sábado, 30 de julho de 2011

RUBRO-NEGRO DE ESPARTA

Passados dois dias da derrota impossível, destruidora da moral do rubro-negro mais ferrenho, estou aqui de volta, analisando o Santos, nosso companheiro na zona do rebaixamento, claro, que com três jogos a menos.
O Peixe vem de uma sapecada histórica, quando ganhando de três a zero do Fla aos vinte e cinco do primeiro tempo, permitiu o empate ainda na fase inicial e acabou derrotado por cinco a quatro. No duelo entre Ronaldinho Gaúcho e Neymar, o dentuço levou a melhor.
Como joga o time de Pelé?
Jogue fora as estatísticas. A diferença de partidas jogadas impede qualquer comparação.
O Santos das mil qualidades joga num 442 clássico, com Pará, Edu Dracena, Durval e Leo na primeira linha de defesa, uma segunda linha com Elano, Arouca, Ibson e Ganso e, à frente, Borges e Neymar.
Na proteção da defesa, com características de marcação, somente Arouca. O restante marca à distância, pouco desarma, faz poucas faltas. A retomada da bola acontece pela boa distribuição dos jogadores em campo, normalmente pela interceptação de passes errados. Assim, o Santos permite que o adversário se aproxime da sua área, encolhendo todos os componentes da primeira linha no seu interior.
A vulnerabilidade defensiva acontece pelo setor de Leo, muito avançado em idade e em posicionamento, facilmente ultrapassado na jogada de velocidade. Durval já não é o mesmo na cobertura e os cruzamentos perigosos acontecem pelo setor. Como o goleiro Rafael tem dificuldades no cruzamento rasteiro, o caminho para o gol está definido.
No ataque, a equipe chega trocando passes, buscando entregar a bola para Ganso com liberdade, pivô para quem entra e origem de passes açucarados. Neymar cai pelos dois lados do campo, veloz, esperto, pronto para ser lançado pelo amigo e finalizar. A marcação sobre a cacatua tem que ser dobrada. Borges joga fixo entre os zagueiros, pronto para fazer o pivô, ou girar e finalizar. Ibson e Leo pela esquerda e Elano pela direita compõe a formação de ataque. Pará e Arouca avançam quando os espaços se escancaram. O forte do ataque são os deslocamentos e passes certos.
Resumo, a defesa não pode assistir o jogo, acompanhar encantada os deslocamentos de Neymar. A marcação tem que ser ao alcance de um braço. Dormiu, o passe acontece para Borges desmarcado, para Leo livre pela ponta.
O Atlético tem que ser compacto defensivamente e rápido no ataque. Explorar a direita e acumular jogadores na área para finalizar os cruzamentos.
O azar do Atlético está na ausência de Manoel. Entrando Rafael Santos a viola está, antecipadamente, em cacos. O jogador é muito fraco tecnicamente. Não tem perna direita e se for escalado na posição de Manoel, será um abraço. Sem contar o lado psicológico extremamente negativo. Se Fransergio é a outra possibilidade, que seja ele.
Muricy liberou Neymar para o sorteio da Copa sob a alegação de que a CBF sempre ajuda o Santos. A escalação de Marcelo de Lima Henrique para apitar partida é ajuda soberba. Melhor impossível. O Atlético tem que cuidar com expulsões prematuras, penalidades sobre Neymar, cartões amarelos de enxurrada. Outra final em meio ao campeonato, um onze contra doze.
A presença do Santos na Arena deve levar os atleticanos da boa hora ao campo, só para apreciar. A força ao time será dada pelos doze mil rubro-negros de Esparta, sempre prontos a dar seu sangue pelo Furacão. Outra vez, vai ser difícil. Conto com você rubro-negro de Esparta.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

FALAR O QUÊ?

Alguém pode me explicar como se podem perder três gols em que os atacantes chegam livres, com a bola controlada, na cara do goleiro? Não? Nem eu. O que foram aqueles petelecos?
Alguém pode me explicar como jogador, que já nos colocou no bico do corvo, aparece em campo com a camisa 13, nos minutos finais de partida complicadíssima, só para trazer o fantasma de volta? Não? Nem eu.
Se a individualidade não resolve nos momentos decisivos, o esforço coletivo vai pelo ralo.
Tenho um caro amigo que, citando treinador com passagem pelo Paraná, do qual já esqueceu o nome, ainda lembra a frase lapidar do professor calejado: “não contratem jogador ruim que eu escalo”.
Assim vive o Rubro-Negro. As substituições vão acontecendo e a chapa esquentando.
O Atlético não conseguiu manter minimamente a posse de bola, permitiu os avanços dos laterais do Ceará – o Vicente cruzou e finalizou umas trinta vezes, o João Marcos entrou para arrematar o trabalho do Boiadeiro –, e, quando conseguiu encaixar os contra-ataques, desperdiçou as chances de forma medíocre.
O amigo me perdoe. Eu queria te animar, mas, falar o quê?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

ROSÁRIO NA MÃO

O time que empatou com o Flamengo em Macaé na última rodada será páreo duro para o Rubro-Negro na noite de hoje. Só para assustar, nas duas últimas partidas em casa aplicou duas goleadas, 3 a 0 contra o Atlético Mineiro, quando saiu da zona do rebaixamento e colocou o Galo em dificuldades, e 4 a 0 contra o América Mineiro. Esperemos que seja rixa antiga com o pessoal do pão de queijo e tenha parado por aí.
O bom entrosamento e a capacidade de jogar noventa minutos em busca do resultado são os trunfos do Vozão. A maioria dos jogadores é remanescente de 2010. Saídas importantes foram Geraldo e Magno Alves, um armador rápido e de jogo vertical, e o matador Magno Alves. Iarlei contratado ainda este ano, já deixou o Ceará em busca de novos ares.
Mancini coloca em campo equipe com uma primeira linha de quatro, Boiadeiro, Fabrício, Diego Sacoman e Vicente, três volantes, Heleno, João Marcos e Michel, um armador, Felipe Azevedo, e dois atacantes, Osvaldo e Washington.
A defesa tem no capitão Fabrício a força na marcação e em Diego Sacoman sua principal vulnerabilidade. Os laterais vão muito ao ataque, solicitando a cobertura da linha de três volantes. A volúpia ofensiva de Boiadeiro e Vicente, duas e cinco assistências no campeonato, respectivamente, deixa espaços nos lados do campo a serem aproveitados pelo Atlético.
A meu ver, o Furacão tem que dedicar seu esforço ofensivo sobre a posição de Vicente, onde a cobertura de Diego Sacoman é menos eficaz.
Os volantes marcam bem e chegam ao ataque quando necessário. João Marcos é o volante mais recuado e, por vezes, transforma-se em terceiro zagueiro. A altura de Heleno pode dificultar a ação de Madson caso o atacante se entregue à marcação. Se sua atuação principal se verificar pela esquerda do ataque, terá que receber a bola com liberdade e partir com espaço para o drible. Marcado com proximidade será anulado. Algo como aconteceu contra o Avaí, quando o baixinho só rendeu ao ir para a lateral esquerda e vir de trás conduzindo a bola.
Felipe Menezes é atacante cumprindo função de armador, tendo em vista a lesão de Thiago Humberto. Entrou contra o Flamengo em final de jogo, mostrou rapidez na transição do jogo, a matada e o passe imediato, e chegada forte na área. Foi dele o gol de empate contra o Urubu.
Osvaldo é o atacante de flutuação. Cai pelos dois lados do campo, é rápido e finaliza muito. É o principal finalizador do Ceará, com 13 chutes à meta e dois gols marcados. Incansável, Incomoda uma barbaridade.
Washington é o fixo, como se diz no futebol de salão cearense, o garapeiro. Fica lá entre os zagueiros esperando o cruzamento para finalizar. Já tem 5 gols no campeonato e nove finalizações. É velho conhecido das defesas brasileiras. Já rodou muito.
Jogando em casa, Mancini vai empurrar sua defesa para o meio campo e tentar o sufoco, com grande ação dos laterais e as velocidades de Osvaldo e Felipe Menezes. Os volantes entrarão na surpresa.
O antídoto para o veneno do Vozão é a posse de bola e o contra-ataque. Fazer um gol é pouco. O Ceará não desiste, vai para cima e marca. Nas duas últimas  rodadas fora conquistou dois empates em 1 a 1. A torcida empurra e a experiência dos nossos veteranos tem que manter calmos os mais novos. O time vem melhorando, a escalação mantida, o entrosamento ganhando corpo. É outro jogo muito difícil. Jogo para assistir com o rosário na mão.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A BATALHA APENAS COMEÇOU

