segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O QUE EU POSSO QUERER MAIS?

O presidente do coxa levou  o jogador Lincoln até o hotel, conversou muito com o vaiado pela torcida, consolou o desconsolado e foi para casa, só no seu carro, morrendo de tristeza. Me deu uma dó. Qual a razão do padecimento do presidente verde, qual a razão das lamúrias de todos os presidentes verdes? Mais do que óbvio, o Furacão campeão. Quem mandou escolher mal.

Ele que vá se acostumando. A golfinhada já está em curva descendente, no final do ano estaremos trocando posições com o time do alto de todas as mágoas. Apronta a polícia. Lá vem encrenca.

Problema deles. O nosso barco vai de vento em popa, campeão do turno, com um time de meninos, o custo muito baixo, proporcionando a disponibilidade de recursos necessária para as indispensáveis contratações que darão ainda mais corpo ao grupo.

O Atlético utilizou um número restrito de jogadores nesta primeira fase. Pouco mais de 20. No esquema de Don Juan, algumas posições parecem ter reserva assegurado. É o caso de Harrison e Ligüera, Marcelo e Bruno Furlan, Foguinho e qualquer dos volantes, Bruno Teixeira ou Deivid. Outras precisam de caras novas.

Don Juan substituiu Manoel por Foguinho, claramente uma improvisação. O “lateral” Pablo por Bruno Costa, nada a ver. Marcinho substituiu o atropelado Bruno Mineiro, características muito diferentes. Por coincidência, quando esse conjunto de trocas aconteceu, perdemos para o Arapongas. No futebol as coisas não acontecem por acaso.

Tá na hora de abrir a carteira, trazer reposições de imediato, jogadores com alguma rodagem, capazes de sentar no banco e, em caso de necessidade, entrar sem comprometer, agregando maior qualidade ao time. Contratações como a de Leo entram no arquivo do “vai ver dá certo”, já esgotado com o pessoal da base.

Don Juan conseguiu montar um time ofensivo em que ninguém acreditava. Em pouco tempo fez funcionar esquema audacioso, assimilado de pronto por jogadores e torcida, tanto é que hoje julgamos suas substituições equivocadas, tal é a certeza que ele próprio nos impôs de quem deve substituir quem. Quando ele nos dá uma caneta tática, ficamos envaretados. A crônica centenária estrebucha.

Na realidade, a única substituição feita que não deu resultado foi a saída de meia pela entrada de volante no intervalo do jogo contra o Cianorte. O time perdeu o espírito e cedeu o empate. Enquanto foi enfiando atacantes, trocando jogadores de características semelhantes, os resultados aconteceram. A teoria é simples. No Paranaense, o Atlético não tem adversários. Tem que atacar.

Idiotas afirmam o Atlético não ganhou o turno. O Coritiba perdeu o troféu, dizem, em desatenção contra o Rio Branco. Os queridos ignaros esquecem a monumental mudança acontecida no emocional rubro-negro. O Furacão é hoje um grupo de jogadores movidos pelo amor à camisa, pela necessidade de exorcizar o demônio da desunião que nos levou ao precipício. A união é o principal capital do Atlético de Don Juan. Que continue assim.  

Ao final do jogo em Paranavaí, chamei meu neto que reclamara de apenas duas estrelas na camisa atleticana em destaque no espetacular vídeo “eu te sigo em toda a parte”, apontei para os jogadores em festa e disse apertando-o com um abraço carinhoso: “Veja como nasce uma estrela”. O piá sorriu um infantil sorriso rubro-negro de vitória.

