terça-feira, 31 de maio de 2016

MUDAR PARA VENCER

Do que escrevi ontem sobre Autuori, alguém pode pensar que estou pedindo a saída do treinador, iniciando a fritura do “rei leão”. Amigos, depois que comecei a leitura do livro “Guardiola Confidencial” de Martí Perarnau, só peço a saída de treinador em último caso, quando o edifício inteiro estiver para cair.

O livro mostra a importância da continuidade do trabalho do treinador, do conhecimento inicial de seus jogadores, das suas capacidades, da possibilidade de adequá-los ao sistema de jogo idealizado por ele. Só o tempo permitirá que o treinador os conheça a fundo, possa transformá-los em multifunção, diminuir elenco enorme para 20 jogadores com superior eficiência.

Da leitura de uma centena de páginas, fiquei com a certeza de que o troca-troca de técnicos que vivemos no Brasil trata-se de amadorismo puro, o sucesso de um, de outro, mera casualidade, fruto de comprometimento maior ou menor dos atletas com aquele que chega. Por isso, vida longa ao “rei leão” sob o cajueiro.

Isso não quer dizer que concorde com tudo que o treinador diga ou realize. Quando Autuori diz “temos uma maneira de jogar, que faz parte do clube e não vamos abrir mão”, submete-se a esquema ditado por alguém, não se sabe quando, que pode nada ter a ver com as características dos nossos jogadores, nem com a forma de atuar de nossos adversários, nem com o seu pensar.

O livro cita vitória de 3 a 1 do Barça sobre o Real Madrid, tendo o Real marcado seu gol aos 27 segundos do primeiro tempo. Guardiola, que começara a partida num 4-3-3, adotou o 3-4-3 aos dez minutos e venceu. O Atlético está engessado há muito tempo, precisa atuar de formas diversas, frente a distintos adversários. Em qualquer situação, estar sempre pronto para mudar, mudar para vencer.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

DECISIVO NO ATAQUE

Fugi de assistir a qualquer partida do Figueirense, tentar entender o adversário com antecedência, o jogo era fechar os olhos e vencer. Vencer ou vencer. Vencemos, fechando os olhos nos últimos minutos para dar refresco ao coração velho e maltratado.

Quando vemos o Atlético sofrer contra o apenas simpático Figueirense, tomamos pé da situação em que nos encontramos, temos a possibilidade de avaliar as durezas a enfrentar pelo resto do ano. Somada à apresentação apenas regular, a desconstrução que acontece com nosso elenco, Jadson e Vilches deixando o Caju, fica impossível olhar para frente com algum otimismo.

Somados a tudo isso, a incapacidade do nosso treinador para entender a superioridade de Deivid sobre Hernani e a necessidade da utilização de Walter em qualquer posição do ataque, faz-me sentir desesperançado, muito embora os anos de experiência de Autuori me tenham levado a bater palmas de pé quando da sua chegada. Sinto o “rei leão” meio friorento, cansado, com um jeitão de quem sempre está sempre se perguntando “o que estou fazendo aqui, eu já tinha me livrado desse tormento?”

De qualquer forma, vencemos. Era imprescindível. Os melhores em campo? Ewandro, por óbvio, vem resolvendo nossos problemas desde as finais do Paranaense, e os que entraram, Deivid e Walter. Deivid recuperou bolas, dobrou a marcação pelos lados, iniciou contra-ataques. Walter em vinte e cinco minutos obrigou o goleiro Gatito a mostrar as garras umas três vezes. O Atlético tem que contratar, enquanto isso não acontece, entender a realidade em que está metido, ser forte na defesa, muito forte, ser decisivo no ataque.

sábado, 28 de maio de 2016

FARAÓ SALLIM

Existe ditado que ecoa pelo vale do Nilo desde o tempo de Ramsés, o Grande, ainda hoje de valor extraordinário. Diziam os torcedores dos grandes clubes da época, o Múmias da Bola, o Esfinges do Deserto, o Faraós da Pelota e outros nanicos: “Quem constrói pirâmide, não monta time”. 

Mais simples impossível. O homem que constrói, que valoriza o trabalho, o dinheiro, tende a ver no pagamento de altos salários a jogadores um risco desmesurado, algo a se evitar, se possível gastar o estritamente necessário, apostar em instante coletivo de alto rendimento, chegar à vitória, ao título, com despesas mínimas. É maneira lógica de ver o problema.

