domingo, 15 de julho de 2012

CLINT EASTWOOD


Durante a semana assisti a troca de emails entre rubro-negros exaltados, uns criticando Paulo Baier, culpado por alguns de todas as desgraças, outros defendendo o dez rubro-negro. Deixei minha garrucha na cartucheira, evitei me intrometer em tiroteio mortal, digno de um Clint Eastwood na direção.
O sofrimento contra o ABC mostrou o ocaso da carreira do lateral, do armador, do artilheiro Paulo Baier.
Avançado como segundo atacante, parceiro de Tiago Adan, uma tentativa de lhe dar espaço para jogar, Paulo Baier nada produziu. Em partidas anteriores, como ligação entre o meio e o ataque, o resultado não foi diferente. Na função de segundo volante, anteriormente exercida, o lançamento acontece, mas a marcação inexiste. A bola parada, sempre um perigo, parou de funcionar.
O problema é um só, chama-se idade. Com seus trinta e sete anos, Paulo Baier não tem mais condições físicas para tocar o Atlético, fazer o que dele se espera, respaldado em seu passado de jogador de ótima técnica e visão de jogo.
Até faz muito. Basta lembrar que seis dos quatorze pontos rubro-negros foram conseguidos com seus gols, quase cinquenta por cento do total.
Falta ao capitão o poder de choque físico, a velocidade necessária para escapar da marcação. Sem isso, limita-se a toques de primeira, ótimos em time entrosado, uma loteria no caso do Furacão, mudando de pele a cada partida.
As entradas de Ligüera e Harrison deram nova vida ao Atlético. No quesito evolução, o time cresceu, a bateria voltou a ser ouvida nas arquibancadas. Eu, horrorizado com a ineficiência, incomodando os amigos com os meus “não é possível”, “inacreditável”, “não pode ser”, passei a ver o jogo como algo organizado, com mais chances de produzir bom resultado.
A vitória veio mais pela insanidade do zagueiro Flávio Boaventura – imaginem se o sobrenome do cara fosse Boamorte, como o do jogador português –, do que por méritos rubro-negros. O pênalti absurdo, muito bem batido por Saci, o melhor do jogo, salvou o Atlético do desastre.
O futuro depende do treinador. Jorginho vai continuar buscando dar a Baier um espaço para jogar, ou vai utilizá-lo como ótima opção de banco? Eu ficaria com a segunda alternativa. Dei o tiro fatal no velho pistoleiro? Claro que não. Só lhe dei a chance ajudar os mais novos, ir desaparecendo com o respeito de todos na miragem dos finais de tarde. É o que faria o notável Clint Eastwood.

2 comentários:

  1. Caro Ivan, como de praxe, você foi muito sensato e ao mesmo tempo direto ao ponto crucial. Quando o Carrasco escalava o PB a cada 10 dias, invariavelmente, era cobrado. Ele tinha razão, fica provado que na sequência de jogos - 2 partidas em um semana, mesmo em casa, o Paulo Baier não tem mais condições. Isso é um fato, ruim para o PB e péssimo para o time, o conjunto que entra em campo.
    Um forte abraço Atleticano ao amigo.

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