O que eu posso querer mais?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

NEM EU ACREDITO

O meu porteiro coxa amanheceu macambúzio dentro da sua trincheira, as mãos cruzadas entre as pernas, o tronco inclinado para frente, nem o jornal que sempre me oferece radiante nos dias de vitória o danado comprou. Seu único consolo foi a escolha do Pereirão como o melhor do jogo pela crônica da província.
Perguntei se foi o Pereirão da novela, quem sabe pelo esforço em remendar nossa nova casa, tão necessitada de reparos. Riu amarelo. O amigo sabe que o Pereirão do meu triste porteiro é aquele zagueiro coxa que, confiante no Héber, afundou Bruno Mineiro dentro da área, pênalti claro, e teve a felicidade de ver o jogo seguir normalmente.
Agradecido, no intervalo do primeiro tempo passou por Sua Senhoria e trocou uma tapinha de mãos, com o evidente sentido de “te devo uma”, ou “te devo mais uma”.
Confesso não entender o empenho da mídia provinciana em proteger o Héber, como se fosse uma virgem indefesa, perdida a peruca em noite de carnavalesca folia. Morrendo de amores pela virgem, amparar é dever de justiça. Levantar a hipótese de que não foi pênalti, colossal falta de profissionalismo.
Dizem que a torcida do Atlético não gosta do Héber. Saiam perguntando por aí e verão que mais de uma dúzia delas odeia o Héber. O careca é ruim demais. Os jogadores do Atlético estão tão avisados sobre o prepotente que nem tocam na arbitragem, fogem do assunto, e bem que fazem. Vou fugir também.
O Atlético fez ótima partida contra o coirmão rumo à segunda divisão. Criou mais, teve chances claras de gol, fez um segundo tempo muito eficiente taticamente. Gostei porque o rubro-negro foi bem desde a saída de bola até o interior da área verde, só parando nas mãos do bom goleiro Vanderlei. Em alguns momentos voltou à ligação direta, origem de todos os nossos problemas, mas conseguiu afastar o fantasma 2011 e comandou o jogo. Merecia a vitória.
Acuado no seu campo, o coxa foi para o contra-ataque e bolas paradas. Então, foi a vez de Rodolfo salvar a lavoura, com três belíssimas defesas. Enxergando deficiência no setor de Pablo, o técnico verde lançou Geraldo pela esquerda, que incomodou, sem causar maior dano.
A defesa não levou, mas permitiu arremates muito perigosos. Gostaria que nossas dificuldades na bola aérea e nos lançamentos longos nas costas da nossa última linha defensiva tivessem maior atenção de Don Juan.
Por falar em Don Juan, como você meu leitor, eu não teria tirado Ligüera e colocado Nieto. Tivesse o gringo feito o gol salvador, o treineiro estaria consagrado. Como não fez, vou fazer como nossa mídia defensora dos carecas renitentes, dizer que a intenção foi boa, fortaleceu o ataque, precisávamos da vitória, Nieto tem bom passado em Atletibas.  
Penso, escrevo, mas nem eu acredito.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

UM BOM TROPEÇO

Estou em Boa Vista da Aparecida, sudoeste paranaense, os olhos pousados no sol quentíssimo procurando descanso atrás das colinas que rodeiam o lago da usina de Salto Caxias, observando o lento caminhar do gado de volta ao estábulo e filosofo tristonho após a derrota contra o Arapongas: até as vacas sabem que o Atlético precisa de zagueiros. Até ontem, somente as pedras e eu sabíamos. As pedras, eu e Don Juan.

Técnicos dão sinais que os dirigentes têm obrigação de entender. Quando Renato Gaúcho colocou Fransergio de atacante e introduziu Victor Esquerdinha no time, em partida decisiva, estava dizendo, estamos muito mal, não temos atacantes, temos que contratar. O Malucelli não entendeu, Renato se foi e estamos na segunda divisão.

Quando Don Juan escalou Bruno Costa na lateral direita e Renan Foguinho de zagueiro, estava dizendo, estamos muito mal, não temos zagueiros, temos que contratar. Espero que os nossos dirigentes tenham entendido. 

Têm, também, que, urgentemente, ter entendimento dos mais importantes. O Atlético contiunua supervalorizando o Coritiba. Quando Pablo e Manoel provocaram o terceiro amarelo contra o Malutron, tentavam evitar o afastamento no Atletiba. Um monumental engano.

O jogo a ganhar era este contra o time das aves, colocar as mãos no título do primeiro turno, afastar-se de vez da zebra Cianorte. Temos que esquecer o Coritiba. O clássico é importante para a torcida, para o campeonato, apenas mais três pontos, os mesmos três que perdemos hoje.