Recebe Petraglia na intermediária, mata no peito, avança solitário, a torcida empurra, passa pelo primeiro, sofre carga, persiste, o juiz dá a vantagem, entra na área, pedala, dá uma caneta no zagueiro, toca por cima do goleiro e.......... golaaaaaaaaaaçoooooooooo! Goooool do Imperaaaaador!
Depois dos gols de Morro Garcia, o Rubro-Negro precisava do gol de Petraglia. Ele veio aos quarenta e sete do segundo tempo, para trazer ainda mais luz ao momento atleticano.
A escolha da proposta de Petraglia para a conclusão das obras da Baixada é uma vitória pessoal sua, eivada de obstinação, de fé na sua própria capacidade, de credibilidade junto ao torcedor e conselheiros do clube. Petraglia está de parabéns.
Está de parabéns o Atlético. Quando se falava que Petraglia seria impedido de participar do Conselho por falta a cinco reuniões, os ânimos estavam à flor da pele, venceu a tolerância, possibilitou-se a sua fala, a colocação da melhor proposta, sua importante escolha.
Fala-se em perdas e ganhos. Prefiro não olhar por esse prisma. Venceu a proposta que nos trará grandes responsabilidades imediatas e imensos retornos financeiros futuros. Por sorte nossa, o visionário Petraglia é rubro-negro, foi ele o idealizador do projeto, foi dele o empenho na sua apresentação, foi dele a vitória nas urnas.
Por outro lado, inexistia uma proposta do presidente Malucelli, que o colocasse como disputante e consequente perdedor. Saiu da reunião sem um peso que sempre relutou em carregar, livre para cuidar do futebol e da administração do Atlético, pronto a cumprir a missão de entregar o cargo com a equipe na primeira divisão.
Atleticanos de fé! Demos um exemplo de amor ao nosso rubro-negro, de união acima de todos os preconceitos. Estão de parabéns os conselheiros, os que abraçaram vigorosamente a causa de Petraglia, aqueles que entenderam ser melhor ouvir e escolheram movidos unicamente pela razão.
Atleticanos de fé! Temos um trabalho imenso pela frente. Construir uma arena avançada no tempo, dentro dos mais modernos padrões mundiais, levar um time ainda em formação ao seu devido lugar no cenário nacional.
Petraglia não pode ficar só no seu ofício construtor. Precisará de apoio, de força, serão muitas as dificuldades. O trabalho será duríssimo.
O time precisará cada grito dos doze mil rubro-negros de Esparta, dos guerreiros da lua nova, daqueles que nunca faltam, não deletam, trincam os dentes e seguem em frente.
Vamos rubro-negro do meu coração. Levanta-te e anda. A batalha apenas começou.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ATO MENOR

Hoje pode ser o dia da decisão sobre a Arena FIFA 2014. Digo pode ser, porque não acredito que seja. O tema é complexo demais para ser decidido num roletrando tipo Silvio Santos.
O que transpira sobre o assunto vem da crônica especializada, como todos nós, meio sem norte. Uma hora denuncia a proposta das construtoras e coloca Petraglia como a salvação do Atlético. Dois dias depois, puxa o freio de mão, encolhe e sobe encima do muro. No fundo, parece refletir o vaivém de opiniões dos conselheiros, já com suas opiniões sendo formadas.
O que o povo atleticano deve exigir da reunião de logo mais?
Longas exposições das construtoras é o requisito básico. Impossível limitar o tempo para apresentações. O projeto comum deve ser demonstrado em detalhes. As fontes de recursos a explorar, a participação do Atlético, os prazos para conclusão, as pendências pós-construção, tudo deve ser colocado precisamente e questionado pelos conselheiros.
Depois das construtoras, o Conselho deve dar espaço para a apresentação do ex-presidente Petraglia, que deverá seguir o mesmo protocolo exigido das OAS e Triunfo. Para a apreciação da sua proposta, Petraglia deve ser visto como o construtor, o atleticano capaz de gerenciar a obra, passar à frente os títulos de potencial construtivo, conseguir empréstimos, visualizar o caminho para honrá-los. Qualquer visão diferente dessa será discriminatória, alheia aos interesses do Atlético.
Por sua vez, Petraglia tem que se entender em momento construtor. A campanha para a presidência, os problemas com a atual administração, o futebol, tudo deve ser deixado de lado. O foco é a obra, as explicações convincentes que possam derrubar as barreiras naturais à consecução do nosso sonho.
Óbvio, dada a importância do assunto, a presença da imprensa é fundamental, transmitindo ao vivo todo o encontro. O atleticano não pode admitir uma reunião a portas fechadas, transmitida a twitter por conselheiro mais animado.
Segundo o roteiro por mim imaginado, lá pelas onze horas da noite as apresentações estarão terminadas. Por certo, a presidência de posse de todos os dados das construtoras, já há algum tempo, opinará sobre os projetos.  Restarão os conselheiros entupidos de dados a deglutir. Impossível decidir sem um tempo para reflexão.
A decisão deverá ser postergada para nova reunião. Quem esperou até agora pode esperar por mais alguns dias, dando tempo para que dúvidas sejam sanadas, o povo rubro-negro conheça os detalhamentos e possa se manifestar publicamente. Até acho que a decisão poderia ser feita por referendo dos associados com direito a voto, não apenas restrita aos conselheiros.
Vejo em São Paulo o governo do Estado garantir 50 milhões do dinheiro público para o Itaquerão, a Prefeitura 420 milhões e me pergunto por que sofremos tanto por cento e cinquenta milhões, e ainda podemos entregar a administração de todo o patrimônio a uma empreiteira baiana por vinte anos.
Aceitar a proposta da OAS, seria passar o certificado de incompetência, não só do Atlético, mas de todos os paranaenses. Para quem assiste tudo a quilômetros de distância e já viu tanto ser construído com o próprio esforço, seria um ato menor.

domingo, 24 de julho de 2011

TE CUIDA CORINTHIANS

Te cuida Corinthians! Estamos chegando!
Brincadeiras à parte, o jogo com o Bota foi mais um teste para cardíaco. Para se entender a partida, esqueça o Botafogo que eu apresentei a você dias atrás, com dois atacantes pelos flancos e um centralizado. Caio Júnior optou por adicionar outro volante à equipe, restringindo o número de homens de frente. Perdeu substância ofensiva, jogo lateral, facilitou para o Atlético.
Do dito acima, pode parecer que o Rubro-Negro foi todo pressão. Nada disso. O Botafogo começou melhor, avançou sua defesa, jogou no campo de ataque, trocando bolas, sem perigo real, mas obrigando o Atlético ao rifar da bola, à pressa e ao erro.
Só lá pelos vinte minutos o Furacão começou a ventar. O Botafogo recuou e começamos a ter maior presença ofensiva. Aos vinte e três, Morro entrou pela esquerda e serviu boa bola para Marcinho finalizar dividido com o zagueiro. Se o recuo botafoguense desafogou o Atlético, dificultou muito a saída de bola e os chutes longos de Fabrício colocaram à mostra os nervos à flor da pele. O melhor momento ficou claro no maior número de finalizações. Madson, Cleber Santana, Fabrício e Edilson, este de falta, incomodaram o goleiro Jefferson.
O gol de Garcia coroou o esforço. Kleberson achou um espaço pela direita e lançou o uruguaio no meio dos zagueiros. El Morro matou e, num giro rápido, antecipando-se aos defensores, marcou seu primeiro gol pelo Atlético. A jogada do gol tem que ser elogiada. O posicionamento de Kleberson pela direita, ocupando espaço livre, seu passe perfeito e a rapidez da execução dos movimentos de Garcia quebraram a solidez da defesa. Jogar bem é possível.
Perdendo, o time de General Severiano foi ao ataque e quase levou o segundo em contragolpe. Paulinho evitou a bola sair pela lateral, passou a Madson e recebeu na esquerda com liberdade. A gorduchinha cruzou toda a área sem alguém para colocá-la para dentro. Paulinho fez um lindo lançamento da defesa para Garcia, que partiu para o gol, e finalizou na trave. Pela primeira vez, terminamos um primeiro tempo com vitória e esperança.
Na volta dos vestiários, Caio Júnior tirou Leo, o terceiro volante, e colocou Somália, jogador mais ofensivo, muitas vezes utilizado também na lateral-esquerda. O Atlético recuou e tomou pressão. Aos dez, Renan Rocha fez bela defesa em cabeçada de Alexandre Oliveira. Defendeu e expulsou a bola para a linha de fundo, evitando o rebote. Eficiente além da conta.
O Atlético perdeu a posse de bola, foi envolvido pelo Botafogo. Elkeson foi jogar na ponta direita e fez a festa. Os cruzamentos se repetiram. Alexandre Oliveira cabeceou na trave aos dezenove, aos vinte e um finalizou com perigo, aos vinte e seis a bola cruzou toda a área pedindo para entrar.
O cansaço de Kleberson estava influindo no jogo. Sai o campeão do mundo entra Fransergio. Deu sorte. Aos vinte e nove, Marcinho ocupou de novo a brecha salvadora pela direita e assistiu Garcia. Jefferson se atrasou e novo gol do castelhano. É hoje! Disse o rubro-negro otimista.
O Botafogo não desistiu. Aos trinta e quatro, Renan Rocha fez bela defesa em chute de fora de Alessandro e, na sequencia, saiu com coragem em bola aérea. Tudo parecia bem. Entraram Branquinho no lugar de Marcinho e Edigar no lugar de Garcia. O que deu certo, porém, foi a substituição no Botafogo.
Alexander substituiu Alexandre Oliveira, que, em jogada individual, marcou o gol, felizmente solitário do Botafogo. Voltou o sufoco. A placa subiu com quatro minutos de acréscimo. Meu Deus! Baixei gorro sobre os olhos e fiquei escutando. Dei uma espiada na expulsão de Marcelo Mattos e vibrei com o fim da partida. Até que enfim.
Foi um ótimo jogo. O Atlético, finalmente, foi eficaz no ataque e venceu. Se Renato queria um matador, descobriu que já tem. Gostei de Cleber Santana. Sério, bom no ataque, na defesa, na bola aérea defensiva. Todos contribuíram. A estreia de Edilson foi sem deslizes. Marcinho é o jogador frio que o Atlético precisava. Sabe jogar, gosta de fazer assistência e sabe fazer. Não foi ainda um Furacão, o nervosismo ainda dificulta os passes e acelera os lances.
Para quem precisava ganhar uma, sair da zica, foi vitória maiúscula. Não foi só o Botafogo que perdeu. Perderam o medo, o moral baixo, o complexo de vira latas, como diria Nelson Rodrigues. É o que eu digo. Estamos chegando! Te cuida Corinthians!

