terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ 2014

Ainda meio mareado com o fuso horário mexicano, vou ao computador em férias desde o último jogo do Brasileiro e assisto ao seu renascer vagaroso, sem pressa, como se esperando a volta ao trabalho somente em 2014. Era essa minha intenção. A esposa me fez voltar às teclas. Bisbilhotando rede social constatou o número de amigos a me cumprimentar pelo aniversário. Não dava para estender ainda mais meu exílio informático.

Queria estendê-lo hasta el início de janeiro. Creio ter cansado os amigos em 2013. Alonguei-me nos textos, fui quase diário, uma overdose mortal até para o mais fanático dos atleticanos. Então vamos esquecer o Atlético, até por que as notícias sussurradas nos rápidos contatos telefônicos me forçam a acreditar que insuperável mão invisível vai dar jeito em tudo, no Furacão ou você tem fé, ou começa a choramingar pelos cantos. Tenhamos fé.

Volto para agradecer os cumprimentos pelo aniversário, os bolos rubro-negros compartilhados, as mensagens de Natal, os votos de Feliz Ano Novo. Desejar aos amigos tudo de bom, a começar pela indispensável saúde, seguindo pela harmonia familiar, um tesouro a alimentar dia a dia, pedir pela compreensão de que a felicidade está nas pequenas coisas, no bem estar do filho, no sorriso do neto, no salário suficiente para comprar o pouco necessário para ser feliz.  

Em 2014, o mundo repetirá seus erros e acertos. As guerras continuarão, os campos de refugiados serão abastecidos diariamente, a generosidade humana se fará presente, a medicina descobrirá curas, o homem voltará à Lua, pensará em Marte, para quê?

Penso que devemos focar na família, estar cada vez mais juntos, estender nosso abraço amigo àquele perto de nós, às vezes necessitado de apenas uma palavra para dar o passo decisivo no seu desenvolvimento material e espiritual. Penso que devemos entender inúteis noventa e nove por cento de nossas preocupações, entender que nossas verdades não são abolutas, pedras imensas a nos impedir o sorriso, afastar as indispensáveis e benfazejas amizades.

Por isso saúdo os amigos de infância, da juventude entre chuvas e granadas, que carrego no peito com tanto respeito e saudade, os que ganhei com o tempo, que tanto me ajudaram e por quem tão pouco fiz, os que sem me conhecer me acarinham com suas palavras de afeto, suas críticas burilantes do meu pensamento. A todos o meu agradecimento pelos votos de boas festas, de feliz aniversário. A todos Feliz 2014.

 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

FAZENDO A AMÉRICA

O Atlético que eu queria ver em campo contra o Vasco estava lá. Marcando a saída de bola, atacando desde o início, rápido, resssurgiu no último momento e nos levou à Libertadores. A semana de treinamentos nos fez bem, recuperou a memória das boas atuações e nos fez jogar com fluidez, aumentando as dificuldades do Vasco e vencendo com facilidade.

O gol no início foi fundamental, trouxe a tranquilidade só quebrada pelos baderneiros mais preocupados em mostrar ao mundo suas ignorâncias. Mostraram, mancharam indelevelmente a história de uma torcida que nunca primou pela violência, que teve o azar de em determinado instante ser escolhida por eles como base para seus barbarismos. Deixemos de lado nossos azares e voltemos à bola.

O acaso do gol vascaíno não desviou o Furacão do seu rumo. Força no ataque, na retomada da bola, na saída veloz na direção do gol. Pouco demorou para Éderson marcar o segundo e ir se fortalecendo na artilharia. Salvo algum imprevisto, os 45 finais levariam o Vasco à segunda divisão com certeza.

O time do Dinamite é inferior ao Atlético, com alguns jogadores jovens para o tamanho da missão, com experientes já pedindo a aposentadoria. Adilson pouco tinha a fazer. Esperneou o que deu e acabou exaurido à beira do campo, assistindo sentado o fim da partida, para ele melancólico.

Baier iniciou a jogada do terceiro, Felipe serviu para Éderson marcar o quarto, Deivid foi o garçom do quinto, outro de Éderson, vinte gols, artilheiro indiscutível do Brasileiro.

A partida final foi a confirmação de atuações que nos levaram ao terceiro lugar no campeonato, à final da Copa do Brasil. Baier teve participação efetiva nos três primeiros gols, Marcelo foi muito bem, Éderson deslanchou na artilharia, Manoel está cada vez melhor, cada vez mais consciente da sua importância como zagueiro. Deivid fez partida brilhante, coroada com a assistência para Éderson fechar a conta. Mancini recuperou o brilho da equipe, ultrapassou a crise com dignidade, foi o comandante que precisamos.

O caminho da América está aberto. Nada de férias para o departamento de futebol, há muito trabalho a fazer. Foi um grande ano, de muita luta, desde o início atrapalhado pelos nossos azares. O Atlético tem que identificar e processar os irresponsáveis, fazê-los pagar por todas as perdas financeiras que tivermos, acabar com essa tralha definitivamente. A torcida magnífica vai continuar embarcada, viajando, torcendo, fazendo o Brasil, fazendo a América.

domingo, 8 de dezembro de 2013

ATÉ AMANHÃ

Já falei e vou repetir. Quando o Coritiba caiu para a segunda divisão e seus torcedores devastaram o Couto Pereira, no espaço Bate-Boca da antiga Tribuna do Paraná, fui dos poucos a defender a diretoria coxa, certo de que nenhuma segurança privada seria capaz de enfrentar os vândalos que assumiram o comando e dominaram o espetáculo.  

Por isso, volto, de sangue doce, a bater na mesma tecla. O Atlético só conseguiria deter os doentes que se envolveram na briga horrorosa, existisse disponível um elemento privado com armamento adequado, com condições legais de utilizá-lo, e pessoal preparado para o enfrentamento, o que não existe. Confunde-se segurança privada com leão de chácara, mais ou menos algo como gente grande, careca, ameaçadora, de quem os litigantes não têm o menor temor.

Ou poder-se-iam estabelecer cercas elétricas, rolos de arame farpado, meios materiais agressivos que impossibilitassem o confronto. Algo que existe, mas nunca se pensou utilizar.

O que existe, é pago regiamente, tem treinamento, equipamento e efetivo pronto para deter esses inconsequentes é o estamento policial, que há muito tempo está escondido, longe dos confrontos, no caso catarinense acobertado pelas medidas judiciais que o colocaram fora do campo. Na hora do pega para capar, apareceu, quando o caído já tinha tomada vinte chutes na cabeça. Eu pergunto, é pago para quê? Ou quer mais algum, um reforço no salário para cumprir o seu dever?

Na Inglaterra, a polícia assumiu seu papel, agiu de múltiplas formas e conseguiu transformar guerras terríveis em episódios de mínima visibilidade. No Brasil, bem... O Brasil é o Brasil. Ouvi dizer que a desmobilização dos sodados do Exército, a iniciar neste mês, só acontecerá depois da Copa, a polícia teria declarado que só garante a segurança nos arredores da Arena. Sendo verdade, vai sobrar para o meu EB. Se assim for, fique tranquilo, eu confio.

O atleticano está preocupado com os desdobramentos do desastre. Não é difícil imaginar. O Atlético vai perder dez mandos de campo, vai pagar uma multa pesada, continuará correndo os mesmo riscos nas arquibancadas enfrentados neste 2013. Ninguém tenha dúvida disso. Os briguentos não estão nem um pouco preocupados com o Atlético, com as consequências dos seus atos, nada os impedirá de continuar a nos infernizar. Estão agora nos botecos comemorando. A polícia já está em casa, o uniforme na cadeira, nem sequer amassou.

Amigos, resolvi primeiro falar do lixo, para depois falar do jogo. Até amanhã.

QUE ASSIM SEJA

O sol apareceu forte e a torcida embarcada aproveita para seguir rumo a Joinville, pronta para carimbar o passaporte para a América. A última vez que jogamos lá, aplicamos expressiva goleada no Náutico, o ratão que venceu o Corinthians, campeão do mundo, na sua despedida da primeira divisão. O resultado serve apenas para escancarar o que é o futebol. Um duelo de vontades impressionante, perdeu o foco, desinteressou-se, o Barcelona corre o risco de ser atropelado pelo Ibis.

O jogo de hoje coloca frente a frente dois times cheios de interesse. O Furacão buscando a vaga na Libertadores, o Almirante tentando fugir das garras do rebaixamento. Na última partida do ano, jogam seus futuros em 2014.

O Atlético busca um supercalendário, a rota andina, portenha, maia, ferver o coração da torcida com jogos incandescentes, quem sabe alguns já na nova arena belíssima. O atleticano espera um time jogando à morte, à altura de algumas partidas memoráveis acontecidas neste ano de grandes vitórias. O torcedor fanático merece.

O vascaíno ajoelha-se nas igrejas, pede proteção, sonha com um lance de individualidade de Marlone, um gol salvador de Edmilson.  Tenta fazer em um jogo o que não fez em trinta e sete. Pode? Sim, pode, como eu disse lá no alto, no futebol pode tudo.