Absurda a contusão de Bruno Mineiro. O estouvado defensor estava a três metros de Bruno. Atrasado só poderia contundir o companheiro de profissão. Foi o que fez, meteu o cabeção na nunca do atacante. A única desculpa é a falta de conhecimento das leis da física, indo para o popular, a burrice, a grossura infinita. Pergunto: a ignorância atenua o dolo?

O Atlético perdeu. Teve suas principais peças marcadas e as individualidades não conseguiram resolver o problema. Apenas um tropeço, se as lições forem aprendidas. Se assim for, apenas um bom tropeço.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

TEM O SEU VALOR

Jogo tem dono? Se tem, o dono deste Atlético e Corinthians foi o Bruno Furlan. Marcou dois, iniciou a jogada do primeiro, chutou rente à trave de fora, exigiu ótima defesa do goleiro em cabeçada junto à trave, lançou longo e curto com precisão. Acresça-se movimentação constante. Uma atuação perfeita.
A partida estava complicada, o Corinthians fechado na defesa, Ligüera marcado com proximidade, os contra-ataques se sucedendo, os cruzamentos dando trabalho a Rodolfo. Assim foi até aos dez minutos, quando o personagem do jogo deu o ar da sua graça. Furlan entrou pelo meio e chutou forte. A bola passou rente ao travessão.
Aos doze, o mesmo Furlan avançou e tocou a Bruno Mineiro. O goleador, transformado em importante assistente, serviu a Ligüera e la pelota foi dormir mais cedo no berço ecológico. O terceiro do castelhano em três jogos disputados. Que se pode querer mais?
O Atlético teve então dez minutos de belo futebol. O segundo gol não aconteceu por detalhe e deu chance para uma breve recuperação do mosqueteiro paranaense, encerrada com a expulsão de Seffrin. O motivo foi muito semelhante ao que deu origem à expulsão de Paulo Otávio no jogo contra o Iraty. Na sequência do lance, sobrou um pisão, um cotovelo. Como achei justo lá, achei justo cá.
O Corinthians desmoronou e o Atlético aproveitou. Furlan arrematou cruzamento de Héracles, dois a zero. Furlan antecipou-se ao zagueiro no cruzamento de Ricardinho, três a zero. Mineiro bateu pênalti, quatro a zero. Podia ter sido mais.
Foi jogo para se ganhar entrosamento, cada vez melhor entre Héracles e Ricardinho. Quando Ricardinho começar a acertar os chutes de fora vai ser um arraso. Quando Deivid acertar o tempo de chegada no ataque, vai marcar todo dia. Quando Mineiro acertar as finalizações, vai ser um atrás do outro.
Os que entraram, Harrison, Marcelo e Marcinho, mostraram que o time tem suplentes de ótimo nível. Harrison deu um balão dentro da área que o calção do zagueiro vai pro reciclável. O barrão no bumbum não sai nem com soda cáustica. Marcelo driblou dois e obrigou o goleiro a tirar de ponta de dedo. Marcinho provocou o pênalti que deu origem ao quarto gol.
Os terceiros cartões de Pablo e Manoel nos darão a oportunidade de ver os reservas da defesa em ação. Estou ansioso para ver. Tenho repetido que o Atlético precisa de zagueiros. Quero ser campeão, quero ganhar a Copa do Brasil, quero voltar para a primeira divisão, para isso, quero um elenco mais equilibrado.
Isso não significa desprezar quem está dando o sangue. Defesa que até agora só levou dois gols, tem o seu valor.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ABRA ESSA MÃO

