quarta-feira, 21 de novembro de 2012

DOR NA CONSCIÊNCIA


Chego ao frigorífico, leio página de esportes pronta para abraçar uma alcatra e fico sabendo que o Paraná arrendou os salões de festas da sede da Kennedy por 20 anos, ao valor de 1 milhão de reais por ano. O que significa o arrendamento para os velhos que acompanham o futebol da terra?

Simplesmente o fim da parcela Água Verde no time da gralha.

 Quando se uniram Colorado e Pinheiros para formar o Paraná Clube, o vermelho da camisa entrou com nada, para não dizer com nada, trouxe na bagagem a carcomida Vila Capanema, pendurada na justiça, e o azul com a grana, com o patrimônio, com a lisura nas negociações.

Enquanto o dinheiro durou, o Paraná teve seus momentos de glória, ganhou campeonatos regionais, trouxe felicidade à infância de uma torcida que hoje, na maturidade, morre de saudades.

O dinheiro acabou, sumiu, desapareceu, o patrimônio definhou, o time voltou ao status original de seus formadores, a segunda linha do futebol paranaense. Vive mais para as manchetes do noticiário econômico, atrasos de salários, greves de jogadores e funcionários, da crônica policial, ex-presidente andou desviando os poucos caraminguás disponíveis, do que para as páginas esportivas.

Por que escrevo sobre o Paraná, neste espaço destinado ao Rubro-negro do meu coração? Por que tenho pena da italianada do Água Verde, do leão da Vila Guaíra. Aquela gente lutou pelo crescimento do clube, criou o parque aquático, a sede social, para comprar um lápis fazia uma licitação, e hoje vê todo seu esforço ir para o beleléu.

Se você perguntar para qualquer um deles, a opção seria pelo fim do futebol, nunca do clube que lutaram para construir. Sentem-se enganados.

Com um milhão de reais por ano não se faz futebol no Brasil. A diretoria que não quis alugar a Vila Capanema para o Atlético, fez beicinho, entrega o patrimônio que construiu para terceiros se refestelarem, e promete entregar mais, a Vila Olímpica e a herança do saudoso Palestra Itália, outro italiano.

O Paraná pensa viver de aluguel, sem sequer ter casa para morar. Quando vejo a foto dos atuais dirigentes festejando a parceria, penso que comemoram a morte do Água Verde, do Pinheiros, a raiz forte que segurou a onda por muito tempo. Se eu fizesse parte dessa gente, teria uma forte dor na consciência.

 

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