, oito atrás da linha da bola, Carlos
Eduardo e Hernane na frente para o início do contra-ataque.
Por que o Corinthians não conseguiu marcar,
empatar o jogo definido por gol de fora de Paulinho ainda no primeiro tempo? O
Timão foi lento na troca de passes, quando tentou acelerar errou, seus homens
de frente foram desarmados inúmeras vezes, deram o contra-ataque ao Fla. Essa é
virtude do time carioca, é rápido no roubo da bola, bobeou ficou sem a
carteira. A Interpol já avisou.
A rapidez na recomposição defensiva, a força
do desarme flamenguista, indicam o rumo da atuação atleticana. Sair para o
ataque em velocidade. Daí, começo a ver Weverton dando chutões para frente.
Calma! Em três bons passes pode-se chegar ao ataque com a mesma velocidade.
Ficamos então na dependência de jogadores eficientes na execução desses três
bons passes.
Outro caminho é copiar a força de desarme da
ave agourenta e voar para o gol de Felipe, sem demoras, sem erros,
movimentar-se, puxar a marcação, abrir a brecha e passar enquanto se tem meio
metro para agir com correção. Voltamos à necessidade de jogadores com
características específicas.
Então imagino como Mancini vá escalar o
Furacão: Weverton; Juninho, Manoel, Luiz Alberto e Pedro Botelho; Deivid e João
Paulo; Baier e Zezinho; Marcelo e Éderson. Esqueci o Felipe da ótima atuação de
domingo? Esqueci, penso que Zezinho pode ajudar no desarme, conhece melhor a
função de Everton, avançado pode enfiar boas bolas.
Com Baier na frente dos zagueiros, fazendo
pivô para a infiltração de quem vem de trás, ou para o chute de fora, daí a
escalação de João Paulo, Marcelo alternando com Éderson pelos lados do campo,
as paradas vão acontecer, o gol é certo. Baier tem que observar a posição de
Felipe nas faltas e escanteios. O goleiro costuma adiantar-se, o velhinho
saberá se aproveitar da situação.
O que eu gostaria que fosse dito na preleção?
Que o jogo é de noventa minutos, seja qual for o resultado é lutar
obstinadamente até o apito final. Em futebol um minuto é uma eternidade,
pode-se fazer muito, ou perder muito. Então é atenção, garra, foco no coletivo,
apareceu a chance, bola na rede.
Vai dar, a taça é linda, tem passagem
assegurada no voo de volta. A meteorologia já avisou, hoje é dia de Furacão na
capital fluminense, é dia de surf, dia de urubu chorar.
A mala está sobre a cama, o atleticano joga
uns poucos pertences necessários e acomoda delicadamente sua camisa jogadeira
ao lado do santo de devoção. Ela faz a viagem captando bons augúrios da
santidade, se energizando para vestir o corpo atleticano ainda no hotel,
minutos antes de sair para o jogo histórico. Vestida a camisa, protegido contra
tudo, uma pequena prece e lá vai o irmão rubro-negro rumo à van que o conduzirá
ao lendário Mário Filho.
No coração vai a dúvida – Vai dar, não vai
dar? –, a esperança, eterna amiga do atleticano de fé, vai junto. Como posso acalentar
a esperança baleada pelo empate em Curitiba? Lembrar ao amigo que o esporte é o
futebol é o primeiro passo. O jogo da bola é o mar das incertezas, o
regulamento da Copa do Brasil encrespa suas ondas, a cada minuto, a cada
instante, os ventos mudam, são noventa minutos de instabilidade, o caneco
volúvel, irreverente, brinca com os oponentes, escolhe abusado as mãos a se entregar
definitivamente.
O amigo vai dizer que é muito pouco. O
Flamengo jogou bem em Curitiba, teve personalidade, controlou o andamento da
partida, andou para vencer, o que não fará no aconchego do Maraca? Dar mérito
ao Urubu é reconhecer sua boa partida, exagerar no reconhecimento é dar crédito
a antagonista que finalizou três vezes contra o gol de Weverton, duas delas
para fora. O bicho não é tão feio assim, ter isso bem claro é imprescindível.