Saio para a minha caminhada matinal, passo pelo meu porteiro coxa, espalmo a mão sobre os olhos para evitar o sol a caminho do zênite, olho para cá, para lá e digo ao amigo encolhido atrás da sua trincheira: não vejo ninguém na minha frente. O danado esperneia e diz: O Barcelona perdeu, o Barcetiba não conseguiu fugir do empate. Impossível não rir. Aviso: este time dos coxas tá com cara de segunda divisão.
Confesso ao amigo leitor. Não imaginava que o Coritiba fosse tropeçar tanto no campeonato, principalmente em Curitiba. Achava que a saída de Donizetti e Gago fossem trazer dificuldades para o coxa, mas empatar com o Rio Branco em casa demonstra uma queda substantiva no rendimento da equipe. O que eu acho? Acho ótimo.
O rubro-negro que já estava na liderança ao final da tarde, terminada a rodada, estava mais líder ainda. Merecidamente.
O Atlético fez um bom jogo contra o Iraty, Criou muitas oportunidades no ataque, defendeu-se bem, teve em Rodolfo o goleiro salvador nos momentos de maior dificuldade e em Ligüera a tranquilidade para marcar e por fim ao esforço do azulão.
Modificado, com Pablo de volante, Bruno Costa na lateral direita e Paulo Otávio na lateral esquerda, as mudanças não foram poucas, o time de Don Juan mostrou avanço no entrosamento e venceu com facilidade.
Já nos primeiros minutos, quando eu já estava no rádio blasfemando contra a RPC, Bruno Mineiro cabeceou e a bola só não entrou por que não quis. Logo a seguir, o mesmo Bruno chutou de fora para ótima defesa do goleiro azul.
A partir daí, o Iraty incomodou, chutou muito de fora e o Furacão passou a viver de contra-ataques. Quase marcou. Confiante, errou na saída de bola, Bruno Mineiro passou para Furlan, daí a Ricardinho e o capitão do dia marcou.
No intervalo, Ligüera substituiu Harrison. Tudo dentro do planejamento de Don Juan.
O segundo tempo começou tumultuado, aos seis o Iraty perdeu gol e aos nove Paulo Otávio foi expulso. O que o auxiliar deve ter dito ao juiz que não viu o lance? Certamente que o lateral pisou na cabeça do companheiro de profissão. Sendo assim, vermelho garantido. Paulo Otávio merece um bom puxão de orelhas.
O Iraty foi para cima, o Atlético voltou a usar a ligação direta, entregar, de graça, a bola ao adversário. Temos que ter mais paciência, trocar passes curtos, enfrentar a pressão com inteligência.
De novo Bruno Mineiro foi importante. Recebeu na entrada da área e serviu Ligüera que teve categoria para marcar. Fim da pelada. Foguinho entrou no lugar de Ricardinho para manter o resultado, confirmado pelo gol de pênalti de Mineiro.
De quem gostei? De Bruno Mineiro, de Pablo, de Rodolfo. O goleirinho já no final do jogo fez bela defesa garantindo o saldo que nos dá a liderança isolada.
A tranquilidade que já se observava com o time atrás na tabela, agora só tende a se reforçar com a confiança que aos poucos vai se adquirindo. Tudo vai bem. O torcedor tem que ajudar, manter sua carteira de sócio, é o mínimo que pode fazer. Vamos rubro-negro. Abra essa mão.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

