Acostumado ao segundo andar da Arena,
onde o jogo é simplesmente assistido ao embalo da Fanáticos, esqueci o sabor
das proximidades do alambrado. As observações são ótimas. Alguém resolveu
invocar com a orelha do nove do CRB, “orelhudo, vai fazer uma plástica”, pegava
no pavilhão auricular do atacante o torcedor, outro pediu gol a Marcão, “prá
levantar tua autoestima”, um psicólogo de arquibancada. O Ecoestádio tem seus
encantos.
O Atlético treinou contra o CRB e
goleou com facilidade. Controlou o jogo, teve pouco trabalho defensivo, João
Paulo foi distribuindo, mudando o lado, Marcelo criando as jogadas pelas
laterais, Elias tentando se aproximar de Marcão, empacando na dificuldade do
atacante na atuação como pivô.
Quando o zero a zero começava a
incomodar, aos 34 minutos João Paulo lançou Botelho livre pela esquerda, o
cruzamento aconteceu e Elias em belo voleio marcou o primeiro. Aos 37, João
Paulo lançou Marcelo dentro da área, dois a zero. O artilheiro já perdera gol
certo aos 31, ao tentar finalizar de calcanhar ao invés de passar a Elias. Fim
do primeiro ato, palmas para João Paulo e Marcelo.
O time foi para o vestiário com a
partida ganha, o CRB já trocara dois por contusão, pouco poderia fazer. O Atlético voltou sem substituições, mas com
uma modificação importante.
Não se sabe por que cargas d’água,
Marcelo desapareceu do jogo. Esqueceu o lado do campo, foi jogar ao lado de
Marcão e abduzido por nave extraterrestre assistindo a pelada sobre o Barigui.
Cadê o Marcelo, perguntei. Ninguém sabia. Sem Marcelo pelos flancos, o ataque
parou.
Aos 23, a defesa assistiu ao tricotar
do CRB e o impossível aconteceu, gol do time das letrinhas. Duas faltas
laterais e um escanteio foram os sinais da humilde melhora que resultou no gol.
Uma bobeada tremenda, as piadinhas de alambrado perderam a graça. Ai! Ai! Ai!
Assustado, o alienígena rubro-negro
liberou Marcelo. Taiberson brigou pela bola, sobra para Marcão, daí a Elias,
então para Marcelo, três a um. Eram 25 minutos. Ainda bem. Palmas para o
papa-léguas.
Baier entrou no lugar de Elias e, aos
37, recebeu de Henrique dentro da área, chutou colocado, quatro a um. Hora de
ir para casa, atravessar a passarela ao som de “o furacão voltou”, ouvir as
entrevistas no rádio do carro.
Botelho fez umas gracinhas perigosas,
ele e Daniel levaram amarelos sem necessidade. Marcão sofreu no ataque, suas
dificuldades na troca curta de passes é evidente. As dimensões do Ecoestádio
dificultam. Talvez fosse melhor termos alguém de maior habilidade no comando do
ataque ao jogarmos em Curitiba. Quem? Trabalho pro Nhô Drub.
A rodada acabou e estamos no G4. A
torcida está com o sorriso de orelha a orelha. Depois de tanto sofrer, de tanto
mudar de casa, o atleticano merece comemorar o momento, ter um up na sua
autoestima.
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