O Atlético penou para entrar no jogo, fez seu
gol, e quando estava melhor sofreu o empate fruto de mau posicionamento defensivo.
A maximização do valor do tal gol fora abalou a equipe, contaminou a torcida,
fortaleceu o Flamengo, o Furacão não conseguiu voltar às redes de Felipe,
embora tenha feito o goleiro flamenguista trabalhar em três lances importantes.
Eu diria que para o primeiro combate, o Urubu estava mais bem preparado
psicologicamente.
Amanhã, o Furacão a entrar em campo terá seu
emocional fortalecido. Já passou pela difícil primeira experiência, o Maracanã
é templo de todos os brasileiros, o Flamengo é o mesmo com suas virtudes e
defeitos, o time do seu Jayme pouco oferece em alternativas, Mancini deve ter
encontrado soluções para os problemas enfrentados na Vila Caldeirão. Enfim, é
outro jogo, com um Atlético melhor, mais capaz que em Curitiba.
O futebol é um duelo de vontades. Não vejo no
Flamengo nenhum craque para desequilibrar a partida, é um bom time, bem
organizado, que faz poucos gols, se garante na defesa, nem poderia ser
diferente armado por zagueiro da qualidade do vovô Jayme. Chegou à final pelo
calor da sua vontade.
Despidos dos traumas do primeiro jogo,
movidos por vontade insuperável, a raça que nos fez suplantar tantos inimigos, os
guerreiros atleticanos vão para o jogo confiantes nas suas capacidades, prontos
para fazer a história, com sabedoria, paciência e garra escrever em noventa
minutos mais uma página de imorredoura glória.
Vamos guerreiros! Aqueles que seguem seus
passos esperam noventa minutos de coragem e fé! A vitória está ao nosso alcance!
É possível! Vamos Furacão!
Quem viu o resultado de goleada, jamais
imaginaria meu desconforto nos primeiros vinte minutos de jogo. O início do
Furacão foi tudo o que eu não gosto, pautado no lançamento longo, por incrível
que pareça a partir de Weverton. O Náutico marca a saída de bola, a zaga recua
para o moicano, lá vai o pombo procurando o erro da defesa. Em que momento o
Atlético inventou essa modalidade de sair para o ataque. Mas... Mas... Paremos
de lamentações, vamos comemorar a vitória, a maior goleada do atual Brasileiro.
Aos vinte e cinco, Zezinho avançou, passou a
Everton pela esquerda e entrou na área para cabecear e marcar. Por que será que
eu gosto de Zezinho avançado? A jogada lembrou seu gol no 3 a 1 histórico do
Super-23 contra o Coxa, seu passe para alguém livre na direita, o cruzamento,
Edigar Junior finaliza na trave, volta na cabeça do pequeno Zé, gol do garoto.
Mais uns minutinhos, Marcelo rouba bola,
passa a Éderson, daí a Baier, 2 a 0. A troca de passes resolveu o problema,
trouxe luz ao jogo rubro-negro. O gol do Náutico logo ao primeiro minuto da
segunda fase me inquietou por pouco tempo. O gol de Felipe em chute de fora definiu
os rumos da partida. Daí foi aumentar com a penalidade sobre Baier, batida por
Éderson, cada vez mais artilheiro, o segundo de Felipe com belíssimo passe de
peito de Baier, o sexto da partida com oportunismo de Cleberson, retornando
depois de quase um ano afastado. Bom retorno Cleberson. Fez falta o ano todo.
Ótimas atuações de Baier, um gol, um pênalti,
uma excepcional assistência, Éderson, uma assistência, um gol, o passe para
Baier assistir Felipe, Felipe com dois gols, Manoel com participação impecável.
A maior aproximação de Baier da área foi fundamental.
Quem atentar para a escalação atleticana – Weverton;
Juninho, Manoel, Luiz Alberto e Zezinho; Deivid, Felipe, Everton e Paulo Baier;
Marcelo e Éderson – vai encontrar somente três jogadores não componentes da
equipe que subiu para a primeira divisão, Juninho, Everton e Éderson.
Comparando-se com as dezenove contratações do Cruzeiro, fizemos um milagre.
