terça-feira, 30 de outubro de 2012

SÁBADO TEM FINAL


Estou frente ao teclado, nas vésperas do jogo importante, esperando a inspiração movimentar meus dedos e nada. O batuque sem sentido faz jotas, emes, efes, eles, agás surgirem em conjuntos variados, sequencias farfalhantes que nada tem a ver com meu estado d’alma. Home, deleeeeeeeeete.

Em 2001, na imensa fila para comprar ingressos, fui entrevistado. Foi fácil afirmar minha certeza nas duas vitórias. Acompanhei o Atlético e seus adversários jogo a jogo, conhecia tudo de todos, conhecia todas as possibilidades do Atlético de Geninho, um time sem vulnerabilidades. Não foi o meu coração rubro-negro a predizer sucessos, foi meu conhecimento.

Naquele ano, tivesse um blog, a força da minha mente acionaria as teclas do computador sem a interferência dos necessários dedos. O texto vitorioso sairia por transmissão de pensamentos, lançados pela invencível força da fé, fundamentada no saber.

Pergunto-me. E se hoje, em igual fila, fosse eu perguntado sobre o resultado do jogo em São Caetano? Confesso carecer da mesma certeza.

A explicação é simples. Conheço o Atlético de cor e salteado, penso entender seu comandante, identifico força de vencedor no Rubro-negro. A razão principal para não afirmar a vitória é única, desconheço o São Caetano.

Vi um frágil São Caê contra o Barueri, assisti o oposto contra o Vitória. A saída do treinador parece ter mobilizado a equipe. Leão reclamou que o “cara” queria escalar o time, pelo jeito o tal “cara” escalou bem demais, ou o bicho cresceu barbaridade. Assim, não sei qual São Caetano vamos enfrentar.

O recurso da estatística nada ajuda, a reta final da série B já o comprovou exaustivamente. Certo é que o jogo será o eterno encontro de vontades, vencerá aquele vivo durante os noventa minutos, sem falhas na defesa, o gol procurado até o último segundo, Goiás e Criciúma apontam o caminho da classificação.

A super-vontade de Marcão, a persistência de Elias, a iluminação de Baier, a objetividade de Marcelo, a eficiência de João Paulo, a força do conjunto defensivo, a boa fase de Weverton em momento importante, o deslocamento da massa atleticana para São Caetano me fazem acreditar na vitória.

Se o conhecimento me impede de predizer o sucesso, o coração fala mais alto. O povo pode começar sua marcha para o Campanella. O Atlético tem um jeito de jogar, está fisicamente muito bem preparado, tem feito gols em todas as partidas, com a força da torcida a seu lado, vai dar.

Vamos torcedor, apronte sua mochila. Sábado tem final.

 

 

 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A BATALHA DO CAMPANELA


Assisti o 2 a 2 entre São Caetano e Barueri, vi nosso rival direto fazer péssima partida e me animei todo, ainda mais após o 2 a 0 em Salvador. O empate no meio da semana contra o bugre me colocou de farol baixo, voltei à luz alta com o igual resultado do time santificado no final da noite.

Leão caiu, a crise se instalou, só faltava o São Caê comprovar a tese do técnico novo e aprontar contra os baianos. Liguei a TV e estava lá na arte, Vitória 0 x São Caetano 1. Arrego. Volta o Atlético ao quinto lugar, à obrigação de ganhar.

Desconhecia o Guaratinguetá. Saído da zona do rebaixamento, ganhou moral, iria dar trabalho, às duas da tarde, no revezamento climático vivido pela cidade sorriso, dia de fazer sol, muito sol.

O calor assanhou as garças no começo do jogo. Aos 13 minutos Weverton tinha feito 4 defesas, aos 14 Marcão perdeu gol feito. Não faça isso Marcão.

O Guaratinguetá parou, o Atlético fugiu dos cruzamentos laterais, passou a entrar na área com Maranhão, Botelho, João Paulo, Marcelo, as finalizações frontais aconteceram com João Paulo e Elias, o gol sai não sai, difícil de sair. Aos 37, Marcelo cruzou da lateral e Elias cabeceou livre, no canto, um encanto. Gol para acalmar, ir para o vestiário ouvir o professor.

O jogo recomeçou e eu quero logo o segundo gol. Quero descansar, ultrapassar logo o São Caetano. Ricardo I, o coração de leão inglês, enfartaria com três peladas do Rubro-negro. Aos 9, Marcelo carimbou a trave. Aos 11, Maranhão e Elias incomodaram pela direita, o gol maracujá não sai.

Ali pelos 20, as garças voltaram ao ataque. Aos 26, o lance AVC. Renato Peixe recebeu livre, no Ecoestádio, ambiente mais que propício para o vertebrado aquático fazer a festa, Weverton salvou. A jogada é a de sempre, o atacante no meio dos zagueiros recebe o passe de um pivô livre. Dai-me forças para aguentar o que não posso mudar. Aos 31, o Guará chegou ao ápice ofensivo com 2 boas chances pela direita. Já estou de olhos fechados há dez minutos.

Baier substituiu Elias. O jogo acomodou, nada de muito importante, mas já dá para abrir um olho. Aos 37, Marcão passou a Marcelo livre, vai sair, bola na quiçaça. Tem sorte. No meu tempo de menino quem chutava na quiçaça tinha que ir buscar, voltava do mato riscado pelo espinheiro brabo.

Aos 42, Felipe recebeu de Marcelo, bola na trave, daí para os pés do iluminado Baier. Enfim, o gol maracujá. A segunda dose do calmante veio dois minutos depois. A roubada de bola por João Paulo, a assistência para Marcão fechar a conta. Marcão merece. Corre, rouba bola, assiste, tenta marcar a saída de bola de toda uma defesa, perde gol, merece pela luta incansável.

Temos uma semana para comemorar, descansar, conversar sobre o futuro do Atlético. Sábado a sorte será lançada, na mais terrível das batalhas, a batalha do Campanela.

sábado, 27 de outubro de 2012

POÇO DAS ALMAS


Em os Caçadores da Arca Perdida, o espectador descobre o horror que Indiana Jones tem de cobras ao vê-lo penetrar no poço das almas, onde milhares de peçonhentos ofídios se contorcem uns sobre os outros.

