sexta-feira, 29 de junho de 2012

SEM NADA PODER FAZER

Sai do Brasil às vésperas do jogo com o Goiás. Quando a filha me telefonou e evitou falar em Atlético, fugi da pergunta, senti o cheiro de desgraça, percebi que o amor filial tentava preservar o meu bom momento em terras distantes.
A partir daí passei os dias a caminhar entre monumentos, assistir a Europa invadida por hordas de chineses e indianos, tentar entender uma só palavra de línguas de quebrar o queixo, viver de um colossal café da manhã e monásticas refeições outras, esquecido por completo o Rubro-negro do meu coração.  Só o susto no meio da noite, ao qual já me acostumei, trazia de volta a preocupação medonha e os longos minutos de insônia dos quais não consigo me livrar.
Ao chegar ao Galeão e dar de cara com senhoritas gritando “Táxi missster! Táxi missster!”, já na saída da Receita Federal – cena prá lá de dantesca –, receber aquele atendimento privilegiado que durante a Copa vai levar o sueco desejoso de ver seu país jogar em Manaus a conhecer a estátua do laçador em Porto Alegre, e esperar horas para o aeroporto abrir em Curitiba, fui me preparando para o baque.
A felicidade estampada na cara do meu porteiro coxa nada tinha a ver com o retorno triunfal deste rubro-negro. Em minutos fui atingido por todas as calamidades. O empate com o Goiás, a derrota contra o Ceará, a classificação do seu glorioso para a final da Copa do Brasil, a queda do nhô Ricardo. Coloquei a mão sobre a têmpora, sinalizando a volta da dor de cabeça, a esposa suspirou um sofrido “vai começar tudo de novo”.
O Atlético deu uma nova dimensão à lei de Murphy, agregou a ela velocidade. Diz a referida lei que se alguma coisa pode dar errado, com certeza isso vai acontecer. Com o Furacão, dez dias são suficientes para que todos os maus presságios se realizem. Você dá um suspiro e encontra técnico novo comandando o treinamento, pedindo reforços, clamando pelo apoio da torcida, o ex-recém-contratado no limbo, a situação é tão surreal que parece ser impossível demiti-lo.
Vai ver dá certo. Vai ver, finalmente, o Atlético que não consegue aprender com os próprios erros, tem certezas absolutas, pensamento pétreo, acordou no meio do pesadelo, foi tocado por um mínimo de bom senso e resolveu agir enquanto a ação ainda pode dar resultado.
Jorginho recebe a mesma herança que destronou nhô Ricardo, com algumas atenuantes. Foi jogador, pode ser assimilado com maior rapidez, não tem adversários de tanto nome pela frente, poderá estar à beira do campo, foi campeão da segundona em 2011, viveu o campeonato, sabe que deve mirar a primeira colocação, está fora do nível científico que o Atlético tenta imprimir ao futebol, é um prático em meio a experimentadores, se não for atrapalhado, pode dar certo.
Tem em mãos o mesmo elenco, agora com o moral abaixo de zero, elenco que ganhou duas vezes do Criciúma, um dos líderes disparados da competição. Vai ter que transformar o Atlético em time de luta, de garra, fundamental para a consecução do objetivo, sem contar com grande apoio da torcida, pelo menos enquanto jogar em Paranaguá, outro erro de cabo de esquadra, desculpe-me o cabo velho, um cabo de esquadra jamais submeteria seus homens a tal sofrimento.
O Atlético tem a felicidade de acordar no meio do pesadelo e agir. Está muito melhor do que eu, que me acordo como gigante tremendo de medo frente ao grande Bragantino, suando frio, imóvel, sem nada pode fazer.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O QUE VALE É O RESULTADO


Curioso, aproveitei os emails dos amigos, cliquei no link indicado e ouvi a entrevista do senhor Sandro Orlandelli. Já escrevi que o trabalho do Departamento de Futebol do Atlético é um fiasco, queria ouvir algo que me obrigasse às desculpas públicas.
Com a pressa de quem viaja amanhã e ainda tem tudo para fazer, vou tocar brevemente nos pontos mais importantes.

