segunda-feira, 3 de outubro de 2011

É TUDO QUE EU ESPERO

Mesmo sem encontrar fundamento para o meu otimismo, sabia que ele me animava por alguma razão, algo a ser visto durante o jogo, criar o clima para a vitória. Pois acreditei no sentimento, por vezes me preocupei, não perdi a fé, vi um Atlético macho os noventa minutos, acompanhei a torcida no seu canto vigoroso e permanente, vibrei com os gols de Nieto, sai de campo feliz.
Como tudo neste campeonato, não foi nada fácil.
O Inter começou melhor, criando chances de gol. Nos primeiros cinco minutos, Jô foi bloqueado duas vezes no momento da finalização. O Atlético muito recuado sofria com as bolas cruzadas para cabeceio, os passes verticais davam muito trabalho para Manoel e Fabrício.
Aos oito, em meio a tamanha tribulação, em escanteio pela esquerda, um idiota jogou objeto em D’Alessandro. Só faltava essa. Impossível não escapar um palavrão. Lá vamos nós de novo para o banco dos réus. Em minutos, o energúmeno já estava seguindo para o BO.
Acuado, o Rubro-Negro não conseguia avançar seus laterais, sua linha de volantes. O tiro de meta era cobrado e encontrava na frente apenas Guerrón, Baier e Nieto. O restante da equipe permanecia atrás da linha de meio campo, tornando impossível criar no ataque, manter a posse de bola ofensiva, desafogar a defesa.  
Na coragem, lá pelos vinte, o Furacão conseguiu marcar a saída de bola do Inter. Aí as coisas melhoraram. Aos vinte e um, Marcelo Oliveira cruzou e Nei interceptou com o braço dentro da área. Pênalti claro. O juiz não deu. O jogo ficou equilibrado. Aos vinte e seis, Jô cabeceou rente à trave, mas o Atlético se fazia presente no ataque, com bolas paradas mal aproveitadas e um Paulinho tímido pela esquerda.
O lance mais bonito do jogo teve início com Paulinho. O lateral cruzou, a defesa deu rebote, Paulinho recuperou a bola, passou a Baier, levantamento na área, novo rebote, Baier cabeceou para Paulinho, este para Guerron marcar em impedimento. Infelizmente. Certo o bandeira.
O primeiro tempo terminou com Santana sem saber a quem marcar, Guerrón muito marcado, Oliveira nervoso demais, a torcida pedindo Marcinho. Pediu e ganhou.
Marcinho substituiu Paulinho, que Lopes acha muito ofensivo, Oliveira foi para a lateral. Se Paulinho é ofensivo, por que Oliveira não começou de lateral e o substituído de volante? Tem coisas que eu não entendo.
Os cinco minutos foram de jogar a toalha. Aos três o Inter quase marcou, o bandeira acusou impedimento com correção. Aos cinco D’Alessandro driblou Oliveira na linha de fundo e foi passear dentro da área, cruzou rasteiro e um pé santificado salvou. Segundos depois, D’Alessandro cruzou da direita e Oscar chegou atrasado no segundo pau. O colorado estava melhor e aos sete, marcou com Jô em chute cruzado. Olhei para o assistente e vi a bandeira levantada. O gol foi legal. Azar da gauchada. Vamos em frente.
Aos treze o futebol de Marcinho ainda estava ausente da partida. Estava. A esperança pegou a bola pela esquerda, a marcação deu espaço e o cruzamento saiu perfeito para a cabeçada precisa de Nieto. Gol do Furacão. Olha aí a razão do meu otimismo.
O Inter foi à luta. Aos dezesseis, Jô cabeceou no cantinho e Renan salvou espetacularmente. Isso guri. Aos dezenove, Guerrón passou para Nieto livre perder gol feito. Dá um bico Nieto.
Aos vinte e cinco o Atlético começou a trocar passes, ganhar divididas. O Inter parecendo cansado foi para o jogo aéreo, com Fabrício e Nei pelos lados e D’Alessandro conseguindo faltas. Se o argentino as consegue, Guerrón faz e ganha amarelo. Alguém trem que orientar la dinamita. O adversário é quem tem que fazer falta, levar cartão.
Estávamos aos trinta e sete, momento crítico da partida, aquele em que costumamos entregar a rapadura, as bolas voando sobre nossa área. Marcinho recebeu no meio campo, passou a Edilson na direita, novo cruzamento perfeito, nova cabeçada precisa, novo gol de Nieto. Aleluia irmãos! Ganhamos!
Calma! Nei chutou de fora e Renan salvou outra. Um gol e lá vem o trauma de novo. Oliveira toca para Nieto livre, lá vai o argentino pedir música, perdeu de novo gol feito. ? No ha entendido Nieto? Dá de punta!
O Atlético foi valente, marcou, ganhou divididas, aguentou a pressão imensa, foi preciso nas finalizações, não errou, não brigou com a arbitragem, ganhou. A torcida foi grandiosa, há tempos não a via tão presente. Lopes reclamou dos que ficam atrás do banco. Veterano que é, deve saber que ali é o lugar dos treineiros sem sorte, é entrar por um ouvido e sair pelo outro.
Ganhamos. Nem vou olhar a tabela, somar pontos. Vou esperar o meio de semana e deixar-me invadir pelos sentimentos, ver se o otimismo me abraça novamente. É tudo que eu espero.

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