Quer arrumar inimigos? Vou lhe ensinar
uma maneira fácil. Dê opiniões. Como sei? Desde que inventei de escrever sobre
o meu Atlético, opinar sobre o Rubro-Negro de tanta gente, vira e mexe pessoas
de bem, carregadas de boas intenções, me viram as costas.
Não estou falando daquele que
discorda, afinal, a divergência esclarece, leva a novas visões, muitas vezes
justificativas ou atenuantes para aquilo que julgamos crime inafiançável.
Falo dos apaixonados, dos que acreditam
ferozmente, que enxergam no censor um antagonista, alguém sem a mesma paixão
que o dirige, sem os mesmos objetivos, voltado unicamente para a destruição do
Atlético de todos nós.
Obviamente não é assim. O crítico é um
atleticano cansado de sofrer. Está assim a maioria dos atleticanos. Por quê? As
expectativas criadas foram imensas, as promessas foram muitas, e, até agora,
nenhuma delas se concretizou.
Todos sabem que certas promessas em
futebol são dependentes de fatores além da capacidade do seu autor. Ser campeão
paranaense, por exemplo, é uma delas. Quando se perde, e nas condições que
levaram à perda, engole-se a pílula com naturalidade.
Porém, outras são plenamente
factíveis, pela estrutura sempre lembrada, pelos recursos disponíveis. Estar
lutando pela ponta do Brasileiro Série B é algo que o atleticano via como
certo, estava pronto a encarar um ano de vitórias, a ser coroado com a passagem
para a Série A ainda longe o final da competição. A situação em que nos
encontramos é prá Gandhi dizer palavrão em meio à meditação mais profunda.
É certo que a crítica nada vai mudar.
O Atlético tem lá seus projetos, suas certezas, não será o meu lamentar idoso ou
jovem grito que vai alterar o rumo das coisas. Os resultados comandam a mudança,
que se faz ao atropelo, em reação instintiva, como se o inimigo tivesse saltado
à sua frente de surpresa e a arma disparasse movida pela imperiosa necessidade
de viver.
Então para que criticar? Por que nada
há para se falar bem e, alguns na sua infinita ignorância, como eu, acham que
podem contribuir, analisando os fatos dentro de uma ótica própria, alertando
para claras dificuldades, irritando-se com a repetição dos erros, dando
aspereza às palavras nascidas para serem lançadas com suavidade.
As crises afastam as pessoas. O
Atlético passará por esse momento difícil, voltará à primeira divisão, e todos
nós comemoraremos o retorno com alegria. Não será o crítico, nem o defensor heroico,
o pai da vitória final. Tolo será aquele que se julgar assim. Vitórias são
conseguidas pelo esforço conjunto de rabugentos e moderados, todos remando na
mesma direção. Amigos, tenhamos paciência uns com os outros. Vai dar certo.