quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DETERMINADO A VENCER

Das notícias que li, presumo que Petraglia, após tentar a contratação de treinador brasileiro, concluiu que os nossos profissionais são muito caros e não assumem responsabilidades sobre os resultados em campo.
Que são absurdamente caros, até a mocinha que manda corações e beijos para a câmera que vasculha as arquibancadas está cansada de saber.
Homem ingênuo, cheio de dúvidas, pergunto-me o que significa assumir responsabilidade sobre os resultados em campo?
Atestar na coletiva sua má direção, lamentar a escalação mal formulada, a substituição indevida, a contratação por ele indicada de cabeça de bagre insuperável?
No Atlético de 2011, nenhum dos vários treinadores que conduziram o time ao vexame se responsabilizaram pelos péssimos resultados. Foram demitidos, ou pediram seus afastamentos sem uma sílaba de mea culpa. Antônio Lopes derrubou time que em momento algum conseguiu fazer jogar, lançando a culpa sobre os companheiros de profissão e se dizendo pronto a receber convites para encaminhar novos naufrágios.
Mesmo que algum deles tivesse lamentado sua deplorável participação, qual seria o significado prático desse reconhecimento? O único que me ocorre é a desistência da multa contratual estabelecida para o desligamento anterior ao fim do contrato. Neste aspecto, Renato Gaúcho me pareceu o mais correto. Olha a conclusão a que cheguei.
Pensando assim, concluo que a comissão técnica capitaneada por Don Juan, que assume o Atlético para ganhar o campeonato paranaense e tirá-lo da segunda divisão, é de baixo custo, e, em caso de desastre, rumará para Montevidéu carregando, unicamente, malas e salários referentes aos meses trabalhados.
Se Juan Ramon é o treinador que o Atlético precisa impossível saber. Embora o futebol uruguaio esteja em alta, é semifinalista da Copa 2010 e último campeão da Copa América, sabe-se que as vitórias se devem muito mais a uma geração de ótimos jogadores, Forlan entre eles, do que à capacidade de seus treinadores.
Fato é que os ótimos currículos de Dagoberto Fernando dos Santos, novo Diretor Geral, e Sandro Orlandelli, novo Diretor de Futebol Profissional e Sub-23, estarão reunidos aos cisplatinos para pensar o futuro do Furacão e contratar jogadores.
Aí realmente se decidirá o destino do Atlético. Execrados os estrupícios que o levaram a desaparecer da mídia nacional poucos restarão. Nas minhas contas, cinco ou seis. Precisaremos, no mínimo, de vinte e dois jogadores, dois times completos formados por homens, não pelos mercenários que enriqueceram e nos legaram a ruína.
Aí me lembro da raça que me fez rubro-negro e da garra da celeste uruguaia. Se Juan Ramon tiver em mãos um bom grupo de jogadores e forjá-los dentro do espírito da seleção do seu país, o mesmo espírito que nos fez sobreviver a anos de dificuldades, pode dar certo. 
Nada muito científico, nem muito filosófico, apenas a formação de um grupo de gente honesta, bem treinado e determinado a vencer.
PS - Depois de um ano sofrendo do Mal de Lucelli, com o coração seriamente comprometido e sem saber ainda os danos cerebrais decorrentes da enfermidade horrível, pode ser que minhas conclusões estejam seriamente equivocadas. Peço a paciência do amigo e lhe desejo um Feliz Ano Novo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BOCA CALADA

O torcedor tem que entender. Vamos para a segunda divisão por que não temos o menor valor moral para permanecermos na primeira. O jogo de ontem mostrou isso.

Não que não tenhamos péssimos jogadores, ex-atletas, moribundos do esporte. Temos sim, muitos, mas o Avaí não tem?

O nosso problema maior é a falta de merecimento. Quem vê Ceará, Bahia, América Mineiro e outros do fim da fila vai encontrar times muitos fracos tecnicamente, mas valorosos, lutadores, prontos a ganhar um ponto com sangue na boca.

O Atlético é fraco e sem um pingo de coragem, de vergonha na cara. Nem respeitar a torcida respeita. O único compromisso é passar no caixa para receber.Os empresários já estão buscando novos times para o ano que vem, 2011 já é passado.

O presidente deveria ter uma conversa com o Lopes e deixá-lo à vontade para seguir destino. Em fim de carreira cheia de vitórias, o delegado não merece ter nas mãos gente sem a menor vontade de jogar, pronta a colocar seu currículo na lama.

O Renato saiu porque entendeu o grupo de famigerados que tinha nas mãos. O delegado não deve se sentir obrigado a permanecer nesse ninho de ratos.

Perder de três a zero para o Avaí muito desfalcado é afirmar com todas as letras:

"Nós vamos afundar este time para a segunda divisão, queiram ou não queiram. Os únicos que podem tirar o time desta situação somos nós, jogadores, e nós não queremos. Dá para entender?"

Dentro desse triste e lamentável quadro, enquanto não puder dizer nada de bom, for obrigado e transformar o insulto em frases aceitáveis, bater palma para louco dançar, estarei de boca calada.