No que o jogo contra o Timbu contribuiu para
a partida de quarta-feira. O amigo sabe que eu quero mais posse de bola, jogo
lateral, entendido como mais troca de passes na frente da área, menor
utilização da bola espetada. A participação do toque-toque Felipe no lugar de
Everton pode ser solução interessante. Baier como segundo atacante é outra boa
possibilidade. Se é para jogar um toque, talvez seja melhor ali na entrada da
área.
Penso que a escalação do Furacão para
quarta-feira depende muito da recuperação de João Paulo. O fraco Náutico deu ao
Atlético a chance de jogar futebol, trocando bolas, algo que estava caindo no
esquecimento. Neste aspecto o jogo foi excelente. O atleticano que já está de
malas prontas ganha um alento, é bom ter em final time que saiba alternar bolas
longas com boa troca de passes.
Mancini já tem seu time na cabeça, o torcedor
leva o time no coração. Até quarta-feira, coração e jogadores serão carinhosamente
levados na mão.
A vitória do Vasco contra o Cruzeiro mostra o
caminho que o Atlético tem que evitar hoje contra o Náutico. A Raposa começa em
ritmo de campeão, leva um gol aos dois minutos em escanteio, começa a se
arrumar em campo, em chute louco o almirante faz o segundo aos trinta e dois e
torna o placar irreversível. A torcida coxa reza por Marcelo Oliveira.
O treinador troca, o Cruzeiro joga no ataque,
domina, exagera na costura, Everton Ribeiro dá balão, mas os cruzmaltinos com
sangue nos olhos impedem até o empate. Bobeou,
o futebol castiga. Nossos jogos contra Criciúma e Botafogo seguiram mais ou
menos esse roteiro. O Tcheco capricha na preleção.
Só assisti um jogo do Náutico, justamente contra
Criciúma, em que o Timbu andou para ganhar a partida nos primeiros minutos e
perdeu no segundo tempo com gol de longa distância de Wellington Paulista. Já
na época, o time pernambucano estava de treinador novo e testando jogadores
para enfrentar a segunda divisão em 2014. A inexperiência dos vários meninos da
base facilitou para o Tigre. Hoje, a equipe deve estar mais arrumada, depois de
tantos jogos o treinador provavelmente encontrou um onze para pelo menos dar
trabalho ao adversário.
Aí que mora o perigo. Busco coragem nas
palavras de Mancini, o time vai “com força total”, está preparado para fazer de
“cada jogo uma final”. Muito bem. É o que todos esperamos, um Furacão pronto a
resolver desde o início, construir o placar e afastar adversários na luta pelo
G4.
O Vitória empatou ontem com o Criciúma,
vencendo hoje ficamos seis pontos à frente do time do seu Ney Franco, tiramos o
inimigo feroz do nosso encalço. O Cuca fez seu dever de torcedor rubro-negro,
deu uma varada no Goiás, estacionou o time do Gordito, uma boa vitória em
Joinville e ultrapassamos outro rival incansável. Se a Macaca armar uma
traquinagem contra o Grêmio, pulamos mais um.
Tudo depende da vitória contra o Náutico.
Parece tão fácil, o coração do torcedor quer que o tempo passe rápido, a
vitória se materialize num átimo, transforme todas as projeções em realidade.
Além da força máxima, o Atlético tem que usar
o jogo para testar algo novo para a partida contra o Fla. Ou não? Ou só a
vitória basta, como disse ontem, uma coisa de cada vez? Então vamos a Joinville
com foco único nos três pontos, comemorar a provável vitória como se fosse um
título.
A desgraça de um é a felicidade do outro. O
atleticano olha desconfiado para o jogo de quarta-feira, o coxa vibra intensamente,
antecipa o Fla campeão. Para ele, com a corda no pescoço, só falta o Atlético
vencer no Maraca, trazer o título que por duas vezes jogou fora no treme-treme.
O rubro-negro vingativo, espera o título no Maraca, ou vencer o Náutico, o
Santos e jogar contra o Vasco podendo perder, assistir de camarote as flores do
campo rumando para a segunda divisão.