Primeiro: o longo currículo apresentado, quase um terço da entrevista, prova a experiência internacional do senhor Sandro, o cartão de visitas justifica o emprego.
Segundo: sobre o treinador demitido, declarou que sua forma de trabalho, priorizando a automatização da forma de jogo, desprezava a criatividade do jogador brasileiro, segundo ele, a melhor matéria-prima do planeta. A declaração vai de encontro – contra –, à fala inicial dos jogadores atleticanos, sempre prontos a afirmar a aprovação de Don Juan para que tentassem as jogadas, sem coibi-los nas suas individualidades. Na minha modesta visão do jogo da bola, ter uma forma automatizada de jogo, treinada à exaustão, algo que o Tite chamou ontem de “treinabilidade”, complementada pelo improviso do jogador, só pode dar resultados positivos.

Terceiro: falou sobre posições definidas. Confesso que me faltou melhor entendimento. Se for o clássico cada um na sua, em se falando da defesa atleticana seria impossível atender ao mandamento, pela inexistência de jogadores suficientes para tal. Faltaram as contratações.
Quarto: declarou que as improvisações não foram compatíveis com a filosofia de trabalho. As improvisações, a meu ver, foram fruto da absoluta falta de jogadores, já assinalada acima. Os entrevistadores se fartaram com a absurda escalação de Manoel no ataque, o melhor exemplo da improvisação desnecessária. Esta já aconteceu meses atrás, não pode ser considerada como justificativa para demissão na última segunda-feira.

Quinto: disse que o grupo decidiu pelo 433 fora de casa. Então, o esquema que perdeu para o BOA e o CRB não foi imaginado pelo treinador demitido, foi decisão conjunta de departamento de futebol, comissão técnica e jogadores. Assim, impossível culpar o treinador pelo desastre. Eu sempre quis saber quem era o pai da ideia absurda, agora já sei que foi obra do Concílio do Caju.
Sexto: afirmou que deve haver troca de ideias, interação entre diretor e treinador sobre a montagem do time. Sobre a afirmação, vou me alongar.

Já escrevi um livro sobre futebol – Sun Tzu e a arte do Futebol –, não publicado, onde prego exatamente isso, a necessidade do presidente do clube, o soberano da bola, conhecer o esporte e intervir em caso de maluquices extremas. Exemplo clássico, a não escalação de Washington em final contra o Coritiba, causado pela improvável reunião da ciência com a maluquice. O presidente é o responsável, tem que intervir.
Como eu interviria se alguém me dissesse que o Atlético iria jogar no 433 contra BOA e CRB, após ter alcançado resultados tão positivos com o esquema ofensivo montado no início do ano, e ter jogadores em profusão para mantê-lo. Ao ouvir a proposta, perguntaria: vocês comeram grama?

A proposta da interação é a justificativa maior para a contratação do nhô Ricardo. Só um treinador em início de carreira admitiria a interferência do departamento de futebol na montagem da equipe. Tudo se explica.
Sétimo e último: declarou que Morro Garcia não joga por ordem do presidente. O nosso glorioso Morro ainda vai entrar na justiça e levar uma fortuna do Atlético. O coxa Domingos Moro tem que ser ouvido a respeito.

Don Juan, com suas peculiaridades, deixou um legado importante. Provou que se pode ser ofensivo, deu chance para todos os jogadores, quem imaginaria Patrick contra o Palmeiras em Curitiba. O time escalado no treinamento por nhô-Ricardo é exemplo do melhor de Don Juan. Tem tudo para dar certo.
Obrigado Don Juan pelo divertido começo de ano, uma final sem derrotas contra o Coritiba. Resistiu no Atlético cinco meses, a ciência o derrubou.

