sábado, 1 de setembro de 2012

JOGO É JOGO


– Meu Deus do céu! O jogo nem começou e você já está nesta irritação toda. Você vai enfartar. – Diz a esposa sábia, empenhada em fazer um chazinho de camomila na cozinha e preocupada com minha recepção ruidosa à escalação do Atlético.

 – Então venha ver a meleca que o Nhô Drub fez –, respondo eu inconformado.

A entrada de Zezinho no lugar de Elias é uma dessas bombas táticas que detonam 45 minutos de jogo. Lançado o rojão monstruoso, só resta esperar o intervalo para que se comece tudo de novo. Não tem volta.

Fico indagando de onde sai uma ideia dessas? Como se pode imputar a Elias a falta de gols rubro-negros? Imagino que treinos espetaculares faz Zezinho para ser visto como a solução do problema. Então, lembro de Didi, a bola na mão, caminhando para o meio do campo após o primeiro gol da Suécia na final de 58. Nas vésperas da Copa, alguém pensou trocar Didi por Moacir, sob a alegação de que o inventor da folha seca não se empenhava nos treinamentos. O príncipe etíope, como o chamava Nelson Rodrigues, replicou: treino é treino, jogo é jogo.

Muitos acham Petraglia autoritário, eu o acho um São Francisco de chuteiras. Fosse comigo, ante o monstrengo em gestação, chamaria Nhô Drub para um cafezinho e diria paternalmente: “Meu querido, este é um negócio caríssimo, isto que você quer fazer está fora de cogitação. Tome o seu café, volte lá e invente outra”.  Se o querido viesse com um “veja bem” – odeio “veja bem” –, colocaria a mão no ombro do prezado e finalizaria: “Pegue um pãozinho de queijo e vá fazer o que eu mandei”.

O Atlético fez um péssimo primeiro tempo, perdeu Manoel por contusão, Deivid no intervalo pelo mesmo motivo, e Nhô Drub ficou sem fazer a substituição que poderia dar vida ao time. Ainda por cima, azar. Azar nada, aos 18 o treinador tira Zezinho – o menino ficou tão inibido com sua escalação que teve produção nula – e quem entra? Marcelo. É de tirar as calças pela cabeça. Fosse eu o Elias, o Ligüera, iria pedir permissão ao professor para tomar banho mais cedo.

Aos 32, gol do Ipatinga, um branco geral da defesa, até Weverton falhou. Daí é esperar por quem tem qualidade. E quem tem qualidade no Atlético é João Paulo. Aos 42, em chute de fora, o empate aconteceu. Bons jogadores são indispensáveis, resolvem problemas. O Atlético ficou de quatro para o Coritiba tantas vezes, graças ao seu Leandro Donizeti, que hoje leva o Galo ao seu segundo Brasileiro.  Tem que contratar gente assim.

O tempo acabou com o Atlético perdendo gols, seu Marcão que o diga. Não mereceu vencer. Não foi só o Marcão que teve uma noite negra, o Nhô Drub fez todas as melecas possíveis. O empate caiu do céu.

Nhô Drub tem que se cuidar, fazer o simples, ficar do tamanho do seu sapato, colocar em campo quem tem experiência e qualidade para resolver. No mínimo lembrar de Didi, da frase célebre, treino é treino, jogo é jogo.

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