O torcedor pode tudo, está nas redes sociais
destilando seus ódios, antecipando tragédias, imaginando surpresas, o verbo
torcer permite que a imaginação e a paixão trafeguem sem limites.
O meu porteiro coxa, demitido a pedido, precisava
de algum para dar um trato na casa, deve estar levantando paredes de orelha
quente. O Tcheco recebeu a missão impossível e só fala no motivacional. O dileto
amigo sabe que o Geraldo motivado no máximo pode chegar ao boteco da esquina para
comprar um chicabon. Motivar o Lincoln é tarefa para o seu Freud. O Alex, que
levanta todo dia pensando no Cruzeiro onde estaria comemorando o título, olha
para o lado e não vê o Robinho para carregá-lo nas costas. Prezado amigo de
tantos papos e alegrias, este poodle velho que vos fala, com o coração cheio de
pena, não inveja tua sorte.
O atleticano de braços cruzados, afundado na
cadeira, mais ressabiado que capiau na frente de escada rolante, enxerga à sua
frente dois cenários que podem levá-lo ao sonho da Libertadores. O sucesso na
final contra o Urubu, definitivo, o passaporte para as Américas na carteira, os
três jogos finais do Brasileiro, um passo de cada vez, ambos possíveis.
Os sete mil atleticanos que estarão no Maraca
para a final contra o Urubu acreditam no título, por qualquer desses artifícios
matemáticos que a Copa do Brasil possibilita. É outro jogo, que pede outro
Atlético. Os primeiros noventa minutos mostraram a marcação da ave agourenta
perfeitamente encaixada aos nossos movimentos ofensivos. O seu Vavá tem que
aprontar alguma novidade, o Atlético tenta medida cautelar para o retorno de
Léo ao time, fica a minha pergunta, por que só agora?
O primeiro passo do segundo cenário será dado
amanhã contra o Náutico em Joinville. A vitória possível, se bem me lembro, só
o Coxa perdeu para o Timbu, pode nos colocar entre os três primeiros. O
rubro-negro Cuca vai exigir a vitória do Galo contra o Goiás. Fica a dúvida
sobre a atuação da Ponte Preta contra o Grêmio. Terá a Macaca jogado a toalha
no Brasileiro, estará focada unicamente na Sul-Americana depois de deixar os
bambis aos prantos no Morumbi? Vou deixar esta tarefa para Elias, trocado pelo
lateral Rodrigo Biro, quase uma Conceição, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu.
O Furacão tem que entrar com força máxima
contra o Náutico, resolver logo este problema, deixar a quarta-feira para
depois. Um passo de cada vez.
A final no Mário Filho fica para segunda-feira,
quando o cenário no Brasileiro estiver mais claro, as necessidades mais específicas.
Finais são jogos para se ganhar com o coração, com a sorte, a sorte acompanha os
audazes. O segundo passo pode dar caneco. Os coxas tremem, não querem. Eu quero,
eu posso.
Alguém pensou que a final contra o Fla seria
fácil? Pois eu achei que fácil não seria, mas, confesso, tinha cá comigo que
venceríamos a primeira partida na Vila Caldeirão. Quando se faz qualquer
análise tem-se que estabelecer como parâmetro inicial que o adversário joga. No
caso do jogo de quarta-feira, o Flamengo jogou.
Se desde o início da partida procurava manter
a tranquillidade, controlando a posse de bola, o gol de Amaral acalmou os nervos
dos ainda tensos, a missão fazer o gol fora de casa foi cumprida, os restantes
minutos serviriam para manter ou aumentar o placar. Calmo, o Flamengo sofreu na
defesa, Felipe fez ótimas defesas, e saiu de Curitiba se proclamando campeão antecipado.
O segundo tempo da final é outro jogo, tudo
pode acontecer. Eu tenho minhas convicções que vou passar ao amigo.
Primeira. Botelho não dá. Botelho é mau
marcador, se o Fla tivesse investido mais sobre o seu setor, Léo Moura avançado
um pouco mais, a viola já estaria em cacos. Neste aspecto tivemos sorte. Penso
que Mancini tem que improvisar na esquerda, colocar ali bom marcador, alguém
que faça o simples, deixe Botelho no banco, caso a coisa engrossar, precisando
atacante, deixa entrar.