A história parece dar razão ao construtor de pirâmides. Defendendo seu ponto de vista contra os gastos feitos pelo Galo para ser campeão da Libertadores, lembre-se da contratação de Ronaldinho Gaúcho, ele dirá: “Mas se o Vitor não tivesse pego um pênalti com a ponta do pé tudo teria ido por águas abaixo”. Na mesma toada, dirá que a contratação de Robinho, pelo mesmo Galo neste ano, morreu na praia, o craque estava contundido no jogo decisivo contra o São Paulo. Eliminado o galináceo, restaram os altos salários a pagar. Eu entendo.
  
Mas há um componente de risco que os grandes clubes têm que assumir, ainda mais depois da pirâmide construída. Ninguém mais tem paciência com jogadores medianos, com apostas da base, com resultados de envergonhar a Cleópatra torcedora. Por isso, quem constrói cuida da pirâmide, quem assumiu compromissos com o torcedor monta time. É assim desde Ramsés. Ainda bem que temos na presidência um egiptólogo, que sabe o valor do provérbio, que pode gastar um pouco mais, vai contratar os craques que o Furacão precisa. Eu tenho certeza. Eu falo do nosso Faraó Sallim. 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

EU VI E NÃO ESQUECI

Pedi paciência, inteligência e velocidade. O que esqueci de pedir, algo que alguém como eu jamais poderia esquecer? O amigo vai responder de bate-pronto, vai acertar na gaveta. Claro, esqueci de pedir segurança. Sem segurança, mandamos no jogo, criamos, perdemos chances de gol, e perdemos em dois lances de contra-ataque. O resultado é vexatório. O Atlético não pode mais se permitir chegar à terceira rodada do Brasileiro com um ponto, fechando a classificação. Ninguém me venha de potocas, é um vexame.

As ausências de Leandrinho e Neilton no Botafogo transformaram o time agressivo que vi contra o Sport em equipe jogada na defesa, tímida, uma cobra esperando o vacilo atleticano para instilar seu veneno. Com a entrada de Neilton no segundo tempo, veio o gol que nos imobilizou por completo. Um desastre.

Vou falar pela última vez. Se Hernani tem mesmo que ser titular deste time do Atlético, deve disputar posição com Vinícius, Pablo, atuar avançado, nunca como volante. Hernani é lento, não recupera bolas, curto passa para trás, longo erra passes. Na frente, tem boa visão, pode dar passe enfiado, arriscar cabeceio ofensivo, a batida de falta premiada. Escalar Hernani como volante é pedir para morrer, uma irresponsabilidade. Pronto falei. Também é certo que se Otávio quer proteger a defesa sem fazer falta, marcando com o olho, o banco é melhor lugar.

Walter jogou dez minutos e provou que não pode ficar fora do time. Se André Lima também não pode ficar, então que se ache maneira de colocar os dois em campo. Essa história que os dois não podem jogar juntos só pode vir da boca de quem não viu a seleção de setenta jogar, esqueceu o tempo em que ganhávamos tudo. Eu vi e não esqueci. 

quarta-feira, 25 de maio de 2016

FOI-SE O TEMPO DE BRÓCOLIS COM RADICHE

Hoje, às 19:30, voltamos à bola, esperançosos de que o jogo contra o Botafogo seja decidido pelos jogadores, seja nula a interferência do homem de preto, ultimamente, um urubu a sobrevoar nossos estádios, arruinar esforços os mais diligentes. A esperança é a última que morre. Está na UTI.

Amigos, o que teremos pela frente é time azeitado pelo zagueiro Ricardo Gomes, defendido por duas linhas de quatro muito próximas, rápidas na recuperação defensiva, que dificultam sobremaneira a armação de jogadas do adversário. No jogo contra o Sport, o Leão da Ilha do Retiro fez seu gol em cruzamento da direita, finalizado por Diego Souza, após falha do goleiro Helton Leite, e foi só.

O Bota respondeu rápido, empatou com Fernandes, e, sustentado pela sólida defesa, tomou conta do jogo. O ataque é bonito de se ver jogar. Com Ribamar centralizado na frente, a linha formada por Leandrinho, Fernandes e Neilton, que o antecede, caracteriza-se pela ausência de posições fixas, os jogadores “vespam” por todos os lados, partem seguidamente para a jogada individual, o lateral-direito Luis Ricardo ajuda muito, quando a jogada é sinalizada pelo lado do campo, no mínimo três jogadores se acumulam no interior da área.

