terça-feira, 19 de julho de 2016

A EMOÇÃO FICOU PELO CAMINHO

O amigo das frias manhãs de Colégio Militar leu o texto em que ressaltei o trabalho de Autuori e saiu-se com um “não sei... não sei...” cheio de dúvidas. Após o jogo contra o Vitória, encontro no hall do edifício doutor atleticano de fé, que me aponta o bisturi e ataca com sua certeza: “Hoje o Autuori fez tudo errado”. E eu o que faço, defendo meu pensamento, ou entrego a rapadura?

Lembro aos amigos que, preparando a possível defesa, deixei escondido num canto da escritura um salva-vidas poderoso. Disse eu, “o time com elenco minúsculo e em desfazimento está no G4”. O empate deixou isto mais do que claro. O elenco que só perde jogadores – Ewandro, Anderson Lopes, Barrientos, só para lembrar os recém desaparecidos –, tem no banco uma piazada inexperiente, com as responsabilidades de substituir Nikão, Walter e Pablo.

Se a partida estivesse dois a zero Furacão, tudo bem. Com o empate, as substituições desorganizaram a equipe, deram moral ao time baiano, que só não venceu pela intervenção dos santos e santas da terra. Como disse o doutor de bisturi em riste, Autuori foi mal, não poderia ter trocado todo o trio de armação rubro-negro. Nikão e Pablo poderiam ter permanecido. O rei leão pode explicar as mudanças pela necessidade de descanso dos atletas para o jogo contra a Chape. Explica, mas não justifica.

O Atlético anuncia a contratação do lateral-direito Rafael Galhardo, uma das poucas posições do elenco com sobra de atletas. Há muito tempo sinto a necessidade de reformulação completa no departamento de futebol rubro-negro. É só um sentimento, sem emoção, a emoção ficou pelo caminho.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

QUEM VIVER VERÁ

Tem coisas que você só aprende depois de levar muito cacete. Você imagina saber tudo, não dá o devido valor a determinados aspectos, supervaloriza momentos em que a sorte fala mais alto, alicerça seu procedimento fora da realidade e vai aos solavancos, nadando em mar de altos e baixos, até um dia a luz clarear teu horizonte.

Autuori é a luz no horizonte rubro-negro. Por muito tempo vivemos da inexperiência, de nomes improváveis, sabe-se lá onde encontrados, nada a ver com a dimensão que pouco a pouco o Atlético foi tomando, fruto quem sabe do contingenciamento econômico, no meu pensar de premissa equivocada, que ganhou permanência, foi ficando, até o “rei leão” aportar no cajueiro.

Elogiado por todos, o time com elenco minúsculo e em desfazimento está no G4, já ganhou o Paranaense e foi finalista da Primeira Liga, prossegue na Copa do Brasil. Quer mais? O comando de Autuori é, sem sombra de dúvida, a causa de tanto sucesso. Jogadores carregados de deficiências aprenderam a se posicionar, melhoraram tecnicamente, são novidades festejadas, tudo graças ao trabalho diário do treinador. Eles próprios o elogiam. Autuori é ponto positivo de inflexão na vida rubro-negra.

É assim que funciona. Mais adiante teremos os grandes craques, a convivência tranquila entre diretores e torcedores, o Atlético com que todos sonhamos, o time a ocupar o espaço aberto pela falência dos grandes clubes brasileiros. Demora, mas acontece. Quem viver verá. 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

O DEVER DE TODOS NÓS

Em casa, quando penso em Atlético, uma bandeira amarela é levantada, um olhar recriminatório se instala em rosto querido, recuo com medo que o falatório se levante. A saúde do velho torcedor não vai bem, diz-se que culpa do fanatismo, do estresse gerado pelo Furacão. Como tudo na vida, pode ser, realmente, fui longe demais na paixão, eu admito.

Assim, sigo peleando em retirada, com pouca munição. Gravo os jogos, vejo depois, sabendo o resultado, sem sofrer incontáveis minutos para vibrar com vitórias mínimas contra adversários mínimos, mesmo que alguns digam que fico com as mãos geladas vendo videoteipe de jogo ganho.

Campeando notícias, descobri o racha entre a diretoria e a organizada. Era só o que faltava. Com um elenco mínimo, todos os atleticanos deveriam estar em lua de mel com os resultados obtidos, irmanados pela sorte que nos protege a cada passo. A troca de farpas entre diretoria e organizada, a ausência do torcedor em nada beneficia o Furacão, em verdade, só prejudica.

Não vou entrar no mérito da questão. Durante a eleição, Petraglia ironizava o presidente Sallim, dizendo que era a vez do novo gestor receber os xingamentos. Parece que isso não aconteceu, Petraglia continua sendo o alvo preferido dos membros da Fanáticos, fruto, quem sabe, dos seus comentários nas redes sociais. Difícil nesse tiroteio defender alguém. O que se espera é que o presidente Sallim tome atitudes, se ainda não as tomou, que fomentem a união entre os rubro-negros, ele é o presidente, tem o dever político de dialogar, lutar pelo fim das incompreensões enquanto vivemos a hora boa, esse é o seu dever.

Se isso não acontecer, quem já viu quase tudo sabe que a torcida tem obrigação de voltar a campo. As individualidades serão sempre lembradas, as estátuas marcarão seus feitos, mas a torcida é entidade eternamente viva, os clubes seguem acalentados por seus cantos. Não se trata de dar o braço a torcer, diminuir-se, trata-se de reconhecer seu valor, sua importância, seus erros, eles existem de ambos os lados, crescer na dificuldade, colocar o Atlético em primeiro lugar, o que é o dever de todos nós.

domingo, 5 de junho de 2016

SEU NOME É DEIVID

A vitória conquistada com golaço de Deivid teve a vantagem de colocar a mostra as dificuldades enfrentadas pelo Atlético e a causa desses embaraços, simplesmente ao comparar as formas de atuar de Santinha e Furacão. O amigo deve ter observado, eu só vou colocar no papel seu pensamento. É simples.

O Atlético troca passes no meio de campo, sofre a primeira marcação dos atacantes adversários e fica nesse chove não molha até que alguém apareça para receber, demoramos um milênio para ultrapassar linha de defesa que tem apenas a finalidade de dificultar a saída de bola rubro-negra. Aí partimos para garoa, mas não rega, trocamos passes laterais, não há verticalidade, quando há, o armador passa ao pivô, avança para receber e o passe de retorno acontece de forma equivocada. Enfim, ficamos dependentes de um milagre. Ele aconteceu.

O time do Milton Mendes é diferente. A transição é rápida. Recebida a bola, o homem da transição ultrapassa na velocidade a primeira marcação, se houver necessidade de um drible ele é permitido, avança, com passe vertical entrega a bola a jogador posicionado entre as duas primeiras linhas de defesa, aparece para receber, a troca de passes é certeira, o time chega ao ataque, pelo centro e pelos lados do campo com rapidez e eficiência. Tivemos sorte. Não fosse a intervenção de Santo Expedito, a bola que Weverton espalmou para dentro da área e o gol incrível perdido por Grafite, o resultado seria diferente.

Penso que houve alguma melhora. Nikão teve mais liberdade, Vinícius participou mais, deixou de ser coadjuvante menor no meio de campo. Deivid foi o nome do jogo, o gol que marcou, de esquerda, mostra o nível de dedicação ao aperfeiçoamento do jogador. Se Autuori ainda tem ânimo para aprender, deveria aprender com Milton Mendes. Amigos, se milagre tem nome, seu nome é Deivid.

sábado, 4 de junho de 2016

NADA MAIS JUSTO

A sorte do futebol nacional é que Pelé e companhia jogaram na época em que os treinadores não tinham a importância dos professores de hoje. Craques reconhecidos tinham liberdade para jogar, driblar, avançar na direção do gol como flechas, fazer as travessuras que lhes davam na telha, normalmente terminadas com a bola na rede. Hoje, nossos fenômenos seriam obrigados a tocar a bola de lado, fazê-la circular pelo ataque todo, tentado o drible, perdida a gorduchinha, seriam substituídos de imediato, acusados de irresponsabilidade. Garrincha não passaria da peneirada.

 A atual prevalência do treinador é cômoda para muitos jogadores. Cumpre-se o determinado, o que convenhamos é o beabá do futebol, passar cinco metros, evitar o contato, próxima a marcação o passe para trás, para o goleiro, um lançamento pouco mais longo para virar o jogo. Tudo muito simples, fácil, acontecido o desarme cada um bate em retirada para seu escaninho na defesa, a tal recomposição tão desejada. Tudo cumprido à risca, os resultados não acontecendo, cai o professor, nada mais justo. Seu Kleina que o diga.

A situação é tiro fatal na iniciativa. Aquele que arrisque movimentar-se pelo ataque, entrar na diagonal, forçar a jogada pelo meio corre o risco de ser chamado de peladeiro, melhor guardar posição, participar do toque-toque como manda o figurino. Por isso, Nikão que não se meta a Robben, entrar na diagonal nem pensar, Ewandro que não se meta a Ribéry, Otávio que não se meta a Busquets, afinal, Jadson, o último a tentar aproximar-se do ataque, deu o passe para nosso primeiro gol contra o Coxa na final no “quebradinho”, já foi embora. Hoje jogamos contra o Santinha. Temos que ganhar. É bom liberar os cavalinhos, outro resultado ruim e o tempo pode mudar. Nada mais justo. 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

PASSOU DA HORA

Estamos em junho e o Atlético continua acreditando que vai tocar o Brasileiro com o elenco disponível, o esforço feito para manter alguns jogadores importantes é suficiente. Esse é deplorável engano, sedimentado a cada jogo perdido em que nossa diretoria imagina termos feito grande partida, o resultado negativo é fruto de arbitragens equivocadas, falta de sorte nas finalizações.