Difícil acreditar, simplesmente pelo interesse que o time do seu Vavá tem na partida, pela sua melhor constituição individual, pelo seu melhor coletivo, pela semana de descanso que desfrutou para o último combate.

Nesta guerra de interesses, as flores do campo choraram lágrimas de alegre catarata ao saber que a partida contra o São Paulo não será a despedida de Rogério Ceni, imaginam elas que, se assim fosse, as portas da segunda divisão para o “glorioso” estariam escancaradas. Amanheceram com seus caules curvados pelo peso das derrotas, em solene e desesperado pedido de proteção.

Faltam poucas horas para tudo estar decidido. O vidente que traz o amor de volta em sete dias, com direito a devolução do investimento, perde-se em tonturas, cambaleia, não consegue definir se alegre ou triste o retorno coxa-branca.

Ao voltar-se para o destino rubro-negro, as velas a ponto de apagar se recuperam, um cheiro de foguetório inunda o ambiente, um sorriso satisfeito sinaliza para o retorno festivo de Joinville, um até que enfim encharcado de suor, carregado de sorrisos. Que a nossa vontade seja superior, que consigamos impor nosso melhor futebol, que assim seja.

sábado, 7 de dezembro de 2013

PODE CONFIAR

Tenho lá meus poréns quanto ao tal bom senso que faz os jogadores sentarem, ajoelharem, trocarem passes displicentes antes do início das partidas. Penso que os penitentes ajoelhados ganham demais, atropelam-se em campo, quebram cabeças, insistem nos carrinhos por trás, os cotovelos são armas usadas com frequência. Menos violência, salários condizentes com a baixa qualidade técnica do futebol jogado e melhor percentual de passes certos fariam com que minha simpatia pelo movimento ganhasse força.

Tenho meus poréns, porém, quando se observa que esta foi a primeira semana cheia que o Atlético teve para treinamentos, desde a chegada de Mancini, fica evidente a insanidade do calendário, o absurdo esforço físico a que foram submetidos os jogadores atleticanos e tantos outros.

Times que foram se afastando de competições, o Cruzeiro, por exemplo, eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo, tiveram desgaste inferior, puderam aprimorar-se taticamente, tiveram seu caminhar facilitado. A citada Raposa venceu com facilidade o Brasileiro. Um estranho caso de perder aqui para vencer ali. Para a Ponte Preta, um caso grave de cair aqui, para tentar vencer ali.

Não fossem as premiações para os clubes que avançam às finais dos vários campeonatos e torneios, o planejamento anual poderia começar com a seleção de competições a jogar à vera e à brinca. O Atlético já deu o primeiro passo nessa direção abandonando o Paranaense. Só imaginando, ano que vem, empenhado na Libertadores, poderia enfrentar a Copa do Brasil com um time B, aberto à possibilidade de perder para o Luverdense na primeira fase, preservando o principal para o Brasileiro. Só imaginando.

Voltando à realidade, o Furacão viveu semana a que estava desacostumado, sem entrar em avião, fazer check-in em hotel, as famílias viveram overdoses paternas. Mancini teve “a oportunidade de trabalhar mais com o grupo em termos táticos e dar um pouco mais de posse de bola e velocidade de jogo à equipe”. Graças ao nosso quinhão de idiotas terá que fazer uma viagem de ônibus a Joinville, mais uma vez, palmas para o nosso quinhão de idiotas.

É tanto descanso que chega a dar medo. Claro que não. O Atlético já passou por tudo neste ano, aprendeu muito, sabe da necessidade da vitória, vai enfrentar o Vasco com ânimo de leão, vai vencer. A torcida embarcada, uma nova categoria de torcida, a que deu show no Maracanã, pode confiar.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

FURACÃO NA LIBERTADORES

No programa Bola da Vez da ESPN, Seedorf driblou com categoria todas as perguntas polêmicas, veladamente criticou a imprensa brasileira e sua obcessão pelos problemas internos dos clubes, o esquecimento completo das coisas boas acontecidas nas difíceis vidas dos times nacionais. Caso Seedorf jogasse no Furacão, já teria pedido o boné, em termos de criar crises, entraves aos seus passos, a mídia local é algoz implacável.

Agora, se o Furacão ficar fora da Libertadores, o culpado já está escalado: Mario Celso Petraglia. Para complicar ainda mais, fomenta-se o desequilíbrio de Paulo Baier, espalha-se o negativismo, desobriga-se o grupo da vitória, justifica-se antecipadamente possível mau desempenho por conta do vestiário no Maracanã. Uma dirty press com fim específico.

Percebe-se certa dor em alguns ao ver no sorteio para a Copa do Mundo, hoje, a definitiva inclusão de Curitiba no rol das sedes para o maior espetáculo da Terra. O esforço tremendo em atrasar, aumentar gastos, criar dificuldades para a administração atleticana não funcionou. Pior, só aumentou as depesas para os mal administrados cofres públicos, pelo menos é o que afirma o município como desculpa para que Curitiba fosse a única a não comparecer à apresentação das cidades sedes na Costa do Sauípe. Um vexame mundial.

Permita-me o amigo, a citada pobreza assinalada como desculpa é inverdade absoluta, a causa real é a pobreza mental de nossos homens públicos, a falta do básico entendimento da grandeza do evento em andamento. A Copa começa hoje, o mundo todo está ligado, menos o seu Fruet, um desqualificado para o cargo. Por favor, vamos evitar o voto em filho de político velho. São gerações perdidas, sem sequer a capacidade de envergonhar-se.

O atleticano tem que entender um ponto importante. Se você colocar o nome Petraglia no título do seu texto dobra a leitura. Se no primeiro parágrafo falar mal de Petraglia multiplica por dez. Se você está meio baleado de audiência, vive disso, sabe o caminho para tirar o pescoço fora d’água. Petraglia é notícia. As pessoas gostam da polêmica, Petraglia é polêmico.

O atleticano se aborrece com polêmicas, as constantes más notícias sobre time vice da Copa do Brasil, por um fio na Libertadores, gostaria de um noticiário mais clean, mais dentro da realidade. Irrita-se por que quer. A arena será concluída, os prazos foram dilatados pela FIFA, a cada dia a obra ganha contornos mais nítidos, o time vai fazer grande partida domingo, voltará de Joinville classificado para a América. Quem tem que se irritar é o inimigo em desespero.

Calma, rubro-negro. Aproveite o sorteio, curta os potes, os grupos, faça as suas análises, a festa começou, você faz parte. Relaxe, faltam só três dias para o fim do Brasileiro, o time vai jogar como nunca, vai trazer a vaga. Comemore.

Alguém, no fundo da redação, amargando seus rancores, vai ter que produzir texto elogioso, engulir a manchete difícil: Furacão na Libertadores.  

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O MEU CORAÇÃO MERECE

O site da menina que tudo sabe informa que Pedro Botelho não joga mais pelo Atlético. O porquê fica envolto em mistérios que vez por outra tornam o Caju um filme de Hitshcock. Sempre achei Botelho jogador mediano, com alguma desenvoltura no ataque, lento na recomposição, um marcador com dificuldades. Isso bastaria para colocá-lo na reserva indefinidamente, passá-lo a outra equipe, deixá-lo prosseguir na carreira com outra camisa.

Sem contratações, com pouca visão das suas necessidades, o Atlético foi se obrigando a entender Botelho como titular absoluto do setor, tendo na sua passagem pelo Arsenal o diploma de titularidade. Um erro grave. O Brasil não é grande produtor de laterais-esquerdos, a espetacular seleção de setenta tinha Everaldo fechando o setor, sem dúvida, o menos genial da equipe.

Quem está há anos luz na estrada conheceu alguns supercraques como o recém-falecido Nilton Santos, Rildo, Junior, Roberto Carlos, fica com parâmetros elevados de comparação. Quando vê uns e outros glorificados por ter acertado um cruzamento no ataque, dá de ombros, quer ver mais, não vê, joga o dito cujo na caixa dos RQD, melhor dizendo, ruim que dói.

Botelho não é um RQD, com alguma ajuda pode melhorar, ser mais eficiente na defesa, o primeiro objetivo da sua posição. Verdade o divulgado pela menina que tudo sabe, tudo vê, vai ter que buscar ajuda em outro condomínio. Meus olhos e meu coração terão um descanso. Boa sorte Botelho.

O site do Atlético nada traz sobre a recuperação de Adriano. Difícil de entender se alguns consideram esta uma genial jogada de marketing. Como diz o velho estudante em aperturas, não entendeu, decora. Verdade é que o imperador está lá, usufruindo das tecnologias e carinhos do cajueiro santo.

Se está lá, deixo por dois minutos meu coração peludo de lado, entendo Adriano um ser humano em dificuldades e bato palmas para o meu Furacão caridoso. Qualquer iniciante em humanas sabe que a recuperação do trintão da Vila Cruzeiro depende dele mesmo, a estrutura colocada à sua disposição é uma nave dirigida por sua cabeça, por enquanto, um computador em pandarecos. Ele que aproveite. Boa sorte.