sábado, 23 de julho de 2011

QUE ASSIM SEJA

FUTEBOL
Vamos para a terceira partida com Renato Gaúcho. Depois de um zero a zero com o Avaí, com dois dias de trabalho e a derrota frente ao Vasco, temos a prova de fogo com o Botafogo.
Se contra o Avaí o time mostrou apenas mais disposição e andou entre a vitória e a derrota, no Rio de Janeiro já se pôde ver um pouco do trabalho do professor. A defesa foi mais sólida, o meio de campo funcionou, conseguimos criar situações de gol, até então inexistentes. Não foi muito, mas foi um avanço.
Leio críticas ao goleiro Renan no primeiro gol do almirante. Pode ser, quem sabe um pouco de confiança em exagero, maior preocupação com o seguimento da jogada do que com a defesa propriamente dita. Porém, acho que o gol, como todo desastre, foi consequência de cadeia de erros, cometidos nos quinze segundos finais de um tempo de jogo, envolvendo todo o setor esquerdo da nossa defesa.
Caio Júnior diz que vai escalar o Bota depois de estudar o Atlético. Assim fazendo, vai forçar seu ataque pela direita, setor por onde o Vasco conseguiu seus dois gols. Renato, Caio e Alessandro devem entrar sobre a posição de Paulinho, quem sabe mesmo Maicosuel abandone a esquerda para beliscar nossa vulnerabilidade. Renato deve ter solução para o problema.
Na semana procurou resolver nossos graves dificuldades de fundamentos. Finalizações e cruzamentos foram treinados. O treinamento conduz à perfeição. Embora a torcida deseje a multiplicidade das chances de gol, elas aparecem poucas vezes durante os noventa minutos. O defensivismo que tomou conta do nosso futebol as tornou ainda mais minguadas. Por isso, surgida a chance, por vezes única, deve ser transformada em gol. Ao final do último jogo, o que mais se ouviu foi “quem não faz leva”. Nada mais verdadeiro.
Para fazer, tem que criar a situação. Vejo a presença de Marcinho como fundamental para suprir essa necessidade. Marcinho é jogador calejado, com capacidade para realizar assistências e desprendimento para realizá-las. Sua escalação pode mudar a forma de atuar do Atlético, até então mais voltada para a individualidade e a obtenção de faltas nas proximidades da área.
Achei ótima a ideia de Renato participar do rachão da sexta-feira. Pode parecer nada, mas terá reflexos muito positivos no psicológico da equipe. A torcida não deve esperar jogo fácil. Será outro reinício de Brasileiro para o Atlético. Vamos com tudo.
BASTIDORES
Leio matéria sobre reunião de Malucelli com pessoal da mídia. O texto expõe, sem colocar entre aspas as frases do presidente, o que nos permitiria uma melhor apreciação de seu conteúdo.
No meio do longo dissertativo, encontro um ponto mais do que importante para o momento atual do clube. Malucelli diz colocar de lado a briga com Petraglia. Senhores, um raio de luz.
Chegou a hora da diplomacia refinada. Sunitas e xiitas devem dar sua ajuda, afastar-se por um instante. O Atlético, nossos filhos e netos precisam de um átimo de ponderação. Da reunião de segunda-feira podemos sair divididos, pequenos, alvos da chacota inimiga. Ou podemos sair lado a lado, unidos seria pedir demais, caminhando para um futuro melhor. Que assim seja.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ATLÉTICO ACIMA DE TUDO

BOTAFOGO
O atleticano se alegra com a notícia de que o Botafogo terá seis desfalques para o jogo com o Atlético. Para quem viu o jogo do Bota com o Corinthians na quarta-feira, as ausências não são tantas. Estarão fora do jogo Lucas Zen e Herrera. Jogadores importantes como Louco Abreu e Everton já estão ausentes faz algumas rodadas.
Lucas Zen é volante escalado pela lateral-esquerda para fechar o setor, já que o nosso Márcio Azevedo ainda sofre desconfianças do treinador e da torcida. Márcio volta à titularidade. A diferença é insignificante. O time perde defensivamente e ganha no ataque.
Atacante de muita movimentação, bom arremate e muita briga, Herrera deixa claro difícil de cobrir. Fará falta. Seu substituto, Alexandre Oliveira, deve cumprir a função de fixo entre os zagueiros sem a mesma qualidade do uruguaio. Nunca o vi jogar.
O Botafogo tem em Jefferson grande goleiro, voltando da seleção, com direito à vaga de titular depois dos frangos do Julio Cesar. A defesa é quase toda rubro-negra. Alessandro, Antônio Carlos e Márcio Azevedo já passaram pelo Caju. Fábio Ferreira é o zagueiro que completa a primeira linha de quatro. De assustador, apenas o cabelo. Os dois laterais devem ter muita ação ofensiva e os zagueiros tentarão o gol nas bolas paradas.
Marcelo Mattos é o quebra-canelas na frente da zaga. Renato, ex-Santos, a contratação do ano, anunciado pelo Gerson com lágrimas nos olhos, é o segundo volante. Estreou contra o Corinthians com atuação discreta.
O ataque funciona com Caio pela direita e Maicosuel pela esquerda, ambos explorando a individualidade e caindo muito para o meio. São rápidos, insistentes no drible, por vezes dispersivos, merecem marcação atenta. Elkeson faz a articulação pelo meio, chuta muito de fora, já tem cinco gols no campeonato. É o homem a marcar, sem descuidar da aproximação de Renato. Alexandre Oliveira deverá movimentar-se entre Manoel e Fabrício.
Mesmo com os desfalques, o time está entrosado, troca bem passes, tenta dar velocidade ao jogo, é forte na marcação aproximada, conta muito com Alessandro no ataque e bloqueia o avanço dos laterais com Caio e Maicosuel.  Os últimos resultados não são bons. Temos chance.
PETRAGLIA
Leio que setenta conselheiros compareceram à reunião com Petraglia na Sociedade Morguenau. Acho um número expressivo. As notícias sobre as propostas da OAS e Triunfo são assustadoras. Petraglia não deve ter tido dificuldades para convencer seus assistentes. Com espaço na reunião do dia vinte e cinco, certamente terá aval para a condução da obra. Não tenho dúvida.
Como acho difícil Malucelli se afastar da presidência, o problema será a divisão de encargos no rubro-negro. Só espero que em todo esse confronto de titãs o bom senso prevaleça e o Atlético esteja acima de tudo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

