domingo, 30 de setembro de 2012

A PÁ ESTÁ NA BAGAGEM


Lendo os e-mails dos amigos sinto a preocupação cada vez maior com a permanência na série B. Os racionais não jogam a toalha, mas acham a situação difícil. Os apaixonados acham que ainda dá, a camisa vai fazer a diferença.

Voltei à minha postagem MEDO DE NÚMEROS  e refiz meus cálculos, considerando as sete rodadas anteriores para o cálculo do rendimento das equipes e introduzindo o Joinville, agora na nossa frente.

O amigo ainda não saiu para almoçar, começou bem o seu domingo, então pare por aqui.

Resolveu continuar. Lembre-se que meus cálculos nada têm de científico, trata-se apenas de aritmética básica, sujeita a chuvas e trovoadas. Vamos lá para o resultado.

1º Lugar:        GOIÁS                       76 pontos

2º lugar          CRICIÚMA                 75 pontos

3º lugar          VITÓRIA                    73 pontos

3º lugar          S. CAETANO            73 pontos

4º lugar          ATLÉTICO                66 pontos

5º lugar          JOINVILLE                63 pontos

Estamos com a viola em cacos.

Outra preocupação dos amigos é procurar culpados neste momento. É pura perda de tempo. Se o Atlético subir, se não subir, existe um responsável: Mario Celso Petraglia. A raia miúda é apenas incompetente ou competente, dependendo do fracasso ou do sucesso.

Qual a solução para Petraglia salvar o ano?

Simples. Colocar o bicho na estratosfera, algo que o Malucelli não quis fazer contra o América Mineiro ano passado e deu no que deu.

Por falar nisso, quem é o nosso adversário no dia 6, às 14:00 horas? Nada menos que o América Mineiro, que jogou a pá de cal na nossa péssima campanha em 2011. É bom estar de olho nas malas do coelho, ver se a pá está na bagagem.  

 

sábado, 29 de setembro de 2012

FULEIRO E TRISTE CAMINHO


Existem jogos que indicam o destino da equipe. O ano passado foi contra o Avaí. Ganhamos do Inter, melhoramos na tabela, enfrentamos o Avaí no bagaço, era ganhar e criar ânimo. Perdemos de três a zero. O caminho rumo à segundona estava aberto. A derrota para o Bragantino tem a mesma avaliação, aponta para a permanência na série B.

Perder em Bragança foi a demonstração da fragilidade Rubro-negra. O amigo vai dizer, “não achei o jogo tão ruim”, “tivemos o controle da partida”, “a bola não entrou”, “demos azar”, e eu vou replicar, tivemos domínio enganoso, sem finalizações preocupantes, o goleiro bragantino não fez nenhum milagre, cruzamos dezenas de bolas sem colocar a testa em nenhuma delas.

Esse é o cenário do Atlético há muitas rodadas. O amigo que se surpreende com os muitos gols de Bruno Mineiro pela Portuguesa não vê que lá ele recebe bolas, as assistências existem, é só colocar para dentro. Aqui, o centroavante luta solitário.

Elias não acerta um passe vertical, os cruzamentos são chutes para dentro da área, as bolas aéreas são um maná caído dos céus para os defensores. Estou repetindo o que digo todos os dias, o amigo já perdeu a paciência, desistiu de ler o que escrevo. Estou um saco.

Tirando 10 gols que o Atlético fez em duas partidas, e considerando-se 25 jogos, nossa média de gols é de 1,28 por partida. Um horror.

Nossa defesa, a menos vazada do campeonato, de nada adianta com essa média de gols pró. Quando falha, para que a falta de Botelho, alguém me classifique a furada de Manoel, é gol, nosso goleiro não pega uma. Será que ninguém vê?

Nesse cenário desolador, temos como comandante Nhô Drub, que acredita piamente no esquema gol zero. Marcelo morto ficou em campo os noventa minutos. Entrou Taiberson para dar velocidade, justamente o que não tem. Paulo Baier entra para ver se gol cai do céu.  Gol não cai do céu.

Outro dia li entrevista em que Nhô Drub falava que o Atlético só estaria jogando na sua plenitude daqui a seis meses. De que planeta caiu esse senhor, a quem devo respeito. O Atlético precisava ganhar hoje, de time com o pé na série C.

Com o bloqueio de Maranhão e Botelho, o Atlético não tem jogo pelos lados do campo, alguém que saiba dar um drible, entrar área, fazer assistência para o coitado do centroavante. O Atlético tem jogadores no grupo com essa capacidade, mas estamos iludidos com o enganoso crescimento na tabela, ganhando minimamente de times precários. Nhô Drub empacou nas suas teorias, no seu parco conhecimento do elenco.

Meses atrás, recebi belo kit do Atlético, camisa bonita, carta ao associado, onde se assegurava a volta à série A. Em ano de eleição, em que tantas promessas foram feitas, outras tantas serão quebradas já no dia oito, a promessa da diretoria aponta para o mesmo fuleiro e triste caminho.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DE OLHO NO G4


As notícias do Caju levam a crer que os substitutos de Marcão e Henrique serão Fernandão e Felipe. Em “NEM PENSAR EM EMPATAR”, apostei em Tiago Adan no lugar de Marcão, pão de queijo por pão de queijo. Pelo jeito teremos pão de queijo por broa de milho.

Na forma de jogar, Adan e Fernandão são polacos da mesma colônia. Atacantes de pouca qualidade técnica, gols fartos em determinadas fases, parcos a maior parte do tempo.

Adan se movimenta mais, talvez por isso escalado no banco, pronto para entrar e fazer marcação da saída de bola adversária em final de partida. Nada a ver com gols. Fernandão faz o estilo mourão de cerca, plantado ali no meio da área, pronto a segurar os zagueiros, fazer o pivô, mandar mecha quando a bola passar na sua frente. Alto, pode ser boa opção para o nosso jogo aéreo, até a rodada com rendimento digno da real força aérea paraguaia.