Para quem acompanha de perto a maratona em que o Atlético se empenha para dar a Curitiba a oportunidade de sediar uma Copa do Mundo, a comparação com o filme espetacular – criado por Lucas e dirigido por Spielberg – está longe do exagero. Curitiba é o moderno poço das almas.

Em meio à cidade atulhada de víboras prontas a impedir movimentos, expelir venenos contra os agentes do progresso, fugir aos serpenteios do cumprimento de compromissos publicamente assumidos, mentirosamente adotar postura moralizadora para criar entraves, segue o Rubro-negro lançando tochas, chicoteando as najas que se intrometem no caminho.

O atleticano e o curitibano devem ter consciência do momento. O Atlético é vítima de uma trama urdida em todos os escalões da sociedade nativa. Onde for necessária uma assinatura, haverá uma cascavel enrustida. Onde se necessitar um carimbo, uma coral sibilará em protesto.

Atacando em dois fronts completamente distintos, a obra estupenda e o retorno à primeira divisão, o Atlético está vulnerável a todo aquele desejoso de impedir seu desenvolvimento. Assim, tudo que se puder fazer para tumultuar, atrasar, lançar discórdia, será tentado, tudo com um ar de nobreza moral digno dos mafiosos da velha Chicago de Capone.

O Atleticano não pode acreditar no serpentário voltado para o seu enfraquecimento, ter dúvidas, atender ao covarde canto inimigo.

A Arena vai sair, será concluída, para o sofrimento dos tantos que hoje sibilam nas redações, nos corners das repartições públicas de todos os níveis.

O Atlético vai voltar à série A, vai ser difícil, nada é fácil para o Rubro-negro, mas ano que vem estaremos lá, de novo, entre os principais clubes do Brasil.

Temos que estar unidos, no campo, nas ruas, nas redes sociais, em todos os foros onde a voz do Furacão se precisar ouvir com o real tamanho da sua força e das suas tradições.

Amigo rubro-negro! Coloque seu chapéu de Indiana Jones e, onde ouvir um peçonhento denegrindo a instituição Atlético Paranaense, use sua palavra poderosa, chicote nele, expulse o filho de jararaca do seu caminho. Curitiba precisa deixar de ser esse tenebroso poço das almas.

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

DEFENDER O ATLÉTICO


Por dois anos fui diretor de colégio público sujeito a todas as licitações, tomadas de preço, expedição de cartas convite, todas essas cerimônias destinadas a possibilitar que os dinheiros que pagamos em impostos redundem no seu melhor aproveitamento.

O amigo quer saber qual a minha opinião sobre toda essa imensa burocracia? Se me dessem dinheiro vivo, eu compraria melhor e gastaria menos.

Vou para o exemplo mais rudimentar. Precisávamos adquirir bolas de futebol para o departamento de educação física. Fazia-se a tal tomada de preços e lá estavam as cotações, dentro da óbvia lei do mercado. As melhores, mais caras.

Os recursos exíguos, as necessidades sempre muito maiores que as disponibilidades, obrigavam à compra da mais barata. Resultado. Em duas semanas tínhamos à disposição das nossas crianças jabulanis depenadas, o lixo reciclável a única destinação possível.

Honorável conselheiro, fui à reunião, vi as cadeiras, fiz o necessário test drive e digo aos amigos: se os recursos disponíveis permitem a compra pelo maior preço, se outra fase da obra não será negligenciada pela falta dos mesmos, se desnecessário o atendimento à legislação inerente a recursos públicos, a cadeira da Kango é a escolha certa. Sem dúvida, a melhor.

Assim, dei o episódio cadeiras por encerrado, não só este conselheiro, 180 outros presentes à reunião, onde muito se falou sobre o senhor Cid, a origem de toda esta inquietude.

Fosse ali em meio à selva, entre o córrego insuspeito que te consome, a árvore caída que te obriga ao máximo esforço, a areia fina que rala a alma do guerreiro mais valente, eu diria que deveríamos esquecê-lo para as onças.

Minha preocupação passou a ser outra. A CAP/SA tem menos de quinze dias para que Governo do Estado e Prefeitura assinem os contratos que viabilizarão a liberação dos recursos pelo BNDES para a conclusão da Arena.

O Atlético é vítima do poder público. Para ponte estaiada, a custo de 94 milhões, quase o custo da Arena, a ser construída na Avenida das Torres, os recursos fluem amazônicos. O amigo, que já passou pela tal avenida, encontrou ali um rio de porte, um canyon profundo escavado pelo colorado, o time falecido nas imediações, a ser transposto por obra de tal porte? Claro que não,

A ponte faraônica é um desperdício monumental, uma inveja provinciana da paulistana ponte, um símbolo da mente obscura de nossos políticos, generosos com a desnecessidade, impolutos gerentes dos recursos destinados à obra geradora de imensos benefícios. Atacam o Atlético com vileza.

O atleticano tem que se mobilizar. Ir para o campo e para as ruas com a mesma força. Os inimigos estão à solta. Não se trata de defender o Petraglia, trata-se de defender Curitiba, trata-se de defender o Atlético.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

BOTA PONTA NHÔ DRUB


Velho é um bicho sofrido, leva no coração os bons momentos do passado, carrega no peito sombras desalentadoras. Em 2001, nas bocas das finais, precisando vencer, o Atlético perdia para o Guarani até os últimos minutos, empatou com gol de Rogério Correia. Um timaço, o futuro campeão brasileiro, esbarrando no bugre campineiro. Antes do jogo de ontem, contrário à euforia da torcida, era só do que eu lembrava.

O empate terrível confirmou meus sobressaltos. Não fosse a decadência do São Caetano, teríamos passado a noite fora do G4.

O Atlético foi o Atlético de tantos jogos estéreis. Quantas defesas fez o goleiro bugrino? Não mais que cinco. Eu diria quatro. Importantes? Uma, no chute de fora de João Paulo. O belíssimo arremate de Marcelo, indefensável, foi o gol Rubro-negro.

O mau rendimento pode ser creditado a um milhão de fatores. O time fez um jogo de vida ou morte no sábado, o gramado estava pesado, choveu o tempo todo, prejudicou o toque-toque, o Guarani foi defensivo os noventa minutos. Quem desejar aumentar o rol de dificuldades é só pegar a caneta.