VOU FICAR

Estou desde as vinte horas e dezenove minutos da última terça-feira em estado de graça. Nessa precisa hora, Lívia, a Magnífica, minha mais nova e querida neta veio ao mundo. Difícil encontrar algo que traga maior felicidade ao ser humano do que o nascimento de um filho, do filho de um filho. No meu caso, de minha adorada filha. Se já abdiquei do choro pelo infortúnio, ainda não consegui evitar as lágrimas ao me defrontar com o milagre da vida.
Os berçários estão cheios de milagres. Carecas, cabeludos, inchados, prontos para a foto, chorões, sonolentos, pobres e ricos comprovam a existência de Deus, fazem os corredores plenos de bons-dias, felicidades, sorrisos coroados pela inevitável Deus que abençoe. Os homens deviam visitar mais as maternidades, voltar ao princípio da vida, risonho e farto de esperanças.
Revigorado e curioso, volto ao computador neste final de tarde para sapear as notícias do meu rubro-negro.
O Renato treina o time, um volante a menos, encho-me de esperança.
A coluna do cronista expõe as propostas para a conclusão da Arena e, novamente, encho-me de esperança.
As propostas da OAS e da Triunfo, como ali estão expostas, são tão ruins, tão dilapidadoras do patrimônio rubro-negro, em curto e longo prazo, que aceitá-las é passar recibo de ignorância. Será impossível um Conselho minimamente responsável aceitá-las. A incompetência do inimigo vai nos salvar. A guerra será ganha sem o disparo de um tiro.
Bastará um movimento bem articulado junto aos conselheiros, pautado pela inteligência, no amor pelo Furacão, para que a proposta do ex-presidente Mario Celso Petraglia saia vencedora na próxima reunião do dia 25. Será a solução natural, econômica, preservadora dos recursos a serem gerados com a nova Arena única e exclusivamente pelo clube dono do patrimônio gerador da possibilidade da presença da Copa em Curitiba.
Acolhida a proposta de Petraglia, dada a incumbência da sua realização ao seu idealizador, divididas as responsabilidades no Atlético, a paz voltará a reinar, as obras terão início imediato.
Tudo está pronto para um final feliz. O único óbice para o sucesso é o amargor que os anos de desapontamentos submetem a alma humana. Carregada de pedras, a mochila da vida nos tira a flexibilidade, proíbe perdões, cria posições irredutíveis, transforma a simples concessão em derrota inconcebível. Tivéssemos aos sessenta anos o coração das crianças, tudo estaria resolvido. Os pequeninos são gigantes de espírito.
Os grandes homens do Atlético têm poucos dias para ponderar, um jogo de vida e morte no meio do caminho. Eu tenho fé na humanidade. Vai dar certo. Estarei lá, na frente da Arena esperando o resultado.
Desculpem. Pode ser que eu não vá. Se Lívia, a Magnífica, precisar do meu acalanto, do meu colo rubro-negro, do meu suave eôôô... eôôô... Atléticôôôô... vou ficar.

terça-feira, 19 de julho de 2011

TRABALHAR DURO

Renato Gaúcho já baixou o facho. Está reclamando do planejamento, achando difícil mudar a situação existente. Se acha que não dá, que não vai resolver, por favor, peça o boné. Hoje.
Renato quer um matador. Sabe que não vai receber. O Atlético já gastou os tubos com o Garcia. O mais que bichado Nieto foi operado. Itamar não deve conseguir a documentação antes de encerrar o período para contratações do exterior. Quem no Brasil?
Há pouca coerência no discurso de Renato. Elogia Ricardo Gomes por ter deixado Alecsandro em campo, mesmo com a torcida pedindo sua substituição, e tira seu único atacante, encarregado de atacar e marcar quase que na lateral direita, aos doze do segundo tempo. Para o lado de lá, manter o atacante em dificuldades em campo é grande solução. No lado de cá, onde a presença do atacante é mais que necessária, não existe outro, manda para o banco.
Acho que Malucelli deve chamar o Renato e perguntar o que ele acha do futuro da equipe. Se o gaúcho tiver a visão muito pessimista, achar a situação irreversível, agradecer, pagar o salário de um mês e a passagem de volta. Impossível ficar com um comandante que já perdeu. O prejuízo para o moral da equipe é ENORME.
SOLUÇÕES
O amigo que me lê diz contrafeito: “o comentarista ganha sempre”.
Não é o meu caso. Antes do jogo contra o Vasco, indiquei a troca de Marcelo Oliveira por Paulinho, acreditando na sua melhor chegada no ataque e no conhecimento do Vasco, principalmente de Eder Luis, facilitando a marcação. Se Paulinho deu o passe para o gol, os dois do Vasco saíram pelo seu setor. Digamos que uma no prego, outra na ferradura. Mesmo assim, acho que Renato deve insistir com Paulinho. Trabalhar.
O mesmo deve acontecer com Garcia. Não se pode reclamar de atacante que recebe duas bolas divididas por jogo. Com a entrada de Marcinho pela direita e a manutenção de Madson pela esquerda, com muito trabalho na semana e a obtenção de algum entrosamento desse trio, devemos ter mais chances de gol, quem sabe alguma pare nos pés do uruguaio e ele desencante. Trabalhar.
Definitivamente, acho que o Atlético deve abdicar de um volante. Com três, há perda de capacidade ofensiva é significativa, isto que estou considerando Cléber Pereira um armador. Contra o Vasco, tivemos em Robston um observador de Felipe, nada mais. Em que contribuiu. Para a função de vigiar, o retorno de armador, ou mesmo de atacante, pode ser suficiente. Tem que treinar, ajustar, dar missão. Trabalhar.
Renato deve evitar formar duas equipes diferentes, uma defensiva para jogar fora, uma ofensiva para atuar na Baixada. Hoje, o Atlético tem que vencer em qualquer campo. Uma estrutura ofensiva deve ser capaz de ganhar características defensivas no decorrer de jogo. Aí o treinamento necessário focado em atacar, agredir o adversário e recuar para defender. Jogar noventa minutos com intensidade. Contra o Vasco, Madson perdeu três chances reais de gol. Tivesse concluído uma com acerto e o resultado seria outro. Renato tem que voltar a sorrir, cuidar com as declarações, criar um time no papel e fazer funcionar. Enfim, trabalhar duro.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

ENTRANDO EM PARAFUSO

O Brasil foi eliminado da Copa América, nas quartas de final, ao errar a cobrança de quatro penalidades máximas. O risco está em focar nos erros decisivos o problema da seleção. Achar que os jogadores foram relaxados para a cobrança, cheios de si, é engano motivado pela emoção, desejosa de imputar culpas pelo fracasso. Elano bateu o pênalti como bate faltas do meio campo. Os demais sentiram a pressão. Chegaram pisoteando o local da bola, único ponto do gramado sem qualquer influência no chute. Esquecido o pé de apoio, erraram grosseiramente.  
Nosso problema reside na criação de jogadas. Formamos articuladores de um toque, um passe decisivo e está completada a jornada de trabalho. Ganso e Douglas do Grêmio são assim. Trotam pelo campo e enfiam bolas com açúcar para os atacantes. Quando os meninos da frente acertam a finalização, as glórias são partilhadas com o assistente, que fica com aquela cara de gênio generoso. Quando o Pato perde a chance, ou o goleiro faz o milagre, tem-se que esperar por novo lampejo da genialidade.
Jogadores como Conca, Montillo e D’Alessandro, todos argentinos, com alta participação no jogo e índice elevado de assistências, são venerados no futebol brasileiro. Mano Menezes por certo sonha com a nacionalização de algum deles. Nós não temos este tipo de jogador na prateleira.
Douglas trotou pela seleção, errou um passe, permitiu gol da Argentina em final de jogo e nunca mais foi chamado. Veio Jadson, fez um bom primeiro tempo contra o Paraguai, deu passe para gol, fez gol, e foi para o banco. Sua escalação, que poderia significar tentativa de dar maior liberdade para Ganso, era apenas um castigo para Robinho, que cortou o cabelinho e voltou ao posto. Mano sabe que a crônica não engoliria a titularidade de Jadson. Se sabe, por que convoca?
Como o time não anda, apelamos para a individualidade. O locutor fica no “Vai Robinho!”, “Vai Neymar! Só tem um!” Em segundos tem três e os nossos Pelés param pelo caminho. Cansados da ineficiência entra Fred, a aposta no gol de último minuto, como se raios caíssem dez vezes no mesmo lugar. Ou mais individualidade, Lucas, na esperança do menino fazer contra o Paraguai o gol que faz contra o Mirassol. Ou Elano, aí já não sei por quê, quem sabe prevendo-se a cobrança de penalidades, ou o carisma do tal jogador de seleção.
Amigos, o Brasil não tem em campo um bom cobrador de faltas diretas. Eu falei bom. Se não sabemos bater pênaltis, por óbvio, muito menos faltas. Aí permitimos ao defensor fazer todas as obstruções possíveis, até o primeiro amarelo colocar limite.
Os melhores momentos mostram várias chances de gol perdidas. Como disse o Robinho, “quem viu o jogo de forma inteligente sabe que o Brasil jogou bem.” Acho que não me enquadro entre os inteligentes do Robinho. Quem viu o jogo todo assistiu momentos de completa desorganização do time brasileiro, a defesa rifando bolas incríveis, um jogo modorrento, nossas principais armas anuladas pela marcação, salpicado pelos melhores momentos editados.
Neymar, Ganso, Pato e Lucas do São Paulo são jogadores diferenciados. Jogam muito. O Brasil não pode prescindir deles faltando três anos para uma Copa do Mundo em casa. Mas é pouco. Faltam-nos zagueiros de maior categoria técnica, volantes com qualidade para ir ao ataque, um lateral esquerdo de melhor nível, mais um armador, um goleiro que não nos faça tremer com chutes de fora. Falta-nos um time que ao invés de criar três situações de gol, crie dez e tenha mais armas para agredir o adversário.
Confesso que não vejo solução fácil para o problema. O olhar de vaca atolada do Mano dá calafrios. O gaúcho vai ter que insistir com o time, mexer pontualmente, cobrar participação, esperar o nascimento de uma estrela. Tem que ser rápido. A lua de mel com a crônica pode estar entrando em parafuso.  