sábado, 8 de outubro de 2011

SONHE COM OS ANJOS

O técnico Toninho Cecílio está fazendo preleções diárias, a psicóloga está de agasalho no meio do campo, o Avaí encara a partida contra o Rubro-Negro como a última batalha, vai buscar no exemplo do Fluminense de anos atrás a motivação para ganhar e deixar de sofrer.
O técnico fechou o treinamento para a imprensa, a escalação só sai minutos antes da partida. Fora indefinições quanto aos nomes dos substitutos de Robinho e Willian, fica a dúvida com relação ao esquema de jogo a utilizar.
Contra o Bahia, Cecílio usou um 352 flexível, com o volante Bruno fazendo em determinados momentos o zagueiro pela direita, Dirceu o líbero e Jean o zagueiro pela esquerda. Quase deu certo. Perdendo de um a zero ao findar do primeiro tempo, o Avaí entrou e virou em poucos minutos. Lá pelos trinta, quando o jogo parecia controlado, também em poucos minutos, sofreu a revirada e perdeu. Parece que o Bahia gosta de se virar nos trinta.
Agora Bruno está machucado e é dúvida. Se não jogar, creio que Acleison possa fazer a função, ao lado de Junior Urso. Até aí morreu Neves.
Fato é que Cecílio, para ganhar, vai ter que atacar, soltar os laterais Daniel e Fernandinho, forçar a subida de Pedro Ken pela esquerda e liberar Lincoln para armar por todo o ataque. O ex-coxa foi muito eficiente contra o Bahia. Armou jogadas, forçou o lance individual, entrou na área, fez até gol. É o jogador mais intenso da equipe.
Lincoln, deserdado por Felipão no Palmeiras, foi tentar a sorte na Ressacada. Tem um futebol comum, merecedor da marcação atenta, não dá para bobear, mas longe de um D’Alessandro que tanto nos incomodou domingo passado.
O ataque saiu do banco, aqueceu e foi escalado. Rafael Coelho brilhou no Figueirense, apagou no Vasco, e luta pela posição no Avaí. É o clareou, pateia, como diria um amigo velho. Leandrinho, se for ele a entrar em campo, é armador de vinte e seis anos, campeão pelo Porto de Portugal em 2007-2008 e campeão com a seleção brasileira sub-20 em 2007. Nunca vi jogar. Vai ser difícil ter a mesma movimentação de Robinho.
Se o nome do jogo não fosse futebol, diria que o Atlético tem grandes chances de ganhar.
Finalmente jogaremos contra time em situação pior que a nossa, com desfalques importantes. Finamente, o fator emocional nos é favorável.
Em uma hora todos os ingressos para a partida foram vendidos, a caravana rubro-negra está pronta para ganhar a estrada, quase mil e trezentos atleticanos para almoçar na lagoa da Conceição. O Avaí tem uma média de seis mil torcedores por partida, mas colocou os ingressos a R$ 20,00 em todos os setores, quer a casa cheia. Mesmo assim, penso que o nosso grito será preponderante.
A chance é boa. Lopes vai sonhar e, dependendo do sonho, escalar o lateral-esquerdo. Está na dúvida entre Héracles e Bruno Costa, entre atacar e defender. O delegado sabe que o avanço de Pedro Ken e de Fernandinho deixa um belo espaço a ser explorado pela direita do nosso ataque. Vai precisar de alguém que chegue à frente pela esquerda para a virada de jogo. Baier? Héracles?  Quem sabe?
Para o bem do Atlético, senhor delegado, sonhe com os anjos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A CABEÇA DE STEVE JOBS

O Atlético está escalado para o jogo em Florianópolis. Renan Rocha; Edilson, Manoel, Fabrício e Héracles; Deivid, Cleber Santana e Renan Foguinho; Marcinho, Baier e Nieto. Gustavo pode substituir Fabrício. O departamento médico escalará o zagueiro.
Quem sabe seja esse o melhor Atlético do ano. Mescla novatos e veteranos, tem jogadores de boa técnica, vem ganhando entrosamento, tem Nieto no ataque, após os dois gols de domingo, alguém para preocupar os barrigas-verdes.
Os últimos jogos têm mostrado os efeitos da pressão sofrida pelos meninos. Deivid e Renan Foguinho passaram mal em diferentes intervalos de jogo, Héracles terminou partidas de arrasto, preso na lateral do campo. As borboletas psicológicas marulhando o estômago, os macaquinhos emocionais agarrando pelos calcanhares.
Os volantes têm a responsabilidade de marcar armadores decisivos, carregam o peso de não poder errar na defesa e, ainda, ajudar com suas presenças no ataque. Héracles sofre com a lateral-esquerda. O setor ficou consagrado como vulnerabilidade, é intensa a articulação de jogadas adversárias sobre a posição. Pior, exige-se sua participação ofensiva. As responsabilidades são grandes, as circunstâncias as tornam imensas.
Cito os pratas da casa, sem transformar os demais jogadores em senhores das emoções, os nervos sob total controle. Contra o Inter, até o primeiro gol de Nieto, Edilson estava preso à lateral, Guerrón perdia bolas e fazia faltas, passes tinham destino equivocado. Explica-se, era jogo de vida ou morte. O gol, fruto da serenidade de Marcinho, sussurrou um “é possível” no ouvido de cada um, levantou a autoestima no chinelo.
Talvez os jogadores não saibam, mas a torcida tem neles total confiança. Como não apoiar Renan Rocha, Manoel, Héracles, Deivid, Foguinho, garotos por quem torcemos há tantos anos. Como não desejar o melhor para Edilson, Santana, Fabrício, Baier, Marcinho e Nieto, donos das camisas dos nossos sonhos.
Os treinamentos da semana foram proveitosos. Temos em Santana, Baier e Marcinho jogadores com larga experiência, capazes de apoiar os mais novos nas dificuldades. Nossa torcida vai tomar a ilha de assalto, mostrar a crença no bom momento da equipe. Tudo conspira para a vitória.
Quem sabe seja tempo de citar as lições de um craque, certamente fontes de inspiração para jovens e veteranos em dificuldades. Entre tantas, selecionei algumas poucas:
SE VOCÊ PERDER O BARCO, TRABALHE DURO PARA RECUPERAR O TERRENO PERDIDO
ENCARE AS DECISÕES DIFÍCEIS
NÃO SE DEIXE LEVAR PELAS EMOÇÕES
SEJA FIRME
NÃO COLOQUE TODA A CARGA SOBRE AS SUAS COSTAS
FAÇA AS COISAS EM EQUIPE
Essas são lições do líder da empresa mais revolucionária do mundo. O amigo vai encontrar muitas outras no fantástico livro “A CABEÇA DE STEVE JOBS”
Ao gênio a nossa homenagem

