A entrada tardia dos torcedores no
Janguitãozão me fez lembrar os anos da velha Baixada, quando os jogos da tarde
eram às três e meia e eu, debaixo do placar, ficava vendo o jogo e espiando os portões
da Buenos Aires, torcendo pela entrada dos torcedores, uma renda melhor,
naqueles tempos a única fonte de recursos do Furacão. Coisa de maluco, onde já
se viu um piá preocupar-se com futebol e bilheteria. Coisas que o Atlético faz com você.
Sai da Baixada e acordei em pelada no
campo do Ypiranga, ali, meio Água Verde, meio Vila Guaíra, na época em que o
profissionalismo era quase amador e o amadorismo um momento de amor. A bola
sobe na área atleticana, Naldo “faia” feio, gol do Boa. Coisas do velho
amadorismo. Sete minutos. Gostaria de um zagueiro chamado Fé, segundo Gilberto
Gil, a fé não costuma “faiá”.
É inacreditável. A defesa erra, o
inimigo marca. Não tem erro. Aí é “pacabá”.
Aos 14 minutos, o Atlético tinha feito
6 cruzamentos, 3 de cada lado. Nenhum chegou perto de cabeça rubro-negra. Quem
vê futebol inglês fica espantado com a precisão dos cruzamentos, o atacante sempre
com chance. No Furacão é uma varada para dentro da área, um seja o que Deus
quiser. Marcão ou passou da bola, ou está atrasado. Dá-lhe fé, treinar,
treinar, treinar.
Sereno, o Boa recuou e esperou o
Atlético. Trocando passes pelo meio, Felipe e Henrique fecham demais, a defesa
mineira sequer precisou fazer faltas, foi interceptando passes e gastando o
tempo. Empacado o trem, aos 27, Nhô Drub colocou Marcelo no lugar de Felipe, um
toque-toque por um pegue-me se puderes. O resultado, difícil saber. Pelo menos
o papa-léguas consegue as faltas para bola parada. Aos 43 cruza e Elias
cabeceia para fora. Vamos para a pipoca.
O segundo tempo traz Baier no lugar de
João Paulo. Elias volta para tentar o lance longo, Baier se aproxima do ataque.
Voltamos ao volante único de Don Juan. Funcionou. Aos 7, Botelho cruza, Marcelo
se antecipa ao zagueiro e empata. Aos 19, Baier bate falta, a defesa falha,
sobra para Marcelo virar o placar.
Na sua passagem pelo Santos, o nosso
Kleber fez montões de gols e creditaram seu sucesso à alta velocidade em
pequenos espaços. Assim é Marcelo, o zagueiro bobeou, chega na frente, se vai
marcar é outra novela. Acho que jogador se escala, Marcelo tem que jogar.
De novo o Furacão deixou a desejar. Foi
melhor no segundo tempo? Nem tanto, a bola entrou, fiquei louco de feliz. Ficaria
mais se Ricardinho e Edigar treinassem no time reserva, são mais incisivos que
Felipe e Henrique. Ligüera no banco seria bom. Estou reclamando do quê?
Ganhamos, vamos comemorar.
Não foi aquele 6 a 1 que vi contra o
Caramuru de Castro lá na velha Baixada, foi um 2 a 1 suado, contra o Boa
Esporte, no Ecoestádio. O que mudou? Mudou o valor da vitória, hoje valem três
pontos, magníficos três pontos.
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