quinta-feira, 30 de maio de 2013

É PRECISO VENCER

O atleticano está se programando para passar o sábado na simpática Joinville, onde começamos na série B em 2012 com importante vitória sobre o time da casa, um 4 a 1 que me fez sonhar com um ano de facilidades. Ledo engano. Mas vamos lá, restam só cinco lugares no ônibus, na van tem lugar para um último fanático, quem se habilita, Nhô Drub está dizendo que agora vai.

Vi o Urubu jogar poucas vezes, algumas somente partes de partida em que meu interesse repousava no seu adversário. Dessas tiro minhas conclusões táticas, que vou passar ao amigo, com todo direito A desconfiar.

A ave defende com as duas linhas abaixo, fica no ataque apenas Marcelo Moreno. A marcação é aproximada com forte ação sobre o receptor da bola. É tranco, pé procurando bola, braço empurrando, deu mole fica no chão, o urubu sai com a redondoca e o juiz manda seguir.

Felipe

Leo Moura          Renato Santos      González            Ramon

Gabriel          Elias          Luiz Antonio       Renato Abreu           Rafinha

Marcelo Moreno

O jeito é fazer o que o Atlético faz, movimentar os atacantes, sair da marcação, jogar com velocidade, fazer o passe no ponto futuro, colocar o atacante para correr, obrigar o defensor a perseguir, fazer falta por trás. Ficou parado esperando a bola não vai jogar, é melhor passar o sábado com a família.

Ataca com o apoio eficiente dos dois laterais, os volantes Elias e Renato Abreu avançam, Gabriel vira ponta direita daqueles de entrar driblando dentro da área, o bicho é atrevido, a penalidade é um dos objetivos, Marcelo Moreno é o centroavante fixo, Rafinha joga preferencialmente pela esquerda, mas pode aparecer em todo o ataque. É outro driblador com liberdade para ousar. O time realiza o esforço ofensivo pelos dois lados do campo, as jogadas centrais são pouco frequentes. Para quem gosta da fotografia do esquema, aqui está.

  Leo Moura                                                                                                      Ramon

Elias                 Renato Abreu       

Gabriel                                                                                  Rafinha

Marcelo Moreno

Um empate na despedida do Neymar em 0 a 0 e a derrota para a Ponte Preta são os resultados do Mengão até agora.

O torcedor rubro-negro do Rio está mais que desanimado, olha para o time e não vê nada das glórias do passado, da turma Zico, Adílio, Leandro e Junior. Amigo carioca já entregou a partida, diz que o Atlético vai conquistar seus primeiros três pontos.

Eu não acredito em três pontos sem luta, sem muita seriedade, sem comprometimento com os objetivos traçados. Acho que os jogadores estão comprometidos. Tomara esteja certo. Só para manter a calma em início de campanha, é preciso vencer.

O CONSERTO É PARA ONTEM

Foram quatro minutos de dificuldades na saída de bola e o jogo ficou bom para o Furacão. Mesmo saindo para o ataque com a bola longa, o Atlético conseguiu o domínio, manter a iniciativa, trocar passes no gramado em péssimo estado, movimentar seus atacantes, criar oportunidades de gol.

Com João Paulo avançado, vértice de todas as jogadas, e Deivid recuado, a segurança da defesa, o Atlético caminhava bem. O Cruzeiro pouco incomodava, com os laterais bloqueados forçava as jogadas individuais em busca das faltas nas proximidades da área.

O domínio pouco demorou a dar lucro. Felipe tocou para o meio da área e encontrou Botelho livre na marca do pênalti. O chute com a perna ruim colocou a bola na rede. No meu cebola, 7 minutos. Agora é ter calma, manter a posse de bola, forçar pela direita, o lado escolhido por Nhô Drub para atacar.

Assim foi e, aos 28, Manoel fez seu segundo gol no Brasileiro. Falta batida por João Paulo, o capitão completou de cabeça. Se já estava bom, com dois a zero era só segurar na defesa, continuar assustando no ataque. 

Tudo ia bem quando aos 43, em escanteio pela esquerda, a bola pipocou dentro da área, Dedé tocou fraco e ela foi irritante para o fundo do gol. Que hora! Podíamos ter seguido para o vestiário com placar ótimo. Não deu. O gol fortaleceria o ânimo da Raposa, a motivação para o segundo tempo fora conseguida em campo, Marcelo Oliveira poderia economizar sua prosa.

Sai a bola, o recuo para o zagueiro, o lançamento longo, Manoel divide o cabeceio, a irritante se oferece entre Cleberson e Derlei, um atrapalho, a danada sobra para Luan fuzilar no canto. Quatorze segundos e o jogo estava empatado. Todo o esforço, todo o bom futebol de 43 minutos foram inúteis. 

A partir do gol foram seis minutos de horror, o Cruzeiro andou para virar, o desequilíbrio só acabou com o cabeceio de Borges livre nas mãos de Weverton.

Os técnicos trabalharam. Douglas Coutinho entrou no lugar de Everton, Ricardo Goulart substituiu Borges contundido. A partir daí o jogo ficou aberto, mais para pelada em campo ruim, os dois times perderam gols, cansaram, a sorte em um lance isolado poderia ter dado a vitória a qualquer das equipes.

Nhô Drub ainda tiraria Éderson para colocar Marcelo pela direita, compondo o ataque com Marcão pelo meio e Coutinho pela esquerda. Neste momento, Felipe já estava agonizante, João Paulo enfiado entre os zagueiros, mesmo assim, aos 28, Felipe passou a Marcelo aberto na entrada da área, o papa-léguas bateu forte, Fábio defendeu, no rebote Marcelo finalizou novamente sobre a barreira humana, um passe para companheiro livre e a vitória poderia ter acontecido.

A fome é problema do ataque atleticano. Éderson chuta todas que caem em seus pés, Marcelo poderia ter passado. O jogo é coletivo, como diria Neném Prancha, “quem pede tem preferência, quem se desloca recebe”, e eu acrescento, quem livre suplica na frente do gol tem que receber. O grupo está acima do jogador.

O Atlético tomou dois gols em dois minutos contra o América de Natal, dois contra os reservas do Flu, dois contra a Raposa, um deles relâmpago. A média é alta. Definitivamente, a fome na sala de jantar atrapalha, mas o problema real está na cozinha. Tudo tem conserto. Necessário é entender que o período dos jogos-treino acabou, agora valem três pontos, o conserto é para ontem.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A PENA DE MORTE

Hoje o Furacão vai tentar caçar a Raposa, fazer o bichinho simpático voar pelos ares, conquistar os três pontos tão necessários nesta fase do Brasileiro anterior à Copa das Confederações. Ontem, o amigo ensimesmado com o resultado em Macaé circulava pela casa inspecionando o tempo pela janela, na terrível dúvida do vou, não vou?

Levantou hoje com a claridade entrando pelas frestas da persiana, espiou a manhã curitibana e descobriu o dia lindo. Decidido como um César às margens do Rubicão disparou confiante: Eu vou!

Deve ir. Além da necessidade do apoio, o atleticano poderá ver um Furacão que pelo menos tenta ser moderno. O time que jogou em Macaé mostrou qualidades, o longo período de treinamento deixou marcas positivas.

Diminuindo a distância entre a primeira linha de defesa e a posição dos atacantes, o time joga compacto, os jogadores próximos têm facilidade para a troca de passes, a movimentação constante desorienta a defesa adversária, as finalizações acontecem, tudo conforme o manual da modernidade, sem desprezar o drible, a jogada individual.