Culpar céus e terras não leva a nada. Vou repetir, o Atlético foi mal, insistiu no jogo de cruzamentos laterais, que, bem sabemos, tem rendimento baixíssimo para o nosso caso. O amigo vai dizer, quando todo mundo quer jogada pelo lado, o Ivan é o único no mundo a botar defeito. É compreensível.

O Atlético fez, no mínimo, 25 cruzamentos sobre a área, um a cada 4 minutos. Dessa chuva nada resultou produtivo. Um cabeceio perigoso de Marcão, aos 30 do primeiro, após raspadinha de Marcelo em escanteio, foi o ápice desse bombardeio. É fácil entender, seis defensores tem tranquila superioridade aérea sobre um, dois atacantes.

As assistências pelo lado têm acontecido quando o atleticano penetra na área, obriga o movimento das coberturas e o atacante aparece livre. Assim aconteceu de Marcão para Marcelo, de Marcelo para Marcão. Entrar na área é fundamental.

O drible é fundamental. Onde estão os nossos dribladores. Descansando no Caju. Taiberson deve fazer treinamentos maravilhosos, é indiscutível promessa, mas não é jogador de lado de campo. Saci cai para o meio a todo instante, Marcelo já canta o hino com marcação. Sem ponta, sem alguém que drible, vamos para o chuveirinho, esperar que no bate-rebate sobre uma bola salvadora, um chute milagroso de João Paulo.

O Atlético sofre por que quer, tem elenco para resolver todas as situações. De todos os problemas enfrentados pelo Furacão, o juiz certamente não foi um deles. Ao final da pelada, estava lá o seu Petraglia argumentando com o “carecone”. Eu compreendo. Devia chamar o treinador no canto e falar: bota ponta Nhô Drub.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

DIA DE TORCER


Estou ainda encantado com a apresentação de sábado, vendo da minha janela os preparativos para mais uma torre vir abaixo e a minha caixa de e-mails sinaliza a chegada de mensagem. Corro olhar.

É o amigo dileto, sempre opinativo. O danado me cutuca. Diz ele: “nosso amigo Ivan, que sofreu com isso (a estatística), ficou na matemática, mas esqueceu que o Atlético é Atlético, tem histórico de campanhas de segundo turno muito melhores que de primeiro. kkkkkk”

Demoro para descobrir o k no teclado e descubro que ando rindo pouco.

Outra leitura a se fazer da simpática frase do amigo é que o Atlético é ruim de planejamento, começa sempre mal, tem que levar uma trombada no meio do caminho para então encontrar seu rumo.

O prezado amigo, do qual não revelo o nome por não ter tido tempo para pedir a necessária autorização, apresenta dados alentadores para a obtenção da quarta vaga pelo Atlético. O site Infobola dá 70% de chances para o Rubro-negro, o Chance de Gol, 79,9%.

No rendimento total do campeonato, só nesta rodada o Atlético passou o São Caetano, está com 59,13%, o time do santo com 58,06%. Nas últimas cinco rodadas, o Furacão teve um rendimento de 80%, o São Caê 53,3%. Na reta final, um está em ascensão, o outro perde força. A matemática é animadora.

O problema está na primeira frase do e-mail amigo: “duas semanas atrás as coisas eram muito diferentes, como pode? kkk”.

Eu vou pouco mais longe. Semanas atrás, o Chance de Gol dava o Joinville como dono da vaga, depois o São Caetano, agora nos glorifica. Futebol é momento.

Aí que mora o perigo. Um instante de euforia e a maionese pode desandar. Mal saímos do buraco e o torcedor já pensa em contratações para 2013, quer o planejamento feito o mais rápido possível, aquele, lembra.

Devagar com o andor que o santo é de barro. Se até sábado cada jogo era um jogo, o foco no inimigo da hora, nada mudou. Hoje tem Furacão, os três pontos continuam imprescindíveis, nada de cantar vitória antes do tempo. Vencer o Guarani derruba o moral dos adversários diretos, quebra a vontade de vencer.

Do e-mail carinhoso fica “o Atlético é o Atlético”, não o que ganha ou perde, mas aquele pelo qual temos amor, mesmo não sendo nosso, não sendo filho, nem pai, nem mãe, nem esposa, nem marido, apenas uma camisa santa, uma bandeira que optamos seguir por identificação que a tudo transcende.

Sai do racional para o emocional em dois segundos. Nada de emoções Ivan. Sonhos se realizam com trabalho. E você parado aí? Vamos, vá para o campo, hoje é um dia como outro qualquer, o Furacão precisa de você, é dia de torcer.

sábado, 20 de outubro de 2012

UMA NOITE DE PIPOCA


Eram vinte minutos do segundo tempo e os baianos começaram a subir as escadarias do Barradão, ir para casa, afinal, o Atlético ganhava de dois a zero, o berimbau estava em cacos, as festas de sábado na elétrica Salvador estavam sendo preparadas, Olodum, Margareth Menezes, algum trio na Pituba, melhor ir tomar um bom banho de cheiro, se preparar para pipocar a noite toda. O Vitória já está na primeira divisão, para que sofrer? Melhor para o Furacão.

O Vitória tinha seus trunfos para ganhar do Atlético, continuar na luta pelo campeonato. O jogo pela esquerda com Gilson, Willian, Pedro Ken, a bola aérea para as torres gêmeas Elton e Willian, a presença desses dois atacantes próximos da área.

Carpegiani ajudou, deixou William no banco. Diminuiu o poder aéreo, a ação coordenada pela esquerda, a ação de pivô de Willian. Azar o dele.

Nhô Drub usou seus antídotos contra os venenos baianos. Manteve Marcelo avançado na esquerda, bloqueando o avanço de Gilson, marcou Pedro Ken sem dar chances para o ex-coxa. Faltava anular a bola aérea. Aí coube a Weverton fazer sua melhor partida no Atlético. O Vitória forçou pela direita, cruzou dezenas de bolas, o moicano cortou todas, uma atuação impecável, nota 10.

Seguro na defesa, o Furacão teve dificuldades para chegar ao ataque. Passe de Maranhão para Deivid, finalizado para fora, cruzamento de Marcelo na cabeça de Marcão, três faltas, uma delas com Elias na trave, outra bem cabeceada por Cleberson, foram as preocupações do torcedor do Vitória no primeiro tempo. Comparando-se eficiências, o Atlético esteve mais perto do gol.