A ilusão que nos afasta de contratações, tem ainda outro aspecto negativo, dispensa jogadores, o elenco que tem mínimas disponibilidades é reduzido a cada dia, o treinador que gosta de rodízio, está cada vez mais limitado a mussarela e calabresa. Pepperoni está em falta, cheddar especial nem pensar.

Quem vê o Furacão jogar, sabe que o maior problema da equipe é o jogo por dentro, não temos alguém para dar o último passe, fazer tabela com o pivô, entrar na área para finalizar. Quando digo alguém não estou individualizando, achando que um jogador pode cumprir essa missão. Ela deve ser cumprida pelo volante que avança, o armador centralizado, os ponteiros caindo pelo meio. Tudo isso não acontece, mas pode acontecer. É questão de vontade, treinamento.

O que falta mesmo é o armador que possa gerenciar essa movimentação toda. Alguém com qualidade, ânimo, alento, energia, fogo para o cargo. Quem tem qualidade não tem energia, quem tem energia carece de predicados. Enquanto o Atlético não contratar esse jogador, Autuori tem que acumular maior número de jogadores pelo meio, liberando seus ponteiros para que atuem na diagonal, em direção da área, abrindo espaço para a subida dos laterais pelos lados. Resumo da história: Treinar tem que ser em dois turnos, contratar já passou da hora.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

UMA GRANDE VITÓRIA

O jogo em Porto Alegre foi repeteco de tantos outros entre Atlético e Inter no Beira Rio. Um a zero Colorado, gol em jogada em que Paulão fez um strike na defesa rubro-negra, atropelou Cleberson tal qual caminhão desgovernado, Sua Senhoria deixou o lance seguir e a bola acabou na rede. É o que no Rio Grande chamam de imposição física, a meu ver uma irresponsabilidade, um míssil encorpado lançando-se com violência contra companheiros de profissão para criar situação que possa redundar em gol. Protegida, no futebol brasileiro de hoje a estupidez prospera orgulhosa.

Eu só queria entender porque o juiz não parou o lance do gol de Vitinho e foi um raio ao parar o lance em que jogador do Inter levou uma bolada no peito e caiu dentro da sua própria área. Terá o homem de preto alguma simpatia pelo zagueiro colorado, ou entendeu que o boleado poderia estar correndo risco de vida, necessário o atendimento imediato dos socorristas. Amigos, nosso futebol está moribundo, precisa ser revisto a partir dos alicerces.

A escalação de Marquinhos e Giovanni só se sustentava até o primeiro gol colorado. A partir daí, quem conhece o futebol gaúcho sabe que o pau ia comer, seria necessário mais peso, mais experiência ao nosso ataque. As entradas de Ewandro e Vinícius mantiveram a leveza, só a sorte poderia nos favorecer. A pouca utilização de Walter como pivô, impediu uma de nossas poucas chances, a obtenção de faltas nas proximidades da área. Há muito tempo digo que jogar em Porto Alegre é um risco enorme, se pudéssemos entregar os pontos e descansar os jogadores seria muito melhor. Quem sabe Autuori tenha este mesmo entendimento e feito o rodízio prevendo a derrota. Felizmente , só tivemos um ferido grave. Quando se vai jogar no sul, esta já uma grande vitória.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

TORÇO PELA INJUSTIÇA

Gosto de espiar os adversários do Atlético, tomar ciência das dificuldades a enfrentar, preparar o coração, sofrer o menos possível. Hoje, por exemplo, o Furacão joga contra o Colorado que não perde a dezessete jogos, nos últimos dez sofreu apenas um gol. É ir na caixinha de remédios, catar umas duas pílulas poderosas e botar para dentro minutos antes da bola rolar.

Assisti a Inter e Santos na Vila. O time de vermelho começa a marcar quase na grande área adversária, avançando Vitinho, Andrigo e Sasha, torna a bola longa obrigatória. Ultrapassada essa primeira linha, o Inter recua, pode ficar com nove jogadores atrás da linha da bola, torna o centro do campo zona de guerra, dobra a marcação nas laterais. A cara sempre insatisfeita de Argélico Fucks – entende-se o porquê de não ser Angélico –, toca o time para frente aos gritos, pontapés, braçadas e caretas de assustar curupiras e boitatás.

Ao atacar mantém os dois zagueiros e Fernando Bob na segurança, os demais avançam. O volante Paulinho cai pela esquerda e pode ser ultrapassado pelo lateral Artur. William, o lateral direito, é outro que vai ao ataque com frequência. A partir daí o que se vê são os diabos do Argélico em ação. Vitinho, Ferrareis, Andrigo e Sasha trocam posições, quem está na frente volta para buscar, quem está atrás ultrapassa para receber a bola enfiada. O amigo vai perguntar: “Então é morte certa?”

Em absoluto. Com tudo isso, contra um Santos de meninos, o Inter só foi fazer seu gol em escanteio nos minutos finais da partida. O Peixe, que defendeu todo o tempo, teve ótima oportunidade pouco antes do gol Colorado, tivesse marcado, o resultado seria injusto, se houvesse injustiça em futebol. Como não há, defender é do jogo, o que vale é bola na rede, hoje torço pela injustiça.

terça-feira, 31 de maio de 2016

MUDAR PARA VENCER

Do que escrevi ontem sobre Autuori, alguém pode pensar que estou pedindo a saída do treinador, iniciando a fritura do “rei leão”. Amigos, depois que comecei a leitura do livro “Guardiola Confidencial” de Martí Perarnau, só peço a saída de treinador em último caso, quando o edifício inteiro estiver para cair.

O livro mostra a importância da continuidade do trabalho do treinador, do conhecimento inicial de seus jogadores, das suas capacidades, da possibilidade de adequá-los ao sistema de jogo idealizado por ele. Só o tempo permitirá que o treinador os conheça a fundo, possa transformá-los em multifunção, diminuir elenco enorme para 20 jogadores com superior eficiência.

Da leitura de uma centena de páginas, fiquei com a certeza de que o troca-troca de técnicos que vivemos no Brasil trata-se de amadorismo puro, o sucesso de um, de outro, mera casualidade, fruto de comprometimento maior ou menor dos atletas com aquele que chega. Por isso, vida longa ao “rei leão” sob o cajueiro.

Isso não quer dizer que concorde com tudo que o treinador diga ou realize. Quando Autuori diz “temos uma maneira de jogar, que faz parte do clube e não vamos abrir mão”, submete-se a esquema ditado por alguém, não se sabe quando, que pode nada ter a ver com as características dos nossos jogadores, nem com a forma de atuar de nossos adversários, nem com o seu pensar.

O livro cita vitória de 3 a 1 do Barça sobre o Real Madrid, tendo o Real marcado seu gol aos 27 segundos do primeiro tempo. Guardiola, que começara a partida num 4-3-3, adotou o 3-4-3 aos dez minutos e venceu. O Atlético está engessado há muito tempo, precisa atuar de formas diversas, frente a distintos adversários. Em qualquer situação, estar sempre pronto para mudar, mudar para vencer.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

DECISIVO NO ATAQUE

Fugi de assistir a qualquer partida do Figueirense, tentar entender o adversário com antecedência, o jogo era fechar os olhos e vencer. Vencer ou vencer. Vencemos, fechando os olhos nos últimos minutos para dar refresco ao coração velho e maltratado.

Quando vemos o Atlético sofrer contra o apenas simpático Figueirense, tomamos pé da situação em que nos encontramos, temos a possibilidade de avaliar as durezas a enfrentar pelo resto do ano. Somada à apresentação apenas regular, a desconstrução que acontece com nosso elenco, Jadson e Vilches deixando o Caju, fica impossível olhar para frente com algum otimismo.

Somados a tudo isso, a incapacidade do nosso treinador para entender a superioridade de Deivid sobre Hernani e a necessidade da utilização de Walter em qualquer posição do ataque, faz-me sentir desesperançado, muito embora os anos de experiência de Autuori me tenham levado a bater palmas de pé quando da sua chegada. Sinto o “rei leão” meio friorento, cansado, com um jeitão de quem sempre está sempre se perguntando “o que estou fazendo aqui, eu já tinha me livrado desse tormento?”

De qualquer forma, vencemos. Era imprescindível. Os melhores em campo? Ewandro, por óbvio, vem resolvendo nossos problemas desde as finais do Paranaense, e os que entraram, Deivid e Walter. Deivid recuperou bolas, dobrou a marcação pelos lados, iniciou contra-ataques. Walter em vinte e cinco minutos obrigou o goleiro Gatito a mostrar as garras umas três vezes. O Atlético tem que contratar, enquanto isso não acontece, entender a realidade em que está metido, ser forte na defesa, muito forte, ser decisivo no ataque.

sábado, 28 de maio de 2016

FARAÓ SALLIM

Existe ditado que ecoa pelo vale do Nilo desde o tempo de Ramsés, o Grande, ainda hoje de valor extraordinário. Diziam os torcedores dos grandes clubes da época, o Múmias da Bola, o Esfinges do Deserto, o Faraós da Pelota e outros nanicos: “Quem constrói pirâmide, não monta time”. 

