quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PATRICIA

Os jogadores do Atlético devem estar vivendo um sonho. Ter um treinador que não fica aos berros do lado do campo lhes ensinando a jogar é artigo de luxo. Até eu estou gostando.
Futebol sempre foi um jogo praticado por jogadores, treinados por alguém que conhecia suas características e os arrumava em campo de forma a aproveitar o que cada um tinha de melhor, e, mais do que tudo, formava um grupo solidário com o objetivo de vencer campeonatos. Os jogadores eram as estrelas da companhia.
O tempo passou e os técnicos brasileiros se transformaram em histéricos professores, ditando jogadas, cobrando atitudes, fazendo sinais de enlouquecer surdos-mudos, espinafrando juízes e auxiliares. Hoje são indispensáveis nas entrevistas pós- jogo, emburrados na derrota, sábios na vitória. Os repórteres os cutucam e as prima-donas explodem. Matéria para toda uma semana. Um saco.
Quem sabe o segredo deste sucesso inicial do rubro-negro seja muito simples. Don Juan escala os meninos e os deixa jogar, exige apenas os posicionamentos exercitados nos treinos. Jogou mal cede o lugar. A torcida distante não incomoda. A gurizada vai bem, cria coragem, Don Juan lhes dá a titularidade, o time vence, o resultado positivo fortalece o psicológico dos atletas, do grupo como um todo.
É provável que meu raciocínio seja simples demais, prematuro demais. De qualquer forma foi um prazer ver o Atlético vencer o Roma de forma madura, com um time carregado de meninos, o treinador tranquilo ao lado do campo. Nem a saída de Paulo Baier ainda no primeiro tempo alterou o ritmo da festa.
O time que jogava no ataque continuou criando chances, fez quatro e poderia ter feito mais. Após o terceiro, recuou um pouco, parecia desejar atuar no contragolpe, mas logo voltou ao ataque. Don Juan assistiu a tudo com uma estranha e providencial calma castelhana.
É possível que a paisagem do eco-estádio, o clima de anos sessenta, quando os jogos começavam às três e meia em plena quarta-feira, e os funcionários chegavam atrasados, ainda de terno, pedaço do expediente enforcado com gosto, tenham contribuído para a serenidade com que o Atlético venceu o time de Apucarana.  
Seja o que for, vamos em frente, surfando a onda positiva, dando chance ao Harrison, ao Furlan, ao Pablo, ao Ricardinho, vendo o entrosamento crescer, comemorando cada gol com um bom gole de cerveja. Em casa, na poltrona, pode. Eu já escolhi uma boa uruguaia com nome melhor ainda: PatrIcia.

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