Mantidos Renan Rocha, Naldo, Derley, Baier e Taiberson no banco de reservas, com Felipe e Fernandão titulares, volto a perguntar ao amigo: quais os dois novos componentes do banco? Os indicados a entrar no ônibus são Adan, Harrison, Ligüera, Ricardinho, Edigar Junio.

Eu levaria pelo menos um jogador de velocidade, Ricardinho ou Edigar. Há uma caça às bruxas contra o time montado por Don Juan. Lança-se aos demônios o jogo de individualidade pelos lados, de lançamentos longos, e eleva-se ao altar da suprema glória o toque-toque do Nhô Drub.

Nem um, nem outro, os esquemas se complementam. Faltava ao time de Carrasco o toque-toque que descansa, controla a posse da bola, prepara para o lance decisivo. Faltam ao time de Nhô Drub a bola longa, o lance individual, a eficiência dentro da área adversária. Por isso, Ricardinho ou Edigar.

O outro será Tiago Adan, está no DNA do Nhô Drub. Eu levaria Ligüera ou Harrison. Aí uma questão de gosto. Eu gosto de quem sabe jogar. Com nossos escanteios e faltas indiretas sem qualquer resultado prático, a solução é a jogada ensaiada, a entrada tocando, a assistência perfeita. Essas ações pedem jogadores de alguma técnica, daí Ligüera ou Harrison.

Veja o amigo que estou discutindo opções de banco, a reinvenção do time a partir das substituições, não estou atacando Nhô Drub no cerne do seu trabalho. Seja quem for o escalado, pão de queijo, broa de milho, pamonha da hora, a missão continua: vencer a qualquer custo.

Outro que tem que vencer ou vencer, hoje contra o São Caetano, é o Paraná velho de guerra. Missão quase impossível. O time do santo entrou na reta final com o chicote embaixo do braço, o tricolor com todas as mazelas que marcam sua história recente.

Vou ficar de olho na janela. Quando as luzes da Vila se apagarem, vou espiar o resultado. Vai ver o tricolor faz o milagre e eu posso dormir de olho no G4.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

NEM PENSAR EM EMPATAR


Diz-se que time bom é aquele que o torcedor sabe de cor, escala do goleiro ao ponta-esquerda sem erros (ponta-esquerda?). Sendo assim, ninguém pode reclamar do Furacão. Desde que Nhô Drub reassumiu, a escalação só muda por contusão. Quando mudou, colocou alguém no lugar de Elias, eu já estava reclamando antes de começar o jogo.

Nhô Drub chegou a patamares superiores em termos de continuidade. Não muda nem as substituições. O time está ganhando, sai Maranhão, entra Felipe, vai Henrique para a lateral. O time está perdendo, sai Maranhão, entra Taiberson, vai Henrique para a lateral. Sai Elias, entra Paulo Baier. Fica uma substituição na manga para nervos torcidos, ossos quebrados e cansaços.

É óbvio que isso é bom, mantém-se o esquema, o entrosamento dos jogadores, as missões são plenamente conhecidas, desnecessários aqueles três dedos levantados em tridente, tocados por indicador explicativo, fura-bolos, mata-piolho e pai de todos ensinando posicionamentos e ações. É o futebol na era digital, propriamente dita.

Esta semana, com o terceiro amarelo de Henrique, o “fecha espaços”, versão futebolística do tranca-ruas, Nhô Drub deveria estar moendo os miolos para escalar o time. Penso que não. Olho o banco do Atlético no último jogo e já o vejo escalando Felipe.

O outro problema, Marcão também com terceiro amarelo, será resolvido pela entrada de Tiago Adan. O amigo aposta em Taiberson? Vamos ver. Para mim é pão de queijo por pão de queijo.

O Atlético não pode nem pensar em empatar. Com este enfoque, acho o banco de Nhô Drub carente de atacantes de velocidade, bons dribladores e um eficiente cabeceador. Só fazemos gol de fora, nossa bola aérea é a alegria das torcidas adversárias.  

Com as entradas de Tiago Adan e Felipe abrem-se duas vagas no banco de reservas. Vamos imaginar que Nhô Drub mantenha Renan Rocha, Naldo, Derley, Baier e Taiberson com os coletes. Que outros dois, o amigo levaria para Bragança Paulista: Edigar Junio, Fernandão, Ricardinho, Ligüera? Pablo, Nieto, Harrison? Faça sua escolha. Lembre-se! Nem pensar em empatar.

 

 

 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

MEDO DE NÚMEROS


Faltam doze rodadas para o final da série B. Como todo atleticano, sou atacado pela vontade de saber o futuro. Quem não quer saber se em 2013 estaremos de volta à série A?

Vou para o Excel e me coloco a calcular, tendo como premissa básica o rendimento (R) dos cinco primeiros colocados nas seis últimas rodadas. Por que seis? Digamos que é meu número mágico, a metade para trás, do que falta pela frente. Vamos ver o rendimento dos candidatos ao paraíso.