SOU ATLÉTICO PARANAÊNSÊ

Ainda em janeiro, andei pelo Rio Grande do Sul. Mas tchê, nem preciso dizer. Viagem mais que trilegal. Segui o coração de motorista gaúcho velho e fui lançado na direção do Alegrete. Como diz a canção gauchesca, passei por tropa de ginetes, ouvi toque de caixa e violão e só parei ao final da tarde em Rosário, quando o sol mergulhava como brasa nas margens do Ibirapuitã.
O que mais me deixou bolado na tal viagem foi a quantidade de gente com camisas do Grêmio e do Inter. Parece que o guarda-roupa dos “índio véio” ou tem farda de time, ou tem boina, camisa, lenço de pescoço, calças de favos de mel, botas e esporas. Atrás da camisa, alguma coisa escrita, como “têmpera gaúcha”, algo que evoque a grandeza do pampa. Dizem lá que o Hino Nacional se sabe mais ou menos até ali pelo deitado, depois complica. O hino do Rio Grande, cantam com fervor de soldado novo.
Tudo bem, mas daí a andar dia e noite com camisa de time é um pouco demais. Então, um sábio me sussurrou: antes de mostrar o amor por seus clubes, os gaudérios querem mesmo é mostrar que são gaúchos. O orgulho da terra vai na frente. Assim faz sentido.
Comparo com a minha terra das araucárias e sinto que nos falta esse amor filial, o orgulho de ser piá, ser pé-vermelho, tomar lêitê quêntê, falar dêntê, fazer parte de um Estado que alimenta a nação.
Orgulho de ser o que somos, uma mistura de polacos, italianos, ucranianos, russos, japoneses, castelhanos, portugueses e índios. Orgulho de saber que demos certo, mesmo com receita contendo ingredientes tão dessemelhantes.
Orgulho do que construímos, da estonteante beleza natural que nos rodeia, do passado guerreiro que na Lapa impediu o avanço gaúcho e consolidou a República.
O povo que não tem orgulho, que não espanta com a tradição o forasteiro astuto, é colonizado. Esse o nosso destino?
O futebol diz que sim. Passo na frente da loja de material esportivo e lá estão uma camisa do São Paulo, outra do Palmeiras, pouco atrás uma infantil do Atlético. Leio sobre a Copa 2014 em Curitiba e vejo os governantes de braços cruzados, presidentes de Coritiba e Paraná querendo tirar proveito, quando não zoando o rubro-negro, chance de ouro para derrubar o irmão.
A imprensa esportiva, a partir de estatística que colocou o Corinthians como maior torcida no Estado, abriu espaços imensos para paulistas e cariocas. Ridículo maior, criou-se até um Corinthians Paranaense. Entreguistas, nossos jornais vão desaparecendo pouco a pouco. É o destino dos míopes de coração.
Vexame doloroso acontece nas raras vezes em que representantes de nossa mídia televisiva são solicitados em rede nacional. É irritante o esforço de alinhar suas ideias com as dos comentaristas da corte, agradar barões e condes, manter o espaço mínimo oferecido. Uma lástima!
Jovem, me orgulhava ao ler a placa – Paraná aqui se trabalha – ao atravessar as fronteiras com os nossos vizinhos. Eram tempos de Ney Braga, Ivo Arzua, paranaenses de larga visão, gente de brio. Gente que lançou estradas, criou as bases para a Curitiba de hoje, objetivo de tantos brasileiros.
Cansei de ver o Atlético jogar no Belfort Duarte. O coxa ganhava e era magnânimo. Virou segunda força e ficou rancoroso. Vive de um passado movediço. O Ferroviário era expressão de uma raça. A Gralha agoniza. Outros grandes times do interior faleceram, ou lutam para sobreviver. Por todos os lados vemos placas de descanse em paz.
Olho pela janela e vejo a Baixada em fase de desmonte. A imagem me emociona e conforta. O trabalho formidável da gente rubro-negra é a imagem do Paraná indômito que mora no meu coração, “entre os astros do Cruzeiro, o mais belo a fulgir”. Esquecido, politicamente frágil, é uma força nacional, um caso exemplar de empreendedorismo.
O Atlético hoje é o símbolo vivo do vibrante povo paranaense, que à sombra do pinheiro magnífico, ao som da estrepitosa catarata e ao toque da fecunda terra-roxa, com seu trabalho, engenho e arte, faz nascer da terra bruta, do aço duríssimo a riqueza que atrai brasileiros de todos os rincões.
Eles que venham. São bem-vindos. No futuro seus filhos poderão dizer com orgulho: sou piá, sou pé-vermelho, tomei muito lêitê quêntê, não me afrontê, sou gigantê, sou Atlético Paranaênsê.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