Com viagem agendada desde o início do ano, não vou acompanhar os amigos a Paranaguá. Espero voltar no fim do mês e encontrar belas contratações, um time voando em campo, as teorias borbulhando no Caju. Antes de partir, um conselho ao chefe do LabCAP: no futebol, o que vale é o resultado.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CHUTEIRAS DA GENEROSIDADE



Caiu Don Juan, assumiu nhô Ricardo. A rapidez da apresentação do novo treinador aponta para decisão tomada já há algum tempo e para a linha que norteia toda a formação do Atlético de Petraglia, a linha da economia, o baixo custo em primeiro lugar.

Rubro-negros sempre otimistas correm a apresentar nomes como Vadão, o criador do carrossel caipira, que chegou ao Atlético em início de carreira e ganhou nome comandando o Furacão. Querem dar esperança ao povo de Paranaguá.

Para os mais velhos, nada de novo. Nunca tivemos um treinador de primeira linha, de Givanildo a Miór, passando por tantas promessas, fomos batendo cabeça, sempre voltando para Antônio Lopes, Geninho, os eternos salva-Pátrias, até o dia em que a casa caiu. Estamos apenas cumprindo nosso destino cruel. 

Outros dirão que quando contratamos alguém conhecido, como Adilson Batista e Renato Gaúcho, foi muito pior. Adilson Batista é um engano absoluto, não conta, Renato Gaúcho pediu para sair, inexistia qualquer possibilidade de sucesso pelo mesmo motivo que hoje nos leva ao prezado Ricardo, a economia, impossível gastar mais, tanto já fora gasto com inutilidades.

Não conheço o senhor Ricardo Drubscky, conheço o irmão. Um pelo outro, creio que o Atlético pode esperar honestidade, dedicação e trabalho. Nos dias de hoje, é muito. No futebol, dependendo do grupo envolvido, pode valer muito pouco.

Nhô Ricardo vai enfrentar uma dureza tremenda. Em princípio jogará uma segunda divisão fora de casa, toda ela, tem um elenco onde o improviso é a tônica na defesa, um departamento de futebol sem recursos que garimpa reforços com a principal competição em andamento, 90% da torcida contrária à sua contratação, alguns jogadores impedidos de jogar pela diretoria, segundo as palavras do demitido Omar Garate. Mais, a partir de domingo, tem que ganhar tudo. Não dá mais para comer pelas beiradas. Já estamos atrás do Paraná.

Depois de teclar o parágrafo, estudando a missão do novo treinador, acho-o no mínimo homem de coragem, e absolvo todos aqueles que, se convocados para o seu cumprimento, dela fugiram como o diabo foge da cruz.

O atleticano tem obrigação de entender a dividida brutal em que se meteu nhô Ricardo, o mineirinho corajoso. Tem que ajudar. Na conjuntura em que nos encontramos é o único sem culpa no cartório.

Seu Petraglia deve entender que quem dá a missão dá os meios, tem que contratar no mínimo uns quatro ótimos jogadores, com comprovada experiência. Vai ter que abrir a mão, se não quiser trocar treinador de dois em dois meses, repetindo seu antecessor.

No fundo voltamos à velha dúvida que nos maltrata, tijolo ou chuteira? Se não der chuteira, o treinador desassombrado merece pelo menos uns ki-chutes.

Ao nhô Ricardo sem medo meus votos de boa sorte.  Que por alguns minutos São Petraglia olhe por ele, tire aquele capacete de mestre de obras e calce as chuteiras da generosidade.

terça-feira, 12 de junho de 2012

AI DE MIM


Na guerra deve-se conhecer a personalidade do comandante adversário para conquistar a vitória. Nunca estudei a personalidade de Petraglia, nem sou seu adversário, mas quando a imprensa forçou Don Juan a opinar sobre a permanência de Guerrón e a confirmar a contratação de Luiz Alberto na coletiva, senti que o uruguaio tinha comprado seu bilhete de volta. Bastava um empate em Alagoas e o check-in estaria feito. Com a derrota, Don Juan só precisou escolher o assento.