Resultado desse vespeiro é que o Bota perdeu seis chances claras de gol, o goleiro Magrão do Sport foi o craque do jogo, o Leão em nenhum momento conseguiu encaixar a marcação dentro da sua toca. Espero que o Autuori já tenha colocado os nervos no lugar, estudado com calma o alvinegro e optado por solução projetada sobre os pilares da paciência, inteligência e velocidade. É irmãos, é Brasileiro, foi-se o tempo de brócolis com radiche.

terça-feira, 24 de maio de 2016

SANTA INGENUIDADE

Coloco para rodar a gravação do jogo de domingo e lá está o lance do pênalti assinalado contra o Furacão. Segundo o Gaciba, autoridade no assunto, nada a marcar, a exemplo do que fez Sua Senhoria no lance de Nikão, segundo o ex-árbitro também sem merecer a colocação da bola na marca fatal. Fico com o Gaciba. Um a zero Furacão.

O que mais me maltrata nesta situação toda é o segundo plano com que o assunto é tratado na mídia nacional, podendo até virar piada de um momento para outro. O juiz leva teus pontos, sangra teu time, e tudo é visto com naturalidade, como se o erro da arbitragem fosse algo incorrigível, nada a fazer, o jeito é esperar que na próxima partida, o gato do dia equilibre as coisas, cometa algum delito que te favoreça.

Fica aquela tropa de comediantes fantasiados de comentaristas a trocar gracejos, agarrados aos seus empreguinhos, velhinhas crochetando em meio ao chá da tarde, motejando sobre o esporte que lhes garante o pão de cada dia. Com o pessoal de fora já estou acostumado, pior é a turma da nossa RPC, capaz de nos colocar na forca a cada lance, ver tudo com olhos estrangeiros, subir no muro com a agilidade do gato que nos maltrata.

O Atlético tem que fazer expediente duro em defesa do nosso treinador, exigente de melhores arbitragens, de punições aos árbitros que nos prejudicaram claramente. Não pode passar em branco. Neste Brasil varonil de propinodutos a céu aberto, só no futebol se acredita que os erros são unicamente fruto da falha humana, defende-se o árbitro como anjo caído do céu, um poço de virtudes em meio a pecadores. Se o Batman assistisse meia hora do futebol nacional, as maracutaias em progresso, sem sombra de dúvida afirmaria: Santa ingenuidade.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

AMADORA, ARROGANTE, DANOSA, DEPRESSIVA

O jogo que a meu ver era duríssimo, ficou pior ainda com a arbitragem mais do que polêmica. O Atlético começou bem, marcou em boa jogada iniciada por Hernani, finalizada por André Lima, e pouco a pouco começou a sofrer pressão do Galo mineiro. A meu ver tudo muito natural.

Como disse anteriormente, o Galo é time bem treinado, chega forte pelos lados do campo, com o placar adverso era natural o avanço, o Atlético teria que se virar para evitar o empate. Até que se virou, jogou-se na defesa, tentou jogar no contra-ataque, quando a casa esteve para cair, Weverton salvou. Ia tudo muito bem, até que Sua Senhoria viu penalidade em lance daqueles que tem juiz que dá, outro que não dá, o mesmo homem de preto que não tinha dado um semelhante a nosso favor em chute de Nikão, favoreceu o galináceo.

O bom jogo teve resultado justo. Temos que melhorar, nossa transição tem que ser aperfeiçoada, defender só não basta, o ataque tem que ser eficaz, aproveitar-se do avanço adversário. Treinar, treinar, treinar.

A declaração de Weverton, ao final do jogo, parece tornar o treinamento perda de tempo. Weverton reclamou da arbitragem, arbitragem que nos teria prejudicado, anulado o esforço da semana. Eu concordo. Já contra o Palmeiras, o juiz atrapalhou a partida, ontem pode ter decidido o placar, foi polêmico, irritou a torcida. Com os custos nas alturas, manutenção de arena, pagamento de altos salários a atletas e profissionais de várias áreas, arbitragens amadorísticas já deviam estar fora do cenário do nosso futebol, esquecidas no folclore da bola. O esporte muda, a ciência invade os CTs, as regras mudam, só não muda a arbitragem, amadora, arrogante, danosa, depressiva.

sábado, 21 de maio de 2016

CANTAR MUITO

O Galo deve vir a Curitiba sem seu treinador, demissionário, Lucas Pratto, Léo Silva e Robinho. As ausências ajudam, o cansaço do jogo de quarta também, mas, sempre é bom lembrar que o reserva do genérico mineiro ganhou do Santos campeão paulista na primeira rodada do Brasileiro. Para mim, o jogo continua a ser batalha das mais difíceis, exigente da presença da massa rubro-negra lotando a Magnífica.