Vitória            2 vitórias        4 empates      0 derrotas      10 pontos      R de 55,6%

Criciúma        3 vitórias        1 empate        2 derrotas      10 pontos      R de 55,6%

Goiás             4 vitórias        1 empate        1 derrota        13 pontos      R de 72,0%

S. Caetano     5 vitórias        0 empate        1 derrota        15 pontos      R de 83,0%

Atlético          4 vitórias        1 empate        1 derrota        13 pontos      R de 72,0%

Aplicando esses rendimentos sobre os 36 pontos restantes, temos o provável número de pontos conquistados pelas equipes nas últimas 12 rodadas:

Vitória            55,6% aplicados sobre 36 pontos = 20 pontos

Criciúma        55,6% aplicados sobre 36 pontos = 20 pontos

Goiás             72,0% aplicados sobre 36 pontos = 26 pontos

S. Caetano     83,0% aplicados sobre 36 pontos = 30 pontos

Atlético          72,0% aplicados sobre 36 pontos = 26 pontos

Somadas essas probabilidades aos pontos conquistados até agora, teríamos a seguinte classificação do Brasileiro Série B ao final de novembro:

Vitória            57 + 20 = 77 pontos             2º Lugar

Criciúma        52 + 20 = 72 pontos             4º lugar

Goiás             49 + 26 = 75 pontos             3º lugar

S. Caetano     49 + 30 = 79 pontos             1º lugar

Atlético          46 + 26 = 72 pontos             4º lugar

Criciúma e Atlético disputariam a quarta vaga em vitórias, saldos etc.

Assustou-se? Não é para assustar, é só para colocar uma pimenta. O amigo fique tranquilo, estudei estatística, moda, desvio padrão, essas coisas todas há mais de quarenta anos. Hoje conto até 100 com dificuldade. Existem um milhão de considerações deixadas de lado no meu raciocínio. Mesmo assim, leio de novo minha aritmética, fico preocupado, e entendo, finalmente, o por quê do meu medo de números.

 

VIVA A VITÓRIA


Saio duas horas de casa, achando cedo demais, e em minutos me vejo empacado na Arthur Bernardes, um congestionamento doentio, prova de que a cidade não está preparada para tocar evento para mínimas seis mil pessoas. Os gargalos no trânsito estão em cada esquina, a falta de estacionamentos é crítica. A esperança é a Copa e suas benfeitorias, um oferecimento do meu Furacão Gigante.

Vamos ao jogo. O Atlético cumpriu a missão que não era impossível, com as dificuldades que se sabia o “vozão” iria impor. O gol em chute de fora de Elias, logo aos 2 minutos, quebrou o planejamento cearense e fez com que o atleticano pensasse em tarde de sol forte e gols fartos. O gol perdido por Deivid aos 4, em cruzamento de Marcelo, deu força à ideia.

Fora o cabeceio para fora de Marcão aos 14, ficamos nisso. Os cruzamentos inofensivos, a falta de finalizações, o recuo, a morte de contragolpes importantes ainda no meio do campo, levaram o Ceará ao ataque e a perder chance clara aos 31. Confesso que esperava um Ceará mais incisivo.

O professor Gusmão também. Voltou do intervalo com três atacantes. Pouco demorou a obter sucesso. Cinco minutos e Marcio Careca se aproveitou de bobeada de Maranhão e empatou. Com o Atlético é assim, bobeou, o atacante adversário está comemorando.

A torcida agita, “eôôô, eôôô, Atléticôôôô”, está para perder a paciência, “Raça! Raça!”, quando aos 12, Maranhão passa a Marcão e, em chute ali da linha da grande área, o centroavante desencanta. Golaço. Aprendi a não falar mal de atacante. O cara tá mal, a canela inchada, atacando na contramão, faz o gol, “Marcão! Marcão! Marcão!”. Tivesse música para assistência, Maranhão teria direito a pedir uma sertaneja, ou evangélica, deu os passes para Elias, Marcão e Marcio Careca. Saiu substituído por Felipe.

Prova do gênio de Nhô Drub, Henrique vai para a lateral e Felipe para o toque-toque. Só dá para entender se Maranhão estiver comprometido fisicamente. Fora isso é insensatez. Henrique é daqueles jogadores que correm, correm e... “é um jogador tático” diz o sábio com a baba grossa a escorrer dos beiços. A mesa do boteco silencia ante a tamanha sabedoria.

Marcelo estacionou na esquerda, virou cone na expectativa de parar o avanço de Apodi, o lateral resolveu infringir a legislação e foi infernizar Botelho. Sem Marcelo, tendo que explorar os contra-ataques, a entrada de Felipe foi taticamente nula. Assim, continua o chuveirinho inútil, os chutes de longuíssima distância, a bola aérea ofensiva sem encontrar cabeças. Baier entra aos 30.

Para entrar aos 30, o Atlético deveria emprestar um aquecedor de pneus da Ferrari e empacotar o velho ali pelos 15. Até aquecer, achar o lugar no campo, o jogo acabou. Elias não tocava na bola há milênios. Estou chato demais. Sai fora rabugice. Ganhamos, estamos a 3 pontos de São Caetano e Goiás. Viva Nhô Drub. Viva o Vitória. Viva a vitória.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ESCALAR O HIMALAIA


Já ouvi chamarem a arquibancada com acesso pelo portão 3 de Everest. Ainda não fui lá, fiquei na base deste Himalaia ecológico no seu alicerce, um arcabouço metálico nos seus patamares superiores. Esse Himalaia com vistas para o Barigui vai ferver sábado à tarde.

Hoje, gravador foi colocado na mesa à frente dos jogadores rubro-negros, alguém deu um toque no play e voz misteriosa declinou a missão: os senhores deverão vencer o Ceará de qualquer maneira, trata-se da salvação do planeta. Esta gravação se extinguirá em três segundos. Um, dois, três, o gravador evaporou em meio à fumaça.

A missão não é impossível, o Ceará não é superior ao rubro-negro, mas vai lutar como um leão para manter suas esperanças de retorno à série A.

A missão não é impossível, mas se não for cumprida, a campanha será colocada em grave risco.

Não gosto do cálculo de que com determinado número de vitórias, com tantos pontos conquistados, estaremos na primeira divisão. A estatística carrega consigo esperança perigosa. Vão se perdendo jogos e enquanto os números possibilitarem continua-se a dar de ombros para o abismo, acreditando-se que o objetivo continua ao alcance das mãos. De repente, tem que ganhar 5 de 5.