Aquele que desejar carimbar o Atlético com um esquema tradicional tipo 4-4-2 terá dificuldades, tantos e tão inesperados são os deslocamentos dos rubro-negros. O ataque me fez lembrar o movimento browniano das partículas em choque que aprendi lá na minha juventude. Tudo se move, muda de direção, se choca, mas não lembra o caos do fenômeno físico, tem um objetivo, a finalização sobre o gol adversário. O ataque é boa surpresa.

Infelizmente, impossível atacar os noventa minutos. O adversário joga, ataca, tem pretensões. Então, a compactação observada lá frente tem que acontecer também atrás da linha do meio de campo. Aí o movimento browniano não funciona. A defesa é o lugar de guardar posições, cuidar das coberturas, virou buscapé, saiu da quarta zaga para marcar na lateral, a brecha se abre, todo o sistema fica comprometido.

Ter liberdade no ataque é fácil, ter disciplina na defesa é complicado, até por que o bom do jogo é atacar, dá uma vontade danada de ir lá na frente tentar um golzinho.  Resistir à tentação de ser herói e humildemente cumprir a servil missão de proteger é função para os 300 de Esparta.

Aí é que o bicho pega no Furacão. Nossa defesa não consegue recompor as duas linhas de quatro com rapidez e de forma organizada. Os defensores se cruzam dentro da área, o zagueiro é visto na lateral, o lateral ficou lá na frente, o central avançou demais, o socorro tarda, o atacante aparece livre na cara do gol, olha o gol, gol que obriga a atacar mais, se expor ainda mais. É um círculo vicioso.

Eu diria que o Furacão está com meio caminho andado, o ataque funciona, vai fazer gols, falta acertar a defesa. Estou certo de que Nhô Drub sabe como resolver o problema, transformar nossos defensores em soldados do rei, calmos, decididos, disciplinados, fortes mentalmente, conscientes de que salvar um gol vale tanto quanto o ato do comemorado artilheiro.

Para dar certo, ficar 100% moderno, virar time com jeito internacional, o valor que Nhô Drub tem que cobrar é a disciplina tática. No Brasil varonil dos craques que tudo sabem, tudo resolvem, é quase como impor a pena de morte.

terça-feira, 28 de maio de 2013

FANTÁSTICO APOIO

Vamos torcedor, voltemos a habilitar smarts, correr pelos campos Brasil afora, tentar empurrar o Furacão. É o que se pode fazer, ninguém pode exigir mais de você. Nem tempo para respirar o amigo tem, foi dormir chateado após a derrota domingo à noite, amanheceu pensando na quarta-feira, às 15 horas no campo em que tivemos a melhor vitória do ano. Vai ver dá sorte novamente.

O adversário é o Cruzeiro que estava há doze jogos invicto quando perdeu para o Galo a primeira partida da final do campeonato Mineiro, um três a zero convincente, muito em decorrência da expulsão do zagueiro Bruno Rodrigo ainda no começo do segundo tempo. A vitória levou o time do Ronaldinho Gaúcho ao título mesmo perdendo a decisiva no Mineirão.

Daquele jogo para cá o time estrelado recebeu Dedé, defensor vascaíno com passagem pela seleção. Os demais jogadores permanecem os mesmos. O goleirão Fábio, este faz milagre, é eterno em baixo dos três paus.

A primeira linha de defesa tem Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo e Egídio. Os dois laterais vão muito ao ataque, Ceará mais pelo lado do campo, Egídio pode cair pelo meio na jogada individual. Os zagueiros são ótimos cabeceadores, incomodam nas bolas paradas ofensivas, salvam nas defensivas.

A segunda linha de defesa tem Everton Ribeiro pela direita, Nilton, Leandro Guerreiro e Diego Souza centralizados, e Dagoberto pela esquerda, este sem muito engajamento. Na frente, Borges atrapalha a saída de bola. Todos voltam, há clareza nos posicionamentos, as coberturas acontecem, sempre tem um último homem para marcar o atacante mais atrevido. É simples, funciona bem.

O time ataca com Everton Ribeiro pela direita, Diego Souza pelo meio, Dagoberto pela esquerda, onde sempre gostou de jogar, Borges entre os zagueiros. Os laterais se alternam no ataque, o volante Nilton chega para ajudar. São sete homens na frente, um 3-1 com apoio dos laterais e volante.

Contra o Goiás exagerou nos gols de bola parada, foram quatro, três de cabeça, dois de Nilton, um de Bruno Rodrigo, Dedé ficou devendo. O campeão da série B ainda deve estar procurando o caminho de casa.

A Raposa sorrateira vem para deixar o Furacão atacar e sair no contra-ataque, usar a velocidade de Dagoberto, forçar as jogadas pelos lados, conseguir faltas e escanteios.

Acha que vai ser difícil? Claro que vai, o indigesto aperitivo no Moacyrzão já mostrou o nível dos convidados para o banquete. Quem vai resolver o enrosco? O esforço titânico dos jogadores – eu acredito no ânimo da equipe –, um sentimento de que na Boqueixada tudo dá certo e, é claro, o seu fantástico apoio.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

UM POUCO DE CARINHO

Fluminense 2 x Atlético 1

Que não se perca a real perspectiva do jogo, o Atlético perdeu para os reservas do Fluminense. Com todas as chances para arrancar bem no Brasileiro, perdeu. Jogou bem, teve volume de jogo, movimentação, finalizou mais, Berna fez grandes defesas, mas no final da pelada, contra um misto de reservas e garotos catados em Xerem, diminuta torcida a favor do tricolor, o placar mostrava a vitória do Flu. Não aproveitamos. A pergunta é: por que perdeu?

Perdeu porque a defesa falhou nos poucos momentos em que foi atacada. No primeiro gol, mal posicionada, a bola foi lançada nas costas de Manoel, Cleberson chegou dando um carrinho maluco dentro da área, pênalti claro. No segundo, João Paulo marcou tudo menos o cruzamento de Sobis que foi encontrar o atacante livre no meio da área. Aí a diferença. Em quatro ou cinco lances que o Flu chegou ao ataque, fez dois gols, o raio caiu duas vezes no mesmo lugar.

O mau posicionamento defensivo é falha de cabelos brancos. Toda criança torcedora do Ceará, do Criciúma, do Guarani sabe que o Atlético avança sua defesa em linha, a bola longa é mortal. Alguns erros irritam pela repetição continuada, todo mundo sabe e eles voltam a acontecer. No final da série B resolveram deixar o Deivid um pouco mais atrás para fazer a cobertura, parece que esqueceram, só para me aborrecer.

Inacreditável foi a pavorosa partida de Pedro Botelho. O jogador errou tudo na defesa, no ataque, no meio de campo, toda vez que tocou na bola fez uma bobagem. No ataque pegou umas quatro com liberdade para cruzar e não acertou sequer o meio da área. É bom colocar uma placa de perigo no setor.

Perigo maior é acreditar que fizemos um bom jogo, tivemos azar, merecíamos vencer. Vou repetir, o Atlético perdeu para os reservas do Fluminense. Temos que tirar luz do péssimo resultado. Subestimamos o adversário, fomos ao ataque, descuidamos da defesa e tomamos dois que não conseguimos reverter.

Não teremos mais nenhuma baba dessas pela frente. Ou entendemos o tamanho do nosso sapato, que evitar o gol é fundamental, que na defesa não se podem correr riscos, ou vamos sair de todos os jogos com o inútil discurso da injustiça. Se não entendermos que a longa pré-temporada não nos dá o direito de correr todo o nosso fôlego no primeiro tempo, que a bola tem que correr mais que o jogador, teremos muitas dificuldades.