Mais simples impossível. O homem que constrói, que valoriza o trabalho, o dinheiro, tende a ver no pagamento de altos salários a jogadores um risco desmesurado, algo a se evitar, se possível gastar o estritamente necessário, apostar em instante coletivo de alto rendimento, chegar à vitória, ao título, com despesas mínimas. É maneira lógica de ver o problema.

A história parece dar razão ao construtor de pirâmides. Defendendo seu ponto de vista contra os gastos feitos pelo Galo para ser campeão da Libertadores, lembre-se da contratação de Ronaldinho Gaúcho, ele dirá: “Mas se o Vitor não tivesse pego um pênalti com a ponta do pé tudo teria ido por águas abaixo”. Na mesma toada, dirá que a contratação de Robinho, pelo mesmo Galo neste ano, morreu na praia, o craque estava contundido no jogo decisivo contra o São Paulo. Eliminado o galináceo, restaram os altos salários a pagar. Eu entendo.
  
Mas há um componente de risco que os grandes clubes têm que assumir, ainda mais depois da pirâmide construída. Ninguém mais tem paciência com jogadores medianos, com apostas da base, com resultados de envergonhar a Cleópatra torcedora. Por isso, quem constrói cuida da pirâmide, quem assumiu compromissos com o torcedor monta time. É assim desde Ramsés. Ainda bem que temos na presidência um egiptólogo, que sabe o valor do provérbio, que pode gastar um pouco mais, vai contratar os craques que o Furacão precisa. Eu tenho certeza. Eu falo do nosso Faraó Sallim. 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

EU VI E NÃO ESQUECI

Pedi paciência, inteligência e velocidade. O que esqueci de pedir, algo que alguém como eu jamais poderia esquecer? O amigo vai responder de bate-pronto, vai acertar na gaveta. Claro, esqueci de pedir segurança. Sem segurança, mandamos no jogo, criamos, perdemos chances de gol, e perdemos em dois lances de contra-ataque. O resultado é vexatório. O Atlético não pode mais se permitir chegar à terceira rodada do Brasileiro com um ponto, fechando a classificação. Ninguém me venha de potocas, é um vexame.

As ausências de Leandrinho e Neilton no Botafogo transformaram o time agressivo que vi contra o Sport em equipe jogada na defesa, tímida, uma cobra esperando o vacilo atleticano para instilar seu veneno. Com a entrada de Neilton no segundo tempo, veio o gol que nos imobilizou por completo. Um desastre.

Vou falar pela última vez. Se Hernani tem mesmo que ser titular deste time do Atlético, deve disputar posição com Vinícius, Pablo, atuar avançado, nunca como volante. Hernani é lento, não recupera bolas, curto passa para trás, longo erra passes. Na frente, tem boa visão, pode dar passe enfiado, arriscar cabeceio ofensivo, a batida de falta premiada. Escalar Hernani como volante é pedir para morrer, uma irresponsabilidade. Pronto falei. Também é certo que se Otávio quer proteger a defesa sem fazer falta, marcando com o olho, o banco é melhor lugar.

Walter jogou dez minutos e provou que não pode ficar fora do time. Se André Lima também não pode ficar, então que se ache maneira de colocar os dois em campo. Essa história que os dois não podem jogar juntos só pode vir da boca de quem não viu a seleção de setenta jogar, esqueceu o tempo em que ganhávamos tudo. Eu vi e não esqueci. 

quarta-feira, 25 de maio de 2016

FOI-SE O TEMPO DE BRÓCOLIS COM RADICHE

Hoje, às 19:30, voltamos à bola, esperançosos de que o jogo contra o Botafogo seja decidido pelos jogadores, seja nula a interferência do homem de preto, ultimamente, um urubu a sobrevoar nossos estádios, arruinar esforços os mais diligentes. A esperança é a última que morre. Está na UTI.

Amigos, o que teremos pela frente é time azeitado pelo zagueiro Ricardo Gomes, defendido por duas linhas de quatro muito próximas, rápidas na recuperação defensiva, que dificultam sobremaneira a armação de jogadas do adversário. No jogo contra o Sport, o Leão da Ilha do Retiro fez seu gol em cruzamento da direita, finalizado por Diego Souza, após falha do goleiro Helton Leite, e foi só.

O Bota respondeu rápido, empatou com Fernandes, e, sustentado pela sólida defesa, tomou conta do jogo. O ataque é bonito de se ver jogar. Com Ribamar centralizado na frente, a linha formada por Leandrinho, Fernandes e Neilton, que o antecede, caracteriza-se pela ausência de posições fixas, os jogadores “vespam” por todos os lados, partem seguidamente para a jogada individual, o lateral-direito Luis Ricardo ajuda muito, quando a jogada é sinalizada pelo lado do campo, no mínimo três jogadores se acumulam no interior da área.

Resultado desse vespeiro é que o Bota perdeu seis chances claras de gol, o goleiro Magrão do Sport foi o craque do jogo, o Leão em nenhum momento conseguiu encaixar a marcação dentro da sua toca. Espero que o Autuori já tenha colocado os nervos no lugar, estudado com calma o alvinegro e optado por solução projetada sobre os pilares da paciência, inteligência e velocidade. É irmãos, é Brasileiro, foi-se o tempo de brócolis com radiche.

terça-feira, 24 de maio de 2016

SANTA INGENUIDADE

Coloco para rodar a gravação do jogo de domingo e lá está o lance do pênalti assinalado contra o Furacão. Segundo o Gaciba, autoridade no assunto, nada a marcar, a exemplo do que fez Sua Senhoria no lance de Nikão, segundo o ex-árbitro também sem merecer a colocação da bola na marca fatal. Fico com o Gaciba. Um a zero Furacão.

O que mais me maltrata nesta situação toda é o segundo plano com que o assunto é tratado na mídia nacional, podendo até virar piada de um momento para outro. O juiz leva teus pontos, sangra teu time, e tudo é visto com naturalidade, como se o erro da arbitragem fosse algo incorrigível, nada a fazer, o jeito é esperar que na próxima partida, o gato do dia equilibre as coisas, cometa algum delito que te favoreça.

Fica aquela tropa de comediantes fantasiados de comentaristas a trocar gracejos, agarrados aos seus empreguinhos, velhinhas crochetando em meio ao chá da tarde, motejando sobre o esporte que lhes garante o pão de cada dia. Com o pessoal de fora já estou acostumado, pior é a turma da nossa RPC, capaz de nos colocar na forca a cada lance, ver tudo com olhos estrangeiros, subir no muro com a agilidade do gato que nos maltrata.

O Atlético tem que fazer expediente duro em defesa do nosso treinador, exigente de melhores arbitragens, de punições aos árbitros que nos prejudicaram claramente. Não pode passar em branco. Neste Brasil varonil de propinodutos a céu aberto, só no futebol se acredita que os erros são unicamente fruto da falha humana, defende-se o árbitro como anjo caído do céu, um poço de virtudes em meio a pecadores. Se o Batman assistisse meia hora do futebol nacional, as maracutaias em progresso, sem sombra de dúvida afirmaria: Santa ingenuidade.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

AMADORA, ARROGANTE, DANOSA, DEPRESSIVA

O jogo que a meu ver era duríssimo, ficou pior ainda com a arbitragem mais do que polêmica. O Atlético começou bem, marcou em boa jogada iniciada por Hernani, finalizada por André Lima, e pouco a pouco começou a sofrer pressão do Galo mineiro. A meu ver tudo muito natural.

Como disse anteriormente, o Galo é time bem treinado, chega forte pelos lados do campo, com o placar adverso era natural o avanço, o Atlético teria que se virar para evitar o empate. Até que se virou, jogou-se na defesa, tentou jogar no contra-ataque, quando a casa esteve para cair, Weverton salvou. Ia tudo muito bem, até que Sua Senhoria viu penalidade em lance daqueles que tem juiz que dá, outro que não dá, o mesmo homem de preto que não tinha dado um semelhante a nosso favor em chute de Nikão, favoreceu o galináceo.

O bom jogo teve resultado justo. Temos que melhorar, nossa transição tem que ser aperfeiçoada, defender só não basta, o ataque tem que ser eficaz, aproveitar-se do avanço adversário. Treinar, treinar, treinar.

A declaração de Weverton, ao final do jogo, parece tornar o treinamento perda de tempo. Weverton reclamou da arbitragem, arbitragem que nos teria prejudicado, anulado o esforço da semana. Eu concordo. Já contra o Palmeiras, o juiz atrapalhou a partida, ontem pode ter decidido o placar, foi polêmico, irritou a torcida. Com os custos nas alturas, manutenção de arena, pagamento de altos salários a atletas e profissionais de várias áreas, arbitragens amadorísticas já deviam estar fora do cenário do nosso futebol, esquecidas no folclore da bola. O esporte muda, a ciência invade os CTs, as regras mudam, só não muda a arbitragem, amadora, arrogante, danosa, depressiva.

sábado, 21 de maio de 2016

CANTAR MUITO

O Galo deve vir a Curitiba sem seu treinador, demissionário, Lucas Pratto, Léo Silva e Robinho. As ausências ajudam, o cansaço do jogo de quarta também, mas, sempre é bom lembrar que o reserva do genérico mineiro ganhou do Santos campeão paulista na primeira rodada do Brasileiro. Para mim, o jogo continua a ser batalha das mais difíceis, exigente da presença da massa rubro-negra lotando a Magnífica.