Mesmo com o comando do nosso Carlinhos Neves, o sistema tático do Galo não deve mudar, mudam nomes, as ações continuam as mesmas, como se viu quando do jogo contra o São Paulo. O time é bem treinado, o jogador troca de lado no ataque e continua com o mesmo rendimento, sabendo o que fazer.

Temos jogo duríssimo pela frente. Se cairmos na armadilha do cansaço, das ausências, entrarmos de sangue doce, corremos grande risco. Brasileiro é campeonato para se jogar com equilíbrio, seguro na defesa, eficaz no ataque. Creio que ainda não conseguimos segunda linha de defesa sólida a ponto de impedir lançamentos verticais entre nossos zagueiros, temos sérios problemas quando o adversário acumula jogadores pelos lados do campo, quase sempre o cruzamento sai matador.

Muito do sucesso rubro-negro depende do reconhecimento das suas limitações, escalação compatível e mobilização coletiva para minimizá-las. Se tudo der certo, marcamos três pontos e nosso cavalinho dá um passo a frente na classificação. O amigo tem que sair de casa, encomendar um frangão recheado na televisão de cachorro da esquina e ir para o campo cheio de fé, e com a garganta em dia. Para garantir o almoço festivo com a família, antes vai ter que cantar, cantar muito.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

FALCÃO-PEREGRINO

Confirmado o previsto passeio contra o Dom Bosco, tomei conhecimento da guerra de domingo a ser travada na hora do churrasco contra o Galo de Minas. Transformado em galeto quarta pelo São Paulo, espero tenham sobrado pelo menos as asas do galináceo para o almoço dominical do Furacão, delícias a serem consumidas uma atrás da outra, acompanhadas por boa polenta frita e vinho tinto de boa safra.

O jogo é cheio de perigos. O primeiro tem coração cruel e nome conhecido. Trata-se de Leandro Donizete. O amigo sabe quantos Atletibas o empedernido ganhou na marra, até que um dia seu Baier lhe deu um tranco em início de jogo, o pai da maldade encolheu, ganhamos, fomos para a segunda divisão, mas “eles” deram adeus à Libertadores.

Com técnica apurada, ousadia, fazendo fila, passando com qualidade, chegando para finalizar, o nome do perigo bom de bola é Cazares. É belo jogador. Destemido, rápido, móvel, se a marcação der um espacinho vai lá dentro do gol.

O coletivo fecha o triângulo dos perigos. Com Patrick, Cazares, Carlos, os dois laterais muito avançados, todos abastecendo Lucas Pratto, que pode sair da área, fazer pivô, abrindo espaço para infiltrações, o time joga em velocidade, usa muito os cruzamentos altos sobre a área, tem bom cardápio de bolas paradas ensaiadas, até o lateral cobrado longo por Marcos Rocha merece cuidado.

É jogo prá macho, seu Autuori tem que escolher seus guerreiros a dedo, afastar os lentos e desacordados. Quem estiver a fim de uma asinha no domingo tem que acordar cedo, começar a aquecer as nove e meia, entrar em campo com fome e velocidade de falcão, de falcão-peregrino.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

CRIANDO FURACÕES

A vitória larga aconteceu, o bom futebol necessário disse presente. O Atlético acordou do seu sono pós-paranaense, com o time bastante modificado deu à torcida melhor perspectiva para o caminhar no Brasileiro. Quem já estava encostando a viola no canto, voltou a se animar com o cinco a zero de casados e solteiros.

O jogo mostrou detalhes que devem ser observados. André Lima, fazendo gols a todo instante, contribuindo com assistências, não pode dormir no banco os noventa minutos de uma partida.

O amigo sabe que tenho minhas dificuldades com Hernani, é certo, porém, que o jogador tem sido decisivo em algumas partidas, ontem marcou e deu assistência, seu entrosamento com André Lima é evidente. Continuo achando que Hernani não é volante, tem pouco poder de marcação, mas seu aproveitamento avançado tem se revelado eficaz.

A torcida pega no pé de Marcos Guilherme. Penso que o lado do campo é o túmulo do baixinho, a entrada pelo meio, a liberdade para circular no ataque pode dar vida ao seu futebol. Temos que ter paciência. Hoje é reserva. Quando entrar tem que receber apoio.