Enquanto nos conflitamos diariamente com os mexericos da Candinha, o time treina para o jogo que nos levará à Libertadores. Temos que estabilizar o barco o mais rápido possível, recuperar a confiança abalada. O Furacão tem que voltar a jogar o que sabe, o que se viu. O meu coração merece.

 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O FIM DA BELA VIAGEM

O pessoal da maquininha tem certeza que nem Einstein com suas teorias mais delirantes poderia contestar. Um carioca vai cair. Fluminense e Vasco não escapam juntos da arapuca. Assim, amigo velho, torcedor do “glorioso” em Curitiba e tricolor no Rio de Janeiro, assistirá os jogos do fim de semana com o telefone do pronto-socorro ao alcance da mão. Vai lá caem os dois e o amigo tem um chilique ao ligar para a provedora de TV a cabo, passar por aquele vexame de incluir no seu cardápio a série B. Há dor maior? É de cortar o coração.

O Furacão pode minorar esse sofrimento, dar uma tamancada no português e diminuir uma vaga para os seus amores, colocar o Vasco para ninar na zona do rebaixamento. Pelo que vi no noticiário vascaíno, a queda não seria o pior dos desastres para os cruzmaltinos e brasileiros. Eurico Miranda anda se assanhando para voltar à colina. Tem desgraça maior? Impossível.

No timão da nau vascaína está velho conhecido, já nos encaminhou para o abismo em 2011, nada mais, nada menos que o capitão Adilson Batista. Sem rumo desde que saiu do Cruzeiro, Batista tem boa campanha no Vasco, ganhou três, empatou duas, perdeu uma. Alguma coisa fez que deu certo. Antes do jogo com o Náutico afastou cinco por falta de comprometimento. O comandante anda com o coração mais peludo que o dos inimigos do pirata Jack Sparrow.

Vem para Joinville sem seu pior marinheiro, o terrível Guiñazu, afastado por amarelos. Nada o intimida, avisa que “vai atacar, buscar o gol, mas sem loucura”. Seu artilheiro Edmilson avança que a partida é de “erro zero”. O Vasco vem para correr noventa minutos, arriscar o gol na falha atleticana e segurar na defesa, como fez no jogo dos olhares pecaminosos e leituras labiais indecorosas em que venceu a Raposa por dois a um.

Assisti ao jogo, o Cruzeiro lutou por melhor resultado, usou de todos os seus talentos, mas o dois a zero sofrido enquanto ressonava em campo foi impossível superar. A partida é exemplar para o Atlético. É cópia carioca da nossa derrota para o Criciúma. O início sonolento, as falhas transformadas em gols, a recuperação impossível.

Vejo nossos Pitágoras afirmando que o empate nos coloca na Libertadores. O empate é resultado perigosíssimo, estávamos bem contra o Santos, esse empate de que falam assegurado, vem a bola nas costas, a defesa espera o quinto zagueiro assistente cortar o lance, ele não corta, gol, fim da pelada.

Mancini tem que montar o time para a vitória, ganhar o jogo no primeiro tempo, acabar com o moral do navegante, conquistar a vaga. O Atlético fez campanha elogiada por coxas e paranistas, tem que terminar o ano com partida que dignifique todo o seu trabalho, uma nota dez na prova final. A torcida tem que ir, soprar as velas rubro-negras com vigor, aplaudir de pé o fim da bela viagem.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

MEXERICOS DA CANDINHA

A amiga me pergunta o que acho da possibilidade de Adriano JOGAR no Furacão. Saco minha pistola mata-boatos e atiro duas vezes no disparate. Há uma tendência a se achar que tudo que Petraglia toca vira ouro, um Midas rubro-negro. Não creio que o Presidente tenha gosto pela ideia, gastar chumbo em chimango não faz seu gênero. As probabilidades de dar errado são altíssimas.

Se o Atlético vai gastar algo a mais que o salário de seus profissionais na recuperação de Adriano está empenhando recursos na loteria, algo pouco empresarial. Se deve gastar algum para garantir o recebimento da megassena tem que ser um mínimo, simbólico para o tamanho da aposta. Caso o amigo ache que não, pague suas cadeiras em dia para garantir o trono do imperador. Enfim, enquanto não sair no site do clube é boato, fogo nele.

Outro amigo se preocupa com a matéria da Gazeta do Povo, teme jogo dificílimo em Joinville se tudo que leu for verdade. A notícia trata do vestiário no Maracanã, de duras palavras possivelmente ditas pelo Presidente Petraglia, basicamente chamando o time de frouxo, Baier e Botelho de mercenários. O jornal cita como fontes a 98 FM e a Transamérica.

Ainda com a pistola na mão, picoto o diário com cinco balaços, sobram outros para as fofoqueiras. Com a arma ainda fumegante, lembro que onde há fumaça, há fogo. Em fim de jornada, a derrota atiçando a boca grande, tudo pode. Não deve, mas pode. Entretanto, a lei universal da bola recomenda: O que se diz no vestiário, fica no vestiário. Colocadas de lado pelo Presidente, as emissoras abriram o bico, faz parte do jogo, abriu a guarda para o inimigo, leva chumbo.

Tremi quando uma semana antes da final, o Flamengo anunciou 1,5 milhão de prêmio pela vitória. Um a zero para os cariocas. Essas notícias afetam negativamente o adversário. Se não houver uma contramedida rápida, corre-se sério risco. O amigo lembra Atlético e América Mineiro em Minas, nós precisando da vitória, o Cruzeiro avançou belo prêmio para o Coelho, o bicho do seu Malu foi inferior, resultado, derrota, segunda divisão.

Nessas situações, Baier na condição de capitão está sempre no meio, corre riscos. Não entendi Pedro Botelho. Darei minha opinião a respeito pela última vez. O Atlético com o time que subiu da segunda divisão, com o improviso de Juninho na direita e Éderson no ataque, perdeu merecidamente para o Flamengo no Rio de Janeiro. O time que quase perdeu para o Paraná a última partida da segundona no Ecoestádio, chegou à final da Copa do Brasil, um milagre, não conseguiu jogar e virou vice. O Flamengo jogou melhor, ponto final.

Se Petraglia falou, falou, a palavra dita não volta atrás. Culpa todos temos. A Arena empenhou todos os recursos, o departamento de futebol não trouxe um reforço importante, na hora do vamos ver, Felipe, gerente de rachão, virou esperança, o coletivo antes fortíssimo não andou, a torcida calou no segundo tempo na Vila Caldeirão, cada um vista a sua carapuça.

Petraglia tem que reunir a patrulha, polir arestas, dar a direção e seguir na frente. O povo rubro-negro depende do seu bom senso, da sua inteligência, da sua grandeza. Assim sendo, o torcedor não precisa se preocupar. Vamos ganhar do Vasco. Enquanto isso, o atleticano troca de jornal, de rádio, evita dar ouvidos aos mexericos de Candinha.

MEXERICOS DA CANDINHA

A amiga me pergunta o que acho da possibilidade de Adriano JOGAR no Furacão. Saco minha pistola mata-boatos e atiro duas vezes no disparate. Há uma tendência a se achar que tudo que Petraglia toca vira ouro, um Midas rubro-negro. Não creio que o Presidente tenha gosto pela ideia, gastar chumbo em chimango não faz seu gênero. As probabilidades de dar errado são altíssimas.

Se o Atlético vai gastar algo a mais que o salário de seus profissionais na recuperação de Adriano está empenhando recursos na loteria, algo pouco empresarial. Se deve gastar algum para garantir o recebimento da megassena tem que ser um mínimo, simbólico para o tamanho da aposta. Caso o amigo ache que não, pague suas cadeiras em dia para garantir o trono do imperador. Enfim, enquanto não sair no site do clube é boato, fogo nele.

Outro amigo se preocupa com a matéria da Gazeta do Povo, teme jogo dificílimo em Joinville se tudo que leu for verdade. A notícia trata do vestiário no Maracanã, de duras palavras possivelmente ditas pelo Presidente Petraglia, basicamente chamando o time de frouxo, Baier e Botelho de mercenários. O jornal cita como fontes a 98 FM e a Transamérica.

Ainda com a pistola na mão, picoto o diário com cinco balaços, sobram outros para as fofoqueiras. Com a arma ainda fumegante, lembro que onde há fumaça, há fogo. Em fim de jornada, a derrota atiçando a boca grande, tudo pode. Não deve, mas pode. Entretanto, a lei universal da bola recomenda: O que se diz no vestiário, fica no vestiário. Colocadas de lado pelo Presidente, as emissoras abriram o bico, faz parte do jogo, abriu a guarda para o inimigo, leva chumbo.

Tremi quando uma semana antes da final, o Flamengo anunciou 1,5 milhão de prêmio pela vitória. Um a zero para os cariocas. Essas notícias afetam negativamente o adversário. Se não houver uma contramedida rápida, corre-se sério risco. O amigo lembra Atlético e América Mineiro em Minas, nós precisando da vitória, o Cruzeiro avançou belo prêmio para o Coelho, o bicho do seu Malu foi inferior, resultado, derrota, segunda divisão.