COM O DELEGADO E NÃO ABRO

Os treinamentos do Atlético na terça-feira se dividiram entre a prática de finalização para atacantes, armadores e laterais, e posicionamento defensivo para volantes e zagueiros. Ontem, em campo reduzido, os jogadores priorizaram a marcação forte e a posse de bola.
Como se observa, prioridade para a marcação. O amigo vai discordar, dizer que a preferência deveria ser o ataque, o treinamento de jogadas que levem ao gol tão necessário para a vitória. Eu fico pensativo, uma estátua de Rodin em carne e osso.
Volto ao jogo contra o Internacional, aos quinze primeiros minutos do segundo tempo. Não tomamos gol por milagre. Desculpem amigos, tomamos, tivemos a sorte do auxiliar estar nos braços de Morfeu no momento do lançamento de Ricardo Goulart para Jô e anular a ação. O jogo poderia ter acabado ali.
Ao buscar o ataque, ao perder Renan Foguinho, o Atlético se desorganizou defensivamente. Nossa segunda linha de contenção ficou formada por Santana, Fransérgio e Baier, todos com baixo poder de marcação. Oscar, Ricardo Goulart e D’Alessandro passaram a jogar livres, ter liberdade para criar, armar jogadas que por pouco não terminaram no fundo das redes. Vejamos.
Em escanteio para o Rubro-Negro, os zagueiros foram para a área colorada, o rebote caiu nos pés de D’Alessandro livre, cinco passos com a bola, o lançamento para Oscar marcado à distância, o passe de primeira para Ricardo Goulart mandar a bomba muito bem defendida por Renan Rocha. Impossível em lance como esse, D’Alessandro, o puxador de contra-ataque do Inter, posicionado na frente da área justo para isso, estar sem qualquer marcação.
Bola na intermediária, Ricardo Goulart recebe, passa entre Baier e Fransérgio, o volante evita fazer a falta, Goulart passa a Jô que entra área adentro e marca. O bendito gol anulado. Fransérgio pode ser até atacante, como queria Renato Gaúcho, pode ser o armador que o Atlético precisa, mas volante que evita fazer falta no meia que parte livre para cima dos zagueiros é risco para a equipe.
D’Alessandro livre pela direita, o dono do time gaúcho, um atirador de elite no lançamento, tem todo o espaço para cruzar no segundo pau. Oscar erra a finalização.
D’Alessandro pela direita, se aproxima de Marcelo Oliveira, dá-lhe um la boba em cima da linha de fundo e entra sobranceiro dentro da área, a cobertura a quilômetros de distância. 
Senhores, o velho delegado está certo, temos que marcar melhor, com aproximação, espaço mínimo para os principais armadores adversários. Se o Edinho do Fluminense, com dez anos de serviço, correu atrás do Neymar o jogo todo contra o Santos, por que nós temos que deixar os adversários livres como o Bibinho. Por acaso eles têm alguma liminar que lhes dê total direito à liberdade para jogar? Não vamos mais ter tanta sorte assim.
O amigo vai dizer: “É, pode ser, mas temos que atacar”. Perfeito.
Daí o treino de finalização. Don Nieto não pode perder os gols que perdeu, até pode se já tiver feito uns três de cabeça. Temos que explorar melhor algo que pode ter passado despercebido para muitos. A boa atuação de Nieto como pivô. Tivéssemos alguém mais próximo do argentino, pronto a receber seus passes e partir para o gol, no mínimo teríamos criado um número maior de chances. Esta a grande necessidade, criar chances.
Assim, após esse flashback de dar calafrios, olho para a telinha e fecho o texto. Estou com o delegado e não abro.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A RAZÃO NOS FORTALECE

Há um frenesi por parte da imprensa para saber de onde virão os recursos para a construção da Baixada 2014. Pois vou lhes dizer uma coisa. Se lá no século passado, quando o Atlético estava no fundo do poço e resolveram demolir a o Farinhacão para construir a nova Arena eu não perguntei de onde vinham os recursos, não vai ser agora que o Governador do Estado, o Prefeito de Curitiba, o Petraglia e o Geara estão sorridentes em volta de um trator comemorando o início das obras que eu vou perguntar.
Tenham a santa paciência.
Acho que do primeiro furo a ser feito para as fundações das garagens na área do antigo colégio deveriam ser coletados uns punhados da sagrada terra rubro-negra, acondicionados em vasos de fina porcelana de Campo Largo, plantadas pimenteiras de diversas espécies, lanceoladas espadas de São Jorge, cheirosos pés de arruda e enviados ao pugilo de invejosos que teima em jogar areia no projeto de estádio mais barato e mais avançado de todos aqueles selecionados para a Copa 2014.
Outros estão preocupados com a ausência do Malucelli do ato de inauguração das obras. Como disse o Petraglia, aquele era um evento de trabalho. Eu espero que o presidente esteja lá no Caju, acompanhando treinos, resolvendo problemas da área do futebol. Esse é o seu compromisso. O compromisso do Petraglia é a conclusão da Baixada a tempo da Copa das Confederações. Cada um no seu quadrado, sem falsidades, cumprindo as responsabilidades assumidas. Só faltava aquele aperto de mãos mentiroso emoldurado por sorrisos amarelo fralda de criança nova. Sejamos verdadeiros irmãos, este é o caminho.
Até nisso o Atlético inova. Busca dois objetivos de grande magnitude, sob a égide de dois comandantes que se odeiam. Se isso não é prova de valor, de dedicação a uma causa, então não sei o que é. Vamos Furacão!
Com a confiança da torcida nos dois timoneiros, apoio incondicional aos dois empreendimentos, desprezo pelo ganir da matilha enraivecida e invejosa, poderemos transformar este num dos maiores e mais importantes momentos da história do Atlético.
Foi difícil chegar até aqui. Muita água rolou por baixo da ponte, muita gente contribuiu com seu patriótico cochicho. É assim mesmo para o rubro-negro, difícil, suado. Dói aqui, dói ali, põe gelo aqui, bolsa de água quente ali, as dores vão sendo assimiladas, os proveitos considerados, as barreiras superadas. Infelizmente, ficam as cicatrizes da batalha.
Parabéns rubro-negros de todos os quadrantes, parabéns a você a quem agradeço a leitura na Índia, na Croácia, no Canadá, no Reino Unido, nos Estados Unidos, na Rússia, na Turquia, no imenso Brasil. Hoje, finalmente, podemos dizer de boca cheia: O Atlético nos une, a razão nos fortalece.