Anderson Lopes entra em campo com fome de obeso mórbido. Assim, vai avançando na fila daqueles que pedem passagem. Problemas para o seu Autuori administrar. Enquanto as contratações não chegam, ele vai treinando seu poder de escolha, usando o melhor da capacidade de seus jogadores, criando Furacões.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

OS DOZE MIL FANÁTICOS DE SEMPRE

Hoje o Coliseu dá lugar ao futebol. Após o espetáculo belíssimo de sábado passado, em que a economia da cidade como um todo pode respirar em meio à crise que nos assola, deixam a cena os lutadores, as luzes giratórias, os anúncios de lutas de deixar Césares boquiabertos, volta o simples esporte inglês, com suas magias e monumentais imprevistos. O jogo em início de noite só acontece por um desses monumentais imprevistos proporcionados pelo jogo da bola. O amigo sabe do apagão que determinou esta segunda partida.

Fala-se em Atlético com força máxima. Nem poderia deixar de ser. O Atlético de ressaca que foi a São Paulo tem que tirar a máscara e mostrar serviço, mesmo contra o pequeno Dom Bosco, tem que injetar um mínimo de ânimo na torcida que do céu foi ao inferno, conheceu suas asperezas e começou a colocar caraminholas na cabeça, mesmo com seu Autuori achando que o “primeiro jogo nada representa”.

Pode não representar mesmo, mas o Atlético jogou zero, foi dominado todo o tempo, por um Palmeiras com bom entrosamento e um menino que resolveu brincar de bola entre nossos zagueiros.

Considero a partida contra o leão cuiabano um treino oficial, a vitória larga obrigatória, o bom futebol uma necessidade. Sem bom futebol, sem movimentação, sem contundência ofensiva, sem apresentações individuais de relevo, mesmo com a passagem de fase assegurada, o torcedor irá para casa se perguntando a cada esquina “o quanto representa o título estadual?”, a dúvida instalada na cabeça, o horizonte nevoento. Tudo o que não pode acontecer em início de campanha, a diferença entre a Magnífica cheia e os doze mil fanáticos de sempre.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

OURO DO GOL

Assisti assustado a Corinthians e Grêmio. Um jogo em altíssima rotação, marcações dobradas o tempo todo, movimentação constante de atacantes perseguidos pelos seus marcadores, os espaços diminutos para a construção de jogadas. Por que assustado? Porque se vamos atuar, como contra o Palmeiras, estamos armados de garrucha em combate onde impera a automática Glock G25. 

No Grêmio, Dodô fixo no ataque, Luan, Giuliano e Bolaños não tem posição fixa para atacar, movimentam-se com leveza, quem ocupa a ponta, em segundos, está se infiltrando pelo meio para receber a bola matadora. No Timão, Elias, Rodriguinho, Marquinhos Gabriel, Romero e até André, um pouco mais fixo, alternam posições, contam ainda com Fagner sempre aberto pela direita, livre para o cruzamento. O amigo sabe que o jogo foi 0 a 0, com poucas chances de gol para ambos os lados, as defesas com alta mobilidade barraram os ataques.

O Atlético foi vítima dessa movimentação ofensiva. Nos dois primeiros gols Paulo André demorou uma eternidade para realizar a cobertura, parecia estar ainda no Paranaense, onde se pode deixar para a natureza a marcação dos ponteiros de nossos coirmãos. Ou Paulo André alia um pouco de velocidade à sua experiência, ou vamos tomar balaços a cada duelo de fim de tarde.

No ataque, a lição foi duríssima, ficou claro, ou se movimenta, ou troca de posição, ou entra na surpresa, ou está barrado no baile. O jogo de sábado mostrou um Furacão imobilizado, que espero tenha tomado um benéfico choque de realidade. No Atlético das capitanias hereditárias em que cada jogador parece ser dono de um lote, precisamos de Bandeirantes ousados, fortes, decisivos na procura do ouro do gol.

domingo, 15 de maio de 2016

EU NÃO ESPERAVA

Amigos, tomamos um quatro a zero inesquecível. Quase volto a precisar das minhas enfermeiras. Foi um atropelamento digno de UFC, um chute na cabeça em início de combate, felizmente no futebol existe a semana seguinte, a possibilidade de recolocar os miolos no lugar, entender os motivos do vexame e tentar o recomeço. Vou fazer uma, a minha análise rápida da desgraça.

Primeiro, as atuações individuais de nossos atletas foram, todas elas, abaixo do nível. Ninguém jogou bem.

Segundo, taticamente voltamos ao engessamento pré-finais do Paranaense. Walter centralizado, Nikão não se afastou dos vinte metros quadrados que comprou ali pela direita, Ewandro caiu no equívoco de marcar o lateral, túmulo de atacantes, Vinícius tem futebol de qualidade, porém, é incompetente para fugir da marcação. Nossos atacantes atuaram a quilômetros de distância, marcados implacavelmente, sem ataque, tomamos um baile, os gols verdes foram saindo naturalmente.