Nessas situações, Baier na condição de capitão está sempre no meio, corre riscos. Não entendi Pedro Botelho. Darei minha opinião a respeito pela última vez. O Atlético com o time que subiu da segunda divisão, com o improviso de Juninho na direita e Éderson no ataque, perdeu merecidamente para o Flamengo no Rio de Janeiro. O time que quase perdeu para o Paraná a última partida da segundona no Ecoestádio, chegou à final da Copa do Brasil, um milagre, não conseguiu jogar e virou vice. O Flamengo jogou melhor, ponto final.

Se Petraglia falou, falou, a palavra dita não volta atrás. Culpa todos temos. A Arena empenhou todos os recursos, o departamento de futebol não trouxe um reforço importante, na hora do vamos ver, Felipe, gerente de rachão, virou esperança, o coletivo antes fortíssimo não andou, a torcida calou no segundo tempo na Vila Caldeirão, cada um vista a sua carapuça.

Petraglia tem que reunir a patrulha, polir arestas, dar a direção e seguir na frente. O povo rubro-negro depende do seu bom senso, da sua inteligência, da sua grandeza. Assim sendo, o torcedor não precisa se preocupar. Vamos ganhar do Vasco. Enquanto isso, o atleticano troca de jornal, de rádio, evita dar ouvidos aos mexericos de Candinha.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

OU VAI, OU RACHA

O Atlético acabou se enrolando contra o Santos, perdeu e ficou na mira do Goiás. Depois de tentar duas mil trezentos e cincoenta e duas bolas longas, morreu na bola longa. Houvesse um Freud no futebol, seria bom pagar uma consulta para ver o que aconteceu com o time que marcava na frente, tomava a bola a dez metros da área adversária e em dois toques estava criando dificuldades.

O tempo foi passando e o Atlético ficando defensivo. O jogo de ontem deixou isso bem claro. Precisando vencer, começou os dois tempos de jogo atrás, esperando o Santos. Pior, não se pode nem culpar a postura defensiva, pois quando estava melhor, no ataque, perdendo gol com Everton e Luiz Alberto, tomou o gol definitivo. É coisa mesmo para o doutor Freud.

Fico com a impressão que os jogos pela Copa do Brasil descaracterizaram o Atlético atacante. Lutando por placares mínimos no torneio mata-mata, foi recuando, usando demais a bola longa, acreditando na jogada individual de Marcelo, finou-se como time de ataque. A velocidade transformou-se em morosidade, o ataque ficou nas mãos de poucos, deu chance às defesas de anular Éderson.

Marcado, o artilheiro dos míseros minutos transformou-se em assistente, foi jogar longe da área, afastado dos três metros da balisa onde fez tantos gols. Sem Dellatorre, ficamos sem a velocidade produtiva, que assiste, abre espaços, complica. Everton corre, avança e entrega a bola para o marcador. Alguém tem que dizer para o elétrico que depois de atrair a marcação, um atacante ficou livre para receber seu passe, é só tocar e receber na frente. É desconcertante ver jogador correr tanto e produzir tão pouco. Podia ter matado o jogo, livre na marca do pênalti deu uma varada por cima.

A escalação dos três volantes foi a culminância das culminâncias do defensivismo. Depois de tentar Mérida, Zezinho, Felipe e outros pelo caminho, como Marco Antônio, Mancini resolveu optar pelo esquema funerário, só admissível se o objetivo desde o início fosse o empate. Como tenho ódio declarado dos três volantes, acho que nos levaram à segundona em 2011, sou suspeito, vou ficar por aqui.

Mancini tem que fazer uma pergunta simples aos seus cochichadores de plantão: “Como era mesmo aquele esquema que nós ganhávamos jogos todos os dias?”.

Alguém deve lembrar. Então é começar hoje os treinamentos, marcar a saída de bola, forçar o erro adversário, desarmar e marcar. Meus queridos amigos, vamos arrumar as mochilas e seguir para Joinville. O Vasco não é o Náutico, se não exigirmos aos gritos a vitória, perdemos a vaga na Libertadores e pagamos o mico do ano.

A equipe tem que voltar no tempo, trabalhar duro e jogar no ataque noventa minutos. O Goiás vai passar por cima do Santos. É a última partida. Só a vitória interessa. Ou vai, ou racha.

domingo, 1 de dezembro de 2013

VAMOS À LUTA

A CBF divulgou a seleção do Campeonato Brasileiro e o Furacão conta com três jogadores escalados, Manoel, Baier e Éderson, e ainda Marcelo eleito como a revelação do Brasileirão. O excepcional rendimento do Furacão é causa de tantos rubro-negros na seleção do ano. Nem era para menos, o Atlético foi vice na Copa do Brasil, a primeira com os participantes da Copa Libertadores, e está na vice-liderança do Nacional com grandes chances de mantê-la nas duas rodadas finais.

O time que começou capengando, virou sucesso absoluto. As causas do alto rendimento são adivinhadas por comentaristas em todos os níveis. Suspeita-se do afastamento do Estadual, fonte de preparo físico extra, da chegada de Mancini no comando da equipe. Eu aposto minhas fichas no comando do seu Vavá.

A Copa das Confederações deu um mês de descanso às equipes em disputa, de certa forma nivelou a preparação física de todas para o segundo semestre. Na quinta rodada, antes da competição internacional, perdemos para o Vitória, no retorno empatamos com o Grêmio, pedi Ney Franco, veio Mancini para assistir nossa derrota para o Coxa, estávamos na zona do rebaixamento. A partir daí tudo mudou. Impossível não creditar parte do sucesso ao treinador.

A preparação física ajudou, porém, creio que muito mais devido à competência do seu Moracy do que à ausência no Parananense.

Se disser que Mancini retornou Baier ao time, der ao capitão destaque na bela caminhada, vou tomar tanta pancada neste início de domingo que vou almoçar na UTI de algum hospital. Vou deixar a análise para o amigo.

Baier e Botelho não jogam hoje contra o Santos. Há um clima de mistério pouco produtivo envolvendo seus afastamentos. O Atlético está a um passo da Libertadores, só nos falta um climão para tirar o foco da equipe, desarrumar o ambiente, causar desequilíbrio desnecessário para a partida de hoje.

Vejo o Santos como adversário mais fácil do que o Vasco na última rodada. O time de Pelé está cumprindo tabela, Arouca não joga, o psicológico está a nosso favor. Se entrar para ganhar, vence. O Vasco poderá estar na bacia das almas, vai jogar a vida, quem viu Criciúma e Atlético, assistiu ontem Fluminense e Galo, sabe do que estou falando.

A Copa do Brasil acabou, fomos excepcionalmente bem, se o atleticano lamenta, imagine o bambi que perdeu a vaga na final da Sul-Americana para a Ponte Preta. Temos que parar de escalar culpados em time que rendeu 110% em ano muito difícil. Temos que olhar o elenco e reconhecer o quanto fomos longe.

Faltam ainda duas batalhas, temos que seguir juntos, unidos, a guerra ainda não está ganha. Vamos irmãos, sem réus e sem heróis, ergamos as bandeiras, ao rufar dos tambores vamos à luta.

sábado, 30 de novembro de 2013

ELE RESOLVEU ME COLOCAR NO COLO

O jantar de fim de ano no meu condomínio foi pleno de final da Copa do Brasil. Os coxas com seus sorrisos indecifráveis, os atleticanos que foram comemorando a excepcional participação da torcida, as lendas pipocando, os sons do vestiário ouvidos de mil maneiras, o que o Petraglia disse, o que não disse, a decepção com a equipe, com as atuações individuais, as diversas opiniões sobre Paulo Baier.

Ao amigo que tem a paciência de me acompanhar tenho o dever de dar minha opinião sobre a atuação de Paulo Baier. Ressalto que não conheço o velhinho, nada ganho para dar lustro à sua história, nem me incomoda opinar negativamente sobre sua participação em campo, limite imposto ao julgamento de todos nós.

Paulo Baier não fez uma boa partida tecnicamente, errou passes, quando o Atlético suspirou no Maracanã, conseguiu atacar minimamente, o armador errou cobranças de falta que pareciam ser a salvação da lavoura. Entretanto, PB jamais se escondeu do jogo, foi participativo, voltou para buscar, tentou armar o time, todos sabemos, não conseguiu. Num time acuado, escondido, Baier foi corajoso, fez o que a braçadeira de capitão lhe condenava, se a vitória faltou, não foi por falta de seu empenho.

Alguém dirá que Petraglia estava certo ao dizer que Baier nunca ganhou nada. Só alguém que nunca jogou a pelada da sua vida, tendo que colocar a bola de plástico entre dois tijolos colocados no meio da rua, e não conseguiu transformar seu sonho em realidade, poderá imaginar que um jogador sem a adequada cooperação de seus companheiros é capaz de, solitariamente, fazer milagres. Se alguém avançou nessa linha de pensamento, cometeu erro grave.

Paulo Baier cumpriu o seu dever como capitão. Devia sonhar com a vitória como todos nós. Todos nós não conseguimos, nem Baier, nem eu, nem você, nem Mancini, nem Petraglia. Fim de uma bela história. Ficam as lendas, as frases, os sussurros, que fazem parte, mas a nada levam. Os ódios momentâneos, as palavras ditas ao arrepio do bom senso devem ser esquecidas, uma análise fria das condições que levaram à derrota conduzida profissionalmente.

