quarta-feira, 31 de julho de 2013

TEM QUE SER JÁ

Contra fotos não há argumentos. Se as notícias sobre a Arena podem desanimar alguns menos confiantes, as últimas fotos aéreas da magnífica construção mostram o adiantado da obra, 80% da primeira fase já concluídos. A construção não para mesmo com todos os empecilhos colocados por aqueles que desde o início se motivaram a causar problemas. O avanço é irreversível.

O que se vê na construção é o espírito que moveu o Atlético durante a sua história de lutas. As dificuldades sempre foram imensas, os maus resultados frequentes, os sucessos episódicos. Nunca, entretanto, o desânimo tomou conta do seu povo, o crescimento da torcida aconteceu vertiginoso, como se o insucesso alimentasse a chama da paixão por time em que as cores da camisa eram quase o único alimento a mantê-la acesa.

Assim fomos crescendo. Aumentam-se umas fileiras de arquibancada na velha Baixada, a iluminação, a infeliz mudança para o Pinheirão, o feliz retorno, novas arquibancadas nas laterais do campo, cria-se o tobogã, chegamos a 1995 e damos o salto definitivo para a nova Arena.

O Atlético nunca parou, deu passos diminutos, perdeu o rumo, voltou ao lar, reergueu-se, deu exemplo ao país da bola. Muitas lideranças conduziram esse caminhar, sacrificaram-se, mostraram seu amor ao clube, deixaram seus nomes na história. Liderada por essa gente apaixonada, empreendedora, a torcida foi fiel companheira, nunca faltou ao seu compromisso, esteve sempre presente, compreensiva, calorosa, intimidante.

Quem hoje se recolhe ao sofá, grita aos quatro ventos que quer time, não tem a menor noção de para que times nós, os velhos, torcemos, que jogadores motivamos, quantas chuvas e trovoadas aguentamos no lombo, quantas lágrimas derramamos pela conquista de um mísero Paranaense. Meninos, vocês são uns felizardos, nasceram filhos das vitórias, dos bons tempos.

Fruto desse tempo de vacas gordas, alguns aboletados na primeira divisão, antigamente apenas um sonho, não tem paciência, não compreendem a necessidade do ultrapassar etapas para a consecução do objetivo maior, exigem time, querem vitórias a todo custo.

O espírito atleticano exige muito mais. Eu sei que os tempos estão bicudos, tudo é caro, o governo diz que tudo vai bem e o tomate grita o contrário. Eu sei que para muitos está mais que difícil. Mas tem gente que pode se associar, fazer um mínimo pelo clube, e está protelando a decisão, perdendo oportunidades, dando de ombros para o clube do seu coração.

A final da Libertadores mostrou o rumo do preço dos ingressos. Na média, cada ingresso para a final custou 250 reais. O futebol, para o bem ou para o mal, vai se elitizar. No último Atletiba, o ingresso pago pelos rubro-negros ficou em 190 reais. A associação ao clube é a única garantia de se assistir aos jogos a preços razoáveis.

O atleticano tem que fazer as contas, se puder, garantir o seu futuro nas arquibancadas. O Atlético precisa de você, e tem que ser já.

terça-feira, 30 de julho de 2013

SEU MELHOR GALINHEIRO

Paulo Baier parece vai ficar em Curitiba. Problema? Creio que não. Entra Elias no lugar de Baier, Everton no lugar de Zezinho, o time está pronto. Quer mudar mais um pouco? João Paulo substitui Juninho. Quer dar um jeito mínimo na defesa? Volta Léo para a esquerda, Jonas entra na direita.

Qual o efeito dessas mudanças? Baier e Elias se equivalem. Everton no lugar de Zezinho é mudança radical, fortalece o ataque, o armador tem fôlego para ir e vir, ajudar a defesa quando necessário. João Paulo tem melhor saída de bola que Juninho, favorece o jogo ofensivo, possibilita o exercício do chute de fora com qualidade, em nada se perde defensivamente. Jonas e Léo podem se dedicar mais à marcação, sem tanta preocupação com o ataque. As voltas de Elias e João Paulo trazem gente com fome de bola ao time.

Há temor exagerado em se enfrentar o Galo no Independência. O caldeirão do América caiu como uma luva para as apresentações do genérico mineiro. Lá, o time não perde. Assim também era o caldeirão rubro-negro, até que um dia perdemos, noutro fomos para a segunda divisão.

A torcida ajuda, é fundamental, mas o importante é o time. Esse o real problema. O grupo do Galo é muito bom, até entre os reservas goleados pelo Cruzeiro no domingo enxergam-se bons jogadores. Mesmo assim, esse time tem perdido com frequência. No Brasileiro nem se fala, foram 4 derrotas em 8 jogos. Na Libertadores, perdeu as primeiras partidas da semifinal e final. Ganhou o título nos pênaltis.