O resultado contra o Goiás foi péssimo. O empate era o mínimo a conseguir. Jogamos fora o ponto e a proximidade do time do cerrado aos 41 do segundo tempo. Um pecado imperdoável. O aparente controle do jogo era uma ilusão. Quando precisou, o Goiás saiu da defesa, atacou e ganhou.

O Atlético tem que fazer muito mais do que fez até agora. Tem que jogar à morte, atacar ao som da cavalgada das Walquírias, entrar área adentro com dribles e tabelas, forçar o goleiro adversário a milagres, obrigar às faltas nas beiradas da área, ao pênalti, o gol em madura gestação.

Ou o Atlético transforma-se no heroico lutador dos noventa minutos em cada centímetro do campo, um Rocky Balboa dos gramados, ou continuará a ser aquele time bonzinho, que luta, luta e entrega no final. Alguém já disse que todo bonzinho, será coitadinho.

A torcida tem que ir ao Himalaia disposta a torcer nos bons e maus momentos. Em campo, o time encontrará as dificuldades impostas pelo Ceará. Nas arquibancadas, a torcida não tem adversário. É ir para cima, cantar, torcer, incentivar cada segundo.

O Atlético que sobreviveu a tudo, e, crianças, não foi pouco, deve muito a um bando de doentes e seus tambores. Vocês, hoje no papel desses alucinados, não tem direito a vacilações, a quedas no ritmo, a fraquezas sem sentido. Vamos meu povo, ao rufar dos tambores, aos gritos de vitória, vencer o Ceará, escalar o Himalaia.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CHORA COXARADA


Estou na fila para o portão 1, os atleticanos gastando as camisas e, à minha frente, um sete e um dez conversam sobre a matéria do jornal distribuído gratuitamente antes do jogo com o CRB, onde se colocam as posições contra a Arena de três candidatos a prefeito desta nossa linda cidade.

O sete, com a falta de esses digna de presidente de sindicato, tenta demonstrar que dinheiros públicos estão envolvidos na construção da magnífica obra. O dez remancha, discorda, cria argumentos poderosos, chego ao porteiro eletrônico e perco o final do embate entre os dois togados em vermelho e preto.

A discussão é prosaica e bizantina, mais fácil seria definir o sexo dos anjos. Levássemos o tema ao Supremo e veríamos o Lewandosky esmiuçar o problema em grano salis, o Marco Aurélio falar em tramoia, outro diria que “até as pedras sabem” não serem dinheiros públicos os colocados no erguimento do santuário rubro-negro. Ao final de horas de deliberação insana, a coluna do meio daria a vitória ao Atlético do meu coração. Chora coxarada.

Pipocam na mídia nativa os ataques à obra, individualidades jogam seus protestos nas redes sociais, donos da verdade, como o torcedor que acusa erro de arbitragem contra o “glorioso” frente ao Santos, melhor dizendo, frente ao Neymar. Não ganha do Neymar e quer culpar sua senhoria. Chora coxarada.

A Revista Veja desta semana, na coluna Radar, mostra a pretensão do ex-presidente Lula em reunir presidentes do BB, do BNDES e Corinthians para definir as garantias financeiras para a construção do Itaquerão, ainda hoje incertas. É bom colocar representante da PF nessa mesa-redonda.

Se a Arena mosqueteira, com padrinho da estatura do seu Lula, ainda não teve as garantias financeiras definidas pelo BNDES, garantias já estabelecidas para o Joaquim Américo, nada mais se tem a falar sobre o assunto, é letra morta, sem direito a recurso.

O choro midiático paranaense vem de um grupelho coxa morto de inveja, inconformado com progresso do Atlético, carro chefe de incontáveis benfeitorias para a cidade, geradoras de enormes benefícios para a grande massa de atleticanos, coritibanos e paranistas a sofrer diariamente com os problemas de infraestrutura da Grande Curitiba.

O que a coxarada com espaço na mídia faz é exercer o “ius calcitrando”, ou seja, o mais legítimo direito de espernear. Deixa espernear. Se fosse gente realmente preocupada com o povo curitibano, com os tais dinheiros públicos, até dedicaria algum tempo à leitura. Como sei não ser esse o objetivo, só me resta repetir: chora coxarada.

domingo, 16 de setembro de 2012

PUXAR ORELHAS


Estou lendo comentários sobre o meu “A boca do freguês” e encontro a informação que me escapou à leitura: Iarlei está suspenso. Bom ou ruim? Lembro a torcida pedindo a entrada de Walter no jogo entre Goiás e Criciúma. Lembro da sabedoria de Evaristo de Macedo, colhida em jogo do Atlético anos atrás, afirmando a sensatez da torcida ao apupar jogador expulso inutilmente em partida que nos impediu de avançar em Brasileiro. Conclusão, se a torcida pediu, o tal Walter deve ter lá suas qualidades.

Dito e feito. Três minutos, bola longa nas costas de Botelho, o chute de fora, Walter, um a zero para o Goiás. Impossível acreditar que Nhô Drub não tenha avisado mil vezes da importância de se evitar gols no início do jogo, ter pedido a atenção inicial de joelhos. Pois o seu Botelho, que aos 50 segundos já tinha feito um passe de peito perigosíssimo na frente da área, deixou o substituto do Iarlei fazer a vantagem. Resposta à pergunta: foi ruim.

O Goiás faz o esperado. Recua, deixa o Atlético atacar e vai para o contragolpe. O sonho do seu treinador. O Atlético faz o que tem repetido à exaustão. Joga pelos lados e faz chover cruzamentos na área do Goiás. Chover no molhado, o saldo é nulo, nenhuma cabeçada, nenhuma finalização importante. O que parece ótimo, teoricamente certo, é praticamente inútil.

