quinta-feira, 14 de junho de 2012

O QUE VALE É O RESULTADO


Curioso, aproveitei os emails dos amigos, cliquei no link indicado e ouvi a entrevista do senhor Sandro Orlandelli. Já escrevi que o trabalho do Departamento de Futebol do Atlético é um fiasco, queria ouvir algo que me obrigasse às desculpas públicas.
Com a pressa de quem viaja amanhã e ainda tem tudo para fazer, vou tocar brevemente nos pontos mais importantes.

Primeiro: o longo currículo apresentado, quase um terço da entrevista, prova a experiência internacional do senhor Sandro, o cartão de visitas justifica o emprego.
Segundo: sobre o treinador demitido, declarou que sua forma de trabalho, priorizando a automatização da forma de jogo, desprezava a criatividade do jogador brasileiro, segundo ele, a melhor matéria-prima do planeta. A declaração vai de encontro – contra –, à fala inicial dos jogadores atleticanos, sempre prontos a afirmar a aprovação de Don Juan para que tentassem as jogadas, sem coibi-los nas suas individualidades. Na minha modesta visão do jogo da bola, ter uma forma automatizada de jogo, treinada à exaustão, algo que o Tite chamou ontem de “treinabilidade”, complementada pelo improviso do jogador, só pode dar resultados positivos.

Terceiro: falou sobre posições definidas. Confesso que me faltou melhor entendimento. Se for o clássico cada um na sua, em se falando da defesa atleticana seria impossível atender ao mandamento, pela inexistência de jogadores suficientes para tal. Faltaram as contratações.
Quarto: declarou que as improvisações não foram compatíveis com a filosofia de trabalho. As improvisações, a meu ver, foram fruto da absoluta falta de jogadores, já assinalada acima. Os entrevistadores se fartaram com a absurda escalação de Manoel no ataque, o melhor exemplo da improvisação desnecessária. Esta já aconteceu meses atrás, não pode ser considerada como justificativa para demissão na última segunda-feira.

Quinto: disse que o grupo decidiu pelo 433 fora de casa. Então, o esquema que perdeu para o BOA e o CRB não foi imaginado pelo treinador demitido, foi decisão conjunta de departamento de futebol, comissão técnica e jogadores. Assim, impossível culpar o treinador pelo desastre. Eu sempre quis saber quem era o pai da ideia absurda, agora já sei que foi obra do Concílio do Caju.
Sexto: afirmou que deve haver troca de ideias, interação entre diretor e treinador sobre a montagem do time. Sobre a afirmação, vou me alongar.

Já escrevi um livro sobre futebol – Sun Tzu e a arte do Futebol –, não publicado, onde prego exatamente isso, a necessidade do presidente do clube, o soberano da bola, conhecer o esporte e intervir em caso de maluquices extremas. Exemplo clássico, a não escalação de Washington em final contra o Coritiba, causado pela improvável reunião da ciência com a maluquice. O presidente é o responsável, tem que intervir.
Como eu interviria se alguém me dissesse que o Atlético iria jogar no 433 contra BOA e CRB, após ter alcançado resultados tão positivos com o esquema ofensivo montado no início do ano, e ter jogadores em profusão para mantê-lo. Ao ouvir a proposta, perguntaria: vocês comeram grama?

A proposta da interação é a justificativa maior para a contratação do nhô Ricardo. Só um treinador em início de carreira admitiria a interferência do departamento de futebol na montagem da equipe. Tudo se explica.
Sétimo e último: declarou que Morro Garcia não joga por ordem do presidente. O nosso glorioso Morro ainda vai entrar na justiça e levar uma fortuna do Atlético. O coxa Domingos Moro tem que ser ouvido a respeito.

Don Juan, com suas peculiaridades, deixou um legado importante. Provou que se pode ser ofensivo, deu chance para todos os jogadores, quem imaginaria Patrick contra o Palmeiras em Curitiba. O time escalado no treinamento por nhô-Ricardo é exemplo do melhor de Don Juan. Tem tudo para dar certo.
Obrigado Don Juan pelo divertido começo de ano, uma final sem derrotas contra o Coritiba. Resistiu no Atlético cinco meses, a ciência o derrubou.

Com viagem agendada desde o início do ano, não vou acompanhar os amigos a Paranaguá. Espero voltar no fim do mês e encontrar belas contratações, um time voando em campo, as teorias borbulhando no Caju. Antes de partir, um conselho ao chefe do LabCAP: no futebol, o que vale é o resultado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário