Depois de uma manhã de desfiles, a
história pátria contada pelos velhos guerreiros da FEB – por mais terras que eu
percorra, não permita Deus que morra, sem que eu volte para lá –, pelas crianças
e suas fanfarras, pelo povo nas ruas festejando a independência, o gesto de Dom
Pedro, o Primeiro, que se tem estátua aqui, tem também no centro de Lisboa,
herói de pai e filho, almocei com a minha caixinha Brasil pulando dentro do
peito e esperei o tempo passar, lento, ansioso para rever a seleção em
território nacional.
A hora chegou e com ela as
trapalhadas. A camisa, com manga de jaleco de vendedor de cachorro-quente, tem
que ser trocada, a braçadeira do capitão é improvisada com esparadrapo,
rasga-se a camisa no sovaco mais agudo, a mais fortezinha foi desprezada na
Suécia, era muito pesada, a tecnológica não resiste ao desodorante do zagueiro.
Tudo errado. Vamos para o jogo, vai ver dá certo, o adversário é a África do
Sul.
Começa a pelada e o time do seu Mano
enrosca na marcação. O meio de campo não funciona, Oscar tem que vir buscar a
bola dos zagueiros, os zagueiros são ruins que dói, os laterais não passam,
Ramires faz número, Rômulo é Rômulo, os craques Neymar e Lucas são bloqueados,
Damião é Damião. Quando eu já estava cansado de ver, olhei o tempo, eram ainda
9 minutos e 53 segundos. O intervalo
demorou a chegar.
Voltou a canarinho sem alterações. Vai
ver pega no tranco, desce uma luz sobre o Bambi Stadium em desfazimento.
Esperança irmão.
Que nada. O enrosco continua e as
substituições só complicam, até que, olha a luz descendo, Hulk lança David Luiz
pela esquerda, a finalização acontece, o goleiro rebate, bola nos pés do Hulk,
a bomba, gol. Os brasileirinhos na arquibancada, de todas as cores e origens, vibram
com o gol do super-herói.
Na televisão, vejo o Reginaldo Faria,
o galã Reginaldo, fazendo papel de espírito. Vai ver foi ele que baixou no
Bambi Stadium. Ufa. Ganhamos.
O único que pode ter tirado proveito
deste jogo foi o coroado compositor brasileiro Latino, que poderá criar um novo
hit do mau gosto, o festa no Morumbi, o refrão saído dos nomes dos valentes
guerreiros africanos Shabango, Shabala.
Tá rindo. Mais tarde tem Atlético e
Barueri. Vai ver encaminhamos nossa independência.
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