Essa eficiência se materializou logo aos dois do segundo. Henrique passou a Elias na frente da área, o dez tirou dois e finalizou de direita. Gol do Furacão. Onze minutos, Botelho expulso, Carpegiani coloca William. Lá vêm as torres gêmeas.

Lá vai Elias, o passe para o papa-léguas, o cruzamento nos pés de Marcão, a bola carinhosa beija a trave e vai para as redes. Dezessete minutos.

Uma multidão de camisas 10 começou a subir a escadaria. O Atlético trocou passes, Tartá entrou para jogar pela esquerda, não funcionou, as torres gêmeas foram detonadas pelo avião moicano, o baiano tirou a maquiagem.

Elias, o construtor da vitória, Marcelo, um tático que fez assistência decisiva, Deivid e João Paulo, pilares na frente da área, Henrique, o onipresente, foram destaques num time de destaques. Hoje, o mas, sempre presente, vai descansar.

Quem merece um descanso é o Nhô Drub. Já o perturbei demais. O Atlético fez grande partida, chegou ao G4, firme. O mineiro merece uma noite de pipoca.

 

 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

DAMOS O TROCO


Terminada a rodada, nenhuma modificação na tabela. Como disse, a batalha é psicológica, vai conseguir a vaga quem persistir, não desistir, se obstinar. É a lei do mais forte física e psicologicamente.

Gato escaldado já havia desistido de ver jogos de adversários, tentar descobrir fragilidades nos esquemas inimigos. Não resisti e dei uma olhada em Vitória e ASA de Arapiraca.

O rubro-negro baiano é um time aéreo, voltado para servir suas torres gêmeas, William e Elton no comando do ataque. Força pela esquerda com o lateral Gilson, Pedro Ken e o próprio Willian. Pedro Ken serve de pivô para a ultrapassagem de Gilson. Aberta a possibilidade de cruzamento, a bola é alçada na área. Pela direita o cruzamento parte do lateral Nino Paraíba, sempre no ataque.

O jogo pelos lados do campo promove um show aéreo, maximizado por inúmeros escanteios resultantes da ação individual dos ponteiros.

A surpresa fica para os lançamentos longos destinados a Marquinhos entrando na área. A defesa se preocupa com as torres e Marquinhos se infiltra livre. Tem que cuidar.

O esforço aéreo não conseguiu chegar às redes. Aos 12 do segundo, a torcida já começava a vaiar, Carpegiani fez duas alterações. Entraram Artur Maia e Willie, nos lugares de Michel, volante, e Marquinhos. Ken veio jogar mais atrás. Aos 18 o Vitória marcou. Bola para Willian de pivô pelo meio, livrou-se do zagueiro e serviu Elton entrando pela esquerda. O jogo terrestre foi mais eficiente.

Já nos descontos, a bola longa, aquela para Marquinhos, foi endereçada a Willie que entrou livre e acabou a pelada.

O ASA jogou todo recuado e marcou Pedro Ken individualmente. Teve duas boas chances em jogadas individuais pela esquerda sobre o zagueiro Josué. Os laterais vão muito, deixam espaços pelos lados. Michel, o volante pela direita, é o que mais avança, o setor fica desprotegido. O zagueiro esquerdo Vitor Ramos foi vetado pelo DM, entra Gabriel Paulista. A zaga perde eficiência.

O time aposta em três vulnerabilidades do Atlético. O jogo pelo lado esquerdo, em que os avanços de Maranhão, Manoel e Deivid deixam espaço tremendo, a bola aérea e a presença de dois atacantes, vide América MG. É bom saber antes, usar antídotos para os venenos. Vamos Nhô Drub!

O Furacão tem que aproveitar a subida dos laterais, usar o papa-léguas Marcelo, ter no banco jogadores de velocidade. Eu levaria Ricardinho e Edigar Junio.

No mais é segurar a pressão inicial, bloquear os laterais, impor seu jogo de toque, jogar no ataque sem descuidar da defesa, insistir, não desistir, se obstinar. O Vitória ganhou aqui. Com paciência e contundência, damos o troco.

 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

HOLZMANN É UM LOBO


Paz no campo. Resolveu-se o problema da reforma agrária no Brasil? Colocaram o Stédile na cadeia, finalmente? Não irmãos, o Atlético que vive turbulências aflitivas na urbana Curitiba de lobos e raposas, em campo venceu com facilidade, deu-me uma tarde tranquila. Meu coração em pandarecos precisava.

O Rubro-negro tomou conta do jogo desde o primeiro minuto. Alugou meio campo, viveu no ataque, João Paulo e Baier conduziram as ações, os atacantes marcaram, a expulsão de Jefferson Maranhão aos 36 do 1º tempo facilitou.

O amigo quer saber a diferença entre Baier e Elias? É simples. Baier é mais vertical, joga na direção do gol, mesmo de costas enfia bolas com precisão para os atacantes. Elias é mais lateral, às vezes parece garçon de Botelho, quando de frente para o gol normalmente tenta o arremate. Elias é ótimo jogador, imprescindível, precisa ser mais vertical, mais assistente.

Vamos ao exemplo. Marcão vem buscar pela ponta esquerda, avança, toca a Henrique, Henrique a Baier, um toque a Marcão livre, o cruzamento perfeito, gol de Marcelo. Fácil não?

Vida mansa. Tudo vai bem. Maranhão no ataque, o Avaí contra-ataca pela esquerda, Manoel dá o bote, perde, lançamento no vazio, Saci sai para cobrir lá na direita, é driblado, cruzamento, gol do time azul. Inacreditável. Um ataque, um gol. Inacreditável. Foi-se a minha tranquilidade.

Quando Manoel vai entender que é zagueiro? O velho Abel Braga, zagueirão da melhor qualidade, avisa: só se dá o bote se for para ganhar, se não der, volta e espera, o atacante vai ter que passar por ali. Manoel avança, é lento no retorno, deixa um buraco atrás. Garante o resultado e depois vai brincar no ataque, como fez aos 40, dando belo passe a Ligüera.

Nhô Drub deve providenciar urgente a cobertura para a subida de Maranhão. Maranhão, Deivid e Manoel no campo de ataque, ao mesmo tempo, é suicídio.

Voltemos a Baier, a outro exemplo. Meleca feita, a bola chega ao velhinho no meio campo, um toque para João Paulo, o chute longo, golaço. Voltemos à rede, à vida mansa, à água de coco, como eu gosto de quem sabe jogar.