A ÚLTIMA PEDRA NO CAMINHO

Em breve viagem pela Alemanha tropical – Joinvile, Pomerode, Blumenau e Brusque –, encerrada na ilha dos sotaques açorianos – Floripa –, deixei minha caixa de emails transbordar. Aos poucos, lento como tartaruga salva pelo projeto Tamar, fui lendo as mensagens dos amigos, acolhendo opiniões, entendendo angústias.
Meus amigos se dividem em duas vertentes principais, que naturalmente podem convergir. Uns preocupados com o futuro do Brasil, outros com o destino do Atlético. Ambos parecem estar no limite do cansaço.
Os primeiros assolados pela corrupção, pelo baixo nível da política, pela ausência de mobilização nacional para os grandes temas. Para quem assistiu estudantes em pé de guerra contra a polícia a cavalo, a entrega da nossa juventude é fonte perene de desolação.
Os segundos, os rubro-negros, esmagados pela situação da equipe, insultados por colunistas insistentes em soprar brasas adormecidas, hesitantes frente a convites para a conciliação ponteados de estiletes prontos a cutucar feridas mal cuidadas.
Compartilho todas as dores.
Para não me aborrecer demais, seleciono leituras. Só leio autores que tem por objetivo ajudar, unir, criar condições para a melhora, ou, no mínimo, pautar pela verdade mesmo que dura.  
Leio amigos amargurados, soltando chispas pelas ventas, simplesmente por ter arriscado leitura fácil de evitar.
Se não entendo o leitor daquilo que o enraivece, também não compreendo aquele que escreve, permite comentários e se ojeriza com eles. No futebol, abrir espaço para o torcedor é um perigo. Dias atrás, notícia sobre o Atlético pedia opiniões. Fui ver. As menos insultuosas começavam por “cadelas poodles”, os coxas exercendo seu inalienável direito.
O comentarista matreiro, aflito em não cair do microfone, especializa-se no uso do mas. Diz ele: “O Vasco domina amplamente, tem tudo para conseguir a vitória, mas o Palmeiras tem grandes jogadores, capazes de decidir a partida em um único lance.” Pronto! Cercou-se de todos os cuidados. Qualquer reviravolta será explicada pelo mas intrometido. Para tudo tem um jeito.
O Brasil não tem mais jeito, mesmo que gritos esparsos se sucedam, até no Rock in Rio coros anti-Sarney foram ouvidos. Já é um começo para o fim das oligarquias. Sejamos otimistas.
O Atlético tem jeito. Temos duas tarefas a cumprir dignas de um Hércules em seus melhores momentos, a fuga do rebaixamento e a construção da Arena 2014.
Cada qual tem seu protagonista, histórias, infelizmente, distanciadas em momento crucial para o nosso Rubro-Negro. Cada qual tem seus devotos e suas certezas, seus inimigos e suas verdades.
O Atlético precisa de dois gestos de elevada grandeza moral e de extrema simplicidade. Basta que os dois personagens centrais se suportem com nobreza, permitam-se tocar seus projetos sem lançar pedras no caminho alheio. Não é pedir demais.
Que a pedra fundamental a ser lançada hoje, no reinício das obras da segunda fase da moderna Baixada, seja a última pedra no caminho.   

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

É TUDO QUE EU ESPERO

Mesmo sem encontrar fundamento para o meu otimismo, sabia que ele me animava por alguma razão, algo a ser visto durante o jogo, criar o clima para a vitória. Pois acreditei no sentimento, por vezes me preocupei, não perdi a fé, vi um Atlético macho os noventa minutos, acompanhei a torcida no seu canto vigoroso e permanente, vibrei com os gols de Nieto, sai de campo feliz.
Como tudo neste campeonato, não foi nada fácil.
O Inter começou melhor, criando chances de gol. Nos primeiros cinco minutos, Jô foi bloqueado duas vezes no momento da finalização. O Atlético muito recuado sofria com as bolas cruzadas para cabeceio, os passes verticais davam muito trabalho para Manoel e Fabrício.
Aos oito, em meio a tamanha tribulação, em escanteio pela esquerda, um idiota jogou objeto em D’Alessandro. Só faltava essa. Impossível não escapar um palavrão. Lá vamos nós de novo para o banco dos réus. Em minutos, o energúmeno já estava seguindo para o BO.
Acuado, o Rubro-Negro não conseguia avançar seus laterais, sua linha de volantes. O tiro de meta era cobrado e encontrava na frente apenas Guerrón, Baier e Nieto. O restante da equipe permanecia atrás da linha de meio campo, tornando impossível criar no ataque, manter a posse de bola ofensiva, desafogar a defesa.  
Na coragem, lá pelos vinte, o Furacão conseguiu marcar a saída de bola do Inter. Aí as coisas melhoraram. Aos vinte e um, Marcelo Oliveira cruzou e Nei interceptou com o braço dentro da área. Pênalti claro. O juiz não deu. O jogo ficou equilibrado. Aos vinte e seis, Jô cabeceou rente à trave, mas o Atlético se fazia presente no ataque, com bolas paradas mal aproveitadas e um Paulinho tímido pela esquerda.
O lance mais bonito do jogo teve início com Paulinho. O lateral cruzou, a defesa deu rebote, Paulinho recuperou a bola, passou a Baier, levantamento na área, novo rebote, Baier cabeceou para Paulinho, este para Guerron marcar em impedimento. Infelizmente. Certo o bandeira.
O primeiro tempo terminou com Santana sem saber a quem marcar, Guerrón muito marcado, Oliveira nervoso demais, a torcida pedindo Marcinho. Pediu e ganhou.
Marcinho substituiu Paulinho, que Lopes acha muito ofensivo, Oliveira foi para a lateral. Se Paulinho é ofensivo, por que Oliveira não começou de lateral e o substituído de volante? Tem coisas que eu não entendo.
Os cinco minutos foram de jogar a toalha. Aos três o Inter quase marcou, o bandeira acusou impedimento com correção. Aos cinco D’Alessandro driblou Oliveira na linha de fundo e foi passear dentro da área, cruzou rasteiro e um pé santificado salvou. Segundos depois, D’Alessandro cruzou da direita e Oscar chegou atrasado no segundo pau. O colorado estava melhor e aos sete, marcou com Jô em chute cruzado. Olhei para o assistente e vi a bandeira levantada. O gol foi legal. Azar da gauchada. Vamos em frente.
Aos treze o futebol de Marcinho ainda estava ausente da partida. Estava. A esperança pegou a bola pela esquerda, a marcação deu espaço e o cruzamento saiu perfeito para a cabeçada precisa de Nieto. Gol do Furacão. Olha aí a razão do meu otimismo.
O Inter foi à luta. Aos dezesseis, Jô cabeceou no cantinho e Renan salvou espetacularmente. Isso guri. Aos dezenove, Guerrón passou para Nieto livre perder gol feito. Dá um bico Nieto.
Aos vinte e cinco o Atlético começou a trocar passes, ganhar divididas. O Inter parecendo cansado foi para o jogo aéreo, com Fabrício e Nei pelos lados e D’Alessandro conseguindo faltas. Se o argentino as consegue, Guerrón faz e ganha amarelo. Alguém trem que orientar la dinamita. O adversário é quem tem que fazer falta, levar cartão.
Estávamos aos trinta e sete, momento crítico da partida, aquele em que costumamos entregar a rapadura, as bolas voando sobre nossa área. Marcinho recebeu no meio campo, passou a Edilson na direita, novo cruzamento perfeito, nova cabeçada precisa, novo gol de Nieto. Aleluia irmãos! Ganhamos!
Calma! Nei chutou de fora e Renan salvou outra. Um gol e lá vem o trauma de novo. Oliveira toca para Nieto livre, lá vai o argentino pedir música, perdeu de novo gol feito. ? No ha entendido Nieto? Dá de punta!
O Atlético foi valente, marcou, ganhou divididas, aguentou a pressão imensa, foi preciso nas finalizações, não errou, não brigou com a arbitragem, ganhou. A torcida foi grandiosa, há tempos não a via tão presente. Lopes reclamou dos que ficam atrás do banco. Veterano que é, deve saber que ali é o lugar dos treineiros sem sorte, é entrar por um ouvido e sair pelo outro.
Ganhamos. Nem vou olhar a tabela, somar pontos. Vou esperar o meio de semana e deixar-me invadir pelos sentimentos, ver se o otimismo me abraça novamente. É tudo que eu espero.