Mesmo com o comando do nosso Carlinhos Neves, o sistema tático do Galo não deve mudar, mudam nomes, as ações continuam as mesmas, como se viu quando do jogo contra o São Paulo. O time é bem treinado, o jogador troca de lado no ataque e continua com o mesmo rendimento, sabendo o que fazer.

Temos jogo duríssimo pela frente. Se cairmos na armadilha do cansaço, das ausências, entrarmos de sangue doce, corremos grande risco. Brasileiro é campeonato para se jogar com equilíbrio, seguro na defesa, eficaz no ataque. Creio que ainda não conseguimos segunda linha de defesa sólida a ponto de impedir lançamentos verticais entre nossos zagueiros, temos sérios problemas quando o adversário acumula jogadores pelos lados do campo, quase sempre o cruzamento sai matador.

Muito do sucesso rubro-negro depende do reconhecimento das suas limitações, escalação compatível e mobilização coletiva para minimizá-las. Se tudo der certo, marcamos três pontos e nosso cavalinho dá um passo a frente na classificação. O amigo tem que sair de casa, encomendar um frangão recheado na televisão de cachorro da esquina e ir para o campo cheio de fé, e com a garganta em dia. Para garantir o almoço festivo com a família, antes vai ter que cantar, cantar muito.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

FALCÃO-PEREGRINO

Confirmado o previsto passeio contra o Dom Bosco, tomei conhecimento da guerra de domingo a ser travada na hora do churrasco contra o Galo de Minas. Transformado em galeto quarta pelo São Paulo, espero tenham sobrado pelo menos as asas do galináceo para o almoço dominical do Furacão, delícias a serem consumidas uma atrás da outra, acompanhadas por boa polenta frita e vinho tinto de boa safra.

O jogo é cheio de perigos. O primeiro tem coração cruel e nome conhecido. Trata-se de Leandro Donizete. O amigo sabe quantos Atletibas o empedernido ganhou na marra, até que um dia seu Baier lhe deu um tranco em início de jogo, o pai da maldade encolheu, ganhamos, fomos para a segunda divisão, mas “eles” deram adeus à Libertadores.

Com técnica apurada, ousadia, fazendo fila, passando com qualidade, chegando para finalizar, o nome do perigo bom de bola é Cazares. É belo jogador. Destemido, rápido, móvel, se a marcação der um espacinho vai lá dentro do gol.

O coletivo fecha o triângulo dos perigos. Com Patrick, Cazares, Carlos, os dois laterais muito avançados, todos abastecendo Lucas Pratto, que pode sair da área, fazer pivô, abrindo espaço para infiltrações, o time joga em velocidade, usa muito os cruzamentos altos sobre a área, tem bom cardápio de bolas paradas ensaiadas, até o lateral cobrado longo por Marcos Rocha merece cuidado.

É jogo prá macho, seu Autuori tem que escolher seus guerreiros a dedo, afastar os lentos e desacordados. Quem estiver a fim de uma asinha no domingo tem que acordar cedo, começar a aquecer as nove e meia, entrar em campo com fome e velocidade de falcão, de falcão-peregrino.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

CRIANDO FURACÕES

A vitória larga aconteceu, o bom futebol necessário disse presente. O Atlético acordou do seu sono pós-paranaense, com o time bastante modificado deu à torcida melhor perspectiva para o caminhar no Brasileiro. Quem já estava encostando a viola no canto, voltou a se animar com o cinco a zero de casados e solteiros.

O jogo mostrou detalhes que devem ser observados. André Lima, fazendo gols a todo instante, contribuindo com assistências, não pode dormir no banco os noventa minutos de uma partida.

O amigo sabe que tenho minhas dificuldades com Hernani, é certo, porém, que o jogador tem sido decisivo em algumas partidas, ontem marcou e deu assistência, seu entrosamento com André Lima é evidente. Continuo achando que Hernani não é volante, tem pouco poder de marcação, mas seu aproveitamento avançado tem se revelado eficaz.

A torcida pega no pé de Marcos Guilherme. Penso que o lado do campo é o túmulo do baixinho, a entrada pelo meio, a liberdade para circular no ataque pode dar vida ao seu futebol. Temos que ter paciência. Hoje é reserva. Quando entrar tem que receber apoio.

Anderson Lopes entra em campo com fome de obeso mórbido. Assim, vai avançando na fila daqueles que pedem passagem. Problemas para o seu Autuori administrar. Enquanto as contratações não chegam, ele vai treinando seu poder de escolha, usando o melhor da capacidade de seus jogadores, criando Furacões.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

OS DOZE MIL FANÁTICOS DE SEMPRE

Hoje o Coliseu dá lugar ao futebol. Após o espetáculo belíssimo de sábado passado, em que a economia da cidade como um todo pode respirar em meio à crise que nos assola, deixam a cena os lutadores, as luzes giratórias, os anúncios de lutas de deixar Césares boquiabertos, volta o simples esporte inglês, com suas magias e monumentais imprevistos. O jogo em início de noite só acontece por um desses monumentais imprevistos proporcionados pelo jogo da bola. O amigo sabe do apagão que determinou esta segunda partida.

Fala-se em Atlético com força máxima. Nem poderia deixar de ser. O Atlético de ressaca que foi a São Paulo tem que tirar a máscara e mostrar serviço, mesmo contra o pequeno Dom Bosco, tem que injetar um mínimo de ânimo na torcida que do céu foi ao inferno, conheceu suas asperezas e começou a colocar caraminholas na cabeça, mesmo com seu Autuori achando que o “primeiro jogo nada representa”.

Pode não representar mesmo, mas o Atlético jogou zero, foi dominado todo o tempo, por um Palmeiras com bom entrosamento e um menino que resolveu brincar de bola entre nossos zagueiros.

Considero a partida contra o leão cuiabano um treino oficial, a vitória larga obrigatória, o bom futebol uma necessidade. Sem bom futebol, sem movimentação, sem contundência ofensiva, sem apresentações individuais de relevo, mesmo com a passagem de fase assegurada, o torcedor irá para casa se perguntando a cada esquina “o quanto representa o título estadual?”, a dúvida instalada na cabeça, o horizonte nevoento. Tudo o que não pode acontecer em início de campanha, a diferença entre a Magnífica cheia e os doze mil fanáticos de sempre.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

OURO DO GOL

Assisti assustado a Corinthians e Grêmio. Um jogo em altíssima rotação, marcações dobradas o tempo todo, movimentação constante de atacantes perseguidos pelos seus marcadores, os espaços diminutos para a construção de jogadas. Por que assustado? Porque se vamos atuar, como contra o Palmeiras, estamos armados de garrucha em combate onde impera a automática Glock G25. 

No Grêmio, Dodô fixo no ataque, Luan, Giuliano e Bolaños não tem posição fixa para atacar, movimentam-se com leveza, quem ocupa a ponta, em segundos, está se infiltrando pelo meio para receber a bola matadora. No Timão, Elias, Rodriguinho, Marquinhos Gabriel, Romero e até André, um pouco mais fixo, alternam posições, contam ainda com Fagner sempre aberto pela direita, livre para o cruzamento. O amigo sabe que o jogo foi 0 a 0, com poucas chances de gol para ambos os lados, as defesas com alta mobilidade barraram os ataques.

O Atlético foi vítima dessa movimentação ofensiva. Nos dois primeiros gols Paulo André demorou uma eternidade para realizar a cobertura, parecia estar ainda no Paranaense, onde se pode deixar para a natureza a marcação dos ponteiros de nossos coirmãos. Ou Paulo André alia um pouco de velocidade à sua experiência, ou vamos tomar balaços a cada duelo de fim de tarde.

No ataque, a lição foi duríssima, ficou claro, ou se movimenta, ou troca de posição, ou entra na surpresa, ou está barrado no baile. O jogo de sábado mostrou um Furacão imobilizado, que espero tenha tomado um benéfico choque de realidade. No Atlético das capitanias hereditárias em que cada jogador parece ser dono de um lote, precisamos de Bandeirantes ousados, fortes, decisivos na procura do ouro do gol.

domingo, 15 de maio de 2016

EU NÃO ESPERAVA

Amigos, tomamos um quatro a zero inesquecível. Quase volto a precisar das minhas enfermeiras. Foi um atropelamento digno de UFC, um chute na cabeça em início de combate, felizmente no futebol existe a semana seguinte, a possibilidade de recolocar os miolos no lugar, entender os motivos do vexame e tentar o recomeço. Vou fazer uma, a minha análise rápida da desgraça.

Primeiro, as atuações individuais de nossos atletas foram, todas elas, abaixo do nível. Ninguém jogou bem.