domingo, 17 de julho de 2011

JOGARAM PÓ NO ATLÉTICO

Minha última anotação sobre o jogo de ontem diz: gol do Vasco no último segundo do primeiro tempo. É muito azar.
Vacilo ente maltratar o amigo revivendo o drama, ou contar velha história de mandingas. O amigo já sofreu demais? Ficamos com a história de mandingas? Vamos lá.
Em 1975, servia eu no 10º Grupo de Artilharia de Campanha, o 10º GAC, em Fortaleza. Responsável pela topografia do grupo, vivia entre teodolitos, tábuas de logaritmos, senos, cosenos e tangentes, o velho Pitágoras um amigo fiel. O prezado não sabe a calculeira que envolve um simples tiro de canhão.
No meio do ano de instrução surgiu um campeonato de futebol entre as unidades do Comando Militar do Nordeste. Os quartéis disputariam campeonatos nas suas Regiões Militares e os campeões seguiriam para Salvador para o torneio final. O tenente treinador do 10º GAC, o metido que vos fala.
Vencemos a fase regional contra as unidades do Maranhão e Piauí, no meu imaginário uma seletiva para a Copa do Mundo, e pegamos o ônibus para a terra de todos os santos e santas.
As partidas eram à noite na Fonte Nova. Uma organização exemplar. Nosso primeiro jogo foi contra o representante da Bahia, o dono da casa. Surpresa absoluta, os meus cabeças chatas venceram. Ressalte-se, os meus soldados jogavam muita bola.
Fomos para o segundo jogo contra a Polícia do Exército de Pernambuco. Aconteceu de tudo. Bolas na trave, gols perdidos, pênalti perdido, nosso principal atacante seriamente contundido. Saímos de campo satisfeitos com o zero a zero, conscientes do merecimento da vitória.
No dia seguinte, fui à cantina do Batalhão Pirajá, que nos hospedava, comprar um chocolate, algo que trouxesse a força que o pão cacetinho com grossa camada de manteiga e o caneco de café com leite não conseguira. Ali, no meio da soldadesca ruidosa, ouvi: Tenente! Tenente! Jogaram pó no seu time.
Perplexo, fiquei sabendo do feitiço lançado contra o meu esquadrão de aço. O vidente, se assim posso chamar a praça conhecedora do assunto, além de alertar, dava a solução. Defumação do vestiário e, antes de entrar em campo para o último jogo, toda a delegação deveria tomar banho.
Não tive dúvidas. Cacei meu auxiliar, o sargento Calixto, e fomos de ônibus ao centro da cidade, parando em terminal onde, entre acarajés e cocadas, encontramos os defumadores indicados. Compramos uma boa quantidade e já iniciamos o fumacê no alojamento do quartel. Chegamos mais cedo na Fonte Nova, repetimos o processo fumarento e tomamos o banho recomendado.
Final da história. A imensa taça de campeão hoje deve adornar a galeria de troféus do Grupo de Artilharia de Selva em Boa Vista – Roraima, em que foi transformado o meu querido 10º GAC, agora pronto a defender o tesouro amazônico.
No caminho para a rodoviária, paramos na Igreja do Senhor do Bonfim e deixamos fotografia do time no local reservado para agradecimentos. Os homens em armas têm fé, agarram-se a todos os santos, é preciso.
O espiritismo virou ciência e eu não tenho mais neurônios para estudá-la. Pitágoras tem culpa. O kardecismo que vivi na infância, legado pela mãe, ficou apenas na crença na reencarnação e na existência de algo mais além deste nosso planeta de provas e expiações. Verdade ou não, só vou saber quando partir para os felizes campos de caça. Se assim não for, guerreiro que fui, devo ter direito a umas quarenta virgens.
Dizem que se mandinga ganhasse jogo, Bahia e Vitória terminaria empatado. Será? Alguém na algaravia de uma cantina de quartel me deixou em dúvida.
O Atlético vive um momento turbulento, as mágoas estão expostas, pensamentos maus povoam mentes inconscientes, ódios profundos se traduzem em cartas e declarações. Isso não é bom. A mãe que me puxou pela mão e me colocou para estudar repetia: mantenha sempre seus pensamentos elevados. Saudades da minha mãe.
Se os incensos que queimei, o banho que tomei, foram os vetores do meu dia de Muricy, não sei. Prefiro acreditar que sim. Mesmo se não acreditasse, caso encontrasse o presidente Malucelli em praça de alimentação de qualquer shopping da cidade, a minha primeira frase seria: Presidente! Presidente! Jogaram pó no Atlético.

sábado, 16 de julho de 2011

ATLÉTICO 3 X Vasco 1

Irmão rubro-negro fique tranquilo.
Hoje é um dia muito especial. Dia da nossa primeira vitória contra o Vasco no Rio de Janeiro, também a primeira neste Brasileiro.
– Tá loco! –, vai perguntar o rabugento, cansado de perder, realista ao extremo.
Pouco adiantará dizer para ele que o Vasco está desfalcado nas duas laterais, que tem em Juninho Pernambucano e Felipe dois jogadores com direito a vaga de idoso no meio campo.
– Nunca ganhamos lá –, dirá ele. – Mesmo em 2004, quando tínhamos um timaço, perdemos de um a zero e entregamos o Brasileiro ao Santos do Milton Neves.
Vamos dar um calmante ao rabugento, afastá-lo do jogo, colocá-lo para assistir Carros 2, divertir-se com as peripécias do Relâmpago McQueen, dar um descanso ao coração.
Ao sair do cinema, não descansará enquanto não chegar ao carro, ligar o rádio e saber o resultado, só para confirmar seu pessimismo.
Como o locutor de antigamente, a voz vibrante anunciará:
“O tempo não para! 42 do segundo tempo! ATLÉTICO... UM... DOIS... TRÊS! Vasco... UM!”
– O que aconteceu? Estamos ganhando? Como? –, perguntará em sequência e se surpreenderá com um sentimento assustador, estava certo da derrota, esperava-a como comprovação das suas certezas.
Acho que todos estamos meio rabugentos. Ouvimos o nome do adversário e de imediato admitimos a derrota. Perdemos o otimismo, estamos em crise, cachorros loucos sem agosto ainda ter começado.
O rubro-negro está na TPM, as defesas prontas, no mínimo contraditórios como diria a gentil moçoila.
A vitória que imaginei para hoje, com gols de Garcia, Marcinho e Madson nos tirará deste clima perverso.
Vamos rubro-negro rabugento. Relaxe. A saúde está boa, a família amorosa está à sua volta, o emprego está garantido. Uma vitória hoje vai lhe restituir o ânimo.
Vá ao cinema. Tome um capuccino na saída. Compre um presente para a namorada. O teu presente estará nas ondas do rádio:
“Fecham-se as cortinas e encerra-se o espetáculo: ATLÉTICO 3 X Vasco 1”

