– Meu Deus do céu! O jogo nem começou
e você já está nesta irritação toda. Você vai enfartar. – Diz a esposa sábia,
empenhada em fazer um chazinho de camomila na cozinha e preocupada com minha recepção
ruidosa à escalação do Atlético.
– Então venha ver a meleca que o Nhô Drub fez –,
respondo eu inconformado.
A entrada de Zezinho no lugar de Elias
é uma dessas bombas táticas que detonam 45 minutos de jogo. Lançado o rojão
monstruoso, só resta esperar o intervalo para que se comece tudo de novo. Não
tem volta.
Fico indagando de onde sai uma ideia
dessas? Como se pode imputar a Elias a falta de gols rubro-negros? Imagino que
treinos espetaculares faz Zezinho para ser visto como a solução do problema. Então,
lembro de Didi, a bola na mão, caminhando para o meio do campo após o primeiro
gol da Suécia na final de 58. Nas vésperas da Copa, alguém pensou trocar Didi
por Moacir, sob a alegação de que o inventor da folha seca não se empenhava nos
treinamentos. O príncipe etíope, como o chamava Nelson Rodrigues, replicou:
treino é treino, jogo é jogo.
Muitos acham Petraglia autoritário, eu
o acho um São Francisco de chuteiras. Fosse comigo, ante o monstrengo em
gestação, chamaria Nhô Drub para um cafezinho e diria paternalmente: “Meu
querido, este é um negócio caríssimo, isto que você quer fazer está fora de cogitação.
Tome o seu café, volte lá e invente outra”. Se o querido viesse com um “veja bem” – odeio “veja
bem” –, colocaria a mão no ombro do prezado e finalizaria: “Pegue um pãozinho
de queijo e vá fazer o que eu mandei”.
O Atlético fez um péssimo primeiro
tempo, perdeu Manoel por contusão, Deivid no intervalo pelo mesmo motivo, e Nhô
Drub ficou sem fazer a substituição que poderia dar vida ao time. Ainda por
cima, azar. Azar nada, aos 18 o treinador tira Zezinho – o menino ficou tão
inibido com sua escalação que teve produção nula – e quem entra? Marcelo. É de
tirar as calças pela cabeça. Fosse eu o Elias, o Ligüera, iria pedir permissão
ao professor para tomar banho mais cedo.
Aos 32, gol do Ipatinga, um branco
geral da defesa, até Weverton falhou. Daí é esperar por quem tem qualidade. E
quem tem qualidade no Atlético é João Paulo. Aos 42, em chute de fora, o empate
aconteceu. Bons jogadores são indispensáveis, resolvem problemas. O Atlético
ficou de quatro para o Coritiba tantas vezes, graças ao seu Leandro Donizeti,
que hoje leva o Galo ao seu segundo Brasileiro. Tem que contratar gente assim.
O tempo acabou com o Atlético perdendo
gols, seu Marcão que o diga. Não mereceu vencer. Não foi só o Marcão que teve
uma noite negra, o Nhô Drub fez todas as melecas possíveis. O empate caiu do
céu.
Nhô Drub tem que se cuidar, fazer o
simples, ficar do tamanho do seu sapato, colocar em campo quem tem experiência
e qualidade para resolver. No mínimo lembrar de Didi, da frase célebre, treino
é treino, jogo é jogo.
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