A vitória deve muito ao trabalho da dupla Mar-Mar. Marcelo fez o primeiro gol em passe de Marcão e retribuiu com três assistências para o atacante. A primeira para belo cabeceio bem defendido, a segunda na primeira trave, a finalização para fora, a terceira para o gol do artilheiro. A luta de Marcão merecia sucesso.

Nhô Drub tomou coragem, fez substituições ofensivas, manteve o Atlético no ataque e venceu. Está aprendendo. Acabado o jogo, suponho que incentivado pelo Holzmann, aparece Petraglia sorridente para fotos e imagens. Se minha suposição é correta, o prezado Holzmann é um lobo.  

 

 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

SOPRÁ-LAS AO VENTO


Tem gente que ganha uma grana preta com futebol acreditando que a quarta vaga será conquistada por equipe que fizer 61 pontos. Nem com a guarda em forma.

Os rendimentos das 6 equipes primeiras classificadas é muito alto, o número mágico certamente será ultrapassado com facilidade. Baseado no rendimento no campeonato – 28 rodadas –, podemos chegar às seguintes pontuações ao final da série B:

Criciúma (70,1%) – 80 pontos        Vitória (68,9%) – 79 pontos

Goiás (66,7%) – 76 pontos              São Caetano (60,9%) – 69 pontos

Atlético (59,8%) – 68 pontos          Joinville (56,3%) – 64 pontos

Se computarmos os rendimentos das mesmas equipes nas cinco últimas rodadas, apostando na tendência para a reta final, a situação fica ainda mais preocupante. Vejamos:

Criciúma (100%) – 88 pontos         Goiás (80%) – 80 pontos

Vitória (46,7%) – 73 pontos            São Caetano (66,7%) – 71 pontos

Atlético (60%) – 68 pontos             Joinville (40%) – 60 pontos

A estatística para o Atlético só reforça a obrigação de ganhar.

A rodada anterior foi boa, nos aproximamos do São Caetano, ficamos a apenas um ponto na classificação. Poderia ter sido melhor, tivesse o coelho segurado o empate contra o Goiás.

O Goiás dá o bom exemplo. Empatando, coloca atacantes em campo, máximo esforço 90 minutos. Como diz o velho ditado, o jogo só acaba quando termina.

O Atlético fez sua parte em Natal. Venceu, se aproximou, ficou em condições de dar o bote no time do Anacleto Campanela. Tem que vencer o Avaí, esperar tropeços, se eles não acontecerem, manter distâncias. A batalha é psicológica.

Nhô Drub entendeu a necessidade de vencer. O amigo vai dizer que estou louco, lembrar que o treinador conseguiu sua décima vitória em 14 jogos no comando do Furacão. É verdade, mas ainda é pouco. O nosso atraso era muito grande, com exceção do Vitória, os times da frente cada vez aceleram mais.

O empate do São Caetano foi uma colherada cavalar de Biotônico Fontoura no meu espírito deprimido com tantas más notícias. O site Chance de Gol já prevê o Atlético com chances superiores ao time do santo. Fé em Nostradamus.

O torcedor tem que focar seu apoio na equipe. Os problemas da nova Baixada serão resolvidos. Se não está ao seu alcance lavar as camisas, pode muito bem soprá-las ao vento. 

sábado, 13 de outubro de 2012

11 DE OUTUBRO


A caixa de mensagens entupiu, não se fala em outro assunto desde o 11 de outubro. O senhor Cid Campelo acusa o presidente Mario Celso Petragia de privilegiar filho e cunhado nas obras da Arena. O amigo deve saber todos os detalhes, não vou me estender sobre assunto pegajoso.

O que acho? Acho que reunião do conselho deliberativo deve ser agendada imediatamente. A assinatura dos conselheiros está na nota oficial do Atlético. Eles devem ser informados oficialmente. Decidiram pelo gerenciamento de Petraglia, deram o aval para empréstimos, tem que dar o aval para todos os processos que possam atrasar ou dificultar o andamento das obras. É o que eu acho. Vamos para o jogo.

Vai ter que dar! Vai ter que dar! Deu.

O um a zero foi do tamanho do Maracanã. O jogo era duríssimo, a vitória importantíssima, mesmo com o clima turbulento, vencemos.

O jogo mostrou evoluções interessantes nas bolas paradas. Na defesa, Weverton resolveu sair nos escanteios. No ataque, os escanteios alternaram cruzamentos diretos sobre a área com jogadas ensaiadas, o que nos fez conseguir alguns cabeceios, nada com muito perigo, mas começamos a atingir a bola. Já é muito.

Outra evolução importante aconteceu no banco de reservas. Tínhamos no banco Ricardinho, Edigar Junio, Ligüera e Saci, reservas com velocidade, em condições de reverter placar adverso, de acordo com nossa necessidade de vitória, diferente do engessado banco de jogos anteriores, lento, com características muito defensivas.

A acomodação do jogo na metade do segundo tempo pode ser creditada à entrada de Saci aos 22, jogador que ajuda na marcação e chega à frente na individualidade. A substituição de Marcelo por Ricardinho, mantendo a força do ataque, a obrigação do cuidado com a defesa por parte do ABC, pode ter também contribuído para a manutenção do placar magnífico.

O amigo viu que eu disse pode. Ser definitivo seria puxar a brasa para a minha sardinha, já que há meses peço por drible e velocidade. Fato é que não sofremos gol, e o cabeceio do papa-léguas, em assistência de Henrique, nos encheu de esperanças.

Neste aspecto tenho que ar crédito a Nhô Drub. Sou contra a escalação de Henrique na lateral direita, prefiro um nativo da posição, eu teria escalado Gabriel Marques. A escolha do treinador deu mais do que certo. Parabéns.

Continuo achando a defesa em linha e muito avançada. No primeiro tempo o juiz deu três impedimentos, Weverton teve que sair três vezes à frente da marca do pênalti para cortar lançamentos, num deles errou o tempo da bola e quase saiu o gol do ABC. Weverton virou líbero. Preocupa-me, tanto quanto o 11 de outubro.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

SEM LAMENTOS


Ao fim da tarde calma e calorenta, jovens caveiras trocavam pensamentos, o que melhor em Santa Catarina, São Caetano, empate, Joinville, o que melhor na arena em sofrimento?

