sábado, 8 de setembro de 2012

HABILITAR MEU SMART


Eram 35 minutos de jogo e eu lasquei um auto-beliscão no braço, tentando acordar daquilo que só poderia ser um sonho. Nada mudou. Eu estava acordado, o quarto gol, em arrancada de Marcão, era verdade gloriosa. Os meses de dureza, gols a conta-gotas, tinham se acabado, havia folga imensa no placar, o coração podia descansar, o corpo velho relaxar, ver um final de partida sem ranger os dentes, preocupar-se com a síndrome dos 35 do segundo tempo.

Um minuto e Henrique fez um a zero. Da esquerda, da quina da grande área, acertou um chute daqueles que a bola ganha vida própria, decidida a ir para dentro das redes. Decidida estava, decidida foi. Não troca essa bola.

Aos 10, Botelho serve Elias, dois a zero. Aos 29, Marcão lança Elias dentro da área, a finalização acontece, a bola generosa bate no zagueiro e sobra para Marcelo, três a zero. Aos 35, Naldo vai para o desarme no meio campo, o choque resulta em esticada longa para Marcão avançar e finalizar rasteiro, quatro a zero. O jogo acabou.

A força da marcação geradora do quarto gol foi uma das razões da goleada. Os passes em velocidade, o acerto dos passes, outra condição importante. O entrosamento entre Botelho e Elias, o esforço pelo corredor direito do Barueri, com Botelho, Elias e Henrique, a manobra decisiva. Acresça-se a essa salada de acertos o molho indispensável, a fragilidade do Barueri. Eu quero é isso, time envolvente, adversários fracos, três pontos na bagagem.

A contusão de Marcelo trouxe Ricardinho após o intervalo. Jogadores de mesma característica. Olha o Nhô Drub trocando pão de queijo por pão de queijo. Parabéns.

Aos 6, Elias passa a Botelho área adentro, cinco a zero. Esses dois acertaram o passo. Aos 16, Ricardinho chuta de fora, o goleiro desvia, bola na trave, volta nos pés de Marcão, seis a zero. A história dos gols acaba aqui.

Aos 18 Ligüera entra no lugar de Elias. Olha o Nhô Drub sem inventar de novo.

Devia haver uma regra no futebol que possibilitasse a um dos competidores solicitar o fim da partida em caso de irreversibilidade do placar. Houvesse, o Barueri jogaria a toalha aos vinte e poucos e todos iríamos dormir mais cedo, ou ficaríamos bebendo cerveja, recontando os gols, os lances, as espertezas do Nhô Drub. Outro mais assanhado poderia ter, finalmente, aquela noite de sexo selvagem, há tanto tempo empatada pelo stress pós-partida.

Se pudesse fazer um reparo, gostaria que Maranhão aperfeiçoasse os cruzamentos, é um desperdício vê-lo correr os 90 minutos e seus passes acabarem sempre nas mãos do goleiro. Hoje é impossível parar de estudar, se aperfeiçoar. Por que um jogador não pode perder meio hora por dia cruzando bolas, para sua própria valorização e a minha alegria.

Sem mais reparos. Vou já para o computador, habilitar meu smart.

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