O retorno para a primeira divisão foi dura lição. Tivemos ação na partida, chegamos ao ataque por todos os lados, finalizamos, inexistiu o desânimo, erramos na defesa, perdemos. Melhor pensar que foi outro daqueles horríveis jogos-treino contra times minúsculos, com resultados pífios.

Nhô Drub tem que equilibrar esse time, é o Campeonato Brasileiro série A, por ordem na defesa, foi seguro na cozinha e eficaz no ataque que seu companheiro Abel levou o Flu ao campeonato em 2012. Pelo jeito, a cartilha continua a mesma. O mineirinho tem três dias para recuperar o moral da equipe, faltam poucas horas para o jogo contra o Cruzeiro que meteu cinco no Goiás, deixou sua torcida encantada no Independência.

O Atlético fez bela homenagem ao seu torcedor no intervalo do jogo, mais do que justa. Pelo sofrimento que suporta, o torcedor merece um pouco de carinho.

domingo, 26 de maio de 2013

EU VOS PERDOO IRMÃOS

Em uma semana da nova novela da Globo todos os elementos da trama já foram colocados, os protagonistas já se beijaram, só falta a mocinha ficar sabendo que a menina que adora é sua filha e o casamento acontecer. Mais cinco dias e tudo poderia estar terminado. Nada, vamos aguentar mais seis a sete meses de encrenca para chegarmos ao final que todos conhecemos. Um caso de criatividade cansativa.

Ao contrário, o Campeonato Brasileiro que começou ontem tem tudo para ser um dos melhores dos últimos anos. Podem-se apontar os protagonistas, apostar num campeão, tentar adivinhar os que cairão, mas o que vai realmente acontecer ninguém sabe. A trama é urdida semana a semana, as surpresas acontecem, um mortinho renasce, um favorito fica pelo caminho, tudo vai se decidir nas últimas rodadas, o final feliz ninguém conhece. Haja tensão. Por isso eu vejo futebol.

Já na abertura, em quinze minutos, o Vitória fez dois a zero no Internacional que teve que suar para sair com o empate da Fonte Nova. O time voltando da série B quase ganhou do jamais caído, um dos elencos mais caros do Brasil. Um belo susto, um ótimo começo.

Em busca de belo iniciar de campanha, o Atlético vai jogar contra Fluminense que nunca imaginei. Segundo o noticiário, o Flu vai de Ricardo Berna, Wallace, Elivélton, Gum e Anderson; Diguinho, Fábio Braga, Eduardo e Felipe; Rafael Sobis e Samuel. Conhecidos Berna, Gum, Diguinho, Felipe e Sobis. É todo o time reserva do tricolor.

Sempre se pode criar expectativa negativa, achar ponto que possa beneficiar o time do zagueiro Abel Braga, mas, a bem da verdade, para o Atlético é oportunidade de ouro para arrancar com três pontos na carteira. Outra dessas nunca mais, óbvio, se o noticiado for expressão da verdade. Assim espero. Vamos Furacão, forte no ataque, seguro na defesa, um a zero basta.

Meus amigos, dez a zero é o placar na construção da Arena Joaquim Américo. Fui visitar a obra e fiquei maravilhado. Sábado, com os trabalhos a meia bomba, era serviço para todo lado. A arquibancada da Brasílio já no seu último lance, o apoio para o posicionamento da viga principal da cobertura já instalado, as partes da viga em meio ao campo esperando para serem içadas e parafusadas sobre o suporte, a última casa prestes a ser demolida, o estacionamento base para a futura areninha muito adiantado, irmãos rubro-negros é de cair o queixo.

Acho que nenhuma inveja é justificada, entretanto, tenho que reconhecer que perante a magnitude do que vi, da espetacular obra em progresso, toda dor de cotovelo demonstrada pelos menos aquinhoados deve ser pelo menos perdoada, não dá para se lançar os pecadores ao fogo do inferno, o perdão é obrigatório. 

A partir da visão magnífica, não ouvirei mais o resmungar dos decaídos no pecado como um insulto, serei um franciscano de sandálias rotas, para todos direi com voz dadivosa de confessionário, eu vos perdoo irmãos.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

ASSIM TÃO PELUDO

Acordo no meio da noite com um pesadelo horroroso, o filme com detalhes terríveis mostra a sexta-feira no calendário e estou me preparando para assistir o jogo do meu Furacão, o adversário o ASA de Arapiraca na abertura da série B. Levanto, tomo um copo d’água e fico me perguntando o porquê do sonho angustiante. Algo no dia anterior me causou a forte impressão causadora do acordar em calafrios. Penso e descubro.

A culpa foi do meu coração peludo. Lendo a notícia de que a torcida do Atlético era a quinta mais temida em pesquisa com jogadores das séries A e B, atrás apenas de Corinthians, Flamengo, Atlético MG e Grêmio, descubro que a Gralha furiosa aninhou-se junto às torcidas do Palmeiras, Avaí, Sport e Ceará. Imaginei que se os presidentes desses clubes se organizassem e fossem em conjunto à Wolkswagen poderiam conseguir bom desconto na aquisição de Kombis envenenadas para o futebol.

A minha maldade – o coração peludo jamais fica impune – e a recente e traumática passagem do Rubro-Negro pelas agruras da segundona conduziram meus pensamentos ao sonho que não desejo nem aos coritibanos. Por falar nos coxas, nenhum dos entrevistados citou a torcida do ramo das hortaliças, ficou atrás até das fanáticas torcidas do São Caetano e Portuguesa.

A conclusão é evidente. A idosa Bengala Azul do Adalberto Campanella causa mais temor que a imperial torcida coxa-branca. A conclusão não é maldosa, não é fruto do meu coração peludo, é estatisticamente verdadeira.

Sem base em qualquer estatística, apenas animada pelo meu sentimento de torcedor, minha expectativa para o jogo contra o Flu é cada vez mais otimista.

Botelho, que estreia na série A, diz de boca cheia: “Temos um time guerreiro que vai buscar seu espaço... Tivemos uma preparação muito boa e podemos mostrar que temos condições de chegar bem. Vamos demonstrar que somos um time forte”.

Ederson, outro a estrear na primeirona, vai na mesma toada: “A equipe do Fluminense é qualificada, mas estamos trabalhando forte e tratando os treinos como se fossem jogos para darmos o nosso melhor sempre".

Pela tom da entrevista, Nhô Drub fez seu dever de casa: "Venho assistindo os jogos dos nossos adversários desde o início do ano, mapeando e analisando os scouts das equipes. O Fluminense deve mudar algumas peças do time que jogou ontem [quarta-feira], na Libertadores, mas estamos bem preparados para tudo que possa ocorrer no domingo".

O discurso está afinado. Seu Moracy dos trotes e flexões diz que em termos de preparação física tudo foi feito, o time está tinindo, esta última semana foi apenas de lapidação. Além de tudo isso, o Atlético tem história, não é a primeira vez que vai enfrentar o Flu, Marcelo já fez gol no tricolor no Maracanã quando tinha 17 anos. Tenho que estar confiante.

Antes de terminar, dou um pulo no site e vejo o placar do jogo no treme-treme: Coritiba 1 x Naça Mata Tetra 0. Jogo encerrado. Não deu para o mentalmente forte Alex. O coxa ficou pelo caminho. Confesso que meu deu dó, afinal, sou uma alma piedosa, meu coração não é assim tão peludo.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

TEMOS QUE APROVEITAR

Na última reunião do conselho do Atlético, convocado para aprovar o estupendo balanço de 2012, respondendo a perguntas sobre a Arena o Presidente Petraglia deu notícia sobre o Itaquerão, a doação feita pelo governo do PT ao Corinthians. Discorreu sobre os banheiros em granito, os pisos em mármore, um acabamento babilônico. Qual seria o diferencial da nossa espartana Arena em relação ao campo dos manos: o teto retrátil assegurou o Presidente.