Don Juan foi embora, nem o nome o salvou da degola no dia dos namorados.

Acabou. Antes de virar a página, algumas perguntas devem ser feitas.

O que levou Don Juan a mudar tanto suas características em quatro meses? Por que o treinador voltado para o ataque se orientou para a defesa? Houve alguma influência dos comandantes do futebol Rubro-negro (Dagoberto e Orlandelli) na mudança  transformadora do perfil tático da equipe? Foram as contratações de Fernandão e Tiago Adan os vetores da transformação ruinosa?

Quem tiver as respostas as apresente.

O torcedor vibra com a saída do treinador. As constantes mudanças na equipe e o não aproveitamento de Harrison são as principais justificativas do seu estado d’alma. Fala-se em nomes, esquece-se o esquema. Don Juan trocou o ataque pelo 433. A entrada de Héracles na primeira linha de três em Alagoas era lógica com a contusão de Zezinho. A substituição prova o caos que é nosso quadro de defensores.

Avança-se Héracles, inexiste um lateral-esquerdo, improvisa-se Bruno Costa. Cléberson já é um volante improvisado de zagueiro. Se Gabriel Marques for operado, nosso lateral-direito será Pablo, um centroavante marcando velocistas. Estou soltando foguetes pela contratação de Luiz Alberto, na prática, um ex-atleta. Contratações recentes, estão de chinelinho há meses. O departamento de futebol do Atlético, na mão de profissionais, é um fiasco completo.

Os senhores Orlandelli e Dagoberto devem analisar seus trabalhos com carinho. Se não estão recebendo da diretoria o devido apoio, é hora de puxar o carro, manter impolutos seus currículos impecáveis.

O torcedor sabe que Don Juan tem lá suas culpas, mas, e há sempre um mas, não é o único culpado. O Atlético ou contratou mal, ou não contratou. Errou duas vezes. A conclusão é simples. Não será Ricardo Drubsky, Estevam Soares, Caio Junior, Jorginho, Cerezo, ou qualquer desses papa-defuntos que colocará o Rubro-negro nos trilhos amanhã.

O amigo corinthiano me confidenciou: “O ano que o Corinthians foi para a segunda divisão foi o melhor da minha vida. Ganhávamos todo fim de semana”. Eu pensei que teria a mesma sorte. Como diria a turma do Chaves, não contava com tanta astúcia da diretoria Rubro-negra. Ai de mim.

domingo, 10 de junho de 2012

JÁ DEMOROU DEMAIS


Se o Atlético tem o elenco mais caro da segunda divisão, está jogando rios de dinheiro no lixo. O time do milhão perdeu para um time de quartel, nada mais que aguerrido e disciplinado. Arrogante, jogando como se fosse ganhar a qualquer momento, no ritmo Alan Bahia, o Rubro-negro foi ridículo.

Fora a soberba, deve haver alguma explicação tática para derrotas tão acachapantes contra Boa e CRB. Qualquer que conheça um mínimo de mosquito tem o diagnóstico.

O Atlético do Don Juan recém-chegado era ofensivo, jogava com um só volante, Deivid, tinha dois armadores de qualidade, Baier e Ligüera, três atacantes, dois pelos lados do campo, Furlán e Ricardinho, e Bruno Mineiro centralizado. Dava-se ao luxo de ter reservas para as pontas, Guerrón e Edigar, e Harrison para a armação. Era leve, veloz, divertido, estava pronto.

Conseguia manter poder de fogo à frente, as substituições sustentavam o time no ataque, houve um momento de encantamento com tanta ofensividade. Equipe tão focada no gol, tinha que manter seus quatro defensores recuados, daí a presença episódica dos laterais no ataque, muito mais Héracles do que Gabriel.