Segundo, taticamente voltamos ao engessamento pré-finais do Paranaense. Walter centralizado, Nikão não se afastou dos vinte metros quadrados que comprou ali pela direita, Ewandro caiu no equívoco de marcar o lateral, túmulo de atacantes, Vinícius tem futebol de qualidade, porém, é incompetente para fugir da marcação. Nossos atacantes atuaram a quilômetros de distância, marcados implacavelmente, sem ataque, tomamos um baile, os gols verdes foram saindo naturalmente.

Terceiro, nossa defesa mostrou lentidão sempre que explorada pelos lados do campo. Ultrapassados os laterais, os atacantes palmeirenses chegaram na frente dos nossos zagueiros com facilidade. No jogo, o Palmeiras foi o coelho, o Furacão a tartaruga, infelizmente sem o desfecho da história infantil.

Quarto, o juiz atrapalhou o jogo, o Palmeiras usou melhor o despreparo de Sua Senhoria, nos deu uma sapecada histórica. Gostaria de saber qual foi nossa conversa de vestiário em meio ao jogo, o retorno, todos sabemos, foi um desastre. O Atlético não pode sofrer mais esses vexames, ser atropelado por time de desconhecidos com bom treinamento. Por essa eu não esperava.

sábado, 14 de maio de 2016

MÁRCIAS, TATIANES, MARIAS E ANAS PAULAS

Saí da consulta com Madame Rosa Regina e fui direto para a sala de cirurgia, o comparecimento à final esquecido, a melhor expectativa assistir ao jogo maiúsculo com o corpo espetado por agulhas benfazejas a conduzir o soro, injetar remédios, analgésicos, antibióticos, um horror necessário. 

Escondido sob as cobertas, sem dar mostras do meu coração rubro-negro – quem quer um coxa procurando sua veia em clima de final? –, assisti à magnífica atuação de Walter com ar paranista, louco para sair pelo corredor aos gritos de campeão, carregando tripés lotados de cartuchos plásticos e suas mágicas poções.

Só fui dar aquele sorrisão campeão lá pelo final da noite, quando a reportagem mostrou Walter anunciando sua liberação do regime, aberta a possibilidade para a comilança, no cardápio cinco coxinhas cinco estrelas. A vitória melhorou meu ânimo, facilitou a recuperação, os dias foram passando e pude ouvir pelo rádio a vitória contra o Dom Bosco, que ao amanhecer descobri ter se transformado em doloroso empate. Estou melhorando, nada me desanima.

Agora estou em casa, submerso nos programas esportivos, descobrindo que o Palmeiras é candidato ao título do Brasileiro, pelo menos é o que assegura o nosso Cuca. Já vi este filme quando Cuca estava no Galo e saímos de BH com bela vitória. Vou para o jogo com saúde e fé redobradas. Fico por aqui, confiante no coletivo campeão, afinal, muito da minha melhora veio do trabalho eficiente da enfermagem que me acolheu como filho. Por isso, agradeço a todas as meninas de branco. Meu obrigado a Márcias, Tatianes, Marias e Anas Paulas.
 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

HARE KRISHNA

Com a certeza do título resisti a voltar ao encontro de Madame Rosa Regina. Fiquei vagabundeando pelo apartamento, espiando a Magnífica pela janela, lembrando os lances memoráveis do domingo que passou, imaginando Paulo André recebendo a taça maravilhosa, a volta olímpica, a cidade rubro-negra em festa, o jogo das faixas marcado em importante partida do Brasileiro.

Resisti, resisti, mas voltei. Repetiram-se os mesmos passos. O encontro de brecha na agenda lotada, a impaciência na sala de espera, amenizada pelos cheiros dos incensos indianos, o abrir da porta, a minha entrada triunfal na sala onde o futuro incerto se transforma em certeza a um apertar de têmporas. “E então, acertei?”, perguntou Madame RR. “A Madame sabe que sim, acertou em cheio”, respondi, “agora quero saber o resultado de domingo”.

Madame sentou em sua cadeira almofadada e abriu a caixa de madrepérola, tirou dela o baralho de tarô. Embaralhou, esparramou sobre a mesa e me mandou tirar três cartas, deixando-as viradas. Abriu a primeira. “O Mágico. Esta carta diz que se tem na mão todo o necessário para o sucesso, inclusive a competência e a habilidade mental para o alcance das metas ambicionadas”, explicou. Abriu a segunda. “A Força. Energias favoráveis, pleno poder perante as circunstâncias e fortes possibilidades de sucesso”. Faltava a última.

Abriu. Um menino segurava o Sol sobre a cabeça. “O Sol. O Sol representa a glória, o brilho, o sucesso – puxou forte a respiração –, quando esta carta sai num lançamento, dissipa dúvidas, traz certezas e segurança. A vitória está praticamente certa”. Olhou para mim com jeito de mãezona e perguntou: “Satisfeito filho?”. Eu não estava satisfeito, eu delirava, ao fundo, bem ao fundo, os Beatles cantavam Hare Krishna.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

ESSA VAI PARA O GUINNESS

Destaca Pablo no site oficial do Furacão: “Teremos mais noventa minutos, completamente diferentes”. Penso, repenso e concluo: “Diferentes... ou não”.

Coloco o Tico e o Teco para trabalhar e fico imaginando que surpresa seu Gilson Kleina poderia apresentar no quebradinho para produzir “noventa minutos completamente diferentes”. O amigo sabe que as ervilhas têm que atacar, é indispensável, porém, seu GK sabe que primeiro tem que acertar sua defesa, uma peneira de malha grossa com um buraco enorme no meio.

O trabalho do treineiro coxa é imenso, consertar a defesa, arrumar a criação sem Juan, ou com Juan marcadíssimo, fazer o ataque funcionar contra sistema defensivo cada vez mais eficiente.

Já Autuori tem jogadores importantes voltando à disponibilidade, precisa manter o nível de disposição da equipe, pode fazer aperfeiçoamentos que tornem o Furacão ainda mais “eficaz”, isto é, volte a marcar gols no jogo de volta. Missão facilitada.

Fatigados ao extremo, o Tico e o Teco me apresentam cenário em que os noventa minutos só serão completamente diferentes se o Atlético entrar com um salto quinze, menosprezar o adversário, algo impossível de acontecer com o “rei leão” no comando.

A exemplo do domingo inesquecível, o Furacão vai respeitar o Coritiba, mas não economizará esforços para ganhar o título, se possível dar uma boa sapecada nas ervilhas saltitantes.  Tudo leva a crer que o Coxa vai ser “bi-vice” no quebradinho. Essa vai para o Guinness.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A SUA ESCOLHA

Volto a falar exclusivamente de Atlético, volto a falar da lendária atuação de domingo e me pergunto: “Quais foram os pilares da vitória rubro-negra?” Respondo de bate pronto, o corpo lançado lateralmente no ar, como em gol de Bebeto.

O futebol coletivo, sufocante, objetivo, criador de oportunidades é um deles. A determinação de todos os jogadores está escrita em letras d’ouro neste fundamento da vitória gloriosa.

O futebol vigoroso, sem deixar espaços, amedrontador na defesa, fulminante no cabeceio ofensivo de Thiago Heleno é o segundo. Sem sombra de dúvida.

O futebol de noventa minutos de Pablo, corajoso, marcador, exigente de marcação logo em início de partida, João Paulo que o diga, materializado pela assistência no segundo gol rubro-negro é o terceiro.

O futebol rápido de Ewandro, atuando pelo meio do ataque, aterrorizante para a dupla de área coxa, o segundo gol marcado com categoria, a falta sofrida ali na beirada da área no terceiro, é o quarto.

O comando de Autuori que soube tirar o gesso do Atlético, dar flexibilidade ao ataque, surpreender seu Gilson, que quando se deu conta do desastre já estava três a zero, só dava tempo de ajustar o discurso pós-partida, fecha o pacote.

Essa é a minha opinião, atuação brilhante como a de domingo pode ser vista por uma infinidade de ângulos, admitir variadas preferências. O amigo pode ter opinião diversa. Tudo bem, eu vou achar ótimo, aplaudir de pé a sua escolha.

terça-feira, 3 de maio de 2016

O MELHOR PROGRAMA

A foto é significativa. Hernani sai para o abraço dos companheiros após o terceiro gol, atrás dele, mãos na cintura, olhando para a torcida rubro-negra em delírio, está João Paulo. Se a imagem tivesse um daqueles balões de gibi saindo da boca do volante coxa, ex-atleticano, a legenda seria “o que é que eu estou fazendo aqui?” Se alguém pudesse morrer de saudades, João Paulo já estaria sepultado. Nem vou falar mais, daqui a pouco dirigente coxa decide demitir o jogador, a exemplo do acontecido com Nei no Paraná, que culpa tem o profissional de respeitar torcida que sempre o apoiou, sentir saudades.

A manchete do jornal Metro apresenta grave erro matemático. Diz ela: “Meia taça na Arena”. Ora irmãos, convenhamos, para ser gente boa, afinal todos temos amigos coxas e é um dever consolá-los neste momento de dificuldade tremenda, a manchete matematicamente verdadeira, assinada por Pitágoras, Tales de Mileto, Euclides, Descartes, seria “Nove décimos da taça na Magnífica”. Fica um décimo para os acasos do jogo da bola, só por isso.

