quinta-feira, 14 de julho de 2011

O ATLÉTICO NÃO MERECE

Terminadas as passeatas, é tempo de colocar os pés no chão e voltar à realidade. Entender a história, buscar nas suas páginas o antídoto para a situação aflitiva.
Em 2006 o sonho teve fim. O Atlético que a partir do seu retorno à primeira divisão fora um sucesso absoluto, um exemplo a ser seguido, capaz de obrigar o poderoso São Paulo a conchavar com o presidente da Comebol para tirar a final da Libertadores da Arena, entrou em declínio. Só para dar um exemplo, perdemos os paranaenses de 2006, 2007 e 2008.
Algo aconteceu. O time capaz de produzir jogadores brilhantes em suas divisões de base – Jadson e Fernandinho a última safra importante do cajueiro –, passou a viver de contratações de promessas alienígenas, prontas a um brilhareco com a camisa rubro-negra, ansiosas pela exportação para o mercado externo. Tivemos jogadores emprestados a times de todos os estados, esperando por boas participações, vendas e grandes lucros.
A teoria cintilante, talvez jamais imaginada por outro clube brasileiro, pode ter rendido os ganhos esperados, mas, infelizmente, não rendeu ao Atlético os títulos e glórias de seu passado então recente. Foi quando no espaço Bate-Boca da Tribuna do Paraná criei o jogador manequim, aquele esperançoso da fortuna, após curta passagem pela passarela rubro-negra.
Em 2007, um gol de Ferreira contra o Vasco, nas últimas rodadas do Brasileiro, nos afastou da luta contra a segunda divisão. Foi só um susto, pensávamos. Onde já se viu, nós poderosos rubro-negros, uma potência emergente, no descaminho. Anoitecemos 2007 acreditando em acidente de percurso.
Em 2008, enxergamos o abismo. Com os dois pés na segunda divisão, para permitir o retorno de Geninho, Petraglia magnânimo cedeu lugar a Malucelli, única forma de contarmos com o técnico campeão. O efeito psicológico da saída de Petraglia e o retorno de Geninho possibilitaram recuperação heroica e a fuga, na última rodada, do desastre absoluto.
Ao findar o ano, as eleições conduziram Malucelli à presidência, apoiado por Petraglia. Bastaram dois meses, ou menos, para o divórcio entre os italianos e o afastamento do construtor da Arena e idealizador do projeto Curitiba na Copa 2014. Velhos ressentimentos causaram a divisão, ódios profundos criaram raízes.
Finalmente, em 2009, ganhamos um paranaense, mais fruto de um artifício do regulamento, o tal supermando, do que da superioridade no campo de jogo. O time fraco ao extremo fez Geninho renunciar ao início do Brasileiro e a trilha para o rebaixamento surgir de novo no horizonte rubro-negro. Desta vez fomos mais felizes, a salvação aconteceu na penúltima rodada e a queda do Coritiba nos fez sentir superiores, incapazes de perceber o declínio geral a que estávamos submetidos.
2010 chegou, com ele outro paranaense perdido, o supermando agora favorecendo o inimigo. A perda levou à demissão de Antonio Lopes, um histórico treinador rubro-negro. Mais ódios. Após começo titubeante no Brasileiro, a chegada de Carpegiani nos levou ao quinto lugar, baseado na força da defesa e vitórias mínimas. Foi ano para respirar, achar que tínhamos reencontrado os rumos perdidos.
Assim fosse. Logo ao início deste ano, a defesa foi desmontada. Foram-se Rodolpho, Neto e Chico e os resultados desandaram. Os poucos gols marcados foram insuficientes para superar os sofridos. Outro paranaense perdido, Geninho demitido, mais ódios de um histórico treinador. Foi apenas a primeira ave a deixar o cajueiro. Seguiram-se Zimmerman, Adur, Carlinhos Neves, Fornéa e Yara, sem falar do paranista Bolicenho. Malucelli foi abandonado. Por quê?
Do cume ao precipício a estrada foi pontilhada de erros, certamente decorrências infelizes de ótimas intenções. Os atores são atleticanos de muitos anos de luta, impossível lhes imputar negligência.
Fato é que os erros levaram a tal estado de coisas que as deserções proliferaram. Por favor, não me falem bem de desertores.
Hoje estamos com a trincheira rubro-negra cheia de inimigos, o futebol nas mãos de atleticanos de última hora, o time liderado por treinador que Deus ajude faça sua história.
Senhores, vamos parar de antagonismos, admitir seus erros, sentar à mesa e fumar o cachimbo da paz. Os senhores são homens velhos. O Atlético está à morte, tem que sair da UTI e tocar uma obra de milhões de reais, cumprir seu compromisso com a cidade de Curitiba.
Chegamos a um beco sem saída. Ou os senhores acertam os seus ponteiros e passam a trabalhar juntos, forçados pelo amor ao Furacão, ou se afastam definitivamente da vida do Atlético. Já erraram demais, já traíram demais, já desertaram demais. Os senhores estão dando vexame. O Atlético não merece.

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