Enfim, a vida continua. No inesperado dia de sol em que eu estava simplesmente triste, nasceu na cidade do México meu neto Leonardo, um menino lindo, um presente de Deus para adoçar meu coração, dizer que sou eterno, que minha filha de olhos de jabuticaba está feliz. É meus irmãos, Deus sabe a hora para tudo, ele nos sustenta a cada passo. No dia em que eu estava simplesmente triste, Ele resolveu me colocar no colo.

  

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

É ASSIM QUE SE FAZ

Passei o dia longe da bola, dei apenas um rápido olhar no furacão.com, tentei ler com rapidez as declarações de Mancini e fui acometido por indignação indigna de alguém tão resignado com a derrota quanto eu. Vou registrar frases retiradas do conteúdo “Foi um Atlético diferente, lamenta Mancini” para que o amigo possa entender, concordar ou discordar do meu ponto de vista. Diz seu Vavá:

“Não vimos o Atlético jogando com velocidade, sendo aquela equipe que finaliza bastante. O ritmo de jogo foi ditado pelo Flamengo. O Atlético foi perdendo o ímpeto... De certa forma, jogamos diferente. Por isso, fez um jogo tão abaixo”.

“Ficamos muito morosos no que diz respeito à transição de bola, que demorava muito a sair de trás. O meio-campo não atuou da forma como normalmente atua. A bola chegou pouco ao ataque. Foi um Atlético diferente. O que fica é que foi um jogo atípico... Foi um jogo moroso, onde o Atlético aceitou o ritmo que o Flamengo desejava, segurando o 0 a 0 e, no final, nossa equipe acabou tomando os dois gols”.

Fosse eu repórter, perguntaria ao seu Mancini: “E o que você, o comandante dessa equipe morosa, fez para mudar a situação?”. A meu ver, o treinador passa a ideia de que a partir do apito inicial o destino da partida está nos pés dos jogadores.

Isso podia acontecer nas décadas de cinquenta, sessenta, quando os craques e seus virtuosismos ganhavam partidas, pouco incomodados com seus técnicos a ressonar nos toscos bancos de madeira. Hoje não mais, existem as substituições, o treinador joga com o time em espaço demarcado para isso, conta no banco com dezena de jogadores a utilizar. Os técnicos passaram a ser venerados, ganham fábulas pelo protagonismo assumido.

Mancini podia ter modificado posicionamentos individuais, avançado a defesa, exigido movimentação, trocado Felipe aos quinze minutos quando ficou claro que estava dominado pela marcação, esperneado ao lado do campo exigindo empenho. Da minha poltrona nada vi, alguém à beira do campo pode me contestar com veemência e eu me curvarei aos novos fatos, embora as câmeras não tirassem os olhos do treinador rubro-negro.

Mancini tem a seu favor o minguado elenco, as saídas de Léo e Everton fizeram estrago tremendo. Tem ainda rendimentos nulos, atuações dedicadas, mas tecnicamente deploráveis a lastimar. Porém, colocar-se como assistente do desastre não fica bem. Podia ter cumprimentado o seu Jayme, assumido que tomou um baile do vovô treinador. Acontece. Aconteceu. Ninguém jamais lhe exigiu a vitória.

Na derrota no Maracanã, seu Mancini tem participação efetiva, está de braços dados com os jogadores. Posso incorrer em erro grave ao pinçar declarações e analisá-las sem maior aprofundamento. É um risco, porém, impossível deixar passar. Aprendi que o comandante é o responsável por tudo que acontece ou deixa de acontecer. Se você quer comandar tem que assumir o bom e o ruim, em terra de Marlboro é assim que se faz.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

INESPERADO DIA DE SOL

Se nada além da bela festa, do lindo uniforme branco atleticano merece o elogio, que não se gastem palavras com defeitos. Proclame-se logo o herói da merecida glória, aquele, que com Carlos Eduardo em campo, jogou com dez duas partidas, deu o título ao Flamengo, salvou o ano do Fla do seu coração. Parabéns vovô Jayme.

Insisto aqui em não apontar defeitos, e foram tantos e de tantos tipos, que nem às lágrimas dei direito de sulcar a face. Desejo apenas o espantar dos erros, a volta justa ao cenário vivo, à busca firme pela vaga incerta.

O calendário pré-Copa 2014 será desértico para os times fora da Libertadores. Um estadual, que desdenhamos, poucas partidas pelo Brasileiro. Estamos a um passo da imprescindível América, só me faltam agora abalos pela derrota reta, um jogo fraco contra o Santos sem vontades.

Esse Atlético, que levou sete mil atleticanos ao Maraca, com todas as dificuldades e perigos, para jogar vinte minutos decidido, tem o dever de conquistar a vaga, premiar com raça o povo rubro-negro.

A vida continua, foi só mais um jogo, dos tantos que vi, dos tantos que perdi. A camisa jogadeira volta a conviver com outras, os netos ficam sem possível título, eu vou sair sem espalhar orgulho, sem qualquer trinca na paixão imensa, triste, simplesmente triste, num, até quando, inesperado dia de sol.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PREPARA PARA PULAR

Tirei o dia para passear com minha camisa jogadeira, ouvir os gritos dos atleticanos passando em seus carros, as buzinas imitando o hino, entrar na loja de produtos naturais, sentir o natural desconforto de seu dono, um coxa rápido em fazer o troco, os olhos baixos como se meu colorido impactante estivesse próximo do invisível.

Fiz minha entrada triunfal no supermercado, polegares erguidos, sorrisos confiantes por todos os lados, o menino especial pede um gol logo no começo, um senhor mais do que simpático avança o placar, segundo ele dois a dois, eu sapeco um excelente como resposta.

Vou ao a quilo e não me incomodo com a menina catando alface por alface, com a mãe convencendo o menino a comer berinjela, com o engravatado gastando todo o azeite na sua salada mediterrânea, com a velhinha hipnotizada entre a maminha na mostarda e o peixe grelhado. Hoje nada me incomoda.

Quero estar ali de outdoor, mostrando meu orgulho, procuro o coxa que todo dia está vestido de begônia e o encontro no escanteio, metido num pretinho básico, comendo de frente para a parede. A menina me diz, “hoje não deu, mas amanhã eu venho com a minha camisa”, e eu recomendo, “não esqueça a faixa”.

Chego em casa e o telefone toca, é o amigo convidando para o almoço de fim de ano, incrédulo com a minha presença em Curitiba. Digo que não deu, a cirurgia de catarata, que fiz para ver o Furacão campeão no melhor do seu colorido, pede repouso, vou ver pela TV, pronto para ir à janela gritaaaaaaar campeão.

Curitiba está tensa, as flores de campo secam, é pouco em relação a botafoguenses, vascaínos, tricolores e corinthianos gritando “Atlllééético! Atlllééético!”. Confortado por tanto apoio, estou relaxado dentro da minha camisa só se veste por amor.

Os foguetes espocam aqui e ali, é a festa em preparação. Quem não marchou sempre cantando o hino do Furacão, prepara o ambiente, bota a bandeira na janela, acende a vela para o santo, prepara os salgadinhos, a cerveja, o refri para os noventa minutos de encantamento, agarrado às glórias do passado, pronto para comemorar o especial feito do presente.

É rubro-negro de todos os matizes, de todos os quadrantes, fora de campo, dentro de campo, só por que conheço o teu valor, só por que sou um orgulhoso rubro-negro de fé, te digo de coração, prepara para pular.

DIA DE URUBU CHORAR

A escalação do Flamengo não é difícil adivinhar. Felipe; Léo Moura, Wallace, Samir e André Santos; Luiz Antônio, Amaral e Elias; Carlos Eduardo; Hernane e Paulinho. É o time que jogou contra o Furacão em Curitiba. No jogo contra o Corinthians no domingo, vovô Jayme colocou para descansar Léo Moura e André Santos, substituídos por Digão e João Paulo, e entrou com Gabriel no lugar de Luiz Antônio ausente por amarelos. A forma de jogar continuou a mesma, nada mudará no jogo de hoje.

O Urubu que viu na marcação do gol seu principal objetivo fora de casa, agora deverá ter como prioridade evitar o gol atleticano. Isso não significa jogar na defesa, o Maracanã não entenderá um Flamengo defensivo, por mais que os adoradores da torcida do Fla a elogiem pela sua participação proativa em quaisquer condições. Jogar na defesa contra o Atlético está fora de cogitação.

Então é repetir o jogo contra o Timão, atacar com reposicionamento defensivo rápido, oito atrás da linha da bola, Carlos Eduardo e Hernane na frente para o início do contra-ataque.

Por que o Corinthians não conseguiu marcar, empatar o jogo definido por gol de fora de Paulinho ainda no primeiro tempo? O Timão foi lento na troca de passes, quando tentou acelerar errou, seus homens de frente foram desarmados inúmeras vezes, deram o contra-ataque ao Fla. Essa é virtude do time carioca, é rápido no roubo da bola, bobeou ficou sem a carteira. A Interpol já avisou.