Mesmo assim, que ninguém aconselhe o torcedor coxa a comparecer ao quebradinho. O jogo de domingo mostrou diferença monumental entre as duas equipes, uma questão de competência que não se perde do dia para noite, nem se ganha no decorrer da semana. Todos os esforços do seu Gilson, outro atleticano de coração, deverão se finar no transcorrer dos minutos e o risco de nova vitória rubro-negra é altíssimo.

Então, amigos coxas, o negócio é permanecer no recesso do lar, mergulhado no sofá, o controle na mão, começou a complicar troca de canal, vai assistir ao programa da Eliana, do Faro, a um filme do tipo “Ela dança, eu danço”, este, para quem acabou de tomar um baile, talvez seja o melhor programa.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

BORBULHANTE, GELADO, DELÍCIA

Pouco antes de sair de casa, catei um champanhe remanescente do Natal e acondicionei no freezer, em espaço feito especialmente para isso. Fechei a porta, procurei o desenho apagado de taça inclinada com borbulhas soltas pelo ar e pressionei com o indicador. A taça acendeu e me disse que em 45 minutos o espumante estaria pronto para consumo. Fui para o jogo.

Primeiro tempo de controle absoluto da partida, gol perdido por Ewandro do interior da área, algumas boas defesas do goleiro Coxa, mostraram um Furacão fechado na defesa, forte no ataque, pronto a detonar o “favorito” a qualquer momento. Fomos para o intervalo zero a zero e eu de sangue doce, fé absoluta nas previsões de Rosa Regina, o amigo sabe que Rosa Regina nunca erra.

Sete minutos e Thiago Heleno marca de cabeça, finalizando cruzamento de Léo. Dezenove, os zagueiros coxas batem cabeça, a bola sobra para Ewandro que marca na saída do goleiro. Vinte e dois, Hernani cobra falta, três a zero Furacão. Alguém, por favor, jogue uma pá de cal no caixão alviverde. Um Furacão arrepiante, com atuações preciosas de Thiago Heleno, Pablo e Ewandro fez renascer a torcida atleticana que há anos eu não via tão entusiasmada.

Brócolis e radiches esperneiam, tentam marcar o de honra, nem chegam perto. Domínio completo e irrestrito. O jogo acaba e penso que a torcida coxa deveria pedir o impeachment daqueles que a fizeram acreditar que tinha time. Semanas atrás, quando o Coxa venceu o PSTC em Cornélio, disse que aquele time não dava nem para o começo. Eu e Rosa Regina estávamos certos. Estou saindo e alguém grita do meu lado “delícia!” “delícia!”, e eu sigo em meio à multidão delirante, pensando no champanhe da vitória, borbulhante, gelado, delícia.

domingo, 1 de maio de 2016

O DIA AMANHECEU ATLETICANO

Leio, escuto e não acredito. Existe um pensamento incrustado nas cabeças pétreas de alguns de que o Coritiba já ganhou. O Atlético é vice contumaz, tem fraco desempenho como visitante, não ganha no quebradinho, está pressionado para a final. O Coxa, que é vice do Operário, perdeu do Malucelli e do PSTC fora, aliás, sabe-se lá de quem ganhou fora, já que em 2015 andou namorando a segunda divisão, joga sem pressão, é favorito para levar o caneco. Uma insanidade sem tamanho.

Perguntado sobre o assunto, colocadas as semifinais perdidas pelo Furacão nos últimos anos, muitas delas com o Sub-23, a melhor resposta foi do armador Nikão. Disse o homem que matou o goleiro Marcos com um chutaço de fora: “Se você não me dissesse, eu nem sabia”. Continuou na argumentação, mas não precisava dizer mais nada, já dissera tudo.

Nikão quebrou a coluna do jornalista, mostrou que o Atlético está focado no jogo, o passado está destinado aos arquivos, às memórias que não entram em campo, servem apenas para o relato da história, para o revelar de traços da gente curitibana. Ficamos por aí.

O Atlético vai para o jogo respeitando o Coritiba, a exemplo do respeito demonstrado contra Londrina e Paraná. Respeito nada tem a ver com medo de cara feia, com distância das divididas, com fraqueza no embate corpo a corpo. O Atlético vai para o jogo como o time histórico que é, premiado pela raça, pela vontade irrefreável de seus jogadores.  É assim o Atlético, e assim será. Vamos à luta irmão. Olho para o céu matinal, uma barra vermelha no horizonte contrasta com o negrume da Serra do Mar, e sinto que o dia amanheceu atleticano.

sábado, 30 de abril de 2016

O CHAMPANHE DA VITÓRIA

Para começar este final de semana de futebol, quero dar medalha de lata para a Gazeta do Povo pela publicação da matéria “ ‘Vovô’ em clássicos, Deivid representa fase negativa do Atlético contra o Coritiba”. A reportagem coloca sobre os ombros do volante atleticano a responsabilidade de maus resultados rubro-negros, baseia-se em números que só se sustentam porque o jogador tem longa vida no elenco, dá razão àqueles que julgam o periódico inimigo do Furacão, enxergam no texto o objetivo de prejudicar o atleta, por extensão o clube na reta final do campeonato. No mínimo, o texto é infeliz, jornalismo de baixo nível, que imaginei já ausente de nossas redações. Em tempos de Olimpíada, que suba a Gazeta ao pódio, a ela uma luminosa medalha de lata.

As ausências deram tempero especial ao Atletiba decisivo. Pelo Atlético, André Lima, Vinícius e Otávio; pelo Coritiba, Juan, Dudu e Ceará. Do pouquíssimo que vi o Coxa jogar, acho que a contusão de Juan pesa muito para a criação alviverde. Confirmada a falta de Ceará, ou seu aproveitamento fora do seu melhor estado físico, a defesa fica também comprometida. Assim, a semana que começou capenga para o Furacão, igualou forças durante seu transcorrer. Difícil entender como, jogando contra adversários de segundo nível, o Coritiba conseguiu lotar seu departamento médico.

Como clássico é desafio mental, choque de lideranças, penso que a ausência de Juan no Coritiba pode levar o barco alviverde a fazer água, o vigor da torcida atleticana conduzi-lo ao naufrágio. Vamos lá rubro-negro, Madame RR já falou, tudo conspira a nosso favor, se sócio compareça, se não sócio associe-se, vamos com tudo, o primeiro jogo vale taça, no almoço é lasanha na manteiga, ao final da tarde brócolis com radiche. Ao chegar em casa, o champanhe da vitória.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

MADAME RR NÃO ERRA

Angustiado com o Atletiba que se aproxima, fui consultar minha vidente preferida, madame Rosa Regina. Madame RR é daquelas que tudo sabe, tudo vê, lê as linhas da mão como cigana adornada com pendentes brincos de ouro, trafega entre as cartas do tarô com a habilidade de mago centenário, afasta as brumas, enxerga o futuro claro na bola de cristal como se a carcomida esfera disponível fosse TV de plasma da melhor qualidade.

Cliente antigo, consegui brecha na sua agenda lotada de consulentes e sai em disparada, o coração aos pulos para saber o resultado do jogão de domingo. Pisquei o olho para a secretária, procurei uma cadeira vazia e aguardei na sala de espera plena de indagações. Ouvia-se o barulho de pequenas peças caindo sobre mesa que eu conhecia bem, búzios sendo lançados, o som murmurado das projeções de Madame RR.

Beijinhos na porta e a cliente se foi. Fui chamado. Ai... Ai... Ai... Entrei e... ela leu meus pensamentos: “Já sei, quer saber o resultado do jogo”. Era o óbvio, até aí nada de sobrenatural pensei eu. “Sente-se e concentre-se”, comandou. Olhou para a mesa onde os búzios restavam ainda lançados aleatoriamente, passou a vista pelo tarô guardado em caixa de madrepérola, pela bola de cristal escondida sob a mais pura seda indiana, relutou entre os três e escolheu a bola.

Tirou a seda que encobria a dona do destino, pousou as mãos sobre as minhas, fechou os olhos, pareceu ter tomado um choque, e quando os abriu novamente estava na Magnífica, assistindo ao espetáculo ainda por acontecer. “Que time é esse que tem um gordinho que parece um capeta?” perguntou. “É o Furacão Madame”, respondi ansioso. “Pois então o Furacão vai ganhar, esse gordinho vai fazer a festa”. Amigo, confie em mim, Madame RR não erra.

VOCÊ DESEQUILIBRA

A semana cheia é boa para o treinador, para a recuperação de jogadores, para os acertos necessários a elevar o nível de eficiência das equipes. Para quem têm que escrever sobre o assunto, os sete dias são uma eternidade, ainda mais nos dias de hoje, quando os jogadores não falam, se falam observa-se que melhor seria terem permanecido calados, os centros de treinamento são lacrados a sete chaves, as notícias inexistem.

Correm então os noticiários para os retrospectos. Quantos Atletibas nas finais, quantos vitórias de cada um, procuram um favorito, os números, que deveriam indicar o vencedor, submetidos à rivalidade tornam qualquer prognóstico impossível. Ninguém sai de cima do muro. Só o torcedor se arrisca a puxar a brasa para sua sardinha.