sábado, 1 de outubro de 2011

TE VEJO NA ARENA

Estou aqui de cara para a baía norte na bela ilha de Florianópolis. Resolvi tirar uns dias, passear pelo interior catarinense, onde encontrei a agradável Pomerode e a infraestrutura viária precária, um insulto aos milhões de reais pagos em impostos pela florescente indústria do vale o Itajaí. Como nossos governos podem ser tão incompetentes, retribuir o trabalho com lombadas, picadas cobertas de asfalto, velocidades máximas dignas das bigas de Ramsés I.

Voltemos ao meu Atlético.

O amigo já se sentiu confiante para uma partida muito difícil, com uma estranha sensação de que vai dar, mesmo não tendo nada de excepcional para justificar seu estranho otimismo?

Pois amigo, é assim que eu me sinto para o jogo contra o Internacional.

Busco fragilidades no colorado que emprestem razão ao meu sentimento positivo e encontro no afastamento de Andrezinho o único pilar de sustentação.

Andrezinho ataca pelos dois lados do campo, ajuda na defesa, bate faltas e escanteios. É falta sentida, sua saída pesa no rendimento da equipe. O jovem Delatorre que o substitui não tem a mesma presença em tantos espaços do  campo, mas é um segundo atacante de qualidade. Contra o Galo, entrou, foi jogar pela direita e conseguiu duas boas finalizações.

Kléber o lateral esquerdo da seleção do Mano, aquele do chicletinho, segundo gaúcho velho mais colorado que o saci, foi um azar do Atlético o cartão amarelo que o afastou da partida de domingo. Fabrício, seu substituto contra o genérico mineiro, entrou e marcou no primeiro lance de que participou.

Não podemos esquecer a contusão de Damião que colocou o ex-corinthiano Jô no comando do ataque gaúcho. Impossível comparar.

Com essas saídas e possíveis entradas, o Inter é aquele time de marcação, com Bolatti e Guiñazu na frente da zaga distribuindo carícias, cartões de visita para os afagos de Juan e Bolívar.

A armação fica por conta de D'Alessandro, o dono do time, e seu fiel escudeiro Oscar, sempre próximo, fazendo dupla com o argentino. O gringo vem buscar, puxa contra-ataque, lança longo com perfeição. Canhoto, gosta de jogar pela direita, investindo pelo lado da área para cruzar, ou pelo meio para bater de fora. Tem que marcar, com cobertura.

Oscar já fez nove gols no campeonato. No jogo em Porto Alegre, nos matou com um chute de fora colocado. É outro que merece atenção.

Do Atlético pouco sei, as informações da imprensa deixam dúvidas quanto à escalação. Vejo entretanto um número maior de jogadores com capacidade de jogar no ataque chamados a treinar no time de cima. Fala-se em três atacantes, na volta de Marcinho, essa sim uma ótima notícia.

Sei que estou confiante. Deve ser o ar marinho, a possibilidade de comer uma bela sequência de camarão no almoço de hoje. Tudo conduz ao meu calmo retorno e à vitória amanhã. Te vejo na Arena.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ROMEU E JULIETA

Romeu coseguiu dois sócios para a reforma da sua Cantina Rosso-Nera, investidores a fundo perdido, apenas com o intuito de melhorar as imediações da área onde trabalham e seus próprios negócios. O investimento total é de cerca de 180 mil reais, cabendo a cada um o aporte de um terço dessa quantia. Romeu acha a oportunidade uma dádiva caída dos céus.

Romeu está em dificuldades.

As crianças ficaram nas mãos da babá incompetente durante o ano e estão prestes a reprovar na escola. Julieta, a esposa zelosa, não quer que ele mexa na poupança, destinada a premiar os meninos, última esperança de passagem de ano.

Irredutível, Julieta não quer que Romeu contraia novas dívidas, tem medo do empréstimo consignado que afundou o vizinho, nem pensar em dar a casa como garantia.

Os sócios prometeram arrumar um troco para começar a obra, com início marcado para 4 de outubro.

A muito custo, Julieta permitiu que Romeu corra atrás do empréstimo e procure um mestre para tocar a obra. Continua emburrada pelos cantos, reclamando. Sua parentada, os Capuletos, ou seriam os Montechios, está em pé de guerra, preocupada com o patrimônio da irmã querida.

O casamento está a perigo, é quase certa a separação e muito provável que Romeu fique com a casa e as crianças.

Romeu está de cabeça cheia. Pensa em falar com o padre, aquele do veneno.

Verona está em risco de perder sua grande chance de renascimento.