Já disse que o grupo do Galo é muito bom, não o estou desmerecendo, estou apenas dizendo que o time perde, tem qualidades imensas e vulnerabilidades. A sua principal vulnerabilidade é o conhecimento que se tem da equipe, na vitrine quarta e domingo há semanas. Outra é o cansaço, ninguém joga três campeonatos em seis meses e está tinindo fisicamente.

Seu Vavá deve saber tudo sobre o Galo. Sua irritação com a defesa não deve tornar o Atlético defensivo ao extremo, trocar o jogador de qualidade, capaz de dar solução à partida, por outro dedicado exclusivamente ao papel defensivo.

O Atlético vai levar gols? Muito provavelmente. Se não quiser perder vai ter que marcar... Marcar gols. Para isso é melhor ter um time em condições de defender e atacar dentro de campo desde o início da partida. Depois, é o inevitável duelo de vontades. Bem armado, consciente da possibilidade de vencer, encarando o Galo com sabedoria e raça os noventa minutos, temos chance de copiar a Raposa, carimbar as faixas do genérico, agora no seu melhor galinheiro.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

OPTAR PELA BRAVURA

Amigos, o dia amanheceu maravilhoso. Do meu observatório, um laranja forte emoldura a Serra do Mar, perde a força com o seu elevar, transforma-se num branco esfumaçado ainda em laranja e, finalmente, torna-se azul, um azul de pintura nova, suave, brilhante, um dia já sem Papa, mas como sempre, com a presença animadora do Criador. Próximo, a Arena magnífica acorda envolta em brumas, invisível, apenas a extremidade de um grande guindaste marca o local de intenso trabalho.

Amigos, o dia amanheceu maravilhoso, o meu querido Furacão fora da zona de rebaixamento.

Foi um pequeno passo, difícil, o inimigo dando alguma ajuda, esse é o futebol, impossível reclamar da boa sorte.

O dia especial marca o início de semana em que teremos pela frente o todo poderoso Galo campeão da Libertadores na quarta-feira. Aprontei-me para ver o clássico mineiro, conhecer o adversário em estado de graça e fui surpreendido pelo descanso dos seus titulares. Fiquei no desconhecimento, fui dar uma olhada em Corinthians e São Paulo.

O time do Morumbi vinha de sequência de derrotas, perder impossível. Autuori criativo apresenta ao mundo então o seu meio campo em diamante. É irmãos, diamante. O que é isso? O velho três volantes com Fabrício, Rodrigo Caio e Welington defendendo e Jadson esperneando para enfiar uma bola para Osvaldo ou Ademilson jogando pelos lados. Resultado, zero a zero.

O amigo vai imaginar que o empate em Minas é ótimo resultado, o Atlético bem poderia copiar o diamante do seu Autuori, trazer para Curitiba um zero a zero de enfartar rubro-negro. O seu Vavá, que se disse muito irritado com os dois gols tomados contra a Lusa, e com toda a razão, especialmente da maneira como foram ofertados à Portuguesa, bem poderia copiar os bambis em desespero.

Aí, eu me pelo de medo. A mostra de sábado comprovou que o problema da defesa do Atlético não se resolve com proteção, pode-se armar um ferrolho suíço e mesmo assim poderemos levar gols, como quase levou o São Paulo, Pato perdeu dois em ótimas condições. Tivesse marcado um, o diamante estaria definitivamente estilhaçado.  

O caso do Atlético é troca de peças. A prateleira está vazia, não há tempo para mudar esquemas, colocar em campo os meus três zagueiros sem qualquer treinamento. Então, se tomar gol é nosso destino, temos que fazer gols. Colocar em campo jogadores de ataque, entrar com Baier, Marcelo, Everton e o centroavante do dia, incomodar na frente, tentar marcar e orar pelo bom desempenho da tropa da retaguarda.

Bom estar atrás do teclado e ditar soluções para o seu Vavá. Vamos seu Vavá! Peleando em retirada, com pouca munição, se encolher perde, se tiver um momento de bravura, contar de novo com um mínimo de sorte, a vitória pode acontecer. Melhor optar pela bravura.

domingo, 28 de julho de 2013

NINGUÉM PARA TROCAR

Eu que esperava por surpresa no Canindé, comecei caindo da cadeira na entrada do time em campo. O time anunciado vinha com três volantes, Bruno Silva, Juninho e Zezinho. Levantei e tentei ser otimista, imaginei Zezinho fazendo a função de Everton, jogando no ataque, caindo pela esquerda. Em 5 minutos percebi o armador transformado em volante. A minha regra diz que time com três volantes é vitória certa... Do adversário.

