quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ESTEJA COM DEUS



– E o Atlético? – era a pergunta que o General Ítalo Conti me fazia todas as vezes em que nos encontrávamos.

Uma vez, em cerimônia militar, ele me perguntou: “Você é Monteiro de Curitiba ou Ponta Grossa?”. Disse que era filho de um Sargento que trabalhara com ele, que fora à FEB com ele. Ele me olhou com surpresa, colocou a mente em funcionamento e voltou com nova pergunta: “Você é filho do Ivo?”. Abraçamo-nos demoradamente, gerações de artilheiros se encontrando, a velha camaradagem, como sempre, falando mais alto.
 
Terminada a guerra, meu pai foi reformado por motivo de saúde, voltou ao Brasil em condições difíceis e foi por ele ajudado a encontrar emprego, prosseguir na luta, longe da farda. Ouvi esta história ainda menino, sabia do reconhecimento paterno ao velho chefe, conhecia o General pela mídia, por muito tempo figura pública importante, mas só fui conhecê-lo pessoalmente na década de noventa.

Militar, atleticano, acho que um dos seus filhos foi presidente do Atlético, a identificação foi imediata, onde nos víamos, algum tempo era dedicado ao rubro-negro.  

Hoje soube que ele faleceu. Em mundo onde as comunicações aproximam as pessoas, fiquei sabendo com atraso, não pude sequer ir ao seu enterro. Uma pena.

Um motivo ameniza meu sofrer. Quando do lançamento do meu livro no Círculo Militar do Paraná, pude ofertar um exemplar autografado ao querido amigo e contar aos presentes a história do Sargento e do General, mostrar o espírito fraterno que o dirigia, desejar que se a infelicidade da guerra novamente assolar esta Pátria de todos nós, os soldados do futuro tenham a mesma bravura e a mesma solidariedade a pontificar no coração de todos os chefes e subordinados que foram à Itália.

General, vou sentir falta do seu sorriso e da sua Rubro-negra pergunta.

Sei que os seus soldados o estavam esperando. Não vão faltar histórias, uniformes, chimarrão, abraços calorosos. Em alguns uniformes, no distintivo do braço, a cobra estará fumando, invencível.

General, eu, seus familiares, os que o conheceram, o Exército Brasileiro, o Brasil e o Atlético sentirão muito a sua falta.

O Atlético está bem. Fique tranquilo. Esteja com Deus.

 

 

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