Eram 35 minutos de jogo e eu lasquei
um auto-beliscão no braço, tentando acordar daquilo que só poderia ser um
sonho. Nada mudou. Eu estava acordado, o quarto gol, em arrancada de Marcão, era
verdade gloriosa. Os meses de dureza, gols a conta-gotas, tinham se acabado,
havia folga imensa no placar, o coração podia descansar, o corpo velho relaxar,
ver um final de partida sem ranger os dentes, preocupar-se com a síndrome dos
35 do segundo tempo.
Um minuto e Henrique fez um a zero. Da
esquerda, da quina da grande área, acertou um chute daqueles que a bola ganha
vida própria, decidida a ir para dentro das redes. Decidida estava, decidida
foi. Não troca essa bola.
Aos 10, Botelho serve Elias, dois a
zero. Aos 29, Marcão lança Elias dentro da área, a finalização acontece, a bola
generosa bate no zagueiro e sobra para Marcelo, três a zero. Aos 35, Naldo vai
para o desarme no meio campo, o choque resulta em esticada longa para Marcão
avançar e finalizar rasteiro, quatro a zero. O jogo acabou.
A força da marcação geradora do quarto
gol foi uma das razões da goleada. Os passes em velocidade, o acerto dos
passes, outra condição importante. O entrosamento entre Botelho e Elias, o
esforço pelo corredor direito do Barueri, com Botelho, Elias e Henrique, a
manobra decisiva. Acresça-se a essa salada de acertos o molho indispensável, a
fragilidade do Barueri. Eu quero é isso, time envolvente, adversários fracos,
três pontos na bagagem.
A contusão de Marcelo trouxe
Ricardinho após o intervalo. Jogadores de mesma característica. Olha o Nhô Drub
trocando pão de queijo por pão de queijo. Parabéns.
Aos 6, Elias passa a Botelho área
adentro, cinco a zero. Esses dois acertaram o passo. Aos 16, Ricardinho chuta
de fora, o goleiro desvia, bola na trave, volta nos pés de Marcão, seis a zero.
A história dos gols acaba aqui.
Aos 18 Ligüera entra no lugar de
Elias. Olha o Nhô Drub sem inventar de novo.
Devia haver uma regra no futebol que
possibilitasse a um dos competidores solicitar o fim da partida em caso de
irreversibilidade do placar. Houvesse, o Barueri jogaria a toalha aos vinte e
poucos e todos iríamos dormir mais cedo, ou ficaríamos bebendo cerveja,
recontando os gols, os lances, as espertezas do Nhô Drub. Outro mais assanhado
poderia ter, finalmente, aquela noite de sexo selvagem, há tanto tempo empatada
pelo stress pós-partida.
Se pudesse fazer um reparo, gostaria
que Maranhão aperfeiçoasse os cruzamentos, é um desperdício vê-lo correr os 90
minutos e seus passes acabarem sempre nas mãos do goleiro. Hoje é impossível parar
de estudar, se aperfeiçoar. Por que um jogador não pode perder meio hora por
dia cruzando bolas, para sua própria valorização e a minha alegria.
Sem mais reparos. Vou já para o
computador, habilitar meu smart.
Nenhum comentário:
Postar um comentário