Passam-se sete minutos e Manoel marca completando cabeceio de Luiz Alberto em escanteio. É hoje que eu vou queimar minha língua, louco de satisfeito. Toda regra tem exceção, vai ver hoje é dia de exceção.  

Nem se passaram quatro minutos, a Lusa ataca pela direita, Zezinho não impede o cruzamento, o atacante no meio da área cabeceia livre para companheiro entrando pela direita, Luiz Alberto aprecia, novo cabeceio, Weverton salva. A indigência da defesa no lance foi nível terceira divisão. Vai piorar. O escanteio é cobrado, Moisés cabeceia livre, Weverton assiste, jogo empatado.

Eu disse que iria piorar... Irmão... Estava só começando. Aos 22, Manoel dá um bico em Bruno Moraes dentro da área. Pênalti. Outro lance nível terceira divisão, inacreditável. Gilberto bate, gol, toca o Vira de Dois Pulos no Canindé.

Amigos, a defesa do Atlético é mata torcedor. Manoel é leão que morde o rabo a cada jogo. Weverton não faz milagre. Botelho, como diz o meu porteiro coxa, “é caso de empresário forte”. Luiz Alberto está alongando a carreira no meu Atlético. Com defesa desse padrão, procuramos atacante.

O Delegado pode fazer história no Rubro-Negro. Colocar o time na segunda divisão como treinador e diretor de futebol. Quer por que quer ser bi.

Perdidos em campo, dominados completamente, os jogadores vão para o vestiário agradecendo não ter levado o terceiro, o quarto. Jogar com três volantes serve para defender, arriscar um gol, e, conseguindo, voltar a defender. No Atlético, nem isso deu certo. Perdendo, o esquema é inútil, você tem que atacar e não tem jogadores para isso. Na volta, se um não sair, desligo a TV.

A luz baixa sobre a mente do seu Vavá. Entra Elias no lugar de Juninho. Aos três Souza cabeceia na trave, aos seis é expulso. Toca o Vira da Sorte no Canindé. O jogo muda de figura, a Portuguesa com dez, o Atlético com Baier e Léo pela direita, Elias na transição, Marcelo na esquerda explorando a veteranice de Correa, Dellatorre no meio dos zagueiros. A sorte ajuda e o Atlético tem em campo jogadores para virar o placar.

Marcelo faz sua parte pela esquerda, passa pelo marcador, cruza e Dellatorre marca o seu primeiro com a camisa do Furacão. Aos 47, Léo recebe passe longo de Elias, livra-se de dois, finaliza, a bola caprichosa encobre Lauro, bate no travessão e cai dentro do gol. Três a dois. Surpreendemos no Canindé.

O Atlético entrou em campo mal escalado, tomou um baile no primeiro tempo, a expulsão de Souza foi definitiva, vencemos, estou louco de feliz. João Paulo tem lugar nesse time com um pé nas costas, Elias é o primeiro na fila para entrar. Da defesa já falei, aliás, já estou cansado de falar. Trocamos centroavante a cada 45 minutos, por que não podemos trocar goleiro, zagueiros, laterais, onde mora o problema? O amigo se espanta com a minha pergunta, a resposta é óbvia, simplesmente, não há ninguém para trocar.

sábado, 27 de julho de 2013

PERDÃO PELO MEU ERRO

Petraglia falou e está falado: “Nos reunimos com a Prefeitura e Estado e entregamos o novo orçamento, final e definitivo, e o número é 265 milhões. Por quê? O orçamento de R$ 184,6 milhões foi baseado na data de novembro de 2010. A própria lei dos títulos dos potenciais construtivos prevê a correção pela inflação do setor da construção civil, ou seja, do CUB. Corrigindo esse valor pela correção dos 30 meses, que será o período da obra, nós temos um valor corrigido em torno de R$ 235 milhões”.

Ainda faltam 30 milhões, os 265 definitivos menos os 235 gerados pela correção pela inflação do setor da construção civil. Quais as causas desse acréscimo? Atrasos produzidos pela ação ou inação dos governos, da assembléia, da câmara, dos tribunais, de pessoas dedicadas ao insucesso rubro-negro, gerando meses a mais de contratação de equipamentos, funcionários, juros etc. Lembre o amigo que a Arena deveria estar pronta em fevereiro deste ano.

"De onde virá o dinheiro?”, pergunta o Presidente rubro-negro e responde de bate pronto: “Temos um acordo tripartite: Atlético, Prefeitura e Governo do Estado. Eu disse e repeti que se custasse mais caro, o CAP assumiria, desde que as coisas tivessem acontecido no tempo certo. Não podemos assumir o retardo de ações e omissões...” e por aí vai.