Terceiro, nossa defesa mostrou lentidão sempre que explorada pelos lados do campo. Ultrapassados os laterais, os atacantes palmeirenses chegaram na frente dos nossos zagueiros com facilidade. No jogo, o Palmeiras foi o coelho, o Furacão a tartaruga, infelizmente sem o desfecho da história infantil.

Quarto, o juiz atrapalhou o jogo, o Palmeiras usou melhor o despreparo de Sua Senhoria, nos deu uma sapecada histórica. Gostaria de saber qual foi nossa conversa de vestiário em meio ao jogo, o retorno, todos sabemos, foi um desastre. O Atlético não pode sofrer mais esses vexames, ser atropelado por time de desconhecidos com bom treinamento. Por essa eu não esperava.

sábado, 14 de maio de 2016

MÁRCIAS, TATIANES, MARIAS E ANAS PAULAS

Saí da consulta com Madame Rosa Regina e fui direto para a sala de cirurgia, o comparecimento à final esquecido, a melhor expectativa assistir ao jogo maiúsculo com o corpo espetado por agulhas benfazejas a conduzir o soro, injetar remédios, analgésicos, antibióticos, um horror necessário. 

Escondido sob as cobertas, sem dar mostras do meu coração rubro-negro – quem quer um coxa procurando sua veia em clima de final? –, assisti à magnífica atuação de Walter com ar paranista, louco para sair pelo corredor aos gritos de campeão, carregando tripés lotados de cartuchos plásticos e suas mágicas poções.

Só fui dar aquele sorrisão campeão lá pelo final da noite, quando a reportagem mostrou Walter anunciando sua liberação do regime, aberta a possibilidade para a comilança, no cardápio cinco coxinhas cinco estrelas. A vitória melhorou meu ânimo, facilitou a recuperação, os dias foram passando e pude ouvir pelo rádio a vitória contra o Dom Bosco, que ao amanhecer descobri ter se transformado em doloroso empate. Estou melhorando, nada me desanima.

Agora estou em casa, submerso nos programas esportivos, descobrindo que o Palmeiras é candidato ao título do Brasileiro, pelo menos é o que assegura o nosso Cuca. Já vi este filme quando Cuca estava no Galo e saímos de BH com bela vitória. Vou para o jogo com saúde e fé redobradas. Fico por aqui, confiante no coletivo campeão, afinal, muito da minha melhora veio do trabalho eficiente da enfermagem que me acolheu como filho. Por isso, agradeço a todas as meninas de branco. Meu obrigado a Márcias, Tatianes, Marias e Anas Paulas.
 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

HARE KRISHNA

Com a certeza do título resisti a voltar ao encontro de Madame Rosa Regina. Fiquei vagabundeando pelo apartamento, espiando a Magnífica pela janela, lembrando os lances memoráveis do domingo que passou, imaginando Paulo André recebendo a taça maravilhosa, a volta olímpica, a cidade rubro-negra em festa, o jogo das faixas marcado em importante partida do Brasileiro.

Resisti, resisti, mas voltei. Repetiram-se os mesmos passos. O encontro de brecha na agenda lotada, a impaciência na sala de espera, amenizada pelos cheiros dos incensos indianos, o abrir da porta, a minha entrada triunfal na sala onde o futuro incerto se transforma em certeza a um apertar de têmporas. “E então, acertei?”, perguntou Madame RR. “A Madame sabe que sim, acertou em cheio”, respondi, “agora quero saber o resultado de domingo”.

Madame sentou em sua cadeira almofadada e abriu a caixa de madrepérola, tirou dela o baralho de tarô. Embaralhou, esparramou sobre a mesa e me mandou tirar três cartas, deixando-as viradas. Abriu a primeira. “O Mágico. Esta carta diz que se tem na mão todo o necessário para o sucesso, inclusive a competência e a habilidade mental para o alcance das metas ambicionadas”, explicou. Abriu a segunda. “A Força. Energias favoráveis, pleno poder perante as circunstâncias e fortes possibilidades de sucesso”. Faltava a última.

Abriu. Um menino segurava o Sol sobre a cabeça. “O Sol. O Sol representa a glória, o brilho, o sucesso – puxou forte a respiração –, quando esta carta sai num lançamento, dissipa dúvidas, traz certezas e segurança. A vitória está praticamente certa”. Olhou para mim com jeito de mãezona e perguntou: “Satisfeito filho?”. Eu não estava satisfeito, eu delirava, ao fundo, bem ao fundo, os Beatles cantavam Hare Krishna.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

ESSA VAI PARA O GUINNESS

Destaca Pablo no site oficial do Furacão: “Teremos mais noventa minutos, completamente diferentes”. Penso, repenso e concluo: “Diferentes... ou não”.