Aos 25, o segundo ataque do Goiás redunda em escanteio. Resultado: segundo gol esmeraldino. @$%&*&%#%?+#. Um abraço pro gaiteiro.

Volta o Atlético ao estéril controle do jogo. Findo o intervalo, Felipe substitui Maranhão, Henrique ocupa a lateral, Felipe faz par com Elias pelo meio, Marcelo faz dupla com Marcão no ataque. Os cruzamentos continuam sem eficiência, o empate acontece com o chute de fora de João Paulo, o passe central de Botelho, o aproveitamento de Marcelo. Dois a dois. Volta a esperança.

O Goiás vai para o ataque e começa a aparecer a individualidade de Ricardo Goulart. Vai pra cima, agride, passa a mandar no jogo. Aos 36, entra Baier, entra Derley, Derley substituiu Elias. Achei correto. Alguém tinha que marcar Goulart individualmente, acabar com o perigo goiano. Com três volantes, a missão capital caberia a um deles. Por que será que eu odeio três volantes?

Quarenta e um, o empate ótimo resultado, Ricardo Goulart recebe livre de marcação e manda bala. Uma desatenção tremenda. Fim de guerra.

Ficou claro que se nossa bola aérea ofensiva é inofensiva, a defensiva é um desastre. Por que o jogador livre pela ponta, ao invés de entrar na área e criar algo mais efetivo, tem que ficar cruzando bolas para ninguém? Temos que ser mais ousados, finalizar mais, ter jogadores que possam entrar área adentro, sofrer faltas, pênaltis, onde estão Ricardinho e Edigar Junio, são páginas viradas do livro de Don Juan?

Nhô Drub tem que rever conceitos, encontrar soluções práticas, fora dos livros, vendo o jogo, seus acertos e desacertos. Mais ainda, tem que puxar orelhas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A BOCA DO FREGUÊS


O Atlético sai da chácara para jogar na fazenda. Sai da amenidade do clima curitibano para o calor e a secura do cerrado. Deixa de jogar contra os últimos classificados para enfrentar o melhor aproveitamento do segundo turno, 13 pontos conquistados contra 11 do rubro-negro. É briga de cachorro grande.

O Goiás está vivíssimo. Na última terça-feira venceu o Criciúma ferido pela sapatada desferida pelo América das alterosas. Ramon fez gol logo aos 3 minutos e o placar poderia ser mais elástico, não fosse Michel Alves goleiro de extraordinárias defesas. O time é rápido, troca jogadores de velocidade por mais velocidade, explora as dimensões do campo com sabedoria, mescla juventude e experiência.

Na sua pequena área lê-se em grandes letras brancas a palavra “IDOSO”. É vaga exclusiva de Harlei, acho que está lá desde a fundação do clube. No ataque tem Iarlei, outro centenário, poupado em alguns jogos, ainda pronto a correr como coelho de desenho animado. 

Os laterais, Vitor, outro sócio fundador, e Egídio, ex-Flamengo, são constantes no ataque. O meia Felipe Amorim, 21 anos, é o puxador de contra-ataques. Saiu vaiado contra o Tigre, chutou o balde, mas joga. O volante Ramon e o armador Ricardo Goulart são os artilheiros esmeraldinos com 7 gols cada.

O Furacão não terá vida fácil.                                         

O básico é não levar o gol de início de partida, tranquilizador do dono da casa e porta aberta para os contragolpes, especialidade goiana.

O bloqueio dos laterais é indispensável. Vitor é bom lançador, entra pelo meio, Egídio é de ousadias, tenta o drible, vai para cima. O avanço do volante Ramon pede policiamento. Quando o cara é o jogador surpresa, acabou a surpresa.

Forçoso se aproveitar do conhecimento que Elias e Marcão têm do adversário e do Serra Dourada. Usar a bola longa de Elias, a velocidade de Marcelo, tendo chance colocar para dentro, deixar o contra-ataque a nosso favor.

Ter posse de bola e trocar passes com acerto para evitar o desgaste físico e botar fogo na cabeça do torcedor goiano são necessidades importantes. Levar um banco de velocistas capaz de virar resultado negativo inicial, medida mais que razoável. Ricardinho deve estar no avião.

Pedir para o amigo secar o Goiás naquele clima desértico é crime contra a humanidade. Será melhor torcer pela perfeita atuação da nossa defesa, pelo bom desempenho tático do meio campo e pela fartura de gols dos últimos jogos.

As derradeiras vitórias foram treinos de luxo para o jogão de sábado. Todo combate é uma luta entre vontades, apetites despertados. Espero que os atleticanos estejam encarando o arroz com pequi com gula adolescente e a maturidade alimentar do idoso. Não tomados os devidos cuidados, os espinhos do pequi arrebentam a boca do freguês.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

AUTOESTIMA


Acostumado ao segundo andar da Arena, onde o jogo é simplesmente assistido ao embalo da Fanáticos, esqueci o sabor das proximidades do alambrado. As observações são ótimas. Alguém resolveu invocar com a orelha do nove do CRB, “orelhudo, vai fazer uma plástica”, pegava no pavilhão auricular do atacante o torcedor, outro pediu gol a Marcão, “prá levantar tua autoestima”, um psicólogo de arquibancada. O Ecoestádio tem seus encantos.

O Atlético treinou contra o CRB e goleou com facilidade. Controlou o jogo, teve pouco trabalho defensivo, João Paulo foi distribuindo, mudando o lado, Marcelo criando as jogadas pelas laterais, Elias tentando se aproximar de Marcão, empacando na dificuldade do atacante na atuação como pivô.