A rapidez na recomposição defensiva, a força do desarme flamenguista, indicam o rumo da atuação atleticana. Sair para o ataque em velocidade. Daí, começo a ver Weverton dando chutões para frente. Calma! Em três bons passes pode-se chegar ao ataque com a mesma velocidade. Ficamos então na dependência de jogadores eficientes na execução desses três bons passes.

Outro caminho é copiar a força de desarme da ave agourenta e voar para o gol de Felipe, sem demoras, sem erros, movimentar-se, puxar a marcação, abrir a brecha e passar enquanto se tem meio metro para agir com correção. Voltamos à necessidade de jogadores com características específicas.

Então imagino como Mancini vá escalar o Furacão: Weverton; Juninho, Manoel, Luiz Alberto e Pedro Botelho; Deivid e João Paulo; Baier e Zezinho; Marcelo e Éderson. Esqueci o Felipe da ótima atuação de domingo? Esqueci, penso que Zezinho pode ajudar no desarme, conhece melhor a função de Everton, avançado pode enfiar boas bolas.

Com Baier na frente dos zagueiros, fazendo pivô para a infiltração de quem vem de trás, ou para o chute de fora, daí a escalação de João Paulo, Marcelo alternando com Éderson pelos lados do campo, as paradas vão acontecer, o gol é certo. Baier tem que observar a posição de Felipe nas faltas e escanteios. O goleiro costuma adiantar-se, o velhinho saberá se aproveitar da situação.

O que eu gostaria que fosse dito na preleção? Que o jogo é de noventa minutos, seja qual for o resultado é lutar obstinadamente até o apito final. Em futebol um minuto é uma eternidade, pode-se fazer muito, ou perder muito. Então é atenção, garra, foco no coletivo, apareceu a chance, bola na rede.

Vai dar, a taça é linda, tem passagem assegurada no voo de volta. A meteorologia já avisou, hoje é dia de Furacão na capital fluminense, é dia de surf, dia de urubu chorar.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

VAMOS FURACÃO!

A mala está sobre a cama, o atleticano joga uns poucos pertences necessários e acomoda delicadamente sua camisa jogadeira ao lado do santo de devoção. Ela faz a viagem captando bons augúrios da santidade, se energizando para vestir o corpo atleticano ainda no hotel, minutos antes de sair para o jogo histórico. Vestida a camisa, protegido contra tudo, uma pequena prece e lá vai o irmão rubro-negro rumo à van que o conduzirá ao lendário Mário Filho.

No coração vai a dúvida – Vai dar, não vai dar? –, a esperança, eterna amiga do atleticano de fé, vai junto. Como posso acalentar a esperança baleada pelo empate em Curitiba? Lembrar ao amigo que o esporte é o futebol é o primeiro passo. O jogo da bola é o mar das incertezas, o regulamento da Copa do Brasil encrespa suas ondas, a cada minuto, a cada instante, os ventos mudam, são noventa minutos de instabilidade, o caneco volúvel, irreverente, brinca com os oponentes, escolhe abusado as mãos a se entregar definitivamente.  

O amigo vai dizer que é muito pouco. O Flamengo jogou bem em Curitiba, teve personalidade, controlou o andamento da partida, andou para vencer, o que não fará no aconchego do Maraca? Dar mérito ao Urubu é reconhecer sua boa partida, exagerar no reconhecimento é dar crédito a antagonista que finalizou três vezes contra o gol de Weverton, duas delas para fora. O bicho não é tão feio assim, ter isso bem claro é imprescindível.

O Atlético penou para entrar no jogo, fez seu gol, e quando estava melhor sofreu o empate fruto de mau posicionamento defensivo. A maximização do valor do tal gol fora abalou a equipe, contaminou a torcida, fortaleceu o Flamengo, o Furacão não conseguiu voltar às redes de Felipe, embora tenha feito o goleiro flamenguista trabalhar em três lances importantes. Eu diria que para o primeiro combate, o Urubu estava mais bem preparado psicologicamente.

Amanhã, o Furacão a entrar em campo terá seu emocional fortalecido. Já passou pela difícil primeira experiência, o Maracanã é templo de todos os brasileiros, o Flamengo é o mesmo com suas virtudes e defeitos, o time do seu Jayme pouco oferece em alternativas, Mancini deve ter encontrado soluções para os problemas enfrentados na Vila Caldeirão. Enfim, é outro jogo, com um Atlético melhor, mais capaz que em Curitiba.

O futebol é um duelo de vontades. Não vejo no Flamengo nenhum craque para desequilibrar a partida, é um bom time, bem organizado, que faz poucos gols, se garante na defesa, nem poderia ser diferente armado por zagueiro da qualidade do vovô Jayme. Chegou à final pelo calor da sua vontade.

Despidos dos traumas do primeiro jogo, movidos por vontade insuperável, a raça que nos fez suplantar tantos inimigos, os guerreiros atleticanos vão para o jogo confiantes nas suas capacidades, prontos para fazer a história, com sabedoria, paciência e garra escrever em noventa minutos mais uma página de imorredoura glória.

Vamos guerreiros! Aqueles que seguem seus passos esperam noventa minutos de coragem e fé! A vitória está ao nosso alcance! É possível! Vamos Furacão!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

LEVADOS NA MÃO

Quem viu o resultado de goleada, jamais imaginaria meu desconforto nos primeiros vinte minutos de jogo. O início do Furacão foi tudo o que eu não gosto, pautado no lançamento longo, por incrível que pareça a partir de Weverton. O Náutico marca a saída de bola, a zaga recua para o moicano, lá vai o pombo procurando o erro da defesa. Em que momento o Atlético inventou essa modalidade de sair para o ataque. Mas... Mas... Paremos de lamentações, vamos comemorar a vitória, a maior goleada do atual Brasileiro.

Aos vinte e cinco, Zezinho avançou, passou a Everton pela esquerda e entrou na área para cabecear e marcar. Por que será que eu gosto de Zezinho avançado? A jogada lembrou seu gol no 3 a 1 histórico do Super-23 contra o Coxa, seu passe para alguém livre na direita, o cruzamento, Edigar Junior finaliza na trave, volta na cabeça do pequeno Zé, gol do garoto.

Mais uns minutinhos, Marcelo rouba bola, passa a Éderson, daí a Baier, 2 a 0. A troca de passes resolveu o problema, trouxe luz ao jogo rubro-negro. O gol do Náutico logo ao primeiro minuto da segunda fase me inquietou por pouco tempo. O gol de Felipe em chute de fora definiu os rumos da partida. Daí foi aumentar com a penalidade sobre Baier, batida por Éderson, cada vez mais artilheiro, o segundo de Felipe com belíssimo passe de peito de Baier, o sexto da partida com oportunismo de Cleberson, retornando depois de quase um ano afastado. Bom retorno Cleberson. Fez falta o ano todo.

Ótimas atuações de Baier, um gol, um pênalti, uma excepcional assistência, Éderson, uma assistência, um gol, o passe para Baier assistir Felipe, Felipe com dois gols, Manoel com participação impecável. A maior aproximação de Baier da área foi fundamental.

Quem atentar para a escalação atleticana – Weverton; Juninho, Manoel, Luiz Alberto e Zezinho; Deivid, Felipe, Everton e Paulo Baier; Marcelo e Éderson – vai encontrar somente três jogadores não componentes da equipe que subiu para a primeira divisão, Juninho, Everton e Éderson. Comparando-se com as dezenove contratações do Cruzeiro, fizemos um milagre.

No que o jogo contra o Timbu contribuiu para a partida de quarta-feira. O amigo sabe que eu quero mais posse de bola, jogo lateral, entendido como mais troca de passes na frente da área, menor utilização da bola espetada. A participação do toque-toque Felipe no lugar de Everton pode ser solução interessante. Baier como segundo atacante é outra boa possibilidade. Se é para jogar um toque, talvez seja melhor ali na entrada da área.

Penso que a escalação do Furacão para quarta-feira depende muito da recuperação de João Paulo. O fraco Náutico deu ao Atlético a chance de jogar futebol, trocando bolas, algo que estava caindo no esquecimento. Neste aspecto o jogo foi excelente. O atleticano que já está de malas prontas ganha um alento, é bom ter em final time que saiba alternar bolas longas com boa troca de passes.

Mancini já tem seu time na cabeça, o torcedor leva o time no coração. Até quarta-feira, coração e jogadores serão carinhosamente levados na mão.

domingo, 24 de novembro de 2013

COMO SE FOSSE UM TÍTULO

A vitória do Vasco contra o Cruzeiro mostra o caminho que o Atlético tem que evitar hoje contra o Náutico. A Raposa começa em ritmo de campeão, leva um gol aos dois minutos em escanteio, começa a se arrumar em campo, em chute louco o almirante faz o segundo aos trinta e dois e torna o placar irreversível. A torcida coxa reza por Marcelo Oliveira.

O treinador troca, o Cruzeiro joga no ataque, domina, exagera na costura, Everton Ribeiro dá balão, mas os cruzmaltinos com sangue nos olhos impedem até o empate.  Bobeou, o futebol castiga. Nossos jogos contra Criciúma e Botafogo seguiram mais ou menos esse roteiro. O Tcheco capricha na preleção.