Só para finalizar, caberão ao Estado, Prefeitura e Atlético dívidas iguais no valor de 88,3 milhões, dívidas que se tudo tivesse corrido conforme o previsto custariam aos partícipes 61,9 milhões.

Diferença do inicial para o final, 26,4 milhões para cada contratante. Esse, irmãos paranaenses, é o preço da burrice.

Se alguém queria ferrar o Atlético, rejubile-se, ferrou. Se alguém se mordia com a utilização de recursos públicos na Copa, rasgue-se todo. Para esses que tudo fizeram para colocar pedras no caminho, o duro é não poder culpar o Atlético, ter que olhar para suas botas fumegantes e chorar o tiro no próprio pé que suas ações retardatórias produziram.

Os homens públicos paranaenses passaram certificado de burrice nível FIFA. Os idiotas que, por paixão clubística, geraram todo esse prejuízo devem estar comemorando, comemorando menos hospital, menos educação, menos...

Com tudo isso, a Arena terá o custo de seis mil reais por cadeira, o mais baixo de todos os estádios em construção. Imagine o amigo se a tropa não tivesse atrapalhado com tanta voluntariedade.

Todos esses fatos me aborrecem, assistir à mediocridade no meu próprio quintal é repugnante, mas o que fazer? Por uma indiscutível e irracional soberba sempre achei o meu Paraná livre de idiotas, pensei estarmos afastados das ignorâncias, das mentes primitivas, olhava o Brasil do seu Lula como algo distante, uma praga contida pelas águas do Iguaçu e do Paranapanema.

Amigos, errei, pequei pela soberba, por ver o Paraná de hoje com os olhos de ontem. A praga está aqui, espalhada nas elites rancorosas, gente a quem o estudo não conseguiu salvar da mais pura mediocridade. Amigos, pequei. Só tenho uma solução, vou ao Papa pedir perdão pelo meu erro.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

SURPREENDER NO CANINDÉ

Estou com um olho na Arena, outro na Portuguesa. Na Baixada em construção, a águia pousou. A monumental ponte metálica, que atravessa o campo todo, nesta semana chegou ao seu destino, colocou sua extremidade no pilar da Buenos Aires. Logo o trabalho estará terminado. Daí é passar de imediato à construção da equivalente do outro lado, no setor Brasílio Itibere, onde as arquibancadas estão sendo assentadas, mais um pouco teremos o fechamento de todo o segundo anel. Com a Arena não me preocupo, nem a FIFA.

O meu olho na Portuguesa assistiu a tamancada que o Santos deu no time lusitano na Vila Belmiro, um três a zero clássico.

Com um minuto, em jogada pela direita já estava um a zero. Aos dez, de novo pela direita, dois a zero. O jogo acabou. A Lusa organizada só foi se apresentar lá pelos vinte e cinco, forçou no ataque, o Santos se defendeu, foi para o contra-ataque e marcou o terceiro  no final do jogo. O goleiro Lauro evitou maior goleada, ajudou um bocado a defesa fraca na bola aérea.

O esquema lusitano é simples. Os dois zagueiros não abandonam a defesa, os laterais tentam chegar ao ataque, bloquear o avanço dos seus correspondentes jogando bem à frente. Deixam buracos imensos na retaguarda e pouco produzem ofensivamente. Luiz Ricardo, o lateral-direito, está sendo contratado pelo São Paulo. Pode estar fora do jogo.

Ferdinando é o volante que fica, e fica mesmo. O veterano Correa é o que vai, normalmente pela direita, tendo chance chuta de fora. Bate escanteios pelo setor, sempre na primeira trave, manda bala nas faltas diretas.

Os armadores são Canhete e Souza, você já o viu menino no São Paulo. Os dois correm em toda frente de ataque, trocando bolas, passes curtos, tentando dar o passe final para jogador colocado sobre a linha dos defensores. Souza joga mais pela direita, mas conseguiu melhores resultados contra o Santos entrando pela esquerda. Bate os escanteios por esse lado, todos dentro da pequena área, Weverton vai ter que se virar. É o homem a marcar.

Os atacantes são Diogo e Bruno Moraes. Diogo volta muito e joga na vertical, tem que dar no mínimo um drible para seguir em frente. Bruno joga centralizado, fazendo o pivô ou finalizando, fez gol de cabeça contra o Goiás no último fim de semana.

Dificilmente sai com a bola longa, toca desde a defesa, a redondoca tem que passar por Correa para ser encaminhada a Canhete ou Souza. Complicada a saída de bola, Canhete volta para buscar. A troca de bolas curtas por toda extensão do campo torna a equipe lenta, passível de erro de passe comprometedor. O time me pareceu cansado no final da partida.