Assim, passei longe das notícias divulgadas assinalando a possibilidade da construção da Arena sem a cobertura prometida. Como nas redes sociais o tema “tampa do caldeirão” ganhou espaço demasiado resolvi consultar minha fonte instalada no olho do Furacão.

– Com tampa ou sem tampa? – Foi a pergunta simples.

– Com tampa. Como prometido. – O pessoal da dor de cotovelo que vá se acostumando. Ano que vem estarão comprando ingresso para ver show internacional na Arena. Vão entrar cabisbaixos, tímidos, pouco a pouco irão se soltando, em meia hora estarão maravilhados, soltando a franga no caldeirão.

Quem soltou a franga no twitter foi o senõr Escudero, zagueiro do coirmão alviverde. O argentino depois de tomar um baile no 3 a 1, ter feito todas as maldades no 2 a 2, perdeu sua elegância porteña, caiu del topetito mantido a muito laquê e desancou os atleticanos, imaginou que a torcida rubro-negra tinha o mesmo apelido da palmeirense. 

O resultado foi delicioso. Tomou 360 dias de suspensão. O Coritiba não devia reclamar, teve sorte, contar com Escudero na defesa é ter uma canaleta expressa de uso exclusivo para atacantes adversários. A verdadeira punição para o coxa seria garantir condição de jogo ao castelhano.

Nem todo mundo se dá bem com castelhanos. O Fluminense enfrentou o Olímpia em São Januário e saiu com o empate indesejado. O time paraguaio se fechou na defesa, bloqueou o avanço dos laterais, forçou os operários Rhayner e Wellinton Nem a jogar pelo meio, fez muitas faltas longe da grande área e conseguiu levar para Assunção o resultado que queria.

Somente o chute de fora de Jean e algumas ações de pivô de Fred, que se descola do marcador e toca a companheiro entrando livre pelo meio da defesa, tiveram algum sucesso. Abel Braga vai ter que economizar forças contra o Atlético para enfrentar a dura partida no Defensores Del Chaco.

Bom para o Furacão. Chance de começar o Brasileiro contra adversário de primeiro nível fragilizado pela circunstância, romper a linha de partida acumulando pontos difíceis de conquistar. Pode não ser lá grande coisa, o Flu tem elenco poderoso, mas é uma pitada de sorte, temos que aproveitar.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

MAIS DO QUE MPORTANTE

Confesso aos amigos que estou muito preocupado. O resultado do balanço financeiro do Atlético foi destaque nacional, está em sexto lugar no ranking das maiores receitas de 2012, deixou para trás Flamengo, Santos, Vasco, só para falar nos tais clubes de tradição.

Tem gente morrendo de inveja, sabem que este é só o começo, quando os dividendos da Arena começarem a cair na conta do Furacão as dores de cotovelo vão se acentuar, vai ser uma monumental epidemia de cotovelite, o Ministério da Saúde deveria desde já se preocupar em vacinar essa gente, evitar amputações de membros sem necessidade.

Se as finanças vão bem por que estou preocupado? Senhores, a madeira está pela hora da morte, o trabalho em marcenaria a peso de ouro, e os meninos não param de trazer taças para o Caju, quem é que vai pagar tanto armário para guardar os troféus chegando em contêineres lotados.

O Super-23 entrou no Paranaense à brinca e ganhou um turno, fez os coxas borrarem as bombachas na final. Desmontado foi para a Alemanha e se tornou bicampeão da Yokohama Cup nesta segunda-feira. No domingo o sub-15 levou o título do OSM’75 International Tournament, é madeira demais, armário demais, assim não tem receita que aguente, acabem logo essa Euro Tour 2013.

Ainda tem a Copa do Brasil e o Brasileiro pela frente com os titulares. Segundo o Moracy o time está na ponta dos cascos. Os jogos serão na Vila CAPanema, a torcida vai ajudar uma barbaridade. Os jogadores estão focados nas competições. Tem mais taça chegando.

Hoje o atleticano, que não cansa de comemorar, poderá assistir seu adversário de domingo na abertura do Brasileiro. O Fluminense joga contra o Olímpia em São Januário pela Libertadores. O time com Diego Cavalieri, Bruno, Digão, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean e Wágner; Wellington Nem, Rhayner e Fred deverá ser modificado para o jogo com o Furacão.

O rubro-negro ligado na telinha vai conhecer o esquema do Fluzão. Os dois laterais subindo com frequência, Edinho mais recuado, Jean aparecendo no ataque e finalizando de fora, Wellington Nem pela direita, Rhayner pela esquerda, ambos fortes na velocidade vertical, Wágner na transição, Fred entre os zagueiros para finalizar cruzamentos, fazer o pivô para os companheiros. De vez em quando um lançamento longo partindo na defesa na direção de Rhayner.

O time, que parece privilegiar o ataque, recompõe rapidamente para a posição defensiva, quem voa para o ataque, volta para defesa com a mesma celeridade. As jogadas ensaiadas fazem parte do cardápio, Digão e Euzébio estão sempre presentes na área, Carlinhos fica no primeiro pau para raspadinha, Jean na cabeça da área para a finalização na surpresa.

O time para domingo deve mudar, a filosofia de jogo deve ser a mesma. Troca Fred por Sobis, Wágner por Felipe, mais um ou dois do time de baixo e a batalha de Macaé vai ser dureza.

O Atlético vai assistir o jogo na poltrona, descansando, vendo detalhes, procurando brechas, fechando passagens. Para a primeira e decisiva vitória é passo mais do que importante.

terça-feira, 21 de maio de 2013

A TORCIDA DO ATLÉTICO

As imagens da depredação de bancos pelo nordeste são de arrepiar. Assustados com a possibilidade do fim do repasse dos recursos do Bolsa Família multidões correram para as agências bancárias e detonaram o que viram pela frente. A imagem nigeriana mostra claramente a força política da doação escancarada, basta um sussurro que o adversário vai acabar com a leiteria e a eleição estará ganha.

Para vencer, a oposição terá que assegurar claramente o continuísmo e criar novas fórmulas de derramar recursos, quem sabe o bolsa dentadura – já existe? –, o bolsa alpercata, o bolsa motel, afinal sexo é direito universal, faz parte da vida de pobres e ricos. Se vier com aquela história de ensinar a pescar, não passa do primeiro turno.

Os clubes de futebol já seguiram esse caminho, financiaram torcidas, deram ingressos, facilitaram viagens, criaram monstros que até hoje assombram os centros de treinamento, espalham a violência nos estádios, determinam a mobilização de centenas de policiais para o atendimento de simples partida de futebol. O perigo é a criatura fortalecida, com sobrepeso evidente voltar-se contra o criador.

O amigo vai dizer que este é um mal espalhado pelo mundo todo, os hooligans ingleses, arruaceiros no idioma nativo, seriam o melhor exemplo. Na terra da Baronesa Thatcher, onde não tem lanche grátis, os desordeiros atormentaram o país e a Europa. Hoje estão sob controle do cassetete do leão britânico. 

Acontece que no Brasil, alimentado o monstro, imaginado o direito, ele se torna cláusula pétrea, pobre daquele que tentar impor o desmame, de santo carregado em andor passa a Judas no dia seguinte.

O coritibano Alex andou traindo a plebe alviverde, botou a boca no trombone contra a ausência coxa. Disse o tiro certo: “No Atletiba saí triste porque (o estádio) estava vazio, cabiam mais seis, sete mil. O Couto Pereira tinha que estar estourando de gente, tinha que estar vazando para o lado de fora porque o último tetracampeonato foi na década de 70”.