Essa é a história que não tem fim, com data marcada para acabar, de Romeu e Julieta.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

TÔ JUNTO

Meses atrás, um amigo rubro-negro doente me perguntou se sabia o caminho das pedras para se trabalhar no Atlético, o tempo disponível e a vontade de ajudar o compeliam a qualquer serviço em prol do seu Furacão. É claro que a pergunta tinha o endereço equivocado. Se soubesse, já estaria dando minhas cabeçadas lá pelos lados da Buenos Aires há muito tempo.
Hoje, eu teria pelo menos alguém para indicar, alguém com pleno conhecimento de como intrometer-se em uma organização e rapidamente transformar-se no dono do campinho. Quem? O senhor Alfredo Ibiapina.
Desconheço os segredos dos bastidores do Atlético. Do que sei, pautado no que li publicado, o empresário nordestino chegou a Curitiba poucos anos atrás e, por um ato milagroso, ajudava no departamento de futebol do rubro-negro, um reserva de luxo, esquentando o banco dos senhores Bolicenho e Zimmermann, os todos poderosos das contratações e descartes, patronos do rebu em que estamos envolvidos.
Com a queda da dupla Bolicenho-Zimmermann, quem ascendeu à direção do futebol atleticano? Ninguém mais que seu Alfredo.
Chegou e virou dono. De cara não gostou da contratação de Paulo Rink para gerente do departamento, indicação de Enio Fornea e Yára Eisenbach. Para acertar o buchicho, dividiram-se as tarefas, ficando seu Alfredo com as contratações e ligação com a comissão técnica e o seu Rink com os descartes e a burocracia do setor.
Novo rei do pedaço, pouco realizou. Contratou Morro Garcia, Renato Gaúcho, Antônio Lopes e só, até irromper campo adentro, esculhambar a arbitragem, colocar o Atlético em risco de perder mandos de campo, ser julgado e colocado à margem do esporte. Fim de uma carreira que nunca deveria ter passado de um estágio não remunerado. 
Agora o presidente Malucelli resolveu assumir o comando do futebol do Atlético. Para não comprometer o clube, solicitou ao jurídico perguntar ao STJD quais as funções seu Alfredo estaria impedido de exercer após a sentença condenatória. Perdoe-me presidente, mas seja por um minuto o presidente e avise ao seu Alfredo que o prazo de validade expirou. Agradeça, por favor.
O presidente assume quando a data limite para contratações já passou e ficamos a ver navios, sem convocar sequer um Finazi para fazer os gols tão necessários. Para o Atlético o mercado esteve sempre difícil. Para o clube com as finanças em dia, dinheiro para gastar, dar um ânimo à torcida, reverter a situação, ninguém foi encontrado.  
Em carta aos atleticanos, diz o presidente: “a partir de hoje o comando do futebol do CAP passa integralmente, sem intermediários, para as minhas mãos. Como Presidente do Conselho de Administração, responderei diretamente por todas as ações que envidarão dar suporte à Comissão Técnica e aos nossos Jogadores para que busquem os resultados que precisamos para nos mantermos na elite do futebol nacional”.
O presidente que afirma não se eximir das responsabilidades e convoca o povo rubro-negro para setenta dias de união, tem a seu favor a experiência da grande virada de 2008, quando junto a Geninho conseguiu o que parecia impossível.
As responsabilidades que o presidente afirma reconhecer são muitas, o concurso do amadorismo do seu Alfredo quem sabe a mais importante.
Senhor Malucelli, discordo em muito da sua gestão, principalmente do imperdoável afastamento de compromissos assumidos pelo clube em relação à Copa 2014. Mas se o prezado me pede setenta dias de união, se o meu humilde apoio pode ajudar o rubro-negro a sair deste inferno, quem sou eu para negar.
Tô junto.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

VALE A PENA TENTAR

Dos jogos do último fim de semana, só a vitória do Vasco sobre o Cruzeiro em Minas, um três a zero campeão, teve diferença de gols superior a um. O Corinthians goleou o Bahia por um a zero em casa. O Santos perdeu para o Figueirense na Vila. O Flamengo venceu o lanterna por suados dois a um. Os resultados provam a dureza do campeonato. Os jogos são definidos nos últimos minutos, com gols arrancados a fórceps, os jogadores caindo pelas tabelas.
Em competição desse nível, impossível errar. Errou, pagou. Como dizia a cantilena muito ouvida por mim na juventude, quem deve paga, quem paga, paga na hora.
Muitas vezes, o erro é fruto da condição psicológica do indivíduo ou do grupo. Na frente da tabua classificatória, o Vasco joga solto, seus atletas se liberam para ousadias, passes saem com perfeição, finalizações são coroadas de sucesso, arbitragens facilitam. Alguns dizem que o time joga com alegria.
O Vasco alegre quase perdeu para o Atlético em São Januário na Copa do Brasil. Desde aquele momento distante sofremos com gols matadores em finais de partida.
Sofremos com a defesa sitiada, com os inexplicáveis gols perdidos, com as expulsões caídas do céu para nossos adversários. Na partida contra o Fluminense, Paulo Baier teria dito não se encontrar em condições de bater a penalidade perdida por Santana. Logo ele autor de nove gols de pênalti na temporada. Por que a falta de confiança?
Leio as pesadas críticas contra os jogadores, concordo com muitas delas, já escrevi algumas, quem tem a paciência de me acompanhar poderá até dizer que persigo dois ou três. Pois amigos, tento fugir da censura, basear meu texto no elogio, mas, por vezes esbarro na total falta de condição, outras tantas com performances muito abaixo do esperado. Procuro ser, pelo menos justo dentro da minha ótica.
A justiça me obriga a dizer que não vejo falta de esforço. Vejo jogadores sobrecarregados com o peso da mochila do rebaixamento, peso que se vai aumentando com o passar dos minutos de jogo, afastando-os da serenidade profissional e orientando-os para os campos de terra do amadorismo, da luta medonha e inglória.
O Atlético tem uma semana para recuperar a alma dos seus jogadores. Definir um time hoje e treinar fundamentos, orientar posições, criar jogadas de ataque, insistir nas preciosas bolas paradas. Levar as famílias para um churrasco no CT, deixar as crianças driblar os pais aborrecidos, trazer um pouco de alegria àquele ninho.
Nós, rubro-negros de Esparta, temos entendimento da dureza da campanha, cada jogo uma Termópilas moderna, um desafio entre a vida e a morte.
Esse entendimento não pode ser fardo a carregar pelos atletas, impeditivo da boa atuação, causa do jogar apressado, do descontrole que só piora o rendimento. A posição na tabela não pode ser castradora do espírito.
Esse entendimento tem que ser motivo para o apoio intenso da torcida, já cansada, eu sei, pronta para gritar o “Raça! Raça!” nem ainda começado o jogo. Onde estão os gritos de Alan Bahia, de Dagoberto, de tantos outros, perebas ou não, afagados pela Fanáticos? Por acaso Manoel não merece ter seu nome aclamado, Renan Rocha, Deivid, Baier, Guerrón, todos afinal. A cada semana temos um dos nossos meninos na seleção da rodada. Por que não gritamos seus nomes?
O Atlético tem jogado no limite da sua capacidade. Não falta raça. Quem sabe um pouco mais de paciência do torcedor e confiança do jogador em sua própria competência possam fazer a diferença, propiciar atuações individuais com maior brilho, um jogo coletivo mais eficiente, transformar empenho em resultado. Vale a pena tentar.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

TENHA FÉ!