Resumo da ópera. Acho que o Atlético do seu Vavá está mais organizado, motivado e preparado fisicamente que o time que viu nascer o mestre Djalma Santos. Vivo desde o primeiro minuto, com força e com raça, dá para surpreender no Canindé.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

UM TIME E UM SONHO

O futebol nos permite conclusões sem qualquer sentido. Melhor jogar contra o Timão do que contra o Papão parece ser uma delas. Frente ao Corinthians no domingo, o Atlético jogou bem, articulou boas jogadas, manteve a posse de bola durante bom espaço de tempo, tivesse vencido teria sido fruto do melhor futebol.

Enfrentando o confuso Paysandu, o Furacão quebrou a bola no primeiro tempo, mesmo com o gol de Baier aos quatro minutos, motivo para mais tranquilidade, teve dificuldades para cadenciar o jogo, ter superior controle da partida.

Mesmo assim, foi melhor, tentou o jogo lateral, avançou a defesa, tomou um susto tremendo aos dezenove – defesa em linha, cruzamento para jogador entrando livre, o inacreditável chute para fora –, forçou pelo meio, Marcão perdeu chance finalizando passe de Baier, o goleiro Marcelo fez boa defesa em chute de fora do velhinho. Ir para o vestiário com um a zero foi excelente.

Abre o segundo tempo com Dellatorre no lugar de Marcão. Creio que o seu Vavá está testando seus atacantes, quer observá-los com razoável tempo de jogo. Vai ter que escolher um logo. Atacantes perdem gols, a torcida pega no pé, mas não podem ser afastados por esses motivos. Marcão não é o Fred que pega na bola dois minutos por partida e faz um gol. Todos nós sabemos disso. Tem que ter permanência em campo, perder uns dois para fazer um. Outras vezes entra cinco minutos e marca, como contra a Ponte Preta em que nos deu a vitória.

Os nossos atacantes são assim, tem que dar muita enxadada para conseguir uma minhoca. Seu Vavá precisa escolher seu nove titular e dar tempo para ele explorar a horta com mais serenidade. Atacantes de meio tempo são homens ansiosos, inseguros.

A conversa do vestiário levou a campo um Atlético mais eficiente. Continuamos com Marcelo e Everton com boas atuações pelos lados, Dellatorre centralizado, Baier fazendo a transição. Num dos poucos momentos em que Marcelo trocou de posição com Delatorre surgiu o gol que nos levaria à próxima fase. Baier entrou pela esquerda, tocou a Marcelo dentro da área, o papa-léguas girou rápido e marcou. Era só segurar o resultado.

Então, o ex-atleticano Zé Antônio marcou, aproveitando rebote defensivo. A esperada pressão do Paysandu não aconteceu. Os lances de perigo na área rubro-negra foram fruto das inúmeras faltas cometidas pelos atleticanos na intermediária defensiva. Foram muitas, demais. Felizmente, nossa defesa parece ter participado de algumas boas aulas de bola aérea. O resultado o amigo sabe.

Do que gostei? Gostei muito dos laterais na marcação, o Papão não se criou pelos lados. Manoel foi muito bem. Baier, enquanto tiver gás, tem que jogar. Everton é ótimo jogador. Marcelo voltou aos tempos de série B. As entradas de Dellatorre, Palau e Elias foram importantes para mostrar que o Atlético tem elenco para enfrentar a competição. Confirmada a contratação de Thiago Feltri para a lateral-esquerda, faltará ainda um bom zagueiro.

A nau está entrando no rumo. Os jogos continuados podem dar ao Atlético o que ele não teve até agora, ritmo de competição. Confie rubro-negro, para os mais otimistas agora temos um time e um sonho.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

CRAQUE DA CAMISA DOIS

Em 1958, escutei pelo rádio a final da primeira Copa do Mundo vencida pelo Brasil. Quem estava na foto da “canarinho” campeã do mundo? O mestre Djalma. De Sordi, o lateral-direito titular em todas as partidas, sentiu contusão e foi substituído por Djalma Santos. Jogou uma partida e foi escolhido para a seleção da FIFA, craque da competição inesquecível.

Em 1962, final contra a Tchecoslováquia, Djalma cruza a bola alta na área, o goleiro Schroiff se atrapalha, Vavá se aproveita, 3 a 1, olha o mestre na foto novamente. Em 1970, no meu primeiro campeonato Paranaense, quem está na foto ao lado do presidente Passerino? O velho mestre Djalma.

