Curioso, aproveitei os emails dos
amigos, cliquei no link indicado e ouvi a entrevista do senhor Sandro Orlandelli.
Já escrevi que o trabalho do Departamento de Futebol do Atlético é um fiasco, queria
ouvir algo que me obrigasse às desculpas públicas.
Com a pressa de quem viaja amanhã e
ainda tem tudo para fazer, vou tocar brevemente nos pontos mais importantes.
Primeiro: o longo currículo
apresentado, quase um terço da entrevista, prova a experiência internacional do
senhor Sandro, o cartão de visitas justifica o emprego.
Segundo: sobre o treinador demitido,
declarou que sua forma de trabalho, priorizando a automatização da forma de
jogo, desprezava a criatividade do jogador brasileiro, segundo ele, a melhor
matéria-prima do planeta. A declaração vai de encontro – contra –, à fala inicial
dos jogadores atleticanos, sempre prontos a afirmar a aprovação de Don Juan
para que tentassem as jogadas, sem coibi-los nas suas individualidades. Na
minha modesta visão do jogo da bola, ter uma forma automatizada de jogo,
treinada à exaustão, algo que o Tite chamou ontem de “treinabilidade”, complementada
pelo improviso do jogador, só pode dar resultados positivos.
Terceiro: falou sobre posições
definidas. Confesso que me faltou melhor entendimento. Se for o clássico cada
um na sua, em se falando da defesa atleticana seria impossível atender ao
mandamento, pela inexistência de jogadores suficientes para tal. Faltaram as
contratações.
Quarto: declarou que as improvisações
não foram compatíveis com a filosofia de trabalho. As improvisações, a meu ver,
foram fruto da absoluta falta de jogadores, já assinalada acima. Os entrevistadores
se fartaram com a absurda escalação de Manoel no ataque, o melhor exemplo da
improvisação desnecessária. Esta já aconteceu meses atrás, não pode ser considerada
como justificativa para demissão na última segunda-feira.
Quinto: disse que o grupo decidiu pelo
433 fora de casa. Então, o esquema que perdeu para o BOA e o CRB não foi
imaginado pelo treinador demitido, foi decisão conjunta de departamento de
futebol, comissão técnica e jogadores. Assim, impossível culpar o treinador
pelo desastre. Eu sempre quis saber quem era o pai da ideia absurda, agora já
sei que foi obra do Concílio do Caju.
Sexto: afirmou que deve haver troca de
ideias, interação entre diretor e treinador sobre a montagem do time. Sobre a
afirmação, vou me alongar.
Já escrevi um livro sobre futebol – Sun
Tzu e a arte do Futebol –, não publicado, onde prego exatamente isso, a
necessidade do presidente do clube, o soberano da bola, conhecer o esporte e
intervir em caso de maluquices extremas. Exemplo clássico, a não escalação de
Washington em final contra o Coritiba, causado pela improvável reunião da
ciência com a maluquice. O presidente é o responsável, tem que intervir.
Como eu interviria se alguém me
dissesse que o Atlético iria jogar no 433 contra BOA e CRB, após ter alcançado
resultados tão positivos com o esquema ofensivo montado no início do ano, e ter
jogadores em profusão para mantê-lo. Ao ouvir a proposta, perguntaria: vocês
comeram grama?
A proposta da interação é a
justificativa maior para a contratação do nhô Ricardo. Só um treinador em
início de carreira admitiria a interferência do departamento de futebol na
montagem da equipe. Tudo se explica.
Sétimo e último: declarou que Morro
Garcia não joga por ordem do presidente. O nosso glorioso Morro ainda vai
entrar na justiça e levar uma fortuna do Atlético. O coxa Domingos Moro tem que
ser ouvido a respeito.
Don Juan, com suas peculiaridades,
deixou um legado importante. Provou que se pode ser ofensivo, deu chance para
todos os jogadores, quem imaginaria Patrick contra o Palmeiras em Curitiba. O
time escalado no treinamento por nhô-Ricardo é exemplo do melhor de Don Juan.
Tem tudo para dar certo.
Obrigado Don Juan pelo divertido
começo de ano, uma final sem derrotas contra o Coritiba. Resistiu no Atlético
cinco meses, a ciência o derrubou.
Com viagem agendada desde o início do
ano, não vou acompanhar os amigos a Paranaguá. Espero voltar no fim do mês e
encontrar belas contratações, um time voando em campo, as teorias borbulhando
no Caju. Antes de partir, um conselho ao chefe do LabCAP: no futebol, o que
vale é o resultado.
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