Então, o pior aconteceu. Don Juan foi mordido pelo miserável mosquito Aedes Tri Volantis, uma das maiores pragas do futebol, e por outro não menos desastroso, o Atacantis Caneludis, e a desgraça aconteceu.

A escalação contra o CRB é exemplo claro. Deivid, Bahia e Héracles na frente da zaga não marcam, vigiam, e não atacam. Alan Bahia passeia, Héracles está perdido, o rendimento do Deivid despencou.

No ataque, marca-se Ligüera, só tem ele para armar, e o jeito é enfiar bolas para os dois mordidos pelo maldito Caneludis, de costas e sem habilidade, um maná para a defesa nervosa. E as jogadas pelos lados? Impossível. Lembra-se o amigo que no time ofensivo eles eram impedidos de subir, agora não sabem o que fazer. Agrava-se a situação com Bruno Costa na lateral.

O Atlético está morto. Os zagueiros marcam a cinco metros de distância, dando todo o tempo do mundo para o atacante, os volantes cercam esperando que o adversário lhes passe a bola, quando acontece, dão um bico para frente, sonhando com jogada de rara habilidade dos Caneludis.

A bem da verdade, os Fernandões não tem culpa, o negócio deles é receber e finalizar. Matar, livrar-se do defensor, fazer assistência, ou finalizar a gol é coisa para o Messi entrando de frente. Jogar de costas é coisa do passado.

No segundo tempo, Don Juan tentou voltar à fórmula vencedora, mas tirou Ligüera. Alguém para pensar em futebol é necessidade absoluta. A volantada permaneceu intocável, Héracles avançou vinte metros, foi pouco.

O segundo gol evidenciou o vexame e o time teve dez minutos de força. Foi só.

Don Juan tem o time pronto dormindo no CT, basta recolocar a chave no ataque. A diretoria deve esquecer a venda de Guerrón e contratar guerreiros. Os mortos devem ser negociados. Ainda dá tempo, mas, qualquer um sabe, já demorou demais.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

VELA DE SETE DIAS


Don Juan, o porta-voz do Atlético, confirmou a contratação do zagueiro Luiz Alberto e a negociação de Guerrón.

Para contratar Luiz Alberto, o departamento médico rubro-negro deve ter usado e abusado de ressonâncias, tomos, cintilografias e dezenas de tubinhos de sangue, fora aqueles potinhos indiscretos, para atestar a boa saúde física do zagueiro. Uma desconforto no segundo dia de treinamento e lá se vai o dinheiro pelo ralo.  Alguém lembra do Rafael? Se está tudo bem, o cara sabe jogar, tem experiência, pode ajudar.

Ajudará se a cabeça voltar a ter seu foco principal no jogo. Parou um ano, virou ex-atleta, voltou a jogar em times menores, descartou o América de Natal e aportou no Furacão. Terá que treinar, disputar posição, abandonar a família, enfrentar o frio da cidade, ganhar a confiança do treinador, da torcida, um recomeçar dos mais árduos. Mais que o físico, o psicológico será o fator determinante do dar certo ou não.

Eu que imploro por um zagueiro há meses, acendo velas pelo veterano.

O velho Guerrón está sendo negociado. Algumas coisas no Atlético não mudam. O jogador passa anos enterrando o time, quando faz três boas partidas em sequencia, prepara as malas, tchau e benção. O Atlético para virar gigante não precisará apenas de uma Arena nova, vai precisar de uma cabeça compatível com o seu tamanho.

Por falar em jogador no desvio, onde está Morro Garcia? O que acontece com jogador que foi artilheiro no seu país, chegou, fez dois gols na estreia e desapareceu? Assisti entrevista com a advogada do Ronaldinho Gaúcho, craque em tirar dinheiro de clubes descuidados. Se bobear, o Atlético não gastará só com a contratação mais cara da sua história, a dona Justa levará mais algum.   

Uma vela para Morro Garcia.