Segunda. A saída de Everton pode mudar muito
o ataque do Atlético e se revelar positiva. Temos que jogar menos vertical,
mais lateral. A investida vertical em velocidade sobre a defesa do Flamengo só
aproxima o atacante do defensor com mais rapidez, facilita a retomada da bola.
Maranhão entrou e foi na mesma balada, perdeu a bola, deu contra-ataque. O
avanço de Zezinho, por favor, deixem o Zezinho jogar no ataque, pode permitir a
troca de passes na frente da área, obrigar o movimento dos zagueiros, permitir
a bola tocada para o atacante.
Terceira. Marcelo tem que jogar sobre os
zagueiros. Marcelo pela ponta ultrapassa e cruza mal. Pelo meio incomoda todo
mundo, sofre faltas, chuta de fora, tem rendimento muito superior.
Quarta. O cruzamento longo nas costas do
zagueiro dá resultado, tem que ser mais explorado.
Quinta. Baier tem que acertar as paradas
frontais à área. Está atrasando bolas para Felipe. Ou acerta a cabeça de
atacante, ou vai para a área cabecear.
Sexta. Éderson tem que acordar, sua chegada
rápida na bola cruzada, antecipando o marcador, sempre foi seu forte. Está
chegando atrasado, eu sei, os zagueiros jogam, mas ele tem que estar mais
atento. É final.
Sétima. O ataque tem que se movimentar,
alternar posições, criar problemas para o marcador. Dellatorre parado na ponta
esquerda, Marcelo na direita, são agrados para os defensores.
Oitava. Posse de bola. Controlar o jogo
irrita a torcida, cria a expectativa de derrota. O jogo longo já provou não dar
certo contra o Fla, vamos trocar passes.
Cansei você amigo? Você discorda? Tudo bem, é
só livre pensar, pensar pode. Se Mancini fizer tudo ao contrário e a vitória
vier, vou esperar no aeroporto.
O meu pré-jogo preocupa. O Atlético está mais
mexido na defesa, a entrada de Botelho pela esquerda, há muito tempo fora, e o
deslocamento de Juninho para a direita me inquietam. O Flamengo tem Felipe no
gol, voltando precocemente de cirurgia, pode ser problema, o restante da equipe
repete escalações anteriores, fez um primeiro tempo defensivo contra o São Paulo
no domingo, deve entrar em campo com o mesmo pensamento. A torcida vai no “Olê!
Olê!... Olê! Olê!”, o Furacão está na boca do túnel, eu afasto minha ansiedade e
vou junto com o foguetório.
O jogo começa com o Fla com melhor marcação
no meio de campo, melhor desarme e ataca forçando com Luiz Antônio pela
direita, Paulinho chutando de fora, aos sete escanteio pega Chicão livre nas
costas de Botelho, errar no lance conhecido é pracabar.
Everton é o motor do Atlético, joga pelos
dois lados, Baier está bem marcado por Amaral, Marcelo joga por todo o ataque,
o time se mexe bem, aos nove acontece o primeiro cruzamento atleticano sobre a
área. Aos dezesseis Marcelo escapa pela esquerda, Léo Moura chega forte e leva
amarelo. Um minuto depois, Baier em um toque coloca Marcelo livre para o chute
de fora, sai a bomba, gol do papa-léguas.
O
Atlético não aproveita o êxito, não pressiona, Botelho ganha seu amarelo,
Carlos Eduardo joga nas suas costas, a defesa encolhe demais dentro da área,
abre-se um espaço para a finalização. Pouco demora e Amaral se descola de
Baier, recebe livre na intermediária, caminha na direção do gol sem marcação,
solta a bomba, o gol que o Flamengo queria aconteceu.
O Flamengo perde André Santos e Chicão por
contusão, mesmo com os desfalques o primeiro tempo acabou ao gosto do Urubu,
mais tranquilo, a missão cumprida.
