sexta-feira, 7 de setembro de 2012

NOSSA INDEPENDÊNCIA


Depois de uma manhã de desfiles, a história pátria contada pelos velhos guerreiros da FEB – por mais terras que eu percorra, não permita Deus que morra, sem que eu volte para lá –, pelas crianças e suas fanfarras, pelo povo nas ruas festejando a independência, o gesto de Dom Pedro, o Primeiro, que se tem estátua aqui, tem também no centro de Lisboa, herói de pai e filho, almocei com a minha caixinha Brasil pulando dentro do peito e esperei o tempo passar, lento, ansioso para rever a seleção em território nacional.

A hora chegou e com ela as trapalhadas. A camisa, com manga de jaleco de vendedor de cachorro-quente, tem que ser trocada, a braçadeira do capitão é improvisada com esparadrapo, rasga-se a camisa no sovaco mais agudo, a mais fortezinha foi desprezada na Suécia, era muito pesada, a tecnológica não resiste ao desodorante do zagueiro. Tudo errado. Vamos para o jogo, vai ver dá certo, o adversário é a África do Sul.

Começa a pelada e o time do seu Mano enrosca na marcação. O meio de campo não funciona, Oscar tem que vir buscar a bola dos zagueiros, os zagueiros são ruins que dói, os laterais não passam, Ramires faz número, Rômulo é Rômulo, os craques Neymar e Lucas são bloqueados, Damião é Damião. Quando eu já estava cansado de ver, olhei o tempo, eram ainda 9 minutos e 53 segundos.  O intervalo demorou a chegar.

Voltou a canarinho sem alterações. Vai ver pega no tranco, desce uma luz sobre o Bambi Stadium em desfazimento. Esperança irmão.

Que nada. O enrosco continua e as substituições só complicam, até que, olha a luz descendo, Hulk lança David Luiz pela esquerda, a finalização acontece, o goleiro rebate, bola nos pés do Hulk, a bomba, gol. Os brasileirinhos na arquibancada, de todas as cores e origens, vibram com o gol do super-herói.

Na televisão, vejo o Reginaldo Faria, o galã Reginaldo, fazendo papel de espírito. Vai ver foi ele que baixou no Bambi Stadium. Ufa. Ganhamos.

O único que pode ter tirado proveito deste jogo foi o coroado compositor brasileiro Latino, que poderá criar um novo hit do mau gosto, o festa no Morumbi, o refrão saído dos nomes dos valentes guerreiros africanos Shabango, Shabala.  

Tá rindo. Mais tarde tem Atlético e Barueri. Vai ver encaminhamos nossa independência.

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