VOLTOU A SER MORTAL

O quatro a zero contra o Toledo foi placar enganoso. O Atlético teve muita dificuldade para abrir o placar e andou para sofrer o empate, e arrumar um problema maiúsculo, quando a bola bem defendida por Rodolfo escapou e ia fagueira na direção do gol. O goleirinho foi rápido e agarrou a penosa pelo rabo.
Pesado, o Furacão teve muitas dificuldades. Furlan, após quase ter aberto o placar, ficou muito isolado na ponta, com pouca movimentação, e o setor não andou. Ricardinho pela esquerda tem se preocupado demais com a marcação e é pouco visto no ataque. Sobrou para a jogada de pivô com Mineiro. Aí faltou entrosamento.
O Atlético dá a impressão de ter passado direto a jogar um toque sem passar pelos dois toques que fazem parte do manual de treinamento. Um degrau de cada vez, do fácil para o difícil. Dessa forma, os últimos passes são dados de primeira, quase sempre imprecisos. Resumo da ópera: chegar dentro da área ficou difícil e vivemos de chutes de fora, dois de Harrison e um de Mineiro. Aliás, bater faltas é com o Harrison.
Era esse o quadro quando Furlan, já pronto para ser substituído por Marcelo, entrou pelo meio e deu belo passe enfiado para Deivid marcar. O menino estava merecendo. Sua presença no ataque é cada vez mais constante, um ir e vir de cansar maratonista. O gol foi prêmio a tamanho empenho.
O Toledo foi time bravo, atacou, tentou o empate e chegou bem perto. Na minha opinião, encarou o Atlético, deu trabalho à defesa de Manoel, um leão de tranças. Perdeu o ânimo com o segundo gol rubro-negro.
Marcelo fez bela jogada pela direita, Mineiro puxou o zagueiro e o passe saiu perfeito para Ligüera livre na entrada da área. O castelhano bateu consciente, rasteiro, no canto. Um belo gol de estreia. Amigos, eram vinte e sete do segundo tempo. Eu já estava com aquele mau pressentimento.
Gostei de Ligüera. Gosto de jogador que pede a bola, jogador que gosta da bola. Ligüera se oferece para o jogo. Tive ótima impressão inicial do gringo.
Então o jogo virou festa. Aos trinta, Mineiro escorou de peito para Marcelo que mandou uma bala para a rede. Importante observar a participação de Mineiro. Não marcou, tentou um por cobertura, perdeu outro livre, mas cooperou nos dois gols que decidiram a partida.
Para colocar a cereja no bolo, Ligüera cobrou o escanteio, Pablo cabeceou, o goleiro deu rebote e Manoel marcou. Outro que recebeu em forma de gol o prêmio pela bela participação.
Gostaria de ver Ricardinho mais atacante, mais explorado pela esquerda. Entendo que há um acordo entre ele e Héracles, o alemãozinho subiu muito, mas gostaria de vê-lo indo para cima do lateral, como um verdadeiro ponta.
O jogo foi difícil e ganho pelas substituições. Parabéns Don Juan.
De tudo que vi até agora, a minha maior surpresa é a atuação de Pablo na lateral direita. Bom marcador, rápido na recuperação, competente no ataque, uma ótima possibilidade na bola aérea ofensiva e defensiva. Se Pablo foi inventado na lateral, a invenção foi absoluto sucesso.
Melhor surpresa tive ao encontrar com o meu porteiro coxa pela manhã. Com um sorrisinho tímido me informou do empate do glorioso, melhor, confessou que sua senhoria deu uma baita ajuda aos verdes. Segundo ele, dois pênaltis não marcados.
O coxa saiu do Olimpo, perdeu a divindade. Mesmo que continue bafejado pelos deuses, voltou a ser mortal.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A ORIGEM DO NOSSO CAOS