O craque, que com tantos outros gênios me fez um apaixonado pelo futebol, morreu. Começou na Portuguesa e encerrou sua carreira no Atlético em 21 de janeiro de 1971, com 41 anos de idade. Quando se diz que o futebol tem hierarquia, e nesta o Brasil está em primeiro lugar, é necessário voltar no tempo e glorificar os craques que nos legaram cinco copas do mundo.

Djalma Santos é estrela de uma constelação de super-jogadores que fizeram o mundo descobrir o Brasil. Com eles deixamos de ser representados pela bandeira de Portugal, ou com o “Ordem e Progresso” de cabeça para baixo.

O sorriso do Djalma vai deixar saudades. Craque na defesa, nunca expulso de campo, vai deixar o exemplo. Vai encontrar Bellini, outro bicampeão do mundo a encerrar a carreira no Furacão, seu capitão na Suécia e em Curitiba.

No próximo sábado jogam Portuguesa e Atlético, início e fim da carreira do craque. Excelente momento para derradeira e merecida homenagem. Com os meus olhos ainda maravilhados com as fotos da revista O Cruzeiro em 58, as imagens da Tribuna do Paraná em 70, agradeço ao craque Djalma por realizar meus sonhos no futebol. Valeu Djalma.

De luto, o Atlético joga hoje contra o Paysandu pela Copa do Brasil. Para manter aceso o sonho de conquistar o torneio tem que vencer pela diferença mínima. Teremos um ano difícil no Brasileiro, com pouca possibilidade de sucesso importante. Uma vaga para a Sul-Americana já será um presente dos céus. Eu acho possível.

Pela sua fórmula de disputa, a Copa do Brasil é porta aberta para que todas as equipes, menos o Coritiba, se considerem sérias candidatas ao título. O Atlético tem as mesmas chances de tantas outras, tem hoje o treinador campeão do torneio com o Paulista de Jundiaí, seu Vavá sabe o caminho das pedras.

O torcedor mais uma vez esteve ausente contra o Corinthians. A preocupação com o manifesto que fez água, a chuva tremenda, concorreram para o público pequeno. Hoje a Vila tem que lotar. O dia amanheceu lindo. É a nossa chance de brigar por título, ter um sonho para embalar o ano. O atleticano tem que acreditar. Temos uma história brilhante, um futuro invejável, um presente a se construir a cada dia, com a participação de todos, com o sacrifício de todos.

Vamos à Vila, hoje é dia de ganhar, dar alegria ao Djalma, fazer surgir no céu o sorrisão do craque da camisa dois.

terça-feira, 23 de julho de 2013

NOTA NOVE

Quando da chegada de Mancini tomei um susto tremendo. Coluna de cronista nativo o colocava como adepto da utilização de três volantes, treinador a pautar seu trabalho pela desmedida preocupação com a defesa.

O amigo sabe que três volantes me causam estresse dos mais profundos, fico com o corpo todo empelotado, a pressão sobe, sou obrigado a acrescentar mais um comprimido ao meu punhadinho diário.

No ano negro de 2011, o início terrível com o senhor Adilson Três Volantes Batista nos levou às agruras da segunda divisão, da qual saímos depois de esforço sobre-humano. O amigo viveu o drama e perdeu anos de vida como eu.

Meu sobressalto ganhou peso com a escalação do rubro-negro contra o Coritiba. Lá estavam Juninho, Bruno Silva, João Paulo, mais Zezinho de contrapeso. Seria já o dedo do novo treinador influenciando a cabeça de Alberto, O Interino? Estaria o astuto colunista provinciano cheio de razão?

Os céus tiveram pena de mim e as duas primeiras equipes a entrar em campo sob o comando do seu Mancini contavam em sua escalação com apenas dois protetores da defesa. O jogo de domingo provou o viés ofensivo que sempre me pareceu ser o padrão de conduta do novo treinador. No Grêmio teve gente que o achou ofensivo demais. Fico mais tranquilo.

Se jogar no ataque me dá satisfação, os cuidados defensivos colocados à mostra me deixaram ainda mais faceiro. Seu Vavá segurou Botelho atrás da linha de meio campo, impediu suas incursões ofensivas, que são o seu forte, mas deixam um buraco tremendo na defesa. Creio que no futuro vai dar maior liberdade ao lateral. Neste momento de dificuldades é bom mantê-lo à retaguarda, pelo menos até fazê-lo entender melhor o mecanismo do ir e vir.

Melhor ainda, quando entramos na casa dos trinta do segundo tempo e o resultado ficou empoleirado sobre o muro, um descuido e a vitória cairia para o lado corinthiano, Mancini recuou um volante para jogar na linha dos zagueiros, deu estabilidade ao setor, permitiu ao time forçar no ataque com maior segurança.