Só assisti um jogo do Náutico, justamente contra Criciúma, em que o Timbu andou para ganhar a partida nos primeiros minutos e perdeu no segundo tempo com gol de longa distância de Wellington Paulista. Já na época, o time pernambucano estava de treinador novo e testando jogadores para enfrentar a segunda divisão em 2014. A inexperiência dos vários meninos da base facilitou para o Tigre. Hoje, a equipe deve estar mais arrumada, depois de tantos jogos o treinador provavelmente encontrou um onze para pelo menos dar trabalho ao adversário.

Aí que mora o perigo. Busco coragem nas palavras de Mancini, o time vai “com força total”, está preparado para fazer de “cada jogo uma final”. Muito bem. É o que todos esperamos, um Furacão pronto a resolver desde o início, construir o placar e afastar adversários na luta pelo G4.

O Vitória empatou ontem com o Criciúma, vencendo hoje ficamos seis pontos à frente do time do seu Ney Franco, tiramos o inimigo feroz do nosso encalço. O Cuca fez seu dever de torcedor rubro-negro, deu uma varada no Goiás, estacionou o time do Gordito, uma boa vitória em Joinville e ultrapassamos outro rival incansável. Se a Macaca armar uma traquinagem contra o Grêmio, pulamos mais um.

Tudo depende da vitória contra o Náutico. Parece tão fácil, o coração do torcedor quer que o tempo passe rápido, a vitória se materialize num átimo, transforme todas as projeções em realidade.

Além da força máxima, o Atlético tem que usar o jogo para testar algo novo para a partida contra o Fla. Ou não? Ou só a vitória basta, como disse ontem, uma coisa de cada vez? Então vamos a Joinville com foco único nos três pontos, comemorar a provável vitória como se fosse um título.

sábado, 23 de novembro de 2013

EU QUERO, EU POSSO

A desgraça de um é a felicidade do outro. O atleticano olha desconfiado para o jogo de quarta-feira, o coxa vibra intensamente, antecipa o Fla campeão. Para ele, com a corda no pescoço, só falta o Atlético vencer no Maraca, trazer o título que por duas vezes jogou fora no treme-treme. O rubro-negro vingativo, espera o título no Maraca, ou vencer o Náutico, o Santos e jogar contra o Vasco podendo perder, assistir de camarote as flores do campo rumando para a segunda divisão.

O torcedor pode tudo, está nas redes sociais destilando seus ódios, antecipando tragédias, imaginando surpresas, o verbo torcer permite que a imaginação e a paixão trafeguem sem limites.

O meu porteiro coxa, demitido a pedido, precisava de algum para dar um trato na casa, deve estar levantando paredes de orelha quente. O Tcheco recebeu a missão impossível e só fala no motivacional. O dileto amigo sabe que o Geraldo motivado no máximo pode chegar ao boteco da esquina para comprar um chicabon. Motivar o Lincoln é tarefa para o seu Freud. O Alex, que levanta todo dia pensando no Cruzeiro onde estaria comemorando o título, olha para o lado e não vê o Robinho para carregá-lo nas costas. Prezado amigo de tantos papos e alegrias, este poodle velho que vos fala, com o coração cheio de pena, não inveja tua sorte.

O atleticano de braços cruzados, afundado na cadeira, mais ressabiado que capiau na frente de escada rolante, enxerga à sua frente dois cenários que podem levá-lo ao sonho da Libertadores. O sucesso na final contra o Urubu, definitivo, o passaporte para as Américas na carteira, os três jogos finais do Brasileiro, um passo de cada vez, ambos possíveis.

Os sete mil atleticanos que estarão no Maraca para a final contra o Urubu acreditam no título, por qualquer desses artifícios matemáticos que a Copa do Brasil possibilita. É outro jogo, que pede outro Atlético. Os primeiros noventa minutos mostraram a marcação da ave agourenta perfeitamente encaixada aos nossos movimentos ofensivos. O seu Vavá tem que aprontar alguma novidade, o Atlético tenta medida cautelar para o retorno de Léo ao time, fica a minha pergunta, por que só agora?

O primeiro passo do segundo cenário será dado amanhã contra o Náutico em Joinville. A vitória possível, se bem me lembro, só o Coxa perdeu para o Timbu, pode nos colocar entre os três primeiros. O rubro-negro Cuca vai exigir a vitória do Galo contra o Goiás. Fica a dúvida sobre a atuação da Ponte Preta contra o Grêmio. Terá a Macaca jogado a toalha no Brasileiro, estará focada unicamente na Sul-Americana depois de deixar os bambis aos prantos no Morumbi? Vou deixar esta tarefa para Elias, trocado pelo lateral Rodrigo Biro, quase uma Conceição, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu.

O Furacão tem que entrar com força máxima contra o Náutico, resolver logo este problema, deixar a quarta-feira para depois. Um passo de cada vez.

A final no Mário Filho fica para segunda-feira, quando o cenário no Brasileiro estiver mais claro, as necessidades mais específicas. Finais são jogos para se ganhar com o coração, com a sorte, a sorte acompanha os audazes. O segundo passo pode dar caneco. Os coxas tremem, não querem. Eu quero, eu posso.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

VOU ESPERAR NO AEROPORTO

Alguém pensou que a final contra o Fla seria fácil? Pois eu achei que fácil não seria, mas, confesso, tinha cá comigo que venceríamos a primeira partida na Vila Caldeirão. Quando se faz qualquer análise tem-se que estabelecer como parâmetro inicial que o adversário joga. No caso do jogo de quarta-feira, o Flamengo jogou.

Se desde o início da partida procurava manter a tranquillidade, controlando a posse de bola, o gol de Amaral acalmou os nervos dos ainda tensos, a missão fazer o gol fora de casa foi cumprida, os restantes minutos serviriam para manter ou aumentar o placar. Calmo, o Flamengo sofreu na defesa, Felipe fez ótimas defesas, e saiu de Curitiba se proclamando campeão antecipado.

O segundo tempo da final é outro jogo, tudo pode acontecer. Eu tenho minhas convicções que vou passar ao amigo.

Primeira. Botelho não dá. Botelho é mau marcador, se o Fla tivesse investido mais sobre o seu setor, Léo Moura avançado um pouco mais, a viola já estaria em cacos. Neste aspecto tivemos sorte. Penso que Mancini tem que improvisar na esquerda, colocar ali bom marcador, alguém que faça o simples, deixe Botelho no banco, caso a coisa engrossar, precisando atacante, deixa entrar.

Segunda. A saída de Everton pode mudar muito o ataque do Atlético e se revelar positiva. Temos que jogar menos vertical, mais lateral. A investida vertical em velocidade sobre a defesa do Flamengo só aproxima o atacante do defensor com mais rapidez, facilita a retomada da bola. Maranhão entrou e foi na mesma balada, perdeu a bola, deu contra-ataque. O avanço de Zezinho, por favor, deixem o Zezinho jogar no ataque, pode permitir a troca de passes na frente da área, obrigar o movimento dos zagueiros, permitir a bola tocada para o atacante.

Terceira. Marcelo tem que jogar sobre os zagueiros. Marcelo pela ponta ultrapassa e cruza mal. Pelo meio incomoda todo mundo, sofre faltas, chuta de fora, tem rendimento muito superior.

Quarta. O cruzamento longo nas costas do zagueiro dá resultado, tem que ser mais explorado.

Quinta. Baier tem que acertar as paradas frontais à área. Está atrasando bolas para Felipe. Ou acerta a cabeça de atacante, ou vai para a área cabecear.

Sexta. Éderson tem que acordar, sua chegada rápida na bola cruzada, antecipando o marcador, sempre foi seu forte. Está chegando atrasado, eu sei, os zagueiros jogam, mas ele tem que estar mais atento. É final.

Sétima. O ataque tem que se movimentar, alternar posições, criar problemas para o marcador. Dellatorre parado na ponta esquerda, Marcelo na direita, são agrados para os defensores.

Oitava. Posse de bola. Controlar o jogo irrita a torcida, cria a expectativa de derrota. O jogo longo já provou não dar certo contra o Fla, vamos trocar passes.

Cansei você amigo? Você discorda? Tudo bem, é só livre pensar, pensar pode. Se Mancini fizer tudo ao contrário e a vitória vier, vou esperar no aeroporto.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

DEPENAR O URUBU

O meu pré-jogo preocupa. O Atlético está mais mexido na defesa, a entrada de Botelho pela esquerda, há muito tempo fora, e o deslocamento de Juninho para a direita me inquietam. O Flamengo tem Felipe no gol, voltando precocemente de cirurgia, pode ser problema, o restante da equipe repete escalações anteriores, fez um primeiro tempo defensivo contra o São Paulo no domingo, deve entrar em campo com o mesmo pensamento. A torcida vai no “Olê! Olê!... Olê! Olê!”, o Furacão está na boca do túnel, eu afasto minha ansiedade e vou junto com o foguetório.

O jogo começa com o Fla com melhor marcação no meio de campo, melhor desarme e ataca forçando com Luiz Antônio pela direita, Paulinho chutando de fora, aos sete escanteio pega Chicão livre nas costas de Botelho, errar no lance conhecido é pracabar.