Muita calma nesta hora.
Não adianta perder a cabeça.
Fora da luta jogo a jogo, fora da tranquilidade não há salvação.
Estamos preocupados com arbitragem, valorizando demais. A arbitragem brasileira é péssima, é uma piada de mau gosto, mas o que fazer. Contra o Bahia, o juiz deixou de dar um pênalti para os baianos no final do primeiro tempo. Lá ajudou. Aqui nos matou. O Atlético tem que ser realista. Estamos trazendo os homens de preto, amarelo, azul, todos contra nós. Nossa permanência na zona de rebaixamento é fruto de muitos fatores, dos quais os erros de arbitragem participam com pequeno percentual.
O jogo era muito difícil, digno do pedido de bênçãos antecipadas ao Senhor.
No campo, o previsto se tornou realidade. Aos trancos e barrancos o Atlético enfrentou o Flu, conseguiu penalidade absurdamente perdida, fez seu gol, teve jogador expulso, enfiou-se na defesa e cedeu o empate. Como a vitória viria do nosso extremo esforço, salpicado de suor e enganos, o empate veio por ser o destino natural do jogo após a expulsão. Só muita sorte nos garantiria os três pontos.
O principal defeito do Atlético continuou sendo a troca de passes. A saída de bola deficiente e os passes longos muito imprecisos entregam a bola para o adversário e nos colocam em permanente dificuldade. Os cabeceios defensivos de Rafael Santos são sempre sem direção. Os lançamentos para jogadores marcados com cobertura um desperdício.
Mesmo com erros básicos, o Rubro-Negro lutou, conseguiu marcar presença no ataque e marcou com Paulo Baier. O gol nasceu da postura ofensiva, da presença de vários jogadores na frente, possibilitando a escapada livre do capitão. É isso que temos que fazer. Avançar as linhas de defesa, tentar o gol, aproximarmos nosso meio da área adversária.
Vai ser difícil. Claro que vai. Os gols serão poucos, os árbitros inverterão faltas, correremos riscos defensivos. Infelizmente, inexiste solução na prateleira que não passe pelo ataque.
Fosse eu Antonio Lopes passaria a semana com treinamentos leves – por favor, esqueçam as maratonas científicas que afastaram Marcinho –, insistindo na saída correta de bola, nos rebotes defensivos bem orientados, no aperfeiçoamento da troca curta de passes, no convencimento de que a arbitragem deve ser deixada de lado.
Continuo achando que ainda dá. Temos que insistir. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Temos que ter a paciência da água. Vai melhorar. Daqui a pouco a barragem se rompe, tudo se ajeita, as chances melhoram, a torcida vai junto e rio volta a fluir com naturalidade.
Este texto calminho começou cheio de ódios e rancores. Tive que colocá-lo na geladeira, retocá-lo algumas vezes até chegar a algo que achei justo e de algum proveito. Vamos torcedor! Acalme-se! Deixe de procurar inimigos! Tenha fé!

sábado, 24 de setembro de 2011

DEUS NOS ABENÇOE

Trocando canais, fugindo dos esportivos, dou de cara com o final do show do Queen, já com seu novo vocalista, Fred Mercury no telão para matar as saudades, e God Save de Queen embalando o frenesi da multidão em êxtase.
Como sou do tempo em que bastava os Beatles criarem uma joia para que alguém ao sul do Equador surgisse com similar em português e um cabeludo jogasse as melenas mugindo um longo “meeeeu beeeeemmmmmm”, saco logo uns versos para o célebre refrão do hino inglês, bem de acordo com o momento rubro-negro:
Deus salve o Atlético
Deus salve o Atlético
Deus salve o Furacão
Do meu coração
Anos atrás, o Fluminense, o adversário de hoje, passava pelas mesmas dificuldades que nos atormentam o sono. A torcida foi buscar em “A bênção João de Deus” o ânimo para a campanha que tirou o Flu do bico do corvo, transformou a equipe em “time de guerreiros”, e, se bem me lembro, colocou os coxas para jogar em Joinvile.
Apesar da paixão, acho que Deus tem muito mais o que fazer do que cuidar do meu Atlético. Mas, porém, todavia, contudo, desta vez acho que sem Deus vai ser difícil. Por isso, durante a partida estarei cantando o meu refrãozinho solitário. Venham comigo.
Independente do tricolor a entrar em campo, da sua formação tática, das suas armas e fraquezas, o Atlético tem que ganhar, na raça, na valentia, com a ajuda de todos os santos.
Como o amigo, tenho minhas reservas. Não dá para se jogar ao ataque, esquecer da defesa, ser um time camicase. Sai afoito, leva um no contra-ataque, e a coragem se transformou em burrice.
Mesmo assim, acho que o Rubro-Negro tem que se impor, mandar na partida, apertar a marcação, forçar no ataque, tentar criar as chances para Morro e Guerrón finalizarem.
Espero ver uma grande partida de Cléber Santana. Santana tem os olhos tristes da senzala, parece carregar toda a sua capacidade aprisionada a grilhões que o impedem de brilhar, desenvolver em campo o futebol que alimente o ataque, motive pelo exemplo seus companheiros, faça a torcida louca, pronta a assentar sobre sua cabeça a coroa de rei negro.
Espero ver um Wagner Diniz trepidante pela direita, um Marcelo Oliveira impetuoso pela esquerda.
Espero um Paulo Baier de toques verticais, assistências perfeitas para os nossos castelhanos, um verdadeiro líder, pronto a comandar o Atlético.
Espero Morro e Guerrón dando la lata, azucrinando, movimentando-se por todo o ataque, frios matadores na frente do gol.
Espero que todos falem, gritem, sejam dedicados à marcação, à diminuição dos espaços, ao esforço superior durante todo o jogo.
Espero a torcida dos velhos tempos, dos noventa minutos, aquela que carrega o time, não a carregada pelo time.
Espero, é claro, que Deus nos abençoe.