O Atlético empatou. Agora é entender o Paranaense. E esse entendimento diz que o Coritiba é campeão do primeiro turno, salvo um desastre coxa, muito difícil de acontecer. No ano que passou, perdido o turno na primeira partida, o Atlético correu atrás, forçou jogadores, dinamitou a pré-temporada e, como não podia deixar de ser, perdeu o turno, o campeonato e o rumo para o restante do ano. Não se pode repetir o erro.
Então, que tudo continue como está. Don Juan testando jogadores, o entrosamento ganhando corpo, os corpos atingindo o melhor de suas performances. O segundo turno será nova chance para a conquista do campeonato. Então, até lá, vamos com calma.
O jogo de ontem trouxe de volta o fantasma de 2011. A partida, que estava ganha, desandou e o empate acabou sendo bom resultado. Podia ter sido pior.
Na primeira etapa a torcida local reconheceu a superioridade do Atlético e só não foi para casa por que o ingresso já estava pago. Muito superior, o rubro-negro foi perfeito na saída de bola, na troca de passes, no controle do jogo.
Deivid e Foguinho foram eficientes no desarme e bem municiaram o ataque. As contribuições defensivas de Ricardinho e Bruno Furlan anularam as jogadas laterais do Cianorte. Para segurar os rubro-negros, os defensores adversários cansaram de fazer faltas próximas da área, origem do primeiro gol atleticano. Harrison foi o melhor, participação efetiva nos dois gols. O segundo, lá pelos 47, fez o torcedor rubro-negro levantar da poltrona com o coração em festa.
A afirmativa de Don Juan de que o Atlético estava encontrando sua identidade futebolística parecia verdadeira.
Se eu fosse o Galvão Bueno, saberia por que o professor trocou Harrison por Paulo Otávio e empurrou Héracles para o meio. O Galvão consegue penetrar na cabeça das pessoas, ler seus pensamentos, lia até os pensamentos do Schumacher, que devem ser em alemão, fazendo o S do Senna a 250 por hora.
Como não sei, analiso apenas o resultado. A perda do RG redundou numa meleca danada, um empate com gosto de derrota, de antecipado fim de festa.
O Cianorte forçou no ataque, os cruzamentos laterais se multiplicaram e em escanteio, quando Rodolfo falhou, a defesa não resolveu. Como eu já havia dito. Pelo setor esquerdo, saiu o segundo. O setor sofre. Como eu já havia dito.
Como diz Gilmar Mendes, a toga de pés no chão, até as pedras sabem que o Atlético precisa de zagueiros, os seixos sussurram contra os três volantes. Lembrai-vos de Adilson Batista e suas onze partidas sem vitória.
Não era para acontecer mas aconteceu. Será fácil definir os culpados. Difícil será manter a calma e continuar o trabalho a meu ver bem conduzido. Para quem está no comando não será demais pedir: Por favor! Sem desesperos. Por favor! Sem fazer do sucesso coxa a origem do nosso caos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PATRICIA

Os jogadores do Atlético devem estar vivendo um sonho. Ter um treinador que não fica aos berros do lado do campo lhes ensinando a jogar é artigo de luxo. Até eu estou gostando.
Futebol sempre foi um jogo praticado por jogadores, treinados por alguém que conhecia suas características e os arrumava em campo de forma a aproveitar o que cada um tinha de melhor, e, mais do que tudo, formava um grupo solidário com o objetivo de vencer campeonatos. Os jogadores eram as estrelas da companhia.
O tempo passou e os técnicos brasileiros se transformaram em histéricos professores, ditando jogadas, cobrando atitudes, fazendo sinais de enlouquecer surdos-mudos, espinafrando juízes e auxiliares. Hoje são indispensáveis nas entrevistas pós- jogo, emburrados na derrota, sábios na vitória. Os repórteres os cutucam e as prima-donas explodem. Matéria para toda uma semana. Um saco.
Quem sabe o segredo deste sucesso inicial do rubro-negro seja muito simples. Don Juan escala os meninos e os deixa jogar, exige apenas os posicionamentos exercitados nos treinos. Jogou mal cede o lugar. A torcida distante não incomoda. A gurizada vai bem, cria coragem, Don Juan lhes dá a titularidade, o time vence, o resultado positivo fortalece o psicológico dos atletas, do grupo como um todo.
É provável que meu raciocínio seja simples demais, prematuro demais. De qualquer forma foi um prazer ver o Atlético vencer o Roma de forma madura, com um time carregado de meninos, o treinador tranquilo ao lado do campo. Nem a saída de Paulo Baier ainda no primeiro tempo alterou o ritmo da festa.
O time que jogava no ataque continuou criando chances, fez quatro e poderia ter feito mais. Após o terceiro, recuou um pouco, parecia desejar atuar no contragolpe, mas logo voltou ao ataque. Don Juan assistiu a tudo com uma estranha e providencial calma castelhana.
É possível que a paisagem do eco-estádio, o clima de anos sessenta, quando os jogos começavam às três e meia em plena quarta-feira, e os funcionários chegavam atrasados, ainda de terno, pedaço do expediente enforcado com gosto, tenham contribuído para a serenidade com que o Atlético venceu o time de Apucarana.  
Seja o que for, vamos em frente, surfando a onda positiva, dando chance ao Harrison, ao Furlan, ao Pablo, ao Ricardinho, vendo o entrosamento crescer, comemorando cada gol com um bom gole de cerveja. Em casa, na poltrona, pode. Eu já escolhi uma boa uruguaia com nome melhor ainda: PatrIcia.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