Contra o CRB, aposta-se na seguinte formação: Rodolfo; Gabriel Marques, Manoel, Cleberson e Bruno Costa; Deivid, Alan Bahia e Zezinho; Martín Ligüera; Tiago Adan e Bruno Mineiro.

Espero que esse time tenha algum entrosamento. Bruno Costa volta de contusão e vai assumir a lateral-esquerda, sem ritmo e sem cacoete. Problemas à vista. Outra vela.

Tiago Adan e Bruno Mineiro apontam para o jogo centralizado no ataque, a ausência de velocidade e do jogo pelos lados.  Mais uma vela.

Gostaria de saber onde andam Edigar Junio, Bruno Furlan, Ricardinho, Marcelo, Harrison e outros. O Paranaense não adiantou nada. O técnico que chegou, mudou. Perdemos com a mudança.

Calma, só levantei meio pessimista. O Atlético tem que ganhar. Não conheço o adversário, Don Juan conhece e deve estar no caminho certo. Tem que estar. Para ajudar e evitar o apagão no segundo tempo, acendo uma vela de sete dias.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A MENINA DO OITO


Vou ao site do Atlético e lá encontro o documento “Esclarecimentos sobre os mandos de campo do Atlético Paranaense”. Leio e não encontro algo que me conforte. Em junho estamos sem campo para jogar, até segunda ordem obrigados a descer a serra para ver o Rubro-negro.

A solução é óbvia. O Atlético deve acertar com o Paraná. Em princípio, a solução Couto Pereira está fora de questão, depois que o doutor Vilson foi chamado de traidor, encolheu-se em seu valhacouto, disparou uma meia dúzia de tiros, recebeu fogo amigo e voltou ao refúgio, todo borrado.

O Paraná tem todas as condições de alugar o espaço para o Atlético. Primeiro, porque Inexistem datas coincidentes de jogos entre as duas equipes. Veja a tabela abaixo:

Dias de jogos de Paraná e Atlético

Mês
Paraná – Par B
Paraná – Bras B
Atlético – Bras B
Junho
7 – 9 – 20
9 – 22
16 – 29
Julho
3 – 5
7 – 17 – 28 – 31
10 – 13 – 21
Agosto
-
11 – 25 (Par x CAP)
3 – 14 – 18 – 28
Setembro
-
1 – 8 – 15 – 29
4 – 11 – 22
Outubro
-
13 – 20
6 – 16 – 23 – 27
Novembro
-
3 – 10 – 17
6 – 24 (CAP x Par)

Elaborada a partir dos sites da Federação Paranaense e Terra

Julho é o mês em que Atlético e Paraná jogam o maior número de partidas em Curitiba, 9 no total, em média um jogo a cada três dias, o que poderia acarretar um desgaste para o gramado. O Paraná pode alegar esse fato como impedimento para o aluguel. Pode se estiver em condições de rasgar dinheiro.

Nos demais meses, a média é de seis jogos/ mês, um jogo a cada cinco dias, nada que cause grande dano ao tapete verde do Durival Britto. O Paraná só não aluga se não quiser.

Segundo o veiculado pela imprensa, o aluguel solicitado pelo Paraná ao Atlético foi de 75 mil reais. É um valor alto, a Gralha meteu o bico com força.

O Atlético pode pagar? Digamos que o Atlético tenha hoje 10.000 torcedores, só para facilitar a conta. Total arrecadado mês, 700 mil reais. Os meses que o Atlético teria mais jogos na Vila seriam os de agosto e outubro, 4 jogos, custo do empréstimo: 300 mil reais. Dá para pagar.

De quanto é a folha do Paraná? Não sei, mas sei que 300 mil na conta iriam ajudar muito. Com essa grana o tricolor poderia respirar financeiramente, esquecer a grama, e o Atlético daria uma satisfação à sua torcida.