São Caetano não é Jorge, onde o cavalo, onde ficou a lança trespassante? Joinville não é o ninho de dragões em polvorosa, a voar sobre caveiras duvidosas. O duelo em si, tão importante, seria apenas de vontades, homens lutando por três simples pontos.

A vitória catarinense é bem melhor, dizia ela, o empate é tudo, ele falava, e eu a tudo ouvia querendo meter o meu bedelho, sem coragem de interromper atleticanos, tão jovens, tão profundos, nas suas previsões de um melhor mundo.

O santo não venceu, o Joinville a santa protegeu, e o empate, que do segundo era o melhor mundo, chegou a mim como fato consumado, para opinar, dizer o que pensava.

De nada adiante o tropicar do santo, se os que partem para o duro encontro, deixarem aqui o amor ao rubro-negro manto, que o peito açoda e transforma em santo.

Quem vai?

Lá vão Manoel e Cleberson das falhas e acertos contundentes, da salvação heroica ao erro repelente, no coração do torcedor só dois infantes, filhos de um povo, feliz, em tê-los defensores.

Lá vai Deivid, o pai menino, que a filha afaga no peito rubro-negro, menina linda sem saber ainda, ser pai guerreiro a lhe cobrir de beijos.

Lá vai seu Baier, o experiente velho, que aqui chegou prá resolver problemas, nos trouxe os gols dos últimos segundos, a esperança no escanteio renascida.

Lá vai Marcelo, o papa-léguas santo, a tudo atento na área do tormento, um segundo aqui, n’outro ali, na hora agá... marcando mais um tento.

Lá vai Elias que nos deixou de lado, mas cá está prá nos fazer felizes, destino frio a escrever destinos, sábio na escolha das horas e momentos.

Quem vai?

Vão tantos outros ao combate imenso, vamos todos nós nos nossos pensamentos, atleticanos todos a cantar os hinos, toda uma raça, com garra, sem lamentos.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

VAI TER QUE DAR


Após cálculos e recálculos, a minha estatística para o final da série B resultou em: Vitória 81 pontos; Criciúma 79; Goiás 75; São Caetano 71; Atlético 67; Joinville 65. Nessas condições, o Rubro-negro teria que fazer 23 pontos nas últimas dez rodadas, 7 vitórias e 2 empates, para dar a volta no São Cae.

O site CHANCE DE GOL coloca São Caetano com 42,3% de chances e Atlético com 38,0% lutando pela 4ª vaga. Meus números batem com Nostradamus.

Amigos, estamos novamente em batalha contra o São Caetano, um pouco atrás, quantos de nós já viram essa história. A eleição vai para o segundo turno.

A vitória contra o time do santo no Anacleto Campanela, de maravilhosas lembranças, é fundamental.

Os números mostram que só ganhar do São Caetano não basta, só ganhar em casa também não. Temos que ganhar nos quatro cantos do mundo, se um mundo redondo tem quatro cantos. O empate contra o coelho teria sido um desastre imenso, um fim de sonho a dez rodadas do final.

Hoje jogam Joinville e São Caetano na arena catarinense, nossos adversários diretos. A possibilidade de vitória do Joinville nos coloca em condições de acabar a rodada na quarta posição. Aí é que eu me pelo todo.

Rodadas atrás, o Paraná ganhou do São Caetano, fomos a Bragança para ganhar do time da terra na zona de rebaixamento, entrar em definitivo no G4 e perdemos inexplicavelmente.

Aí, o genro gente boa, querendo me dar um ânimo, diz do fundo do seu coração corinthiano: “esses jogos contra times lutando contra o rebaixamento são muito difíceis”. Escuto agradecido e me lembro da frase: “explica, mas não justifica”.

A diretoria, o Nhô Drub, os jogadores, todos têm que entender que a vitória contra o ABC é o único resultado. Poderia ser o Barcelona no Camp Nu, teríamos que jogar à morte.

Nem preleção precisa, nem psicólogo para mexer com o emocional do grupo. Tudo frescura, é entrar em campo e ganhar. O Atlético tem mais elenco que o ABC, jogou num forno de padeiro sábado passado, não é o calor de Natal que vai fazer diferença.

Não estou desmerecendo o time potiguar, colocaram mil dificuldades para o Vitória no Barradão, perderam pelo placar mínimo. Em Paranaguá, com as estreias de Saci, Maranhão e João Paulo, ganhamos de 2 a 1, o segundo gol em pênalti sobre Ligüera, o zagueiro Boaventura distribuiu carícias até ser expulso.

Vai ser uma dureza. É mais um jogo do ano. Vai ter que dar.

 

 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

SE FOGE ATÉ DA MORTE


Pesquisa não é predição do futuro, é apenas exercício estatístico destinado a apontar resultado mais provável. As pesquisas para a eleição de prefeito em Curitiba tiveram saldo bastante razoável. O crescimento na reta final do seu Gustavo já colocava em dúvida a presença do atual prefeito no 2º turno.

No futebol a estatística é um perigo. Bastaram três resultados expressivos e o Atlético se tornou o 3º ataque do campeonato. Bastaram três jornadas decepcionantes da defesa e caímos do primeiro para o sexto lugar, um baita tombo. Nos últimos quatro jogos, o Atlético marcou 10 e sofreu 10. Conclusão: tendo que atacar, a defesa fica vulnerável. Óbvio.

Acresça-se à obviedade, o nosso posicionamento defensivo linear e a vulnerabilidade à bola aérea. A bola subiu na área, bota o comprimido embaixo da língua. Sempre em linha, sem alguém na cobertura, quando o adversário consegue infiltrar jogador entre nossos zagueiros é um Deus nos acuda.

O avanço da zaga até a linha do meio de campo é convite ao desastre. Pode-se reclamar da arbitragem, mas o Atlético não pode reclamar dos auxiliares. Não fosse a boa marcação dos impedimentos a situação estaria ainda pior. Nhô Drub está longe de dar solução aos problemas.

Aliás, boas soluções parecem estar afastadas do cardápio do treinador. A constante troca do lateral-direito por atacante, ou volante, é um desrespeito à posição, uma das mais difíceis. Exige velocidade, o conhecimento do espaço, a defesa contra dois ou mais adversários, a iniciativa sempre a favor do atacante. O lado do campo odeia improviso. Com a palavra o doutrinador.