A segunda fase mostraria um Atlético
pressionando, exigindo defesas importantes de Felipe, com seu flanco esquerdo
sempre explorado, Luiz Antônio e Léo Moura perderam boas chances de matar o
jogo pelo lado. Mancini tirou Botelho, colocou Dellatorre, Zezinho ocupou a
lateral e ganhamos um ponta esquerda, Baier deu lugar a Maranhão, voltou
Zezinho para o meio, Ciro substituiu Éderson, nada funcionou.
Vivemos um segundo tempo entre marcar e
sofrer o gol definitivo. O empate acabou sendo bom resultado. A tranquilidade
do Flamengo fez a diferença. Sólido na defesa, fazendo poucas faltas
defensivas, saindo nos contra-ataques sempre com perigo, pouco incomodou
Weverton, mas fez o gol necessário, tirou Everton da decisão, arrumou-se para o
jogo em casa.
Tivemos em nosso flanco esquerdo e no
distanciamento entre defesa e ataque fontes constantes de preocupação. De
positivo, a grande atuação de Marcelo, enquanto rodou pelo ataque incomodou uma
barbaridade. Com a entrada de Dellatorre estacionou na direita e perdeu força.
Mancini sabe que nada está perdido, nada de
procurar culpados. O jogo na Maracanã é outra história. Primeiro temos que
ganhar do Náutico. Depois, fazendo o simples, vamos para o Rio, jogar de sangue
doce, depenar o Urubu.
Os jogadores preparam-se para entrar em campo,
os pensamentos focados nas ordens passadas pelo seu Vavá, e o vento traz pelo
túnel em efervescência o canto da torcida ardente: “Vamos lutar... Por mais
esta taça... Vamos, rubro-negro, com garra e com raça!” São milhares de vozes,
milhares de caveiras entoando o cântico que empurrará o Furacão à vitória por
noventa minutos.
Inegável a força da torcida nas grandes
decisões. Reconhecida no Brasil afora a força da torcida atleticana. Hoje serão
dezesseis mil fanáticos a lotar a Vila Caldeirão, motivar os guerreiros
rubro-negros à vitória. Não vai ser por falta de grito, por falta de caveira
assombrando o espetáculo que iremos para o Rio sem vantagem.
Tenho minha opinião sólida de que títulos são
ganhos em casa. Saindo de Curitiba na frente, os urubus podem povoar o
Maracanã, dar rasantes sobre a grama histórica, de nada adiantará, o renovado
Maraca servirá apenas de palco para nossa grande conquista.
Talvez por isso, o vovô Jayme tenha pensado
em armar um 352, com Samir na zaga em lugar de Luiz Antônio, fortalecendo a
defesa, garantindo maior liberdade para o avanço de Léo Moura e André Santos,
seus principais jogadores ao lado de Elias. Treinando em Porto Alegre, no
Olímpico, pode ter sido bafejado pelas ideias do seu Renato, um dos que ficaram
pelo caminho.
Em Copa do Brasil, o gol fora é o objetivo de
todo visitante. O Fla passou o Cruzeiro se valendo do peso do gol marcado em Minas,
carimbou sua passagem para a final ganhando do Goiás no Serra Dourada. Vem a
Curitiba para marcar um gol. Daí a possibilidade do 352. Pode começar com a
formação das últimas partidas, mudar para segurar resultado, ou marcar o gol
imprescindível. O jogo dirá.
O Atlético tem que estar atento a tudo. Jogar
futebol, sem jogar fica impossível, bloquear a experiência flamenguista, ter
seriedade absoluta na defesa, fazer um jogo ofensivo de grande movimentação,
aproximar Baier da área, facilitando as assistências, as faltas de alto risco
para Paulo Victor. Deixa o Amaral bater ali pertinho da cozinha.
Cuidado especial com a disciplina. O Fla
irritou Hugo do Goiás, o armador perdeu a cabeça, o time das esmeraldas perdeu
o foco, perdeu o jogo. A indisciplina já afastou Léo dos dois jogos da final.
Que pare por aí.
Amigo velho todo dia me lembra da arbitragem.