A menina do oitavo andar, rubro-negra doente, desce no elevador comigo e lamenta os jogos em Paranaguá. Pensa em deixar de ser sócia em julho, quando vence seu contrato. Esta é outra conta a fazer. Quantos sócios o Atlético perderá com os jogos fora de Curitiba? O que mais valerá a pena, pagar o Paraná e manter o quadro social, ou ir a Paranaguá e ver o êxodo dos esquecidos? Quanto significará esse êxodo em reais?

Leio que o Atlético ainda luta na CBF para manter os jogos na capital. Pode até dar certo, a diretoria tem razão ao solicitar a ajuda da matriz, afinal, está se endividando para ajudá-la. Porém, acho que o caminho mais fácil passa pelo encontro dos presidentes em qualquer boteco da Engenheiros Rebouças, uma carne de onça bem temperada, uns croquetes, umas bebidinhas da hora e pronto, o sorriso voltará aos lábios da menina do oito.

sábado, 2 de junho de 2012

ATLÉTICO TOQUE-TOQUE


O Atlético toque-toque foi melhor que o Atlético estilingue.
Com três atacantes, Ligüera na transição, Baier e Deivid na saída de bola, o Rubro-negro do primeiro tempo exagerou na ligação direta, anulou Ligüera, facilitou para o Baureri e saiu de campo com o belíssimo gol de Paulo Baier. Só.

Foram quarenta e cinco minutos de bolas esticadas para um ataque de primeira água, Tiago, Bruno e Edigar nunca jogaram juntos, atacantes sempre atrasados, escondidos atrás dos zagueiros, a defesa do Barueri não teve qualquer trabalho.
Com a bola voando por sobre sua cabeça, Ligüera foi para a área tentar o cabeceio, um toque no meio da confusão. Não é a sua. Sobrou para Bruno e Tiago voltar e fazer as assistências que não sabem. Outra impropriedade. Quando Héracles cansou de fazer lançamentos longos e encontrou Ligüera no meio, o passe deixou livre Tiago na frente do goleiro. Perdeu. Mais uns minutos, Ligüera recebeu e tocou a Baier na intermediária. O chute preciso e o gol.

O amigo entendeu que estou defendendo Ligüera. O Atlético estilingue o impediu de jogar.
No segundo tempo, o técnico do Barueri armou seu time contra bola longa e foi surpreendido pelo jogo curto. Entraram Fernandão no lugar de Bruno e Zezinho no lugar de Ligüera. Zezinho e Deivid fecharam a frente da área, Baier avançou, Fernandão foi jogar centralizado, Edigar pela direita, Tiago pela esquerda.

A bola longa acabou, os volantes passaram a servir Baier, a troca de passes curtos e com maior precisão deram ao Atlético o controle do jogo, beneficiado pelo segundo gol, também de Baier, ali pelos treze minutos.
O que mudou foi a forma de jogar, a maneira de chegar na frente. O Atlético toque-toque permitiu Baier jogar.

Nada maravilhoso, com inúmeras chances perdidas, jogadas insinuantes de ataque. Um jogo controlado, sem pressas desnecessárias, a manutenção do resultado o principal objetivo. Era assim que tinha que ser. O gol de Fernandão aconteceu pelo puro desgaste do Barueri.
Gostei de Deivid. Não gostei de Manoel. O zagueiro tem que jogar sério, tem muito ruído pelo seu setor. O ataque do Barueri foi pego várias vezes em impedimento. A defesa do Atlético sobe em linha para o meio campo, um maná para o contra-ataque, como foi para o Jajá no primeiro gol do Boa.

Tiago, Bruno Mineiro e Fernandão disputam posição no meio do ataque. Tiago na esquerda, à primeira vista, tem dificuldade. Para os lados do campo temos Edigar, Bruno Furlan, Ricardinho, Marcelo, todos podem fazer a função com melhor qualidade.
Baier descansado é fundamental. Na saída de bola pode ser mais contido, fazer a bola circular enquanto se aproxima do ataque. Tem que procurar Ligüera. Fazer funcionar o Atlético toque-toque.