Autor de livro, um dia terei o prazer de ler a filosofia “drubsckyniana”, o mestre tem certeza de que a troca de atacantes por volantes é regra d’ouro para segurar resultados. No Atlético é motivo de enxaqueca, é gol certo... do adversário. A teoria a quilômetros da prática.

O amigo dirá: “vai entender, ontem foi só elogios, hoje é só no tornozelo”. O jogo heroico, épico, tem que ser visto com os olhos da paixão e da razão. A vitória memorável deve ser degustada como vinho francês, mas não apaga os erros claros, motivos da busca de urgentes soluções, repetidos treinamentos.

As dificuldades vão ensinando. A entrada de Baier ao lado de Elias já no início do 2º tempo, a colocação de Saci em campo, estranhamente como volante, são razões para acreditar que o raciocino pétreo está sofrendo abalos positivos.

O mais importante é ter sorte e isso Nhô Drub já provou que tem. Com sorte e bicho forte se foge até da morte.

domingo, 7 de outubro de 2012

TEMOS CHANCES


Faltam segundos para acabar, em jogo a esperança de retorno à série A. A bola sai em lateral, Botelho gesticula, quer cobrar rápido, cobra para Elias, o 10 avança, entra na área, manda a bomba, o goleiro defende, o zagueiro tira Marcão do lance, Elias recupera a redondoca, carrega para chutar de direita, corta o zagueiro, chuta de esquerda colocado, trave, retorno no goleiro, escapa...

acompanhando toda a ação de Elias vem Paulo Baier, ao trote, assistindo, um torcedor privilegiado. Para quem a bola escapou, procurou assanhada o pé direito abençoado pelos deuses da bola? Paulo Baier. Gooooooollllllll. Acabou o jogo do ano. Cinco a quatro. Paulo! Paulo! Paulo! É Paulo Baier!

O lance premiou duas das melhores atuações rubro-negras: Elias e Paulo Baier. Elias tocou o Furacão no primeiro tempo, papel que coube a Baier no segundo. Juntos em campo, por duas vezes Elias colocou Baier em boas condições dentro da área. Por que eu gosto de quem sabe jogar?

Inegável a boa atuação de Marcelo. Sofreu o pênalti e fez dois gols. O que eu posso querer mais? O papa-léguas acordado é um perigo.

Eu que já estava querendo ver Weverton no banco, devo reconhecer sua importância no segundo tempo. Esteve atento para antecipar-se a atacante livre, fez três defesas muito importantes, uma, aos 39, excepcional. Estava na hora de contribuir.  Hoje, o moicano lembrou anjos rubro-negros, como Caju, Picasso, Roberto, Rafael, Marola, Flávio, e tantos outros.

Pensando na história, impeli os jovens rubro-negros ao combate. “Quem são os escalados? Pouco interessa. Você torcerá pelas camisas, fará a sua parte. Dos times que lutam pelas quatro vagas, nossa verdadeira vantagem é você”.

Continuei: “Se da tragédia pode surgir algo de bom, da passagem do Atlético pela série B o grande ganho será o teu batismo de fogo, a tua identificação com o passado, aí, nestas últimas e decisivas rodadas, atrás do tambor, com amor. Vamos! O Atlético precisa de você guerreiro histórico”.

Os jovens rubro-negros estiveram à altura das tradições da nossa inesquecível torcida. Aplaudiram um time por três vezes atrás no placar, viram-no passar à frente, sofreram com o empate, mantiveram seu apoio e foram premiados com a vitória. Parabéns, estão batizados, estão na história. Contarão a seus filhos as idas e vindas deste jogo magnífico, exagerarão nas tintas e sons que envolveram as emoções dos seus últimos segundos.

Hoje, a máquina do tempo Ecoestádio reuniu o Atlético da raça com a torcida que nos manteve vivos por tantos anos. Esse é um binômio irresistível. Sempre que essas duas forças se uniram com tal empenho, milagres aconteceram. A história grita: temos chances.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ESTÁ NO TEU DNA


O torcedor atleticano é um forte. É histórico. Os títulos conquistados em espasmos de bravura, sorte nas contratações, basearam-se continuamente no apoio de apaixonados enrijecidos na dura lida dos reveses. As perdas nos minutos finais, no apito, na absoluta falta de sorte, jamais os afastaram do amor doentio pela camisa rubro-negra, muito pelo contrário, lhes deram a têmpera que fez o Atlético resistir por longos anos de imensas dificuldades.

A vida dos fanáticos melhorou em meados da década de noventa, teve um longo e merecido pico de felicidade entre 2001 e 2005, e voltou ao passado de durezas.

O milagre do início do século foi gerado pelo crescimento patrimonial, acompanhado com alegria pela torcida em êxtase, incrédula assistindo ao nascimento do CT do Caju, à inacreditável construção da Arena da Baixada. Nem se pode dizer que foram sonhos realizados, que atleticanos sonhavam com tantos benefícios e de tal ordem?

Do fim período de benesses restou o patrimônio, o nível. Quem não acredita ser o Atlético um time de primeira divisão? E o torcedor? E o historicamente forte?

Acostumado ao ciclo venturoso, aos poucos, o mal acostumado torcedor da nova geração foi se adaptando às dificuldades, ao cai não cai, caiu, e está sofrendo as agruras da segunda divisão. Se cair já era considerado impossível, não subir já em 2012 é intolerável. O jovem rubro-negro vive um pesadelo. O roteiro não incluía naufrágios e isolamentos. Os velhos tem que falar.

Jovem rubro-negro! A falta de fé não faz parte do teu DNA. O Atlético é o time da raça, da torcida guerreira, um povo tocado a tambor e amor. O momento não é bom, mas pode mudar, e o grande gerador da mudança é você.

Lá em 2001 era fácil. A bola entrava, o time ganhava e você dava espetáculo. O time embalava a Fanáticos, você acompanhava a organizada, era uma felicidade só. Hoje, como dantes, dantes lá atrás, o time não embala a torcida, cabe a ela embalar o time. É uma volta às origens, ao torcedor útil, necessário, você o décimo jogador.

Vamos lá, habilite seu smart, saia de casa, vá ajudar o Furacão. Quem são os escalados? Pouco interessa. Você torcerá pelas camisas, fará a sua parte. Dos times que lutam pelas quatro vagas, nossa verdadeira vantagem é você.