Quando o zero a zero começava a incomodar, aos 34 minutos João Paulo lançou Botelho livre pela esquerda, o cruzamento aconteceu e Elias em belo voleio marcou o primeiro. Aos 37, João Paulo lançou Marcelo dentro da área, dois a zero. O artilheiro já perdera gol certo aos 31, ao tentar finalizar de calcanhar ao invés de passar a Elias. Fim do primeiro ato, palmas para João Paulo e Marcelo.

O time foi para o vestiário com a partida ganha, o CRB já trocara dois por contusão, pouco poderia fazer.  O Atlético voltou sem substituições, mas com uma modificação importante.

Não se sabe por que cargas d’água, Marcelo desapareceu do jogo. Esqueceu o lado do campo, foi jogar ao lado de Marcão e abduzido por nave extraterrestre assistindo a pelada sobre o Barigui. Cadê o Marcelo, perguntei. Ninguém sabia. Sem Marcelo pelos flancos, o ataque parou.

Aos 23, a defesa assistiu ao tricotar do CRB e o impossível aconteceu, gol do time das letrinhas. Duas faltas laterais e um escanteio foram os sinais da humilde melhora que resultou no gol. Uma bobeada tremenda, as piadinhas de alambrado perderam a graça. Ai! Ai! Ai!

Assustado, o alienígena rubro-negro liberou Marcelo. Taiberson brigou pela bola, sobra para Marcão, daí a Elias, então para Marcelo, três a um. Eram 25 minutos. Ainda bem. Palmas para o papa-léguas.

Baier entrou no lugar de Elias e, aos 37, recebeu de Henrique dentro da área, chutou colocado, quatro a um. Hora de ir para casa, atravessar a passarela ao som de “o furacão voltou”, ouvir as entrevistas no rádio do carro.

Botelho fez umas gracinhas perigosas, ele e Daniel levaram amarelos sem necessidade. Marcão sofreu no ataque, suas dificuldades na troca curta de passes é evidente. As dimensões do Ecoestádio dificultam. Talvez fosse melhor termos alguém de maior habilidade no comando do ataque ao jogarmos em Curitiba. Quem? Trabalho pro Nhô Drub.

A rodada acabou e estamos no G4. A torcida está com o sorriso de orelha a orelha. Depois de tanto sofrer, de tanto mudar de casa, o atleticano merece comemorar o momento, ter um up na sua autoestima.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O BOB ESPONJA SABE


Smart habilitado vou para a televisão, espero um descuido do neto vendo Ben 10 e troco para o canal onde encontro a tabela e a classificação do Brasileiro. Passo pelo vexame de trocar da série A para série B, e me deslumbro com o Furacão em quinto lugar, um pontinho atrás do Joinville, o time do técnico com bigode à Zapata, um sombrero enfiado na cabeça e pronto, faz figuração em filme mexicano sem necessitar retoques.

Aperto o botãozinho vermelho e entro na tabela.

Sou tentado a fazer previsões, alguns jogos são ótimos – ASA x Joinville, Vitória x Boa, América MG x São Caetano e Goiás x Criciúma –, todos os resultados de nosso interesse, e desisto no segundo parágrafo. Deleto tudo insatisfeito com minha incursão pela numerologia. Fosse bom no assunto, jogaria na esportiva, onde só cravei os treze pontos quando o Brasil inteiro acertou.

O Atlético já fez o mais difícil, chegou junto do G4, assusta o Joinville, que sofreu para ganhar do Avaí no fim de semana. A derrota deprimente do Criciúma para o América MG pode sinalizar para o tigre paraguaio do campeonato. Perdendo para o Goiás, corre o risco de virar gato de desenho animado, sofrer na mão de todas as ratazanas, dar trabalho ao coração do seu Angeloni. O São Cae estacionou e o Coelho mineiro parece ter recuperado o gás do início da competição. O resultado do jogo pode indicar tendências, gerar sequelas, alentar espíritos.

As considerações são inúmeras, o amigo pode escolher os resultados de sua preferência e torcer, difícil escolher os resultados que nos favoreceriam mais.

O que o amigo tem que fazer é comparecer ao compromisso de hoje no Ecoestádio. O quê? Não vai dar? Dê um jeito irmão.

Para firmar presença no G4, o Atlético tem que ganhar, mostrar força, colocar pressão nos adversários. Você é imprescindível. O horário é terrível, o expediente ainda está bombando, o chefe de olho nos funcionários, os funcionários de olho no chefe, bobeou, a repartição, a sala de aula, ficam vazias, coxas e pananistas assumem o serviço, respondem chamada para os rubro-negros em debandada.

Se não der para a população ativa, sobra prá nós, os véio, os aposentados, os estudantes matutinos, noturnos, os funcionários públicos dispensados por um milhão de motivos, os doentes com seus atestados médicos na mão, os avós e seus netos. Uma mistura capaz de botar fogo no Janguitão caldeirão.

Por falar em neto, consegui mudar do Ben 10 para o Bob Esponja. O menino que salva o mundo dos alienígenas usa uma horrível roupa verde, um péssimo exemplo. Contra maus exemplos, não vou incentivar ninguém a faltar aula, dar o golpe no expediente, mas que o amigo vai fazer falta, até o Bob Esponja sabe.

 

sábado, 8 de setembro de 2012

HABILITAR MEU SMART


Eram 35 minutos de jogo e eu lasquei um auto-beliscão no braço, tentando acordar daquilo que só poderia ser um sonho. Nada mudou. Eu estava acordado, o quarto gol, em arrancada de Marcão, era verdade gloriosa. Os meses de dureza, gols a conta-gotas, tinham se acabado, havia folga imensa no placar, o coração podia descansar, o corpo velho relaxar, ver um final de partida sem ranger os dentes, preocupar-se com a síndrome dos 35 do segundo tempo.

Um minuto e Henrique fez um a zero. Da esquerda, da quina da grande área, acertou um chute daqueles que a bola ganha vida própria, decidida a ir para dentro das redes. Decidida estava, decidida foi. Não troca essa bola.