Everton é o motor do Atlético, joga pelos dois lados, Baier está bem marcado por Amaral, Marcelo joga por todo o ataque, o time se mexe bem, aos nove acontece o primeiro cruzamento atleticano sobre a área. Aos dezesseis Marcelo escapa pela esquerda, Léo Moura chega forte e leva amarelo. Um minuto depois, Baier em um toque coloca Marcelo livre para o chute de fora, sai a bomba, gol do papa-léguas.

 O Atlético não aproveita o êxito, não pressiona, Botelho ganha seu amarelo, Carlos Eduardo joga nas suas costas, a defesa encolhe demais dentro da área, abre-se um espaço para a finalização. Pouco demora e Amaral se descola de Baier, recebe livre na intermediária, caminha na direção do gol sem marcação, solta a bomba, o gol que o Flamengo queria aconteceu.

O Flamengo perde André Santos e Chicão por contusão, mesmo com os desfalques o primeiro tempo acabou ao gosto do Urubu, mais tranquilo, a missão cumprida.

A segunda fase mostraria um Atlético pressionando, exigindo defesas importantes de Felipe, com seu flanco esquerdo sempre explorado, Luiz Antônio e Léo Moura perderam boas chances de matar o jogo pelo lado. Mancini tirou Botelho, colocou Dellatorre, Zezinho ocupou a lateral e ganhamos um ponta esquerda, Baier deu lugar a Maranhão, voltou Zezinho para o meio, Ciro substituiu Éderson, nada funcionou.

Vivemos um segundo tempo entre marcar e sofrer o gol definitivo. O empate acabou sendo bom resultado. A tranquilidade do Flamengo fez a diferença. Sólido na defesa, fazendo poucas faltas defensivas, saindo nos contra-ataques sempre com perigo, pouco incomodou Weverton, mas fez o gol necessário, tirou Everton da decisão, arrumou-se para o jogo em casa.

Tivemos em nosso flanco esquerdo e no distanciamento entre defesa e ataque fontes constantes de preocupação. De positivo, a grande atuação de Marcelo, enquanto rodou pelo ataque incomodou uma barbaridade. Com a entrada de Dellatorre estacionou na direita e perdeu força.

Mancini sabe que nada está perdido, nada de procurar culpados. O jogo na Maracanã é outra história. Primeiro temos que ganhar do Náutico. Depois, fazendo o simples, vamos para o Rio, jogar de sangue doce, depenar o Urubu.

LEVANTAR, LUTAR E VENCER

Os jogadores preparam-se para entrar em campo, os pensamentos focados nas ordens passadas pelo seu Vavá, e o vento traz pelo túnel em efervescência o canto da torcida ardente: “Vamos lutar... Por mais esta taça... Vamos, rubro-negro, com garra e com raça!” São milhares de vozes, milhares de caveiras entoando o cântico que empurrará o Furacão à vitória por noventa minutos.

Inegável a força da torcida nas grandes decisões. Reconhecida no Brasil afora a força da torcida atleticana. Hoje serão dezesseis mil fanáticos a lotar a Vila Caldeirão, motivar os guerreiros rubro-negros à vitória. Não vai ser por falta de grito, por falta de caveira assombrando o espetáculo que iremos para o Rio sem vantagem.

Tenho minha opinião sólida de que títulos são ganhos em casa. Saindo de Curitiba na frente, os urubus podem povoar o Maracanã, dar rasantes sobre a grama histórica, de nada adiantará, o renovado Maraca servirá apenas de palco para nossa grande conquista.

Talvez por isso, o vovô Jayme tenha pensado em armar um 352, com Samir na zaga em lugar de Luiz Antônio, fortalecendo a defesa, garantindo maior liberdade para o avanço de Léo Moura e André Santos, seus principais jogadores ao lado de Elias. Treinando em Porto Alegre, no Olímpico, pode ter sido bafejado pelas ideias do seu Renato, um dos que ficaram pelo caminho.

Em Copa do Brasil, o gol fora é o objetivo de todo visitante. O Fla passou o Cruzeiro se valendo do peso do gol marcado em Minas, carimbou sua passagem para a final ganhando do Goiás no Serra Dourada. Vem a Curitiba para marcar um gol. Daí a possibilidade do 352. Pode começar com a formação das últimas partidas, mudar para segurar resultado, ou marcar o gol imprescindível. O jogo dirá.

O Atlético tem que estar atento a tudo. Jogar futebol, sem jogar fica impossível, bloquear a experiência flamenguista, ter seriedade absoluta na defesa, fazer um jogo ofensivo de grande movimentação, aproximar Baier da área, facilitando as assistências, as faltas de alto risco para Paulo Victor. Deixa o Amaral bater ali pertinho da cozinha.

Cuidado especial com a disciplina. O Fla irritou Hugo do Goiás, o armador perdeu a cabeça, o time das esmeraldas perdeu o foco, perdeu o jogo. A indisciplina já afastou Léo dos dois jogos da final. Que pare por aí.

Amigo velho todo dia me lembra da arbitragem. Quando se fala em arbitragem deve-se lembrar de árbitro e assistentes. A França, que foi à Copa da África ajudada pela mão indecente de Henry, virá ao Brasil graças ao assistente que não assinalou impedimento escandaloso. A tropa é de amargar rosa dos ventos afora, tem uma quedinha pelos chamados grandes. Pelo menos o árbitro não um desses inimigos declarados, boa sorte a ele.

Boa sorte a todos nós atleticanos de fé. Hoje, com grito e um batalhão de caveiras assombraremos a Vila Caldeirão, com garra e com raça colocaremos a mão na taça. Sou daqueles que odeiam assistir jogo em pé, mas hoje é dia de levantar, lutar e vencer.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

CLARO QUE SIM

Faltam horas para a final que vai colocar o Furacão na lista dos campeões da Copa do Brasil. O atleticano não pode pensar diferente, nada pode tirar-lhe o ânimo, cada um se agarra com seu santo, pede para o seu protetor, prepara a garganta e vai para a Vila Caldeirão “gritaaaaar campeão”. Tudo vai dar certo.

O Urubu vem com a camisa do Zico, do Junior, embalagem de primeira, o produto de inspiração pouco condizente com o passado é que me conforta. Já vi o time dos hoje grisalhos perderem para o Furacão de dois a zero no primeiro tempo lá em 1983, por desistirmos de jogar o segundo não fomos à final do Brasileiro daquele ano. Já se vai longe o tempo em que éramos pequenos.

O Urubu tomou de 4 do Furacão no Maraca, o Mano pediu o Boné, Elias correu para fazê-lo desistir, não conseguiu. O time estava jogado nas costas do novo treinador do Timão, ele que ganhasse. Saindo o bom salário, o responsável, reuniram-se os urubuzinhos e decidiram jogar, abraçar o vovô Jayme e correr atrás da bola. Mano fez um favor ao Flamengo.

O time do vovô Jayme joga com Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Luiz Antônio, Amaral e Elias; Carlos Eduardo; Hernane e Paulinho. O amigo viu aí alguém com direito a camisa da seleção? Sinalizam pra a volta de Felipe no gol, com dores musculares Amaral é dúvida.

O Fla defende com as tradicionais duas linhas de quatro, a segunda com Luiz Antônio pela direita, Elias e Amaral centralizados, Paulinho pela esquerda. Amaral vai acompanhar Baier de perto. Carlos Eduardo e Hernane incomodam a saída de bola, ultrapassados abandonam, ficam à espera do contragolpe.

Sai para o jogo pelas laterais, ou pelo centro buscando Elias. Quando complica, Chicão arrisca um lançamento longo para Hernane fazer pivô ou conseguir uma falta na frente da área. Elias e os laterais são chaves no processo.

Ataca acumulando jogadores pelos lados. Pela direita Léo Moura, Luiz Antônio, Carlos Eduardo. Pela esquerda André Santos, Paulinho, Carlos Eduardo, por vezes até Hernane. Dentro da área, para finalizar, quem não está envolvido no lance pelo flanco, Hernane puxa a fila. O brocador é finalizador de primeira, se esperar que ele mate, arrume para chutar, vai buscar dentro da rede. Ou bloqueia logo, ou vai ver o feioso dançar.

Escanteios vão para Wallace e Chicão. Wallace é muito eficiente dentro da área. Tem que cuidar. Nas bolas paradas laterais, Chicão entra no segundo pau para cabecear para Wallace dentro da pequena área. Atenção máxima. As faltas diretas são para Chicão usar a má colocação do goleiro, ou toque lateral para Luiz Antônio finalizar na força.

Contra-ataca com Paulinho pela esquerda, bota velocidade no lance, ou com Carlos Eduardo, lento, mais para segurar a bola e esperar a ultrapassagem dos companheiros.

A experiência está com Elias, Léo Moura e André Santos, comandam o time. Se não funcionarem, fica para a criatividade de Paulinho, a estrela de Hernane. O time tem conjunto, está de braços dados com o vovô Jayme. Dá para ganhar? Se o Furacão voltar, claro que sim.