Quando se fala em arbitragem deve-se lembrar de árbitro e assistentes. A França,
que foi à Copa da África ajudada pela mão indecente de Henry, virá ao Brasil graças
ao assistente que não assinalou impedimento escandaloso. A tropa é de amargar
rosa dos ventos afora, tem uma quedinha pelos chamados grandes. Pelo menos o
árbitro não um desses inimigos declarados, boa sorte a ele.
Boa sorte a todos nós atleticanos de fé. Hoje,
com grito e um batalhão de caveiras assombraremos a Vila Caldeirão, com garra e
com raça colocaremos a mão na taça. Sou daqueles que odeiam assistir jogo em
pé, mas hoje é dia de levantar, lutar e vencer.
Faltam horas para a final que vai colocar o
Furacão na lista dos campeões da Copa do Brasil. O atleticano não pode pensar
diferente, nada pode tirar-lhe o ânimo, cada um se agarra com seu santo, pede
para o seu protetor, prepara a garganta e vai para a Vila Caldeirão “gritaaaaar
campeão”. Tudo vai dar certo.
O Urubu vem com a camisa do Zico, do Junior,
embalagem de primeira, o produto de inspiração pouco condizente com o passado é
que me conforta. Já vi o time dos hoje grisalhos perderem para o Furacão de
dois a zero no primeiro tempo lá em 1983, por desistirmos de jogar o segundo
não fomos à final do Brasileiro daquele ano. Já se vai longe o tempo em que
éramos pequenos.
O Urubu tomou de 4 do Furacão no Maraca, o Mano
pediu o Boné, Elias correu para fazê-lo desistir, não conseguiu. O time estava
jogado nas costas do novo treinador do Timão, ele que ganhasse. Saindo o bom
salário, o responsável, reuniram-se os urubuzinhos e decidiram jogar, abraçar o
vovô Jayme e correr atrás da bola. Mano fez um favor ao Flamengo.
O time do vovô Jayme joga com Paulo Victor;
Léo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Luiz Antônio, Amaral e Elias; Carlos
Eduardo; Hernane e Paulinho. O amigo viu aí alguém com direito a camisa da
seleção? Sinalizam pra a volta de Felipe no gol, com dores musculares Amaral é
dúvida.
O Fla defende com as tradicionais duas linhas
de quatro, a segunda com Luiz Antônio pela direita, Elias e Amaral
centralizados, Paulinho pela esquerda. Amaral vai acompanhar Baier de perto.
Carlos Eduardo e Hernane incomodam a saída de bola, ultrapassados abandonam,
ficam à espera do contragolpe.
Sai para o jogo pelas laterais, ou pelo
centro buscando Elias. Quando complica, Chicão arrisca um lançamento longo para
Hernane fazer pivô ou conseguir uma falta na frente da área. Elias e os
laterais são chaves no processo.
Ataca acumulando jogadores pelos lados. Pela
direita Léo Moura, Luiz Antônio, Carlos Eduardo. Pela esquerda André Santos, Paulinho,
Carlos Eduardo, por vezes até Hernane. Dentro da área, para finalizar, quem não
está envolvido no lance pelo flanco, Hernane puxa a fila. O brocador é finalizador
de primeira, se esperar que ele mate, arrume para chutar, vai buscar dentro da
rede. Ou bloqueia logo, ou vai ver o feioso dançar.
Escanteios vão para Wallace e Chicão. Wallace
é muito eficiente dentro da área. Tem que cuidar. Nas bolas paradas laterais,
Chicão entra no segundo pau para cabecear para Wallace dentro da pequena área.
Atenção máxima. As faltas diretas são para Chicão usar a má colocação do
goleiro, ou toque lateral para Luiz Antônio finalizar na força.
Contra-ataca com Paulinho pela esquerda, bota
velocidade no lance, ou com Carlos Eduardo, lento, mais para segurar a bola e
esperar a ultrapassagem dos companheiros.
A experiência está com Elias, Léo Moura e
André Santos, comandam o time. Se não funcionarem, fica para a criatividade de
Paulinho, a estrela de Hernane. O time tem conjunto, está de braços dados com o
vovô Jayme. Dá para ganhar? Se o Furacão voltar, claro que sim.