Quem era o técnico? Vamos lá. O amigo
pode não conhecer José Macia, mas é certo que conhece Pepe, o canhão da Vila
Belmiro, o treinador que nos tirou do umbral da segundona.
Todos eles estão na história Rubro-negra,
como tantos outros de especial importância – Matosas, Flavio, Toninho, Borçato,
Emerson e por ai vai –, protagonistas e coadjuvantes da escalada que culminaria
com a conquista do Brasileiro de 2001.
Amanhã, onze atleticanos estarão a um
passo de entrar na história, constar dos registros grafados em ouro, estar na
foto e na cabeça de milhares de torcedores. Quantas pessoas podem ser lembradas
com carinho por tanta gente? O futebol permite esse reconhecimento, mas exige
de seus atores fibra de heróis, infinita capacidade de resistir e vencer para
se alcançar a glória.
Nada se ganha na véspera. O corredor
pode se imaginar rompendo a fita de chegada em primeiro lugar, mobilizar seu
pensamento para a vitória, mas imprescindível ter bem clara a estratégia a
colocar em prática durante toda a corrida, o controle dos seus adversários, o
momento de defender, de atacar, de impedir o contra-ataque, definindo o
resultado favorável.
Sonhou demais, perdeu o foco na
marcação do etíope magrelo, do queniano perna fina, permitiu o arranque
inesperado, lá se foi todo o esforço.
Para conseguir entrar na história, o
time de Nhô Drub terá que comandar a partida, fazer o resultado e mantê-lo sem
dar chances ao pretendente a desmancha prazeres. Serão noventa minutos de
atenção e aplicação ao jogo, sequer um centímetro de campo cedido, sequer um
segundo de livre pensamento concedido ao adversário.
Assim sendo, daqui a dez anos
abriremos o livro da história Rubro-negra e nos depararemos com a foto
emoldurada pela torcida maravilhosa, os contornos do Janguito facilmente perceptíveis.
Diremos então: “Era um time de guerra.
Lembra-se do Manoel, do Marcelo, o papa-léguas, do guerreiro João Paulo, do
Baier dos gols nos últimos segundos, da canhota do Elias...” e o dedo apontará
um a um, os nomes, as jogadas, os gols lembrados, a garra enaltecida, a
conversa longa para pouca noite.
Este foi um ano difícil, o coração do
torcedor já foi ao mecânico três vezes, os jogadores já fizeram milagres, por incrível
que pareça nada ainda está ganho, falta o arranque final para alcançar a fita.
É dura a exigência em fim de maratona – quem não sabe? –, mas para entrar na foto,
tudo vale a pena.