Coloco o Tico e o Teco para trabalhar e fico imaginando que surpresa seu Gilson Kleina poderia apresentar no quebradinho para produzir “noventa minutos completamente diferentes”. O amigo sabe que as ervilhas têm que atacar, é indispensável, porém, seu GK sabe que primeiro tem que acertar sua defesa, uma peneira de malha grossa com um buraco enorme no meio.

O trabalho do treineiro coxa é imenso, consertar a defesa, arrumar a criação sem Juan, ou com Juan marcadíssimo, fazer o ataque funcionar contra sistema defensivo cada vez mais eficiente.

Já Autuori tem jogadores importantes voltando à disponibilidade, precisa manter o nível de disposição da equipe, pode fazer aperfeiçoamentos que tornem o Furacão ainda mais “eficaz”, isto é, volte a marcar gols no jogo de volta. Missão facilitada.

Fatigados ao extremo, o Tico e o Teco me apresentam cenário em que os noventa minutos só serão completamente diferentes se o Atlético entrar com um salto quinze, menosprezar o adversário, algo impossível de acontecer com o “rei leão” no comando.

A exemplo do domingo inesquecível, o Furacão vai respeitar o Coritiba, mas não economizará esforços para ganhar o título, se possível dar uma boa sapecada nas ervilhas saltitantes.  Tudo leva a crer que o Coxa vai ser “bi-vice” no quebradinho. Essa vai para o Guinness.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A SUA ESCOLHA

Volto a falar exclusivamente de Atlético, volto a falar da lendária atuação de domingo e me pergunto: “Quais foram os pilares da vitória rubro-negra?” Respondo de bate pronto, o corpo lançado lateralmente no ar, como em gol de Bebeto.

O futebol coletivo, sufocante, objetivo, criador de oportunidades é um deles. A determinação de todos os jogadores está escrita em letras d’ouro neste fundamento da vitória gloriosa.

O futebol vigoroso, sem deixar espaços, amedrontador na defesa, fulminante no cabeceio ofensivo de Thiago Heleno é o segundo. Sem sombra de dúvida.

O futebol de noventa minutos de Pablo, corajoso, marcador, exigente de marcação logo em início de partida, João Paulo que o diga, materializado pela assistência no segundo gol rubro-negro é o terceiro.

O futebol rápido de Ewandro, atuando pelo meio do ataque, aterrorizante para a dupla de área coxa, o segundo gol marcado com categoria, a falta sofrida ali na beirada da área no terceiro, é o quarto.

O comando de Autuori que soube tirar o gesso do Atlético, dar flexibilidade ao ataque, surpreender seu Gilson, que quando se deu conta do desastre já estava três a zero, só dava tempo de ajustar o discurso pós-partida, fecha o pacote.

Essa é a minha opinião, atuação brilhante como a de domingo pode ser vista por uma infinidade de ângulos, admitir variadas preferências. O amigo pode ter opinião diversa. Tudo bem, eu vou achar ótimo, aplaudir de pé a sua escolha.

terça-feira, 3 de maio de 2016

O MELHOR PROGRAMA

A foto é significativa. Hernani sai para o abraço dos companheiros após o terceiro gol, atrás dele, mãos na cintura, olhando para a torcida rubro-negra em delírio, está João Paulo. Se a imagem tivesse um daqueles balões de gibi saindo da boca do volante coxa, ex-atleticano, a legenda seria “o que é que eu estou fazendo aqui?” Se alguém pudesse morrer de saudades, João Paulo já estaria sepultado. Nem vou falar mais, daqui a pouco dirigente coxa decide demitir o jogador, a exemplo do acontecido com Nei no Paraná, que culpa tem o profissional de respeitar torcida que sempre o apoiou, sentir saudades.

A manchete do jornal Metro apresenta grave erro matemático. Diz ela: “Meia taça na Arena”. Ora irmãos, convenhamos, para ser gente boa, afinal todos temos amigos coxas e é um dever consolá-los neste momento de dificuldade tremenda, a manchete matematicamente verdadeira, assinada por Pitágoras, Tales de Mileto, Euclides, Descartes, seria “Nove décimos da taça na Magnífica”. Fica um décimo para os acasos do jogo da bola, só por isso.