Do que vi neste jogo contra o Corinthians – o irmão rubro-negro pode ter visto algo muito diferente e estar cheio de razão –, estou botando fé no trabalho do seu Vavá. Só para não dar dez, achei que poderia ter colocado Elias no lugar de Baier nos minutos finais. A rabugice prova que estou velho e chato, pior, não há comprimido contra a chatice. Mesmo assim, fruto do meu bom coração, da minha boa vontade com recém-chegados, vou dar nota nove.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

ACREDITE

O Atlético começou o jogo cheio de surpresas. A volta de Botelho, as ausências de João Paulo e Zezinho, o ataque com Baier e Marcão trouxeram a campo um Furacão muito diferente do anunciado no treinamento.

O time com Weverton; Léo, Manoel, Luiz Alberto e Pedro Botelho; Bruno Silva, Juninho; Paulo Baier e Everton; Marcelo e Marcão; a meu ver vinha para se distribuir em campo conforme um 4-2-1-3, com Baier sendo o um da transição, Marcelo pela direita, Marcão centralizado e Everton pela esquerda.

O Furacão do surpreendente Mancini funcionou rápido. Aos cinco minutos Baier lançou Marcelo, o papa-léguas entrou pela direita da área e marcou. Outra vez saímos na frente. Vamos ver se seguramos o placar, a chuva torrencial pode ajudar o trabalho defensivo.

O Atlético faz clara opção de jogar pela direita. Léo tem liberdade para atacar, Juninho se infiltra pelo setor, as jogadas acontecem sobre Paulo André, sem criar grande perigo, mas mantendo o jogo no campo do Timão, afastando o perigo da defesa. O Corinthians joga na bola longa, tentando colocar Pato nas costas dos zagueiros, livre para marcar.

Pato recebe uma, se atrapalha com as poças, algo contra a sua natureza, mas aos 25 marca de cabeça. Uma falha tremenda da defesa. Renato Augusto rouba a bola na intermediária defensiva atleticana, caminha com ela uns trinta metros alagados e consegue fazer o cruzamento. Sete jogadores do Atlético dentro da área e Pato livre para cabecear. Weverton me deve um milagre.

O estado do gramado favorece o jogo truncado, as muitas faltas, as poucas jogadas de gol. Baier na cobrança de faltas indiretas ajuda mais Cássio que os atacantes, Botelho preocupado apenas em marcar faz falta no ataque, nosso lado esquerdo não marca presença importante no primeiro tempo.

O Timão volta melhor e incomoda cinco minutos. O Atlético se desconcentra, a defesa passa a rifar a bola e eu me assusto. O jogo retorna ao normal após confusão na área corinthiana em que Everton acerta a trave de Cássio. O Furacão retoma a iniciativa, agora com Everton e Marcelo funcionando pelos lados, o Corinthians se resume à bola longa.

O segundo tempo atleticano não trouxe o gol, mas fez de Cássio a figura mais importante do jogo. Marcelo foi muito bem pela direita, Everton entrando pela esquerda esteve por duas vezes a ponto de marcar, Baier de falta e em cruzamento de Marcelo quase colocou o Atlético na frente.

Ainda tinha a bola longa do seu Tite. Aos trinta, Pato é lançado, entra livre, Manoel atrasado, Weverton faz o milagre que estava me devendo.

A partir daí, Mancini recuou um volante para jogar como zagueiro, primeiro Juninho, depois Bruno Silva, e encaminhou o empate. O Corinthians ainda pressionou nos descontos só para me maltratar.

O time está tomando jeito, tem soluções para o ataque, Mancini parece ter entendido a fragilidade da defesa. Depois do jogo e da saída de João Paulo, fico pensando que Manoel deve colocar as barbas de molho. Facilitou no gol e permitiu a entrada livre de Pato nas suas costas. Ficou devendo.

O atleticano não deve se assustar com a posição na tabela. Vai ser difícil, vai ser aos poucos, mas vamos sair desse sufoco. Acredite.

domingo, 21 de julho de 2013

O ALUGUEL ESTÁ EM DIA

Atlético e Corinthians têm três mudanças para o grande jogo. No time mosqueteiro entram Maldonado, Renato Augusto e Alexandre Pato. No Atlético Luiz Alberto, Bruno Silva e Everton. As mudanças mostram a diferença entre os dois elencos. Para vencer, o Furacão terá que fazer grande partida, contar com o apoio total do seu torcedor, um manifestante verdadeiramente pró-ativo.

A escalação anunciada do Rubro-Negro tem Weverton; Jonas, Manoel, Luiz Alberto e Léo; Bruno Silva, João Paulo, Everton e Zezinho; Marcelo e Ederson. As entradas de Léo no lugar de Botelho e Marcelo no lugar de Juninho são as diferenças para o time que enfrentou e perdeu para o Coritiba.