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O ATLÉTICO NÃO MERECE

Terminadas as passeatas, é tempo de colocar os pés no chão e voltar à realidade. Entender a história, buscar nas suas páginas o antídoto para a situação aflitiva.
Em 2006 o sonho teve fim. O Atlético que a partir do seu retorno à primeira divisão fora um sucesso absoluto, um exemplo a ser seguido, capaz de obrigar o poderoso São Paulo a conchavar com o presidente da Comebol para tirar a final da Libertadores da Arena, entrou em declínio. Só para dar um exemplo, perdemos os paranaenses de 2006, 2007 e 2008.
Algo aconteceu. O time capaz de produzir jogadores brilhantes em suas divisões de base – Jadson e Fernandinho a última safra importante do cajueiro –, passou a viver de contratações de promessas alienígenas, prontas a um brilhareco com a camisa rubro-negra, ansiosas pela exportação para o mercado externo. Tivemos jogadores emprestados a times de todos os estados, esperando por boas participações, vendas e grandes lucros.
A teoria cintilante, talvez jamais imaginada por outro clube brasileiro, pode ter rendido os ganhos esperados, mas, infelizmente, não rendeu ao Atlético os títulos e glórias de seu passado então recente. Foi quando no espaço Bate-Boca da Tribuna do Paraná criei o jogador manequim, aquele esperançoso da fortuna, após curta passagem pela passarela rubro-negra.
Em 2007, um gol de Ferreira contra o Vasco, nas últimas rodadas do Brasileiro, nos afastou da luta contra a segunda divisão. Foi só um susto, pensávamos. Onde já se viu, nós poderosos rubro-negros, uma potência emergente, no descaminho. Anoitecemos 2007 acreditando em acidente de percurso.
Em 2008, enxergamos o abismo. Com os dois pés na segunda divisão, para permitir o retorno de Geninho, Petraglia magnânimo cedeu lugar a Malucelli, única forma de contarmos com o técnico campeão. O efeito psicológico da saída de Petraglia e o retorno de Geninho possibilitaram recuperação heroica e a fuga, na última rodada, do desastre absoluto.
Ao findar o ano, as eleições conduziram Malucelli à presidência, apoiado por Petraglia. Bastaram dois meses, ou menos, para o divórcio entre os italianos e o afastamento do construtor da Arena e idealizador do projeto Curitiba na Copa 2014. Velhos ressentimentos causaram a divisão, ódios profundos criaram raízes.
Finalmente, em 2009, ganhamos um paranaense, mais fruto de um artifício do regulamento, o tal supermando, do que da superioridade no campo de jogo. O time fraco ao extremo fez Geninho renunciar ao início do Brasileiro e a trilha para o rebaixamento surgir de novo no horizonte rubro-negro. Desta vez fomos mais felizes, a salvação aconteceu na penúltima rodada e a queda do Coritiba nos fez sentir superiores, incapazes de perceber o declínio geral a que estávamos submetidos.
2010 chegou, com ele outro paranaense perdido, o supermando agora favorecendo o inimigo. A perda levou à demissão de Antonio Lopes, um histórico treinador rubro-negro. Mais ódios. Após começo titubeante no Brasileiro, a chegada de Carpegiani nos levou ao quinto lugar, baseado na força da defesa e vitórias mínimas. Foi ano para respirar, achar que tínhamos reencontrado os rumos perdidos.
Assim fosse. Logo ao início deste ano, a defesa foi desmontada. Foram-se Rodolpho, Neto e Chico e os resultados desandaram. Os poucos gols marcados foram insuficientes para superar os sofridos. Outro paranaense perdido, Geninho demitido, mais ódios de um histórico treinador. Foi apenas a primeira ave a deixar o cajueiro. Seguiram-se Zimmerman, Adur, Carlinhos Neves, Fornéa e Yara, sem falar do paranista Bolicenho. Malucelli foi abandonado. Por quê?
Do cume ao precipício a estrada foi pontilhada de erros, certamente decorrências infelizes de ótimas intenções. Os atores são atleticanos de muitos anos de luta, impossível lhes imputar negligência.
Fato é que os erros levaram a tal estado de coisas que as deserções proliferaram. Por favor, não me falem bem de desertores.
Hoje estamos com a trincheira rubro-negra cheia de inimigos, o futebol nas mãos de atleticanos de última hora, o time liderado por treinador que Deus ajude faça sua história.
Senhores, vamos parar de antagonismos, admitir seus erros, sentar à mesa e fumar o cachimbo da paz. Os senhores são homens velhos. O Atlético está à morte, tem que sair da UTI e tocar uma obra de milhões de reais, cumprir seu compromisso com a cidade de Curitiba.
Chegamos a um beco sem saída. Ou os senhores acertam os seus ponteiros e passam a trabalhar juntos, forçados pelo amor ao Furacão, ou se afastam definitivamente da vida do Atlético. Já erraram demais, já traíram demais, já desertaram demais. Os senhores estão dando vexame. O Atlético não merece.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

PRIMEIRA VITÓRIA

Renato deve estar tentando organizar o Atlético. Se o empenho foi nota alta do Rubro-Negro contra o Avaí, a desarrumação e o excesso de individualismo, exacerbados pela necessidade, ficaram claros a todos os espectadores.
Além desses aspectos coletivos, Renato deve ter reconhecido dificuldades individuais a serem minimizadas no jogo contra o Vasco.
Eu teria três pontos a analisar.
O primeiro deles seria a escalação de Marcelo Oliveira na lateral esquerda. Marcelo veio para ser reserva de Paulinho. Começou jogando de volante, quase como um meia avançado, quem sabe um resquício do conhecimento obtido por Adilson ainda no Corinthians, e agora foi puxado para a lateral. Não foi bem. Na posição, Paulinho é melhor que Marcelo Oliveira.
Considero Paulinho jogador regular, bom na marcação e com presença ofensiva mais pelo lado do campo, diferente de Marcelo que cai muito pelo meio, onde carece de qualidade para a criação. Além disso, Paulinho já fez duas partidas contra o Vasco este ano, conhece bem a velocidade de Eder Luis, um dos fatores do sucesso do time do Ricardo Gomes. A volta de Paulinho, mesmo que fosse apenas para marcar, seria bem-vinda.
O segundo, a permanência de Baier na equipe. O capitão se lesionou e ficará fora do jogo de sábado. Mesmo assim, vou dar minha opinião. Com Deivid, Cleber Santana e Kleberson, o Atlético conseguiu chegar com a bola até a intermediária ofensiva do Avaí. Aí faltou a presença do criativo, o jogador a fazer a circulação da bola no ataque, deixar os companheiros livres, seja pelos lados do campo, seja enfiando bolas entre os zagueiros.
Baier só foi notado na partida quando Madson e Kleberson deixaram de lhe fazer passes que possivelmente teriam o caminho das redes. Fora isso, uma cobrança de falta, um escanteio e nada mais. Acho que Branquinho, ou Marcinho, seria mais efetivo, caindo pelos lados, aproximando-se de Garcia, entrando pelo meio e finalizando de fora.
O terceiro, o posicionamento de Madson. Quando Adailton foi chamado para entrar em campo, pensei em Madson para sair. O baixinho vinha mal, enroscando-se nos zagueiros, marcado com facilidade.
A circunstância de assumir a lateral e ter a obrigatoriedade de vir buscar o jogo muito atrás, lhe deu espaço para jogar, facilitando muito a jogada individual. Pôde receber a bola com alguma liberdade e partir na vertical do gol, criando muitas dificuldades para os marcadores, por vezes obrigados à falta. O seu posicionamento mais recuado, participando da saída da bola pela esquerda, pode lhe dar condições para usar sua velocidade com maior eficiência. Pelo menos na teoria.
Se Renato conseguir um Atlético mais fechado pelos lados do campo e solidário no ataque, já vou ficar satisfeito. O Atlético não perdeu para o Vasco este ano. Conhece o inimigo. Vamos atrás da nossa primeira vitória.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SEGUIR EM FRENTE