Mesmo assim, que ninguém aconselhe o torcedor coxa a comparecer ao quebradinho. O jogo de domingo mostrou diferença monumental entre as duas equipes, uma questão de competência que não se perde do dia para noite, nem se ganha no decorrer da semana. Todos os esforços do seu Gilson, outro atleticano de coração, deverão se finar no transcorrer dos minutos e o risco de nova vitória rubro-negra é altíssimo.

Então, amigos coxas, o negócio é permanecer no recesso do lar, mergulhado no sofá, o controle na mão, começou a complicar troca de canal, vai assistir ao programa da Eliana, do Faro, a um filme do tipo “Ela dança, eu danço”, este, para quem acabou de tomar um baile, talvez seja o melhor programa.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

BORBULHANTE, GELADO, DELÍCIA

Pouco antes de sair de casa, catei um champanhe remanescente do Natal e acondicionei no freezer, em espaço feito especialmente para isso. Fechei a porta, procurei o desenho apagado de taça inclinada com borbulhas soltas pelo ar e pressionei com o indicador. A taça acendeu e me disse que em 45 minutos o espumante estaria pronto para consumo. Fui para o jogo.

Primeiro tempo de controle absoluto da partida, gol perdido por Ewandro do interior da área, algumas boas defesas do goleiro Coxa, mostraram um Furacão fechado na defesa, forte no ataque, pronto a detonar o “favorito” a qualquer momento. Fomos para o intervalo zero a zero e eu de sangue doce, fé absoluta nas previsões de Rosa Regina, o amigo sabe que Rosa Regina nunca erra.

Sete minutos e Thiago Heleno marca de cabeça, finalizando cruzamento de Léo. Dezenove, os zagueiros coxas batem cabeça, a bola sobra para Ewandro que marca na saída do goleiro. Vinte e dois, Hernani cobra falta, três a zero Furacão. Alguém, por favor, jogue uma pá de cal no caixão alviverde. Um Furacão arrepiante, com atuações preciosas de Thiago Heleno, Pablo e Ewandro fez renascer a torcida atleticana que há anos eu não via tão entusiasmada.

Brócolis e radiches esperneiam, tentam marcar o de honra, nem chegam perto. Domínio completo e irrestrito. O jogo acaba e penso que a torcida coxa deveria pedir o impeachment daqueles que a fizeram acreditar que tinha time. Semanas atrás, quando o Coxa venceu o PSTC em Cornélio, disse que aquele time não dava nem para o começo. Eu e Rosa Regina estávamos certos. Estou saindo e alguém grita do meu lado “delícia!” “delícia!”, e eu sigo em meio à multidão delirante, pensando no champanhe da vitória, borbulhante, gelado, delícia.

domingo, 1 de maio de 2016

O DIA AMANHECEU ATLETICANO

Leio, escuto e não acredito. Existe um pensamento incrustado nas cabeças pétreas de alguns de que o Coritiba já ganhou. O Atlético é vice contumaz, tem fraco desempenho como visitante, não ganha no quebradinho, está pressionado para a final. O Coxa, que é vice do Operário, perdeu do Malucelli e do PSTC fora, aliás, sabe-se lá de quem ganhou fora, já que em 2015 andou namorando a segunda divisão, joga sem pressão, é favorito para levar o caneco. Uma insanidade sem tamanho.

Perguntado sobre o assunto, colocadas as semifinais perdidas pelo Furacão nos últimos anos, muitas delas com o Sub-23, a melhor resposta foi do armador Nikão. Disse o homem que matou o goleiro Marcos com um chutaço de fora: “Se você não me dissesse, eu nem sabia”. Continuou na argumentação, mas não precisava dizer mais nada, já dissera tudo.

Nikão quebrou a coluna do jornalista, mostrou que o Atlético está focado no jogo, o passado está destinado aos arquivos, às memórias que não entram em campo, servem apenas para o relato da história, para o revelar de traços da gente curitibana. Ficamos por aí.

O Atlético vai para o jogo respeitando o Coritiba, a exemplo do respeito demonstrado contra Londrina e Paraná. Respeito nada tem a ver com medo de cara feia, com distância das divididas, com fraqueza no embate corpo a corpo. O Atlético vai para o jogo como o time histórico que é, premiado pela raça, pela vontade irrefreável de seus jogadores.  É assim o Atlético, e assim será. Vamos à luta irmão. Olho para o céu matinal, uma barra vermelha no horizonte contrasta com o negrume da Serra do Mar, e sinto que o dia amanheceu atleticano.