Se da tragédia pode surgir algo de bom, da passagem do Atlético pela série B o grande ganho será o teu batismo de fogo, a tua identificação com o passado, aí, nestas últimas e decisivas rodadas, atrás do tambor, com amor. Vamos! O Atlético precisa de você guerreiro histórico. Vamos! Você pode! Está no teu DNA.

 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ALGUÉM TEM ALGUMA DÚVIDA?


Fui dormir achando saber a conjugação do verbo tropeçar: eu tropeço, tu tropeças, ele tropeça... Acordei, coloquei no canal do futebol, esbarrei no “aguarde,carregando conteúdo interativo”, abriu, procurei os resultados apertando botões verdes e vermelhos e descobri, com dor no coração, que São Caetano e Goiás ganharam. Eu tropeço, tu não tropeças, ele não tropeça...

As esperanças da semana se foram na terça-feira. Restam as surpresas do sábado.

As minhas esperanças primeiras, tenho certeza, são óbitos prematuros. O Atlético deve jogar com Weverton, Daniel, Manoel, Cleberson, Botelho, Deivid, João Paulo, Elias, Henrique, Marcelo e Marcão. O amigo sabe que eu gostaria de jogadores como Saci, Ricardinho e Edigar Junio na equipe, pelo menos no banco de reservas. Alguém com coragem para entrar na área sempre é bom estar ao alcance de um aceno de mão. Fica para o próximo treinador.

Leio sobre os treinamentos e encontro alguma motivação. Ontem, finalização e bola aérea. Hoje, posse de bola, trabalho em campo reduzido.

Bola aérea o Atlético deveria treinar manhã, tarde e noite, todos os dias. No ataque e na defesa a bola parece desviar dos nossos atacantes e defensores. Acho um desperdício a subida dos nossos zagueiros para a tentativa de cabeceio nos escanteios e faltas indiretas. Se não acertam uma, por que perder a viagem? Na defesa, penso que os onze dentro da pequena área poderiam diminuir o risco de gol sempre provável.  

A finalização “pé murcho” a ganhar alguma força, a posse de bola garantida pelo acerto de passes e o trabalho em pequenos espaços, vide Janquitão, são obviedades a constar da prancheta do treinador rubro-negro. Animam-me.

Sinto falta da liberdade, da alegria, do “vai guri, entra na área driblando e só para lá dentro do gol”. O saco dessa tal posse de bola é que você não pode reclamar. Você perde para o lanterna e alguém diz, “controlamos o jogo”, “mandamos na partida”, “foi um azar, uma injustiça, acontece, é o futebol”.

Isso me deixa louco. Assistir noventa minutos de futebol e não ver um drible, uma bola na trave, uma defesa milagrosa do goleiro adversário, ouvir um “Uuuuhhhhh!” da fanática torcida é pagar caro para comer chuchu com quiabo.

Já me conformei. A minha esperança está na presença do Petraglia no campo de treinamento. O time faz o círculo, ele chega com aquele olho de gavião sedento de sangue, coloca a mão no ombro do Nhô Drub, informa o aumento da gratificação pela vitória e diz, apertando com força a omoplata do treinador: “Temos que ganhar”. Mantendo a pressão, o olhar sanguíneo, faz a pergunta que ninguém vai responder: “Alguém tem alguma dúvida?”

 


 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CORAGEM NHÔ DRUB


As estatísticas brotam de todos os lados. O site “Chance de gol”, com futurólogos nível Nostradamus, coloca o Joinville com 56,1% de chances de obter a 4ª vaga, o Rubro-negro com 38,9% e o São Caetano com apenas 14%. Vitória, Goiás e Criciúma com percentuais muito superiores.

Estatísticas são estatísticas, você está com a cabeça no freezer, o pé no forno a 180ºC, ideal para uma boa picanha na mostarda, e, na média, sua temperatura está dentro da normalidade. Eu não as desprezo. Tenho consciência que o Atlético está no bico do corvo.

Tenho também outras certezas. Uma delas é a de que o Atlético tem elenco para conseguir a classificação. Falo do elenco como um todo, não somente dos atuais donos das camisas.

Leio a entrevista de Nhô Drub após a partida e encontro: "Se tudo correr bem, a tendência é os dois voltarem (Henrique e Marcão)... Eu... acredito nos 11 que jogaram e nas opções que entraram durante o jogo... Vamos valorizar aqueles que jogam, assim vamos conseguir chegar lá”. Aí a incerteza me tira o ânimo.

O jogo contra o Bragantino mostrou que esse time não tem força de ataque, aliás, não é de hoje. Recorro às minhas anotações e encontro no primeiro tempo um bom chute de Felipe bem defendido pelo goleiro. No segundo, o gol de Fernandão, mais dois ou três chutes de fora de Elias e João Paulo. Falo de acertos no gol, bolas defendidas. Nhô Drub chama isso de “fizemos jogadas e criamos chances”.

Meu prezado treinador, controlar o jogo não dá três pontos a ninguém, fosse assim estaríamos na ponta da tabela. O que vale é bola na rede.

Volto à entrevista e leio: "Gostei da entrada do Taiberson... entrou bem, em velocidade... Marcelo criava situações de perigo...”. Taiberson deu belo chute no 1º minuto e fez 2 cruzamentos da esquerda. Só. É um menino para entrar nas horas boas. Marcelo desanimou até o comentarista da TV.

O que o atleticano tem que temer não é a estatística aflitiva, é a cegueira de combate. O bicho pega e o branco toma conta. Somem as opções, as soluções desaparecem, fica a mesmice, o suicídio inconsciente.

O Atlético tem elenco para ir muito mais além do que conquistar apenas a quarta vaga. Precisa é quebrar esse núcleo que chegou ao limite, após conseguir tanto, jogando no limite. Fizeram muito. Trata-se apenas de olhar o grupo como um todo, usar jogadores que consigam dar velocidade real, driblar, chutar a gol, algo mais do que dar passes laterais, cruzar bolas no contrapé do artilheiro.

No combate, por vezes as peças de manobra ficam detidas, não conseguem avançar. Cabe ao comandante intervir, mudar a direção, usar a reserva para não perder o ímpeto. Este é o dilema de Nhô Drub: intervir ou não intervir? Coragem Nhô Drub.