sexta-feira, 1 de julho de 2011

APEIA DO CAVALO

Para quem desejasse conhecer o Atlético e todos os seus defeitos, o jogo contra o Fluminense foi especial, algo como um daqueles pasteis gigantes, que vem com ovo, carne, queijo, azeitona, mais uma dezena de ingredientes e dá uma indigestão danada.
Dentro e fora do campo os erros estiverem presentes. Nas declarações dos dirigentes, nas falhas da escalação, nos desencontros dos jogadores.
Fora do campo, o “ágil” Ibiapina perdeu Aguirre, seu escolhido treinador, para time do outro lado do mundo. Desde sábado estamos sem técnico, o momento psicológico da mudança se perdeu e a partir de agora os convocados farão exigências cada vez maiores. Paulo Rink, outro do departamento de futebol, declara existir a possibilidade da contratação de três jogadores, mas é necessário que o novo treinador se pronuncie a respeito. Senhores, o Paulo Rink não sabe que precisamos de um zagueiro.
O senhor Leandro Niehues, agora acusado de paneleiro do Caju, junto a um tal Cordeiro, Bolinha e anexos, foi o que se espera dele. Manteve Rafael Santos e deixou Conca jogar. Foi o que bastou. Para manter a tradição, apresentou um menino à torcida, o marcador do único gol rubro-negro. Já havia apresentado o ótimo Deivid, insistiu com Fransergio, agora foi a vez de Edigar. É muito pouco para quem ganha para fazer expediente no Caju e se diz treinador.
Em campo as individualidades derrubam qualquer esforço. Rafael Santos, se não está fazendo gol contra, está dando assistência para adversário, ou a dois metros do finalizador, já virando de costas. Está na foto de nove entre dez gols sofridos pelo Atlético. Sua escalação é uma das maiores irresponsabilidades que se cometem no rubro-negro, retrato da incompetência da sua direção de futebol. É caso de interferência do presidente, do jardineiro, da tia da cozinha.
Marcelo Oliveira sonhou ser armador, acabou na lateral e foi inventado como volante no Atlético. Na largura do meio campo, inexiste como marcador. Tomou uns três já vai do Conca, desistiu e fez a felicidade do argentino no seu jogo de despedida do Flu. As pessoas têm que entender seus limites, se não conseguem, alguém tem que dizer para elas, ajudá-las a fazer o melhor dentro das suas naturais restrições.
Nieto é jogador reduzido ao pivô e ao cabeceio. Usar o corpo para girar e finalizar nunca vi. Como o time não joga com pivô, os passes são normalmente laterais, inexistem as jogadas verticais, torna-se útil apenas por comprometer a marcação de um zagueiro, nada mais. Na reserva, para um abafa de final de jogo, pode ajudar. Para ser o referência do Atlético, como diz a juventude, é muita areia para o seu caminhãozinho.
Branquinho e Madson procuram a jogada individual, quando deveriam usar suas velocidades na troca de passes na direção do gol. O resultado são desarmes seguidos, quedas, reclamações de faltas inexistentes. Madson é mais participativo. Branquinho aparece de dez em dez minutos.
É inegável a tentativa de melhora pela dedicação ao jogo. Baier é um exemplo disso. Até o primeiro gol do Flu, o Atlético tentou manter a posse de bola, chegou com perigo no ataque, embora as melhores chances tenham sido do time carioca. Furada a defesa, o descontrole tomou conta e o segundo gol, dois minutos depois, acabou a partida. O Atlético perdeu o jogo nos cinco minutos finais do primeiro tempo.
O Atlético em campo é reflexo da indigência de toda a estrutura de comando do clube. Para onde se olhe as falhas estão escancaradas. As providências tomadas com atraso, um irritante adiamento de decisões, os problemas saltando aos olhos, cheiro de motim no ar e marinheiros de primeira viagem correndo atrás de soluções, com a bússola cada vez mais apontada para o abismo.
O presidente Malucelli deve assumir posição, contratar um treinador hoje, trazer alguém com experiência para o departamento de futebol, deixar de acreditar que está cercado de competências e tudo demanda tempo para ser feito. Impossível tanto amadorismo, bom mocismo e derrotas vergonhosas. Hora de usar as esporas seu Malucelli. Ou faz uso imediato, ou apeia do cavalo.

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