Os jogos entre Paraná e Atlético mostraram a importância do jogo em casa. Na Magnífica, o Furacão passou por cima da Gralha, poderia ter vencido por placar superior. No puxadinho entregou-se à marcação, perdeu seu jogo de cintura, a criatividade, perdeu nos noventa, levou nas penalidades. Pela prática, levando-se em consideração inclusive os jogos das quartas de final contra o Londrina, o jogo caseiro, o apoio maciço do torcedor vale ouro.

Então, o rubro-negro que quer títulos tem que correr para a fila comprar seus ingressos, ou partir definitivamente para a associação. Precisa ajudar. O time tem que jogar futebol, entregar-se no limite máximo, evitar o erro, aproveitar-se do erro adversário. É o seu dever. O Furacão de hoje está à altura da final, chegou a ela enfrentando durezas, as cicatrizes fortalecem o espírito do guerreiro. Vamos lá irmão, o jogo é jogado, mas nesta hora você desequilibra.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

VIEMOS PARA VENCER

Quarta- feira, seu Autuori já deve estar treinando o time que vai jogar no domingo. Pode ser tarde, mas vou me arriscar a dar conselhos. O primeiro trata da substituição de Otávio. É bem possível que o “rei leão” esteja pensando em escalar Hernani. Penso ser decisão arriscada. Hernani não conta com a simpatia da maioria da torcida atleticana, dois erros de passe e um murmurar vai correr pelas arquibancadas, algo totalmente indesejável na grande decisão.

Outro é liberar Marcos Guilherme para jogar, sair do caixote em que está metido pela esquerda. Marquinhos jogando sobre a linha lateral é facilmente marcado, a liberdade para entrar pelo meio lhe dá alguma utilidade, alguma eficiência. É outro que já foi enxotado de campo pela torcida, parodiando o ditado antigo, ou joga ou desocupa a moita.

O terceiro é entrar com Ewandro, alguém que pode dar velocidade e movimentação ao ataque, algo que definitivamente faltou nos dois últimos jogos. Ouvi falar em Pablo e pergunto, a ideia é marcar ou atacar? Se for marcar, ajudar na contenção da saída de bola Coxa tudo bem, se for criar, driblar, obrigar os zagueiros alviverdes a correr atrás, fazer faltas, Ewandro é melhor.

Meus conselhos podem ser os piores possíveis, Hernani pode entrar domingo e fazer o gol da vitória, lembra do Pelotas? São conselhos do torcedor, que está há anos vendo as mesmas promessas subirem e descerem com a chegada de novos treinadores. Do torcedor cansado, que quer movimentação, drible, velocidade, impacienta-se com o toque para trás, a opção fácil desde o momento em que o treinador passou a ser mais importante que o jogador.  O último conselho fica para a torcida. Domingo é dia de apoiar. Aconteça o que acontecer, o grito tem que ser “Vamos Furacão... Viemos para vencer”.

terça-feira, 26 de abril de 2016

O PORQUÊ DE EU NÃO FICAR EM CASA

Atlético e Coritiba vão para a final em situações opostas. O Furacão mareado pelo mar turbulento, os adversários mais taludinhos fizeram estragos, o Coxa passeou em mar de almirante, fez um cruzeiro pelas araucárias onde só faltou show do capitão Roberto Carlos, vai inteiro para o primeiro jogo na Magnífica.

Nada a reclamar. Logo após a derrota para o Paraná, ainda na primeira fase, amigo passou por mim e mandou um “lá na frente vamos pagar por isso”. Dito e feito. As derrotas para a Gralha e para o Coxa nos levaram às dificuldades, por isso, sem chororô, quem pariu Mateus que o embale, vamos à luta, com força em com raça, quem é velho rubro-negro de guerra como eu está dando de ombros, louco para entrar na Magnífica, louco para cantar “só eu sei... porque não fico em casa...”.

Com as ausências de André Lima e Otávio, sua senhoria estava vestida para matar, e Vinícius, o Furacão vai ter que mostrar que suas contratações de início de ano têm condições de tocar o piano, com o apoio da torcida botar o alviverde para dançar, sair com resultado positivo para a decisão no quebradinho. No mínimo repetir o feito de domingo no puxadinho.

Não dá para deixar de correr para o teu abraço irmão. Vamos precisar de você, do teu grito, do teu apoio de noventa minutos. A meio caminho nos distanciamos, acontece, sempre é tempo para recomeçar, o Atlético merece. Está é a hora de todos os aplausos, do fim dos ódios mortais, da união invencível. Quero entrar na Magnífica e ser deslumbrado pelo ambiente, assistir ao teu espetáculo com os olhos prontos para o correr das lágrimas e confirmar, mais uma vez,o  porquê de eu não ficar em casa.

domingo, 24 de abril de 2016

APENAS REALISTA

Tudo que eu queria ver no Atlético não vi. O ataque foi imobilizado pela defesa tricolor, criou muito pouco, a defesa falhou, perdemos. Diga-se para começo de conversa que é a segunda derrota em cinco dias. Em cento e oitenta minutos nada marcamos, levamos dois. Quem tem a responsabilidade de cuidar do futebol do Furacão deveria estar preocupado. Será que está?

Pensei que com a chegada de Autuori esqueceria as substituições sem o menor sentido, quebrei a cara, o “rei leão” comete as mesmas bobagens do Claudinei, do Henderson, do Milton Mendes, do Cristóvão. Muda a fisionomia, você pensa que vai sair dali alguma grande ideia, mas nada. Jadson é substituído pelo fator banco de minutos, a entrada de Ewandro no lugar de Nikão é impossível entender, com Marcos Guilherme ausente da partida.

Pelo menos desta vez conseguimos levar a decisão para as penalidades, a meleca em final de partida não aconteceu. Nos pênaltis passamos de fase. Cumprimos a missão. Tivéssemos perdido a vaga para a Gralha seria o vexame do ano, para quem enxerga um pouco, a dupla de área paranista é ruim que dói, durante a partida entrou o terceiro reserva da posição. Se a defesa é ruim, tem uns dois ali do meio de campo com uma vontade incrível, louve-se o esforço.

Autuori tem uma semana para tirar o gesso desse time, dar-lhe alguma flexibilidade, colocar alguém em campo que saiba dar um drible, que possa quebrar com lance criativo uma linha de defesa, entrar na área, dar ao adversário a chance de nos dar um pênalti de presente. O Brasileiro está chegando, a única partida boa que o Atlético fez até agora foi a primeira da semifinal contra o Paraná. É muito pouco. Temos que acelerar o passo do petiço. Pode parecer que estou chutando o balde, nada disso, estou louco de feliz, sou apenas realista.

sábado, 23 de abril de 2016

CHEGA DE MELECA

O Atlético tem recebido duras lições em final de jogo. Só este ano três. Contra o Cruzeiro em Minas, contra o Coritiba na Magnífica, contra o Fluminense em Juiz de fora. Passados os trinta minutos do segundo tempo não se pode mais levar gol, ainda mais se você está em vantagem, pode manter sua estrutura defensiva bem postada, jogar com segurança, marcar com proximidade, sem fazer faltas desnecessárias.

Isso não tem acontecido. Contra o Coritiba, Negueba recebeu livre pela direita, teve tempo para pensar, olhar e cruzar na cabeça do atacante. Contra o Flu, a bola sobrou para Magno Alves, que colocou Marcos Jr em condições de marcar. Nem Negueba, nem Marcos Jr poderiam ter recebido a bola com liberdade, no mínimo deveriam ter sofrido a falta. Bobeou, perdeu o jogo, perdeu o título.

Embora no primeiro jogo, o Atlético tenha dado um passeio no Paraná, ali pelo final da partida alguém enfiou bola vertical para Lucio Flavio, que ultrapassou Paulo André e deu um totó de esquerda, tivesse virado forte de direita a viola teria tudo para se partir em mil pedaços. Assim é o jogo da bola em seus noventa minutos, principalmente em clássicos.

Atenção, força, movimentação, troca de posições, substituições nos momentos certos, o adversário tem que trabalhar todo o tempo para conter o esforço daquele que o agride. É esse o Atlético que eu quero ver hoje, seguro na defesa, forte no ataque, Nikão, Marquinhos e Vinícius alternando posições, marcando gols para evitar riscos em final da partida. No popular, chega de meleca.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

ESSA NÓS TEMOS QUE CUMPRIR

Larguei um dia o teclado para ler opiniões a respeito da derrota em Juiz de Fora. Do natural desapontamento ao terror explícito tem tudo. Penso que a ponderação deve prevalecer sempre e a sensatez só vem com estudo cuidadoso e sereno do desastre. Procurei entender a derrota com frieza.

Primeiro temos que entender a campanha. Lembrar que o Atlético chegou à final jogando três jogos fora de casa e apenas um na Magnífica. Vencemos fora Fluminense e Flamengo, perdemos para o Cruzeiro em jogo que vencíamos até os trinta do segundo tempo, derrota que levou a decisão para Juiz de Fora. Não dá para reclamar.

Fomos para a final contra o Flu, contra torcida numerosa, perdemos aos trinta e quatro do segundo tempo, quando a partida já se encaminhava para as penalidades. Logo após o apito final, perguntado sobre a vitória, a primeira palavra de Levir foi “sorte”. É claro que não foi apenas sorte, mas é evidente que ela ajudou o tricolor naquele contra-ataque.