INFINITA BURRICE POLÍTICA

Sigo o Jornal Nacional e, de repente, não mais que de repente, descubro que o Brasil está colocando um bilhão de dinheiro público no porto de Mariel em Cuba. Ou não é dinheiro público? Quem sabe venha de uma conta mantida em segredo, dinheiros chegados ao país ainda no tempo em que Cuba financiava o terrorismo no Brasil, uma PoupTerror, que com juros e dividendos chegou à cifra estonteante, agora de retorno à ilha em frangalhos.
Já desisti de reclamar do Estado doador lulista. Se o “desembargador” ganha mais de 600 mil por mês, o “político” cansa de viajar para o exterior por conta da viúva, os “ministros” usam as instituições para empregar parentes e engravidar ONGs com rios de dinheiro, pagar motéis e outras cositas más, por que não dar duas garoupas para o miserável que não tem o que comer. Dá logo cinco.
O mesmo para Cuba. Afinal, o que é um bilhão. Segundo emails recebidos – nunca confiáveis –, a revista FORBES teria estimado a fortuna do ex-presidente Lula em mais de um bilhão de reais. Dinheiro nenhum, nada que o brasileiro comum não consiga acumular em uma vida de dedicação ao trabalho duro.
Só não posso concordar com o circo montado com relação ao dinheiro público a ser investido na Arena da Baixada. O Beto e o Ducci, paradigmas da ilibada conduta, criaram os Títulos de Potencial Construtivo (TPC), que agora descobrimos nada tem de milagrosos, e cruzaram os braços. Deserdaram o Atlético.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social quer garantias concretas para a realização do empréstimo, leia-se CT do Caju. Os TPC podem, quando muito, ser utilizados como garantias complementares. Enfim, o Banco que dispara recursos para elefantes brancos em meio à selva, para obras em republiquetas sul-americanas, sujeitas aos humores dos seus ditadores de plantão, quer o couro do rubro-negro. Que garantias o regime do hermano de Fidel dá ao BNDES?
Ai! Ai! Ai! Lá vêm os ufanos que lutaram com unhas e dentes contra a ditabranda – o adjetivo é do Estadão –, com seus heróicos discursos pró-Caribe. Já cansei minha beleza com esses heróis de palanque. A não ser que me mostre a cicatriz, a perna amputada, o desequilíbrio mental, jogue-se embaixo da cadeira quando os foguetes anunciarem a entrada do Furacão em campo.  Ninguém vai à guerra e volta sem sequelas.
No Rio Grande do Sul, o Grêmio está construindo sua Arena a galope, quer dar um pealo de competência no Inter, que semana passada já deu uma camisa colorada para a Dilma. Em São Paulo, os dinheiros públicos estão em cada pilar do Itaquerão.  Agora querem até cobrir o estádio. Aqui, os coxas fazem biquinho para emprestar o treme-treme – é da natureza dos meninos –, os governantes fecham as portas.
Os pontagrossenses batem o pé por que Vila Velha não foi incluída no rol dos lugares a serem visitados pelos turistas da Copa, todo mundo quer lucrar com o evento e quem vai pagar a conta? Quem? Quem? O pai da noiva, o Furacão meu irmão.
Governador, Vossa Excelência já tomou conhecimento da assustadora taxa de homicídios em Curitiba, ou vai ter que ser alertado pelo Fantástico, como no caso dos postos de gasolina? Criar empregos, aumentar salários, melhorar as condições da cidade são redutores da criminalidade. Lute pela realização do evento, pelos recursos necessários, por milhares de empregos e obras na capital que você já dirigiu.
Você é político, nasceu político, sabe os caminhos, tem força para abrir portas que o Atlético não tem. Saia da toca ou ainda vou me arrepender de ter votado em você.
Você é muito novo, tem história de família, comanda um estado forte demais para, já tão cedo, estar de costas para o povo. O Atlético não é o Requião. Hoje, deserdar o Atlético é deserdar o curitibano, um ato de infinita burrice política.