Alex sabe das coisas, vem de estádios lotados para 80 mil lugares. Só não conseguiu entender o psicológico da final. O torcedor coxa tremeu, a possibilidade da derrota existia, ele não estava jogando nada, seria o vexame do século. Este o primeiro fator. O segundo a insegurança. Anos atrás a torcida do time do seu coração pôs o treme-treme abaixo quando da queda para a série B. Na dúvida sobre a vitória, frente à visão recente do quebra-quebra, melhor ver na TV. Os coxas depois de perderem o primeiro lugar no Estado ficaram perigosos.

No Atlético o perigo reside na absurda diferença entre suas principais torcidas. No 3 a 1 magnífico na Boqueixada, em meio à festa irrompe violenta e incompreensível  briga entre rubro-negros. Uma estupidez sem tamanho, a repetição feroz de fatos desagradáveis que se tornaram comuns dentro da própria Arena. O Campeonato Brasileiro está aí, os chefes de torcida tem que conversar, afastar os energúmenos de seus quadros, inútil desfraldar a bandeira da união se idiotas se engalfinham sob seus olhares.

Não sou contra as organizadas, acho que fazem parte da beleza do espetáculo futebol brasileiro. Entretanto, o controle externo de incumbência policial deve ser ligado ao interno de competência dos chefes de torcida. São responsabilidades que se somam, intimamente interligadas.

Voltando ao Alex, é bom alguém dizer ao camisa 10 que seu povo não é tão grande quanto ele imagina. O campo de que ele fala só bombou mesmo uma vez, e foi com a torcida do Atlético. 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

OBRIGADO BECKHAM

Após o almoço, do cafezinho encarregado de afugentar o sono, fiquei entre Corinthians e Santos, Atlético Mineiro e Cruzeiro. Já assistira o 3 a 0 que o Galo impôs ao time estrelado no domingo passado, um belo jogo, os amigos do Ronaldinho sobraram na partida. Optei pela final do Paulista na Vila Belmiro, o Santos obrigado a ganhar, a torcida em cima, promessa de muitos gols.

O bloco do “Neymar eu sozinho” até saiu na frente, permitiu o empate logo na sequência, sofreu contra o coletivo Timão e viu a festa corinthiana acontecer em seu próprio aquário. O Peixe parece que não treina, tem jogadores de nível técnico duvidoso, joga um futebol do tipo vamos ver no que é que dá, inexiste um esquema claramente definido, a única jogada trabalhada parece ser a bola parada que rendeu o gol de Cícero.

No Corinthians os jogadores conhecem seus papéis, cansaram de deixar os atacantes santistas em impedimento, cansaram de contra-atacar e perder gols na frente de Rafael, o gol do campeonato saiu de jogada central com troca de passes terminada em arremate de Danilo, os idosos sempre determinando a sorte das partidas.

O jogo fraco tecnicamente, faltas a cada minuto, pode ter sido a última apresentação de Neymar e Paulinho vestindo as camisas alvinegras que os consagraram. Saindo as duas estrelas o que sobra nos finalistas do Paulista?

No Santos fica a defesa veterana, Arouca e Cícero, nada mais de interessante, o time corre o risco de fazer péssima campanha no Brasileiro. O Peixe que revelava craques às pencas parece ter fechado as portas da divisão de base. No Corinthians fica o entrosamento, os disciplinados cumprindo à risca as ordens de Tite, a estrela de Danilo, o Pato promessa. Algum super craque? Penso que não. O esforço conjunto será o motor do Timão.

Nas duas equipes senti falta do craque menino. Não vi nenhum drible, nenhum grande lançamento, os dribles, a única bola enfiada com precisão saíram dos pés de Neymar. Acho que a formação dos times nacionais está privilegiando futebol que nada tem a ver com a história dos grandes jogadores brasileiros, dribladores, criativos, assistentes surpreendentes, matadores extraordinários.

O sub-15 do Furacão venceu neste domingo a OSM International Tournament na Holanda, o sub-23 atropelou na Yokohama Cup na Alemanha, venceu três de quatro partidas, empatou uma, fez onze gols, não sofreu, joga hoje a final contra o Viktoria Pilsen podendo se sagrar bicampeão do torneio.

Minha expectativa é que esses meninos viajantes sejam forçados a treinar fundamentos, matar a bola com carinho, passar com precisão, cabecear com direção, usar o drible como arma, cruzar na cabeça do companheiro, desarmar sem falta, jogar em velocidade. Os títulos no exterior lhes darão confiança, experiência, o perigo é que se achem prematuramente craques e esqueçam de polir seus chutes, de acreditar que o drible desmonta defesas.

Na entrevista de Beckham, o craque inglês que se despede do futebol no PSG, soube que o maior salário do futebol mundial é o primeiro a chegar e o último a sair dos treinamentos, sempre foi assim, desde os tempos em que menino foi escudeiro de Sir Alex Ferguson no Manchester United, outro que se despede. Meninos rubro-negros, esse é o verdadeiro exemplo a seguir. Só por isso, obrigado Beckham. 

sábado, 18 de maio de 2013

COM FORÇA E COM RAÇA

Domingo sem sol e sem futebol em Curitiba, céu cinzento, aquele friozinho de ficar em casa, esquecer a caminhada no Barigui, tomar um bom vinho, esperar a massa ficar “al dente” pensando no Campeonato Brasileiro a se iniciar já no próximo fim de semana, fazer prognósticos, imaginar o início do Furacão na mais importante competição nacional. É para ela que o time Rubro-Negro treina há quatro meses.

O Atlético larga contra o Fluminense em Macaé, 180 quilômetros longe das Laranjeiras, do Maracanã, do Engenhão, um estádio para 15 mil pessoas, distante da magnitude das grandes arenas inauguradas para a Copa das Confederações. Sabe-se lá como funciona a iluminação do estádio da “capital do petróleo brasileiro”, importante demais para jogo começando às seis e meia do entardecer na princesinha do Atlântico.

O Furacão de poucas contratações aposta na longa pré-temporada, no treinamento exaustivo para chegar à Libertadores, uma possibilidade real segundo Antônio Lopes, difícil de acreditar para a maioria dos atleticanos. A ausência de estrelas é a justificativa do pouco crédito às palavras do delegado. Os recém-chegados não animam, chegam para compor a equipe, robustecer o elenco, nenhum deles tem perspectiva de chegar e jogar.

O Fluminense joga com o Olímpia na quarta-feira pela Libertadores que o Atlético persegue e, conforme o resultado, pode entrar em campo com o time desfalcado de alguns de seus principais jogadores contra o Furacão, descansando-os para a batalha em Assunção já no meio da semana seguinte.

Thiago Neves, Deco e Michael, o primeiro por contusão, os dois outros pegos no antidoping estão fora da abertura do Brasileirão. Os três são hoje reservas no time carioca. Caso Abel Braga resolva economizar forças contra o Atlético, os substitutos não terão o mesmo nível de Wellinton Nem, Fred e Wagner. Bom para o Rubro-Negro.

O Furacão parece ter acordado no 6 a 2 contra o América de Natal. Mostrou entrosamento, Éverton e Felipe deram velocidade ao ataque que foi fazendo gols um atrás do outro. Sofreu dois em dois minutos de alta desatenção defensiva. A boa vitória foi importante após resultados pífios contra equipes de segundo nível.  Passei a acreditar um pouco mais, ainda longe dos sonhos do delegado.