Aos 10, Botelho serve Elias, dois a zero. Aos 29, Marcão lança Elias dentro da área, a finalização acontece, a bola generosa bate no zagueiro e sobra para Marcelo, três a zero. Aos 35, Naldo vai para o desarme no meio campo, o choque resulta em esticada longa para Marcão avançar e finalizar rasteiro, quatro a zero. O jogo acabou.

A força da marcação geradora do quarto gol foi uma das razões da goleada. Os passes em velocidade, o acerto dos passes, outra condição importante. O entrosamento entre Botelho e Elias, o esforço pelo corredor direito do Barueri, com Botelho, Elias e Henrique, a manobra decisiva. Acresça-se a essa salada de acertos o molho indispensável, a fragilidade do Barueri. Eu quero é isso, time envolvente, adversários fracos, três pontos na bagagem.

A contusão de Marcelo trouxe Ricardinho após o intervalo. Jogadores de mesma característica. Olha o Nhô Drub trocando pão de queijo por pão de queijo. Parabéns.

Aos 6, Elias passa a Botelho área adentro, cinco a zero. Esses dois acertaram o passo. Aos 16, Ricardinho chuta de fora, o goleiro desvia, bola na trave, volta nos pés de Marcão, seis a zero. A história dos gols acaba aqui.

Aos 18 Ligüera entra no lugar de Elias. Olha o Nhô Drub sem inventar de novo.

Devia haver uma regra no futebol que possibilitasse a um dos competidores solicitar o fim da partida em caso de irreversibilidade do placar. Houvesse, o Barueri jogaria a toalha aos vinte e poucos e todos iríamos dormir mais cedo, ou ficaríamos bebendo cerveja, recontando os gols, os lances, as espertezas do Nhô Drub. Outro mais assanhado poderia ter, finalmente, aquela noite de sexo selvagem, há tanto tempo empatada pelo stress pós-partida.

Se pudesse fazer um reparo, gostaria que Maranhão aperfeiçoasse os cruzamentos, é um desperdício vê-lo correr os 90 minutos e seus passes acabarem sempre nas mãos do goleiro. Hoje é impossível parar de estudar, se aperfeiçoar. Por que um jogador não pode perder meio hora por dia cruzando bolas, para sua própria valorização e a minha alegria.

Sem mais reparos. Vou já para o computador, habilitar meu smart.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

NOSSA INDEPENDÊNCIA


Depois de uma manhã de desfiles, a história pátria contada pelos velhos guerreiros da FEB – por mais terras que eu percorra, não permita Deus que morra, sem que eu volte para lá –, pelas crianças e suas fanfarras, pelo povo nas ruas festejando a independência, o gesto de Dom Pedro, o Primeiro, que se tem estátua aqui, tem também no centro de Lisboa, herói de pai e filho, almocei com a minha caixinha Brasil pulando dentro do peito e esperei o tempo passar, lento, ansioso para rever a seleção em território nacional.

A hora chegou e com ela as trapalhadas. A camisa, com manga de jaleco de vendedor de cachorro-quente, tem que ser trocada, a braçadeira do capitão é improvisada com esparadrapo, rasga-se a camisa no sovaco mais agudo, a mais fortezinha foi desprezada na Suécia, era muito pesada, a tecnológica não resiste ao desodorante do zagueiro. Tudo errado. Vamos para o jogo, vai ver dá certo, o adversário é a África do Sul.

Começa a pelada e o time do seu Mano enrosca na marcação. O meio de campo não funciona, Oscar tem que vir buscar a bola dos zagueiros, os zagueiros são ruins que dói, os laterais não passam, Ramires faz número, Rômulo é Rômulo, os craques Neymar e Lucas são bloqueados, Damião é Damião. Quando eu já estava cansado de ver, olhei o tempo, eram ainda 9 minutos e 53 segundos.  O intervalo demorou a chegar.

Voltou a canarinho sem alterações. Vai ver pega no tranco, desce uma luz sobre o Bambi Stadium em desfazimento. Esperança irmão.

Que nada. O enrosco continua e as substituições só complicam, até que, olha a luz descendo, Hulk lança David Luiz pela esquerda, a finalização acontece, o goleiro rebate, bola nos pés do Hulk, a bomba, gol. Os brasileirinhos na arquibancada, de todas as cores e origens, vibram com o gol do super-herói.

Na televisão, vejo o Reginaldo Faria, o galã Reginaldo, fazendo papel de espírito. Vai ver foi ele que baixou no Bambi Stadium. Ufa. Ganhamos.

O único que pode ter tirado proveito deste jogo foi o coroado compositor brasileiro Latino, que poderá criar um novo hit do mau gosto, o festa no Morumbi, o refrão saído dos nomes dos valentes guerreiros africanos Shabango, Shabala.  

Tá rindo. Mais tarde tem Atlético e Barueri. Vai ver encaminhamos nossa independência.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MAGNÍFICOS TRÊS PONTOS


A entrada tardia dos torcedores no Janguitãozão me fez lembrar os anos da velha Baixada, quando os jogos da tarde eram às três e meia e eu, debaixo do placar, ficava vendo o jogo e espiando os portões da Buenos Aires, torcendo pela entrada dos torcedores, uma renda melhor, naqueles tempos a única fonte de recursos do Furacão. Coisa de maluco, onde já se viu um piá preocupar-se com futebol e bilheteria.  Coisas que o Atlético faz com você.

Sai da Baixada e acordei em pelada no campo do Ypiranga, ali, meio Água Verde, meio Vila Guaíra, na época em que o profissionalismo era quase amador e o amadorismo um momento de amor. A bola sobe na área atleticana, Naldo “faia” feio, gol do Boa. Coisas do velho amadorismo. Sete minutos. Gostaria de um zagueiro chamado Fé, segundo Gilberto Gil, a fé não costuma “faiá”.