Por isso, entendo que o mundo continua em pé. O Atlético jogou decisão comemoradíssima pelo Flu, cumpriu seu papel, vinte centímetros mais baixo o pelotaço de Vinícius na trave poderia ter decidido a nosso favor. Os jogadores mostraram valor, sofreram no início, controlaram os nervos, a partida, de alguma forma o time cresceu, preparou-se para as dificuldades que batem à porta.

O torcedor tem que engolir o choro, unirem-se pacíficos e furibundos, a vida continua, no domingo temos que garantir outra decisão. Essa é nossa nova missão, torcedores e jogadores juntos. Com vantagem, melhor infraestrutura, maior investimento, essa nós temos que cumprir.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

CONTRATAR É IMPERATIVO

A noite quieta, quente, foi despertada pelos rojões de coxa, que parece ter um paiol de pólvora para comemorar as desgraças rubro-negras, quando do gol tricolor, e foi só. Desligue-se a TV, o sonho atleticano fica para depois.

Odeio procurar culpados em momentos como esse. Prefiro tentar entender o que se passou, olhar para frente, procurar a conquista de novos objetivos diminuindo a margem de erros que deu origem ao fracasso.

O jogo mostrou um Atlético despreparado para a decisão em seu início, dos quinze aos trinta tomou sufoco, conseguiu resistir e dominou o final do primeiro tempo, deu ao torcedor esperanças. Vamos ao vestiário, Autuori acerta detalhes, temos chances.

Fiquei na esperança. A presença estática de Autuori foi repetida dentro de campo. Jogadores imobilizados em suas funções, o Flu criando situações, fazendo modificações, e nós respondendo com faltas diretas conseguidas em jogadas centrais. A entrada de André Lima, não veio, o Flu marcou, o amigo sabe o final da história.

Situações como essa me dão a certeza de que treinador tem que durar anos no comando, para ter a consciência de que alguns jogadores tem que tomar rumo, se assim não for, sempre estarão no banco e poderão ser aproveitados sem qualquer proveito. E não estou falando de Sidcley, em quem vejo valor.

Ficou claro que o time precisa de reforços, como já sabido na última reunião do Conselho Deliberativo, quando se falou no assunto, sem qualquer resposta do nosso DF. Se desejarmos fazer algo grande, sair da rotina, contratar é imperativo.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O CANECO É NOSSO

Corri atrás de um jogo do Flu para dar um alento ao amigo que está em nervos e encontrei um já meio passado, 6 de abril, Tricolor 3, Tombense 0, na cidade de Tombos pela Copa do Brasil. O placar eliminou o jogo de volta.

Pois vamos ao check-up do time do Levir. Primeiro a escalação: Diego Cavalieri, Jonhatan, Gum, Henrique e Wellington Silva; Pierre e Cícero; Gerson, Gustavo Scarpa e Marcos Jr; Fred. O amigo percebeu? O esquema tático é idêntico ao do Furacão. Uma primeira linha de quatro, dois volantes, três armadores, dois abertos pelos lados, um centralizado, um centroavante fixo.

Da mesma forma que o Atlético, os três armadores trocam de posição com frequência. O primeiro gol do Flu aconteceu numa dessas trocas, Scarpa caiu pela direita, fez a jogada de linha de fundo, concluída por Gérson atuando pelo meio. Enquanto o Tombense conseguiu marcar Scarpa, o Flu pouco conseguiu, quando o meia tricolor arrumou espaço ganhou o jogo, o terceiro gol teve origem em assistência sua rasgando a área direto para os pés de Marcos Jr.

Além da movimentação dos três armadores, o apoio constante dos laterais e do volante Cícero, este sempre eficiente no cabeceio das bolas paradas, são fortes componentes do poder ofensivo tricolor. O segundo gol surgiu em cruzamento certeiro de Jonhatan para Marcos Jr cabecear.

E a defesa? Seria querer muito encontrar pontos fracos na defesa tricolor enfrentando o Tombense. Taticamente, o time defende com duas linhas de quatro, Fred e Scarpa dificultam a saída de bola. Onde eu digo Fred, leia-se Magno Alves. O Flu é time para respeitar, nada mais que isso. Se o Furacão que embarcou para Juiz de Fora jogar com força e equilíbrio, o caneco é nosso.

terça-feira, 19 de abril de 2016

UM GOLZINHO CAMPEÃO

Manchete no site oficial do Atlético diz que “Vinícius quer ser novamente protagonista contra o Fluminense”. A matéria explica. Vinícius teve ótima atuação no FURAFLU vencido pelo Furacão em Volta Redonda, foi dele o gol que deu vantagem ao rubro-negro. Agora em Juiz de Fora, na final importante, o meia quer deixar sua marca novamente. Sonho com isso.

Vinícius ainda não é no Atlético aquele armador que a bola vem lamber-lhe as botas de minuto em minuto, muito devido à maneira de jogar do Furacão, girando a bola, procurando com a virada de jogo criar os espaços necessários para furar o bloqueio defensivo. Assim, marcado de perto, é esquecido pelos passadores que dão preferência aos companheiros livres pelas laterais do gramado. Azares do ofício.

Mesmo assim, penso que Vinícius pode se movimentar mais, obrigar o marcador a persegui-lo, pedir a bola, tentar o lance frontal, entrar na área, forçar o adversário à falta, ao pênalti que ainda não conhecemos neste ano, ou já tivemos algum a nosso favor? Se confirmada a ausência de Walter sua importância fica do tamanho do mundo. Importante é reconhecer que Vinícius tem talento para exercer a função, é capaz, que ninguém tenha dúvida disso.

Além do protagonismo de Vinícius, eu gostaria que Autuori gastasse tempo no treinamento das nossas bolas paradas ofensivas. Estamos tirando pouco proveito delas, com sua experiência deve conhecer umas ensaiadas que poderiam melhorar nosso rendimento, dar origem a um golzinho campeão. Na final em Juiz de Fora é disso que precisamos, um golzinho campeão.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A INDISPENSÁVEL FÉ

Assisti com apagões de sonolência ao jogo do Coxa em Cornélio. Um jogo de ataque contra goleiro, de Juan brincando de cruzar, no final brincando de marcar, deixando o PSTC na história deste Paranaense. A partida de volta servirá para... para nada. O PSTC está morto e enterrado, descanse em paz.

O Coritiba que vi jogar no Atletiba não viajou para o interior, foi time dependente da bola parada, de Juan, sem qualquer outro jogador com atuação superior, fiquei na dúvida sobre o Coxa que enfrentaremos na final. O de ontem não dá nem para o começo.

O Furacão descansou o domingo e hoje começa seus preparativos para a decisão de quarta-feira. Enfrenta o Fluminense em retorno de Manaus, após perder para o Vasco e dar o título da Taça Guanabara ao time cruzmaltino. Nem o retorno de Fred, após ficar de bico com seu Levir, garantiu melhor resultado ao tricolor. O Fred 7 a 1 não joga na quarta, está fora do jogo assim como Léo, o amigo lembra do quiprocó entre os dois na partida em Volta Redonda.

Penso que o Atlético está melhor mobilizado que o tricolor. O título da Primeira Liga diz mais para os jogadores atleticanos, o time ganhou muito em combatividade contra o Paraná, está mais descansado, inexistem problemas de contusão, pela primeira vez temos um treinador à altura de uma decisão, vamos para o jogo com ganas de campeão.

A semana que começa venturosa para o Brasil pode ser aquela do nosso primeiro título em 2016. Não é um caso apenas de esperança, é um caso de confiança em inúmeros aspectos combinados com a fé, a indispensável fé.

sábado, 16 de abril de 2016

VAI FICAR AINDA MELHOR

Combativo, marcador, intenso, criativo no ataque, o Atlético deu uma estilingada na Gralha e deu ao torcedor tricolor a sensação de que no próximo domingo será melhor ficar em casa, espiar de longe, será muito difícil reverter a situação, embora em futebol tudo seja possível, a esperança é a última que morre, até para as aves.

O atleticano saiu de campo lamentando os gols perdidos, a chance desperdiçada de colocar a pá de cal na semifinal. É verdade, o Furacão trocou passes, jogou um toque, rodou a bola, criou situações, poderia ter feito no mínimo uns dois a mais, que nos dariam maior tranquilidade. O jogo deixou claro que repetida a partida de hoje, o Atlético é finalista do Paranaense.

O gol paranista, marcado em penalidade máxima, surgiu de falha de posicionamento. Robson é bom jogador, mata com facilidade, dribla, cai pelos dois lados, é daqueles que não podem receber a bola, ter espaço para jogar. Com a jogada adversária acontecendo pelo setor de Sidcley, Eduardo se aproxima muito de Paulo André, deixa o atacante livre na esquerda, chega atrasado, é tirado para dançar, faz a falta. Vai ser consertado durante a semana.

Dentro de um coletivo quase perfeito, “partidaças” de Paulo André, Otávio, Nikão e Walter. As entradas de Marcos Guilherme e André Lima deram vida nova ao ataque, a estrela do 99 definiu o placar com dois minutos em campo. Crescendo o coletivo, assistiremos a performances individuais mais criativas, tecnicamente mais corretas, jogadores ainda tímidos assumindo protagonismos para os quais estão aptos. Você gostou do Furacão que depenou a Gralha? Vai ficar ainda melhor.