Nhô Drub e seu time estão a sete dias de atravessar a linha de partida. O estudo do Fluminense já deve estar pronto há semanas, o treinamento conduzido conforme as características do tricolor campeão brasileiro de 2012.

É certo que o Atlético estará melhor fisicamente, a cabeça focada somente no Brasileiro, o campo de jogo será indiferente, a torcida da casa pouco deverá influir no andamento da partida, poucos devem ser os petroleiros torcedores do Flu. Dos vários aspectos que compõe o cenário para o lançamento da campanha 2013, o Atlético sai na frente em alguns deles.

A semana será longa para o ansioso torcedor rubro-negro saudoso de ver o Furacão na série A. Um bom jogo, a vitória possível e ele ganhará força para lotar a Vila CAPanema contra o Cruzeiro do amado Dagoberto. Vamos Nhô Drub, apura o petiço, vamos arrancar com força e com raça.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O NAÇA MATA TETRA

Perguntado sobre o modelo de padrão tático para a seleção brasileira, Felipão citou o Coritiba “que foi campeão dois dias atrás, jogando de forma muito compacta. Equipe consistente, com sistema tático que serve de referência para a seleção brasileira”. Podia dar o exemplo do Barcelona, do Bayern, da Juventus, do Borussia, escolheu o coxa.

O técnico Marquinhos Santos buscava informações sobre o Nacional quando tomou conhecimento da declaração do papa Felipe, que não é argentino mas é gaúcho, bem ali pertinho, e ficou emocionado.

A emoção tirou a atenção do jovem treinador, esqueceu detalhes do adversário e o tetra-campeão paranaense tomou de quatro em Manaus. A equipe consistente, compacta, entrou na dança do pajé, tomou uma bordunada histórica, foi pena para todos os lados. É isso que dá. A gente usa o Paranaense para treinar os meninos, eles se enchem de gás com o título, depois fazem o Estado passar vergonha.

Felipão fez de novo a aposta na família. Juntou a tropa e agora vai para a doutrinação, montar um time compacto, sem estrelas. O problema é exatamente este, a falta de estrelas. O Brasil só foi campeão do mundo contando com craques de primeira grandeza. Pelé, Garrincha, Didi, Gerson, Rivelino, Tostão, Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldinho Fenômeno. Na hora agá, o craque sempre decidiu. Hoje, fora de série só temos Neymar, que não tem resolvido nem no Santos.

Os convocados estão distribuídos por times do mundo inteiro, no máximo teremos dois jogadores de uma mesma equipe compondo a seleção, o que vai dificultar o entrosamento. Felipão vai ter que ajustar a equipe que já tem na cabeça em muito pouco tempo.

Uma primeira linha de quatro, dois volantes, Paulinho cumprindo o seu papel corinthiano, Lucas pela direita, Oscar centralizado, Neymar pela esquerda, Fred no comando do ataque. As peças ofensivas sabem cumprir suas missões, jogam assim em suas equipes, já é um bom começo, se o que imagino confere com o pensamento papal.

Eu sei, eu sei, o amigo acha que Oscar, Lucas, Thiago Silva, Paulinho e outros são super craques, Fred faz gols, bem arrumadinho, segurando na defesa, sendo eficiente no ataque, seguindo a cartilha Parreira 94 pode dar certo. È o que todos queremos, torcemos por isso.

Felipão espera que o torcedor coloque o time no colo, apoio patrioticamente, comportamento assegurado se o time mostrar serviço, se tiver uma “noite infeliz”, como o compacto Coritiba teve em Manaus, pode sofrer com a ira das arquibancadas.

Felipão pelo menos tem uma vantagem sobre o seu exemplo coritibano. Não tem que enfrentar a dolorida borduna do Naça mata tetra.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

BONS CONSELHOS

Saio de casa ali pelas seis da tarde, o congestionamento no pico e ligo o rádio na esperança de saber alguma notícia do meu Furacão. O amigo sabe que eu não gosto de rádio, ainda mais quando se trata de futebol, de futebol paranaense então evito o que posso, mas entre o cara empacado com o celular no ouvido, a serpente que corta para a direita, volta para a esquerda, e vou me surpreender com ela de novo ao meu lado no próximo sinal, dou uma chance à amplitude modulada da província, vai lá descubro um tema para escrever.

Vou dar um salto e chegar logo no aniversário do Matheus, seis anos, neto de rubro-negro de fé, filho de coxa, sabe o Senhor no que vai dar. Vai dar um grande homem, um homem de bem, isso é o que interessa. Lá encontro pai paranista que me aponta uma menina linda, sua filha, diz ele atleticana de quatro costados, puxou pela mãe, olha a mãe fazendo bem o seu trabalho.

Passo de imediato ao meu caloroso abraço rubro-negro, pergunto a ela sobre a final do campeonato e ouço a resposta maravilhosa: “Deixa para eles o ruralzão, é a Champions League deles.” Descubro que a menina não é só linda, é inteligente, tem bom humor, sabe dar a volta nas pequenas dificuldades, outra fadada ao sucesso. A torcida feminina mais bonita do Brasil não para de crescer.

Voltemos ao rádio. Alguém advoga a convocação de Ronaldinho Gaúcho para a seleção, justifica com Zé Roberto, fala do craque da década de setenta que saía das noitadas direto para o campo para decidir partidas. Desligo o rádio. “Já?”, pergunta a esposa. Balanço a cabeça negativamente e permaneço em silêncio.

Zé Roberto foi um craque. O amigo sabe onde foi parar? Quantas vezes serviu à seleção? Em que grande clube brasileiro jogou? Em quantos documentários sobre o fantástico futebol dos anos setenta apareceu? Quando parou? Por quem é lembrado?

Zé Roberto fez carreira no Coritiba e acabou no Atlético vítima de contusões. É um exemplo de raro talento natural e só. Ficou na história apenas pela capacidade de conseguir sair da noite para o campo e decidir. É um exemplo do que não fazer, a não ser seguido em momento algum.

Só falta candidato a craque ainda nas categorias de base ouvir e achar que pode beber todas, com algum talento vai ganhar a vida em futebol exigente de preparo físico exemplar, 12 quilômetros a correr por partida. Meus irmãos, tem idade para se aposentar, vive de saudades, tem dificuldade para entender os novos tempos, se aposenta, vai fazer palavras cruzadas, viajar, cuidar da saúde, fazer um curso de crochê.

Por falar em base, Santos, Léo, Rafael Zuchi, Marcos Guilherme, Zezinho, Crislan e Douglas Coutinho foram integrados ao grupo do time principal rubro-negro. O meu preferido, Hernani, viajou com o Hurricane International Super-23 em sua Euro Tour 2013. Hernani deve falar alemão, quem sabe holandês, vai ajudar como intérprete na excursão, inexiste outro motivo para o menino não estar disputando posição com Deivid, outra fera da base.

Para Hernani eu repetiria a frase dessa mocidade criativa que ouvi e gostei: “No fim tudo acaba bem, se ainda não acabou é por que o fim ainda não chegou”. Vamos menino, olho na bola, ouvido nos bons conselhos.

 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

POBRE COXEL

Para melhor enxergar o futebol do meu Furacão fui ao oftalmologista e estou com a pupila do tamanho de um pires, teclando J e vendo um H borrado na tela. A velhice é uma dureza. Quando vejo essas velhinhas serelepes dançando como raparigas em bailão, não acredito, acho impossível, penso ser montagem, coisa de computador. Mas vamos ao que interessa.

Semanas atrás vi o senhor Ministro dos Esportes defendendo a construção dos grandes estádios para a Copa do Mundo. Sem muita saída, apertado por todos os lados, apontou a usina de geração de energia a ser montada no teto retrátil da Baixada como um dos grandes benefícios advindos da realização do maior evento mundial no Brasil.