Saí do campo como você irmão rubro-negro. Desolado, sem palavras para explicar tanta falta de sorte na finalização a gol e tanta sorte em momentos em que o Avaí esteve muito próximo de marcar. Na realidade, o resultado poderia ter sido pior.
O que escrever sobre o dramático zero a zero?
Reclamar da ausência da massa rubro-negra, embora os dez mil presentes tenham dado apoio soberbo aos jogadores?
Reclamar de um individualismo inaceitável para o momento, quando o coletivo, o passe para o companheiro melhor colocado era a opção óbvia?
Reclamar do pênalti claro não marcado?
Reclamar do passado penoso, quando insistimos em individualidades sabidamente danosas, com a solução no banco de reservas?
Reclamar do presidente, daqueles que o abandonaram na hora difícil, quando permanecer a qualquer custo era o honesto e imperioso sacrifício a cumprir?
Elogiar o esforço presente os noventa minutos?
Ressaltar individualidades, o rendimento superior de alguns jogadores, especialmente de Madson quando, vindo de trás, criou várias situações de perigo?
Passei o domingo afastado do computador, entretido com a família, sofrendo com a derrota das meninas do futebol, balançado pela frase da filha rubro-negra quando do gol americano, “ultimamente torcer pelo futebol está muito difícil”.
Chegou a noite e eu sem um texto qualquer, sem uma mensagem de esperança.
A televisão mostra a tragédia de um time de rúgbi uruguaio que há quarenta anos despencou com o seu avião na cordilheira dos Andes. Setenta e dois dias de sobrevivência no clima rigorosíssimo, a necessidade de comer a carne dos companheiros mortos, a busca desesperada pelo socorro e, finalmente, o resgate, a volta à família, a recompensa pela luta sobre-humana.
A frase do sobrevivente que volta ao local onde os amigos estão enterrados me apresenta um caminho:
“As pessoas que reclamam são as que estão bem. As que estão mal cerram os dentes e seguem em frente.”
É o que nos resta, mostrar valor, ser sobre-humano, lutar como loucos para sobreviver. Abraçar o exemplo. Ser forte, cerrar os dentes e seguir em frente.

sábado, 9 de julho de 2011

EU E MEU CORAÇÃO

Uma das histórias do futebol diz que o treinador seguia na sua preleção, acho que Evaristo de Macedo, quando, de repente, parou e disse: “Vão lá e ganhem este jogo”.
Hoje é mais ou menos assim. Renato fez trinta minutos de trabalho tático, buzinou no ouvido dos jogadores e partiu para o rachão. Vai apostar na estrela, no conjunto pré-existente, em Santiago Garcia e... na torcida. Está mais do que certo.
As declarações dos jogadores revelam o impacto positivo da chegada do gaúcho. O Atlético precisava de um sopro de otimismo, de alguém sem fórmulas mágicas, que a pergunta primeira ao se encontrar com o grupo fosse: “vocês estão perdendo por quê?”
O Furacão tem um bom grupo, semelhante a tantos outros do Brasileiro, e os resultados estão furos abaixo das suas reais possibilidades. Mais do que qualidade individual, o problema do Atlético é de cabeça, por sorte admitido por Adilson, que se auto-demitiu para dar espaço a alguém com melhor discurso.
Qual seria o time do Renato? Ninguém arrisca, nem se tem como certa a entrada de Garcia. Eu vou arriscar. O Atlético joga com: Renan Rocha, Wagner Diniz, Manoel, Fabrício e Marcelo Oliveira; Deivid, Cleber Pereira; Branquinho, Paulo Baier, Madson e Garcia.
Poderia escalar Nieto ao lado de Garcia. Acho que o estilo paradão de Nieto está fora dos padrões do Renato.
Poderia escalar Adailton no lugar de Branquinho. Acho que Branquinho tem mais velocidade que Adailton, mais ao gosto do novo comandante.
Renato deve fazer sua preleção, expor seu conhecimento sobre o Avaí, puxar pelo brio da moçada, e terminar com um “vão lá e ganhem este jogo”.
Eu vi o Avaí, entendi, mas não vou perturbar o amigo com minhas reflexões sobre o adversário a ser batido.
São quinze para as dez. O sol acabou de sair, a névoa sobre a Baixada lentamente se afasta e a cobertura resplandece anunciando a grande vitória.
Na feira, ao raiar do dia nebuloso, o homenzinho das verduras, tagarelando com a moça da barraca do queijo, anunciava, a quem quisesse ouvir, sua presença no campo dos sonhos.
Na sua simplicidade, acha impossível abandonar o seu Atlético, impensável deixá-lo cair. Ele estará lá, fazendo a diferença, empurrando o seu Furacão. Sem a sua força, sem a sua grandeza, eu também estarei. Eu e meu coração.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

COMPROMISSO COM O FURACÃO

Gostei da entrevista do Renato. Vamos passear pelos tópicos do seu discurso.
“A princípio, o primeiro objetivo é tirar o time dessa situação”
Ter foco é fundamental. Desprezar ideias absurdas, como campanhas brilhantes no Brasileiro, na Sul-Americana e conquista de vaga na Libertadores é estar com os pés no chão. Tudo isso pode ficar para depois, quando a cabeça estiver fora d’água e o grupo obtido alguma confiança.
 “Eu sei o que está acontecendo com o grupo”
Renato sabe, mas não diz o que está acontecendo. Se não diz, presumo eu. O grupo estava insatisfeito com Adilson Batista, nunca morreu de amores pelo treinador, nunca acreditou no seu trabalho. Entrar em campo sem ver nos companheiros e no planejamento a possibilidade de vitória é ir à luta corroído pelo desânimo. O empenho existe, mas ao primeiro obstáculo, o espírito fraqueja, perde-se a batalha. Renato sabe que terá que se fazer gostar pelo grupo.
“Devolver a confiança”
Mais que ter a confiança na sua capacidade, o jogador precisa ter confiança no treinador. Aí entra o papo do boleiro velho, conhecedor de todos os caminhos e descaminhos. Renato vai entrar com “carinho”, conversar ao pé do ouvido e exigir desempenho. Se o grupo entender suas intenções como verdadeiras, sem discriminações, a confiança vai voltar. Primeiro no treinador, depois nos companheiros escalados, por último na vitória. Degrau a degrau.
“No momento que eu tiver todo o grupo, saber o melhor esquema”
Renato foge da armadilha que consumiu Adilson. Sujeitar jogadores de diferentes características a esquema pré-determinado. O conhecimento dos jogadores, das suas capacidades é a base para a construção do esquema. O esquema surgirá do melhor aproveitamento das individualidades existentes e dos possíveis reforços a chegar. De início, Renato abre as portas da titularidade para todos, sem exclusões desnecessárias. Na teoria, perfeito.
“Melhorar em todos os sentidos um pouco”
Esperto, Renato evita individualizar a crítica, imputar culpa a setor, afasta-se de constranger subordinados. Sabe que a casa terá que ser levantada “do assoalho”. Precisa da motivação de todos. Em sentido amplo, está mais que certo. O Atlético necessita melhorar em cada palmo do campo.  
“O jogador precisa de comprometimento”
Isto é, dar resposta durante treinamentos e jogos. Dá o direito à vida privada, desde que os exageros não interfiram no desempenho. Não precisava falar. Nesse aspecto é um exemplo. Como conhece a tropa, já adianta o reforço da caixinha, sinalizando para multas pesadas. Quer o que o torcedor quer.
“Ter o apoio maciço da torcida”
Renato não quer o apoio da torcida, quer o apoio maciço da torcida. É um sábio. Todos os que por aqui passaram e venceram, fizeram por merecer o total apoio do povo rubro-negro. Contra o Avaí, Renato vai receber esse apoio de graça, sem desconfianças, mais uma demonstração de amor pelo Furacão. Aos poucos, vai ter que namorar e conquistar o povo rubro-negro. O sucesso do namoro vai depender de vitórias.
Se o amigo me perguntar se vai dar certo, eu respondo que depende de você. Está com jantar marcado para sábado? Cancele já. Você tem compromisso marcado há muitos anos. Compromisso com o Furacão.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