  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

AINDA DÁ

Estabeleceu-se um tiroteio entre os que, de porrete na mão, procuram os culpados pelo terrível insucesso do Atlético neste infeliz 2011, quando completaremos dez anos do nosso título de campeão brasileiro. Uns atacam a diretoria, outros os jogadores. Ambos estão cheios de razão, todos tem culpa, todos devem ser condenados pelos pecados que transformaram o Atlético numa Sodoma da bola.
O comandante Malucelli é o responsável pelo desastre, o gestor desta Sodoma. Inteligente já deve ter admitido o flagelo, nem olha para o campo, temeroso em ser transformado em estátua de sal. Com um pouco de consciência, estaria a meses sem dormir.
Mesmo Dan Brown, o escritor de Código Da Vinci e Anjos e Demônios, teria dificuldades para engendrar uma trama conspiratória tão espetacular como esta que nos leva ao túmulo. Tantos erros, tantas coincidências nefastas, tantos incompetentes assumidos na gerência do futebol rubro-negro, ali instalados sem se saber por que, não configuram apenas a realização de um trabalho de casa mal feito, como me disse o coxa babando de alegria, mas negligência, imprudência e imperícia, crime a ser registrado em triste boletim de ocorrência.
Os jogadores têm culpa? Claro que têm.
Um observador menos interessado perguntaria com ar ignorante: por que os jogadores do Atlético não trocam passes como os outros? Eu respondo. Porque não há união verdadeira. E exemplifico com outra pergunta: por que nos raros gols os abraços são tão poucos?
Não é a jogada individual que fortalece os laços entre os jogadores, cria a corrente que energiza o time. É o passe. O passe expressa a confiança no companheiro, assim como o apresentar-se para receber, o dar apoio ao cercado, o esforço superior para cobrir o ultrapassado. No Atlético, os jogadores não se apresentam nem para receber o lateral.
Ninguém venha me dizer que os rubro-negros são piores que seus colegas dos demais times do Brasileiro. Não são.
São jogadores no desvio, tentando um brilho solitário, uma jogada individual que os ilumine, prepare o caminho para futuro melhor. Assim, no ataque, o companheiro livre, surge o peteleco nos braços do goleiro. Assim, na frente do goleiro, a tentativa do gol tocado, bonito, quando o bico era o santo remédio. O individual acima do coletivo. Prioridade para os segundos na TV.
Até os jogadores já declararam ter colocado o time no buraco, os únicos a poder tirá-lo de lá. Demonstram lucidez na análise da situação. Falta-lhes coragem para resolver no campo de jogo. Reúnem-se, rezam, fazem juras e trotam pelo campo, insistindo no individual, sem qualquer objetividade. As lideranças se escondem, sem cobrar, nem estimular, quanto mais provocar o ânimo pelo exemplo, pela jogada corajosa, pela força no embate físico.
Que futebol é este que um senhor de idade tem que ficar à beira do gramado aos berros, empurrando elenco de muito bem pagos para que cumpram seus deveres com brio e valentia. Foram-se os tempos em que os técnicos dormiam no banco e deixavam para os atletas resolverem.
Não escrevo para jogar a pá de cal, para ser mais equânime na distribuição das culpas, para afundar ainda mais o moral já em pedaços. Escrevo por achar que ainda dá, a solução nos pés dos jogadores, os reais protagonistas do milagre se ele vier a acontecer.
Ainda dá se a união passar da palavra à ação. Se do trote surgir o galope, se o passe substituir a firula – substituída, jamais esquecida –, se o corpo for usado como arma de choque, se o ataque for prioridade coletiva. Enfim, se tivermos um time na real acepção da palavra, um grupo reunido, adestrado e motivado para a realização de objetivo comum.
Se isso acontecer, o amigo pode confiar, ainda dá. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

FAÇA ESTE TIME ATACAR

Muita calma nesta hora, afinal, talvez seja esta uma boa hora.
Quando tudo que se poderia fazer de errado já se fez, todos em que se acreditou virtudes mostraram carências, os imaginados fortes dormem nas enfermarias, defender se tornou o plano do demônio, o que resta é a alegria do ataque, mesmo que ele possa significar a morte prematura.
Duro será trocar na imensa cabeça do senhor Antônio Lopes, uma cabeça simpsoniana, o defender pelo atacar.
Lopes é defensivo por natureza, o que não é ruim, muitos técnicos são, ainda mais com os elencos disponíveis. Eles têm que manter seus empregos. O problema é que não é o momento. O Atlético precisa ganhar, fazer três pontos e três pontos se conseguem com gols, não com chances perdidas.
Está claro que os atacantes rubro-negros têm extrema dificuldade em acertar o gol. Sequer obrigam o goleiro adversário a grandes defesas. Ontem mesmo, Garcia perdeu três chances ótimas para marcar, mandou todas para fora. Nieto outra.
Para que o gol do Atlético aconteça temos que criar dez, quinze chances reais. Cinco, seis é muito pouco.
Como se consegue isso? Com postura ofensiva e escalação com maioria de meias e atacantes, jogadores de ataque no banco prontos para substituir. São necessários, o Atlético está caindo pelas tabelas, os últimos trinta minutos de jogo mostram o descalabro físico a que foi conduzido o meu Furacão. Desculpem o lamento suspirado. Chega de choro.
Vamos escalar um Atlético ofensivo:










Renan Rocha









Edilson
(Wendel)
Manoel

(*)
Paulinho








Deivid

C. Santana
(Renan)




Baier
(Marcinho)









Rodriguinho
(Marcinho)



Guerrón










Garcia
(Nieto)



(*) Escolha um zagueiro da sua preferência.
Esses ataques têm que receber forte apoio dos laterais, marcar a saída de bola avançada, os pontas trocarem de lado com frequência, insistir nas jogadas individuais, forçar a obtenção de faltas nas proximidades da área. Perdida a bola, fazer a falta no ataque.
Com postura ofensiva, poderíamos chamar a torcida ao jogo, criar um ambiente de vitória, situações de gol que vão se perdendo até que São Judas, de chuteiras verde-limão, resolva fazer uma caridade.
Vamos Lopes. Me dê pelo menos esta alegria. Não é tão difícil. Faça este time atacar.