Bobão, outro defeito da velhice, fiquei louco de orgulhoso, a COPEL do meu Paraná e o Furacão do meu coração, dupla formidável ponteando o avanço tecnológico nacional.

O meu orgulho durou pouco. Ontem fiquei sabendo que a dobradinha ficou na propaganda. No Atletiba dentro da COPEL, venceu a COXEL. Uma solicitação atrás da outra, o Atlético aquiescendo a todas elas, cede aqui, uma nova exigência ali, o relógio correndo rápido, até que a exiguidade do tempo, a premência dos prazos determinou o impedimento do projeto, a COPEL correu do pau. O Ministro ficou sem sua bengala.

É bom lembrar que a COPEL dispõe dos recursos para a execução da obra, não o faz por incompetência, ou por falta de vontade, só para ser parco e ponderado nos adjetivos.

Então fico pensando, se a elite da província não consegue ultrapassar os limites da paixão clubística, como colocar a polícia contra o torcedor comum que nas ruas se engalfinha em defesa das cores da sua camisa. Se a mesquinhez prospera entre os altos funcionários da COPEL, como desejar a paz nas ruas.

Vou mais longe e pergunto, onde ficou o nosso Governador, o nosso Príncipe nesse processo? Meus amigos, temos que aprender a votar. Não tem ação de comando, é fraco, está a reboque dos seus subordinados, não conhece o que está acontecendo no seu reino, a criminalidade aumenta, troca-se o Príncipe, coloca-se outro no lugar. Esse rapaz me enganou.

Releio e percebo que cometi erro grave ao chamar de elite os potentados da COPEL. Elite vai muito além da cultura, do saber fazer contas, do ler e escrever, pressupõe honestidade, espírito público, prioridade para o bem comum, para o progresso, relevância para a grandeza do Estado. Desculpem, confundi.

Enfim amigos, com esse Governador, com esses fanzocas com poder de atrapalhar ligados no 220, pobres de nós, pobre Paraná, pobre COXEL

terça-feira, 14 de maio de 2013

JOIAS DA COROA DO REI

A grande pergunta da segunda-feira foi quem do Super-23 ascenderá ao time de Nhô Drub? Falou-se até em reunião coberta de sigilo em que se discutiria o caso nos seus mínimos detalhes. Se assim foi, o amanhecer desta terça-feira trará a alegria para uns, o empréstimo para outros, o continuísmo para os demais.

As três situações não implicam em desestímulo. Sobre a primeira nem se precisa falar, o sonho realizado. O empréstimo é ótima chance de recomeço, estágio importante para o retorno melhor condicionado ao CT do Caju. Os a permanecer na categoria têm calendário internacional, ganharão experiência sob os olhos atentos dos professores, estarão a um passo do time principal.

O torcedor tem sua opinião, que pouco deve diferir dos reunidos para a decisão capital. Afinal, assistiu esses meninos mourejarem por quatro meses, os acompanhou no pior e no melhor, vaiou e aplaudiu, escalou futuros ídolos, carimbou bilhetes de viagem, determinou o retorno ao criadouro. Vamos ao que penso.

Com retorno garantido ao time de Nhô Drub estão Santos, Renan Foguinho e Zezinho, a coluna vertebral do time do Prof. Berna. Já faziam parte do time em 2012, voltam ao convívio dos velhos companheiros. O curto contrato de Zezinho pode complicar seu retorno. Das novidades, Léo, já está lá, Hernani e Douglas Coutinho são apostas certas, Crislan vai para a segunda chamada, tem chance.

Entre os com direito a fazer sucesso em outras equipes estão Bruno Costa, Héracles e Edigar Junio. Particularmente, gosto do futebol de Edigar Junio. Acho o garoto bom finalizador, com boa movimentação, bom passe, estaria na minha lista de permanências, mas não acredito que esteja no rol do delegado.

Os demais vão ganhar experiência em casa. Hugo, Jean Felipe, Erwin, Zuchi, e Elivelton; Renato, Manteiga, Pelissari e Marcos Guilherme; Taiberson e Junior Barros serão a base do novo Super-23, viajarão para a Europa. É um bom time.

No limbo permanece Harrison, que achei um craque. Harrison é daqueles jogadores que não conseguem se impor ao adversário, ultrapassá-lo, frente à marcação toca para trás, quando impositivo é o jogo para frente. Incluo Héracles nesta mesma condição. Tivessem jogado betes quando crianças saberiam que três para trás entrega os betes, iriam dar as canelas aos zagueiros para subir.

Óbvio que Nhô Drub terá que colocar os meninos nas suas posições. Zezinho não pode jogar na frente dos zagueiros como no Atletiba, é armador, muito atrás, aos 15 do segundo tempo está com as meias abaixadas, o fôlego acabou. Coutinho não pode ser um assessor do lateral-esquerdo. Hernani deve ser melhor aproveitado infiltrando-se no ataque, onde é muito produtivo.

Neste futebol de cabeçudos, Hernani e Douglas Coutinho sabem driblar, passar e finalizar a gol. São pedras raras. Com um bom joalheiro a lhes martelar o corpo e a alma podem se tornar joias da coroa do rei.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

VALEU A PENA

Guindado à decisão pelo assalto perpetrado contra o Londrina, o Coritiba venceu e se tornou campeão paranaense. Quem viu o jogo sabe que pelos últimos noventa minutos da final com merecimento. Por que toda vitória coxa tem uma mancha?

Os meninos do Atlético jogaram muito, mas não conseguiram ameaçar o título alviverde. Fizeram o gol em lance de falta de sorte do goleiro coxa, sofreram o primeiro em azar de Héracles, o segundo em jogada mais do que manjada, de novo a sorte com a bola defendida sobrando no pé de Alex, o terceiro, outra vez o azar defensivo.

Falo em azar e tenho que lembrar as bolas na trave, as falhas de finalização coxa-branca na frente de Santos. Não dá para reclamar da sorte.

A arbitragem incompetente incomodou como sempre. Aos 36 minutos, em escanteio, Hernani é deslocado por trás dentro da área e sua senhoria manda seguir. Aos 34 do segundo, Gil dá carrinho criminoso em Edigar Junior e recebe amarelo. Minutos depois, expulsa Zezinho pelo mesmo motivo. Reclamar de árbitro é lugar comum, só me aborrece essa rapaziada nunca errar contra o Coritiba.

Enfim, não dá para lamentar a perda do que nunca se quis. Vamos falar mal do treinador, explicar a derrota, encontrar culpados, de que adiantaria?

Falar mal desses meninos seria pecado mortal.

Falar mal do treinador até daria, sempre se pode culpar o comandante, deve-se, entretanto, lembrar que ele conduziu esse time à final, chegou ao último jogo com chances de título, apresentou à torcida talentos, os valorizou, não venceu como não vencemos há muitos anos com gente muito mais experiente.

Falar mal do projeto impossível. Foi cumprido até o último segundo, trouxe benefícios imensos. O mais importante foi manter o Super-23 para a final, alguém poderia levantar que era o momento de colocar o primeiro time para jogar. Seria injustiça tremenda contra os meninos. Mantê-los nos dois jogos finais foi um prêmio às suas apresentações plenas de raça, um especial recordar dos velhos tempos do Furacão.    

Sem reclamações, sem lamentos, sigamos em frente. Com uma penca de piás fomos longe, demos um susto nos coxas – quem sabe quantas calças plásticas se borraram com o gol de Hernani –, as promessas foram apresentadas, quem vai deitar e rolar é o Nhô Drub.