GUERREIRO RUBRO-NEGRO

Renato tem razão. É preciso passar uma borracha no passado. O campeonato Brasileiro para o Atlético começa sábado próximo contra o Avaí.
O conhecimento de Renato sobre o Rubro-Negro deve se restringir àquele obtido quando do jogo em que ainda comandava o Grêmio e veio a Curitiba para nos vencer pela contagem mínima.
Naquela partida, o então técnico tricolor conheceu dois Atléticos bem diferentes. O do primeiro tempo, abalado por gol contra, quando ainda procurava se acertar em campo, fraco, nervoso, decepcionante. Jogou e foi para o intervalo abaixo de vaias. O da etapa complementar, modificado por Adilson, vibrante, ofensivo, com finalizações que obrigaram Vitor a grandes defesas, o goleiro da seleção transformado no garantidor da vitória gaúcha.
De lá para cá, o treinador viu o Grêmio perder rendimento e pediu para sair. Por certo, foi surpreendido pelo convite do Atlético. Por certo, jamais pensou em treinar o Furacão, estava alheio a tudo que dizia respeito ao time do cavalinho que dorme na última posição da tabela.
Acordado do seu sono carioca, Renato assistiu ao jogo contra o Internacional e participou com suas orientações. Comandou à distância um Atlético diferente, o que podia ser, tentando segurar o resultado, um zero a zero para dar ânimo ao novo início de trabalho. Como vimos, infelizmente, o esforço foi em vão. Perdemos a partida, mas demos um passo importante para a luz. Leandro Niehues merece crédito.
As entradas de Renan Rocha e Fabrício melhoram a defesa do Atlético, dão ao resto do time maior confiança, a certeza da segurança mínima, indispensável para se ir ao ataque sem olhar para trás. Tivessem sido feitas antes – por que não foram? – teríamos obtido maior sucesso.
A apresentação viva e corajosa do menino Edigar cria a expectativa de mais uma boa promessa vinda do cajueiro. Fossem os lançamentos para ele feitos no que antigamente se chamava de ponto futuro e não sobre seu corpo, marcado com contato imediato de primeiro grau, poderia ter realizado mais. Niehues jogou as pedras para Renato pavimentar o caminho.
Melhor na defesa, resta ao ataque funcionar. As chegadas de Garcia e Marcinho vão contribuir para a solução dos problemas. Garcia é uma incógnita com currículo, Marcinho uma certeza, vai diminuir o trabalho de Paulo Baier. Vamos confiar.
O empate com o Avaí afastou Renato do Olímpico. É de novo seu adversário. Deve conhecê-lo bem. Sabe que o Atlético de hoje não tem a força de recuperação do Grêmio, lutador vigoroso na luta pelo empate nos minutos finais, após perder por dois a zero. O seu discurso deve passar confiança, recuperar o brilho nos olhos dos jogadores, abrir a caixa de gols insistente em permanecer fechada. Renato pode fazer tudo isso e, ainda assim, será pouco.
Sábado é dia de começo de Brasileiro. Fanáticos, Ultras, você torcedor, todos nós rubro-negros temos que encarar este jogo inicial como final de campeonato. Não é jogo de seis pontos, é final de campeonato. É dia de faixas descendo pelas arquibancadas, incensos espargidos pelos corredores, preces sussurradas a todos os santos. Tudo pode ser adiado. O casamento, a formatura, o aniversário, tudo deve ser deixado para depois. Sábado será decidida a sorte da batalha. Você tem que estar lá. Ninguém fará nada sem você, valoroso guerreiro rubro-negro.

terça-feira, 5 de julho de 2011

TUDO É POSSÍVEL

Quando acabou o primeiro tempo de Atlético Mineiro e Internacional em Minas Gerais, ainda zero a zero, Richarlyson declarou que após o primeiro gol do Galo, queria ver a gauchada continuar marcando lá atrás. O resultado o amigo já sabe. Quatro a zero colorado.

Richarlyson viu outra partida. O Inter compacto na defesa foi sempre mais perigoso no ataque, Zé Roberto tomou conta do jogo nos primeiros vinte minutos. O Galo conseguiu equilibrar as ações, mas, depois de levar o primeiro, que Richarlyson queria a seu favor, desmoronou e foi goleado.

Bastou o professor Falcão empurrar o menino Oscar pouco mais à frente pela esquerda, juntar a ele D’Alessandro e Cleber e a casa mineira caiu, com direito a pãozinho de queijo.

O retrospecto do Inter nos últimos cinco jogos é excelente. Veja.


A FASE


PONTOS GANHOS

AMÉRICA-MG  2
INTER  4
3
ÚLTIMOS
INTER 2
PALMEIRAS  2
1
CINCO JOGOS
CORITIBA 1
INTER  1
1

INTER  4
FIGUEIRENSE 1
3

ATLÉTICO – MG 0
INTER  4
3


Falcão está olhando o Atlético como galinha morta, melhor, como picanha fatiada. De início, decidiu deixar de fora do jogo os craques da seleção sub-20 Juan e Oscar, mesmo com Ney Franco os tendo dispensado para a partida. Já contava com as saídas de D’Alessandro e Tinga, o primeiro por terceiro cartão, o segundo por lesão, como dizem os gaúchos. Estava sem quatro titulares e todo prosa. Ao final de ontem repensou e acredita-se Oscar vá para o jogo. A estatística comparada dá direito ao nariz empinado.


ESTATÍSTICA
INTERNACIONAL
ATLÉTICO
VITÓRIAS
3
0
EMPATES
3
1
DERROTAS
1
6
CLASSIFICAÇÃO E PTS
8º / 12
20º  / 1
GOLS MARCADOS
16
2
GOLS SOFRIDOS
8
13
FINALIZAÇÕES
95
100
PASSES CERTOS (1)
2000
2200
ROUBADAS DE BOLA (2)
170
160

(1)   Aproximado para centenas.
(2)   Aproximado para dezenas.

Mesmo contando com Oscar, o Inter tem três desfalques importantes. Os reservas têm qualidade, mas D’Alessandro é insubstituível, é o motor da equipe. Fará falta. Índio, o substituto de Juan, tem excelente entrosamento com Bolivar e já cansou de fazer gols da cabeça no Atlético. Bolatti não tem a mesma participação de Tinga, mas está bem jogado, entra com frequência e já foi titular na Libertadores. Ricardo Goulart é jovem, dizem muito bom, e tem entrado em finais de segundo tempo. O time pouco perde em entrosamento. Perde em qualidade individual.


O TIME








MURIEL








ESQUEMA
NEY
BOLIVAR

ÍNDIO
CLEBER
DA





DEFESA

BOLATTI

GUIÑAZU


RICARDO
GOULART
ZÉ ROBERTO

LEANDRO
DAMIÃO
OSCAR








RICARDO GOULART

OSCAR




ZÉ ROBERTO











LEANDRO
DAMIÃO





DEFESA

O Inter defende com todos os seus jogadores. Diferentemente da maioria dos treinadores que deixa dois atletas mais avançados, dificultando a saída de bola adversária, Falcão puxa Zé Roberto e Leandro Damião para trás da linha da bola, pelo setor central do campo.
É um dispositivo defensivo compacto, com participação de todos. As jogadas pelas laterais normalmente recebem a marcação de quatro jogadores.
Mesmo atacando, fica com quatro defensores à retaguarda. Um volante, os dois zagueiros e um lateral.
A marcação dos armadores é individual e faltosa. Empurrar o principal armador para as proximidades da área colorada pode render faltas importantes.
O recuo é consciente. O adversário ataca, tem posse de bola e de repente é surpreendido.
O caminho para o gol é a jogada pelos dois lados do campo.





ATAQUE

A saída de bola acontece pelos volantes, daí para os armadores. Contra o Galo, o time teve dificuldades para sair jogando, usou muito a ligação direta. O tiro de meta vai para Damião que raspa para Zé Roberto entre os zagueiros.
O ataque se baseia na troca de passes e na movimentação dos três armadores. Difícil opinar sobre a movimentação de Ricardo Goulart. Provavelmente jogará pela direita do ataque. Oscar se posiciona mais pela esquerda, pode entrar pelo lado ou sobre a posição do zagueiro direito. Tem que vigiar. Zé Roberto movimenta-se por todo o espaço ofensivo. Vai pelos lados do campo com velocidade, chega à linha de fundo e consegue fazer o cruzamento. Finaliza bem. Está em ótima fase. Tem que marcar.
Um dos volantes tem liberdade para atacar. A movimentação é vertical, pelo centro do campo.
Os laterais têm prioridade defensiva, mas sabem jogar no ataque. Cleber cruza muito bem e sabe fazer a jogada de linha de fundo. Tem que bloquear a subida.
Damião é o referência padrão. Longe de ser um primor de técnica, faz um gol por partida. Está onde a bola se oferece e coloca para dentro. Ótimo cabeceador. Afasta-se da área para desviar o tiro de meta. Tem gente que ainda não entendeu sua ausência da Copa América. Tem que marcar.
O contra-ataque sai a partir do desarme defensivo. Zé Roberto e Oscar são os puxadores.



O ponto forte do Internacional é a disciplina tática e a eficiente finalização. O time marca um gol para cada seis chutes à meta. O acúmulo de jogadores pela esquerda, com Cleber e Oscar, pode render bons cruzamentos para a área.

O ponto fraco não existe. As laterais do campo são os pontos menos fortes, as vulnerabilidades a explorar. O elevado índice de faltas cometidas recomenda a jogada vertical como um bom meio de se conseguir o tiro direto ou indireto sobre o gol colorado.

A escalação de Oscar pode indicar que os espiões de Falcão viram os treinamentos do Atlético e acharam melhor qualificar o time um pouco mais. As notícias do retorno de Renan Rocha e Deivid, e a entrada de Fabrício, devem qualificar o setor defensivo rubro-negro, passo fundamental para que se jogue por uma bola, um gol e uma vitória.

O nome do jogo é futebol. Tudo é possível.