É inacreditável. A defesa erra, o inimigo marca. Não tem erro. Aí é “pacabá”.

Aos 14 minutos, o Atlético tinha feito 6 cruzamentos, 3 de cada lado. Nenhum chegou perto de cabeça rubro-negra. Quem vê futebol inglês fica espantado com a precisão dos cruzamentos, o atacante sempre com chance. No Furacão é uma varada para dentro da área, um seja o que Deus quiser. Marcão ou passou da bola, ou está atrasado. Dá-lhe fé, treinar, treinar, treinar.

Sereno, o Boa recuou e esperou o Atlético. Trocando passes pelo meio, Felipe e Henrique fecham demais, a defesa mineira sequer precisou fazer faltas, foi interceptando passes e gastando o tempo. Empacado o trem, aos 27, Nhô Drub colocou Marcelo no lugar de Felipe, um toque-toque por um pegue-me se puderes. O resultado, difícil saber. Pelo menos o papa-léguas consegue as faltas para bola parada. Aos 43 cruza e Elias cabeceia para fora. Vamos para a pipoca.

O segundo tempo traz Baier no lugar de João Paulo. Elias volta para tentar o lance longo, Baier se aproxima do ataque. Voltamos ao volante único de Don Juan. Funcionou. Aos 7, Botelho cruza, Marcelo se antecipa ao zagueiro e empata. Aos 19, Baier bate falta, a defesa falha, sobra para Marcelo virar o placar.

Na sua passagem pelo Santos, o nosso Kleber fez montões de gols e creditaram seu sucesso à alta velocidade em pequenos espaços. Assim é Marcelo, o zagueiro bobeou, chega na frente, se vai marcar é outra novela. Acho que jogador se escala, Marcelo tem que jogar.

De novo o Furacão deixou a desejar. Foi melhor no segundo tempo? Nem tanto, a bola entrou, fiquei louco de feliz. Ficaria mais se Ricardinho e Edigar treinassem no time reserva, são mais incisivos que Felipe e Henrique. Ligüera no banco seria bom. Estou reclamando do quê? Ganhamos, vamos comemorar.

Não foi aquele 6 a 1 que vi contra o Caramuru de Castro lá na velha Baixada, foi um 2 a 1 suado, contra o Boa Esporte, no Ecoestádio. O que mudou? Mudou o valor da vitória, hoje valem três pontos, magníficos três pontos.

 

sábado, 1 de setembro de 2012

JOGO É JOGO


– Meu Deus do céu! O jogo nem começou e você já está nesta irritação toda. Você vai enfartar. – Diz a esposa sábia, empenhada em fazer um chazinho de camomila na cozinha e preocupada com minha recepção ruidosa à escalação do Atlético.

 – Então venha ver a meleca que o Nhô Drub fez –, respondo eu inconformado.

A entrada de Zezinho no lugar de Elias é uma dessas bombas táticas que detonam 45 minutos de jogo. Lançado o rojão monstruoso, só resta esperar o intervalo para que se comece tudo de novo. Não tem volta.

Fico indagando de onde sai uma ideia dessas? Como se pode imputar a Elias a falta de gols rubro-negros? Imagino que treinos espetaculares faz Zezinho para ser visto como a solução do problema. Então, lembro de Didi, a bola na mão, caminhando para o meio do campo após o primeiro gol da Suécia na final de 58. Nas vésperas da Copa, alguém pensou trocar Didi por Moacir, sob a alegação de que o inventor da folha seca não se empenhava nos treinamentos. O príncipe etíope, como o chamava Nelson Rodrigues, replicou: treino é treino, jogo é jogo.

Muitos acham Petraglia autoritário, eu o acho um São Francisco de chuteiras. Fosse comigo, ante o monstrengo em gestação, chamaria Nhô Drub para um cafezinho e diria paternalmente: “Meu querido, este é um negócio caríssimo, isto que você quer fazer está fora de cogitação. Tome o seu café, volte lá e invente outra”.  Se o querido viesse com um “veja bem” – odeio “veja bem” –, colocaria a mão no ombro do prezado e finalizaria: “Pegue um pãozinho de queijo e vá fazer o que eu mandei”.

O Atlético fez um péssimo primeiro tempo, perdeu Manoel por contusão, Deivid no intervalo pelo mesmo motivo, e Nhô Drub ficou sem fazer a substituição que poderia dar vida ao time. Ainda por cima, azar. Azar nada, aos 18 o treinador tira Zezinho – o menino ficou tão inibido com sua escalação que teve produção nula – e quem entra? Marcelo. É de tirar as calças pela cabeça. Fosse eu o Elias, o Ligüera, iria pedir permissão ao professor para tomar banho mais cedo.

Aos 32, gol do Ipatinga, um branco geral da defesa, até Weverton falhou. Daí é esperar por quem tem qualidade. E quem tem qualidade no Atlético é João Paulo. Aos 42, em chute de fora, o empate aconteceu. Bons jogadores são indispensáveis, resolvem problemas. O Atlético ficou de quatro para o Coritiba tantas vezes, graças ao seu Leandro Donizeti, que hoje leva o Galo ao seu segundo Brasileiro.  Tem que contratar gente assim.

O tempo acabou com o Atlético perdendo gols, seu Marcão que o diga. Não mereceu vencer. Não foi só o Marcão que teve uma noite negra, o Nhô Drub fez todas as melecas possíveis. O empate caiu do céu.

Nhô Drub tem que se cuidar, fazer o simples, ficar do tamanho do seu sapato, colocar em campo quem tem experiência e qualidade para resolver. No mínimo lembrar de Didi, da frase célebre, treino é treino, jogo é jogo.