O Super-23 segue em frente, tem compromissos internacionais a cumprir, levar ao mundo a força da formação rubro-negra. O Atlético dá as costas ao inevitável Paranaense e parte para as competições nacionais. Aos meninos parabéns, obrigado pelas grandes atuações, pela garra, pelo memorável 3 a 1 contra as alfaces, valeu só para ver a coxarada tremendo as duas últimas semanas.

Cabe agora ao time titular mostrar que todo esse esforço gigantesco valeu a pena.

domingo, 12 de maio de 2013

VAI DORMIR COM A DAPHNY

O amigo de tantas chuvas e trovoadas, menino de ouro, diz que receoso com a preocupação legítima do meu porteiro coxa foi ao treme-treme conversar com o principal atacante alviverde e ficou sabendo que as ervilhas estão preparadas. Se foi, tinha dúvidas. Continua: “Voltei mais calmo e acreditando que domingo faremos, enfim, um grande jogo e vamos fazer valer a nossa força dentro do Couto. É esperar para ver!!!” O filhote está preocupado.

Dono de um lar democrático, contou sua história à esposa atleticana da melhor qualidade e foi informado do seu destino cruel. Disse a estupenda rubro-negra, hoje justamente homenageada: “Você é corajoso mesmo...Se o coxa perder... Vai dormir no canil com a Daphny!!!”. Fico imaginando o tamanho da nossa lady Daphny e preocupado se haverá lugar para o amigo no solar no fundo do quintal.

Que o meu guerreiro de tantos perrengues é corajoso eu sei, e ele sabe que nessas horas é olho no olho. Se falou com Deivid viu que os olhos do atacante são as janelas da incerteza, os olhos de quem sabe fazer, porém, não arrasta ninguém ao furacão da batalha. Aí, o guerreiro sabe, de que adianta?

Se falou com Alex, falou com alguém mais preocupado do que ele, suas últimas atuações beiram ao deprimente. Alex desde seu tempo de sub-23 sofria de apagões, foram suas atuações vaga-lume que o afastaram da seleção, agora parece ter esquecido a bateria em casa, ou algum moleque lhe tirou o fio da tomada.

Quando leio o trecho “vamos fazer valer nossa força dentro do Couto”, lembro que pouco tenho falado da nossa maravilhosa torcida. Torcidas conheço muitas, a grande maioria tocada pelo time, resultado favorável, os refrões ecoam pelo estádio, as camisas giram no ar, toda uma corrente positiva entra em funcionamento. Time atrás no placar, silêncio, resmungos, vaias, discussões.

Esse não é o caso da torcida do Furacão. Lembro de Atletiba friorento ainda quando o treme-treme se chamava Belford Duarte, em que os coxas fizeram dois a zero no primeiro tempo e foram acuados por pouco mais de mil atleticanos insuperáveis nas suas capacidades de incentivar o time ao ataque, ao empate e à quase vitória nos minutos finais.

Saí daquele jogo orgulhoso. Toda a tensão imobilizante do mau resultado foi superada e transformada em estímulo poderoso, a demonstração estupenda emudeceu os alviverdes, foram quarenta e cinco minutos de emoção rubro-negra no campo e nas arquibancadas. De lá para cá essa torcida só cresceu em número e em força motivadora.

Vamos precisar de todo esse calor, um calor de noventa minutos sem titubeios. Preparem-se os tambores, os repiques, os instrumentos todos. Preparem-se as gargantas, esqueçam-se as ofensas, gritem-se os nomes, louvem-se os passes de três metros.

Os coxas já estão com a pulga atrás da orelha. Se conseguirmos configurar o link campo-arquibancada, o império emudecerá e tudo ficará mais fácil. Vamos torcedor, vamos meninos, uma força vinda de todos os cantos de Curitiba os acompanhará a cada minuto, suas mães esperam o presente para o final da tarde, elas merecem.

Antevendo a vitória, fico pensando no meu menino de ouro, imaginando que todas as chuvas, todas as madrugadas nevoentas, todos os frios pelos quais passamos irão ajudar. Se a esposa mantiver sua promessa, hoje ele vai dormir com a Daphny.

sábado, 11 de maio de 2013

FURACÃO NA CABEÇA

A pergunta está na cabeça de todos os jogadores coxas-brancas: “E se nós perdermos o título para essa piazada?” Se a pergunta foi verbalizada, ninguém sabe. Se ali num canto do Atuba um grupelho de jogadores discutiu o assunto, improvável que alguém tenha conhecimento. O assunto é tabu. Prefere-se valorizar o time rubro-negro, esquecer idades, no fundo, preparar as desculpas para a provável derrota.

O “avisem essa molecada, tem volta” do seu Rafinha ficou no aviso, a volta aconteceu e nada aconteceu. A verdade ficou claramente estabelecida, esses meninos estão correndo muito, um vacilo e o caneco toma o rumo da Baixada. Por isso, melhor valorizar o Super-23, ocorrido o maior vexame da história coxa, a base da desculpa estará pronta, bastará um “fizemos o nosso melhor, eles tiveram mais sorte” seguido de rápida corrida para o vestiário.

O torcedor alviverde nas redes sociais tirou o pé, somente os mais desbocados mantêm-se vociferando impropriedades, os menos primitivos, sempre é bom lembrar que os coxas também são seres humanos, recolheram-se às orações, estão nas igrejas, nas sinagogas, nas mesquitas pedindo a todos os santos e santas pelo empate salvador.

E eu fico imaginando um zero a zero aos quarenta e três minutos do segundo tempo, Douglas Coutinho recebe de Hernani na frente da área, toca Crislan, recebe de volta entre os zagueiros e manda o chute louco matador...

O som desaparece, a imagem entra em câmera lenta, a bola gira tão vagarosa que dá para ler as inscrições no couro machucado, milhares de bocas mudas estão abertas, o goleiro salta em desespero, vai alcançar, ninguém respira, o momento do encontro da luva com a bola se aproxima, a bola vai passar... Passou, passou, passou, passou, goooooooooollllllllllllllll do Furacão.

O médico é chamado nas arquibancadas para atender o seu Vilson, Rafinha se ajoelha com as mãos na cabeça, Alex coloca as mãos na cintura, Escudero fica com aquele olhar de vaca atolada que lhe é peculiar, o chororô começa soluçado, meninas desmaiam, alguém dá início a uma quebradeira.

No fundo do campo uma pilha de rubro-negros comemora o gol, nas arquibancadas os fanáticos deliram, um casal se beija apaixonadamente, um grito vai tomando conta do treme-treme: “Um, dois, três, freguês, do Super-23”. A festa começa nas ruas de Curitiba, as pizzarias reforçam seus estoques de tomate e azeitonas pretas, o crepúsculo avermelhado pelos últimos raios do sol é ponteado por enormes nuvens negras, rojões imensos disponibilizados pela natureza para comemorar a vitória magnífica.

“Vá sonhando, vá”, diz o coxa indignado com a minha premonição. O coxa está cheio de razão. Sonhar é bom, mas imprescindível o entendimento de que só com muito trabalho, dedicação de noventa minutos, serenidade franciscana e atenção a todos os detalhes, em todos os momentos, a vitória será alcançada. 

O jogo se ganha no campo, o sonho acompanha o deslizar do ônibus, mas não desembarca. Quem desembarca são os homens e suas forças individuais e coletivas, suas vontades superiores. O jogo é encontro de vontades. Por tudo que já vi, acho que a vontade dos nossos meninos será superior, eles terão mais gana, mais fé, mais arrojo ofensivo, mais segurança defensiva. Por isso eu acredito, é Furacão na cabeça.