À primeira vista o Furacão ganha velocidade pelos lados com Everton e Marcelo, reforço defensivo com a manutenção de Zezinho e a força de Léo pelo setor esquerdo, deixa de ter um articulador mais gabaritado com a ausência de Elias ou Paulo Baier.

O problema reside exatamente na dupla função de Zezinho. O armador carregou o sub-23 nas costas, foi o iniciador de muitas jogadas atleticanas, fez gols importantes. Era dono do time, tinha liberdade para atacar, sair para o jogo, carregar a bola. Agora compõe o grupo, tem que defender, atacar, não pode errar na meiúca. Assim, pode-se concluir que não terá a mesma iniciativa observada no Paranaense, estará limitado ao jogo de segurança.

Estou usando apenas o direito de livre pensar, imaginar o que pode acontecer.

Com Zezinho em campo gostaria que o armador tivesse a mesma liberdade e iniciativa observada no Paranaense. Fico lembrando o gol contra o coxa no 3 a 1 na Vila Olímpica. Zezinho pega a bola no meio campo, lança Hernani pela direita, o cruzamento sai rasteiro, Edigar finaliza na trave, Zezinho vem de trás e cabeceia para as redes. Iniciou a jogada e marcou o gol. É essa vitalidade ofensiva que eu gostaria de ver.

No Atletiba o esforço no ataque ficou por conta de Everton, um desgaste tremendo, obrigado a jogar pelos lados do campo e chegar na área para finalizar. Zezinho pouco foi à frente. Contra o Timão tem que se soltar, forçar as jogadas pelo meio, distribuir o jogo e auxiliar na marcação quando necessário.

Com Zezinho solto pelo meio, sem a timidez do Atletiba, o ataque ganha grande impulso. Com Everton, Marcelo e Ederson inspirados, pode voltar a fazer gols. È o que eu quero ver, um Atlético jogando partida sem receios absurdos, forçando no ataque, obrigando o Timão a segurar seus volantes atrás da linha de meio campo.

Zezinho pode correr até cansar, o Atlético tem Elias ou Baier para substituí-lo, nada de economizar fôlego. O torcedor que vai se manifestar tem que economizar no grito fora de campo, o jogo é dentro da Vila. Mostre o seu desconforto com civilizada moderação e transforme-se no motivador irresistível que levará o Furacão aos três primeiros pontos em casa.  Casa? Casa sim. O aluguel está em dia.

sábado, 20 de julho de 2013

MUITO MAIS ATLETICANO

Na onda da voz nas ruas, está programada para domingo manifestação de parte da torcida rubro-negra desencantada com a situação da equipe no Brasileiro. A tropa está prá lá de cansada. O ano negro de 2011 derrubou o time e o torcedor acostumado a uma permanência na primeira divisão de muitos anos. Em 2012, quando se esperava um retorno fácil, uma dureza de enfartar maratonista. Este ano, de novo as dificuldades, os maus resultados, a incerteza da permanência batendo na porta. Quem disser que está satisfeito e estiver mesmo, merece estátua no panteão dos heróis rubro-negros.

A manifestação começará na Arena e seguirá para a Vila CAPanema onde esperará a chegada do ônibus com os jogadores.  O que vai acontecer ninguém sabe, nem a liderança anônima do movimento pode assegurar que tudo transcorrerá pacificamente.

Alguns temem a infiltração de alviverdes prontos a criar confusão, dilapidar patrimônio. Eu temo mesmo os primitivos, o atraso civilizatório que se aproveita desses momentos para exercer a barbárie, facilitada pela prevaricação policial.

Anos atrás, em final do Paranaense, seguia pela Getúlio Vargas em direção da Arena quando chegaram alguns ônibus com a torcida do Atlético. Os torcedores desciam e de imediato eram recebidos pelos cassetetes da escolta policial. Uma mocinha, creio que soldado, deitou e rolou na pancadaria. Os caras nada tinham feito e tomavam pancada. Uma covardia. Hoje quebram, roubam, incendeiam e a polícia assiste. Muito estranho.

Mais estranho ainda são os advogados da OAB de plantão na delegacia para defender os criminosos. A Ordem dos Advogados do Brasil está hoje muito mais para Ordem dos Amigos da Bandidagem. O Brasil caminha para a anarquia a passos largos.

Vou me indignando e perdendo o rumo. Voltemos à manifestação de domingo. Há concordância na necessidade das manifestações, os nossos homens públicos perderam os limites, 60% do Congresso Nacional têm problemas com a Justiça, voltamos à OAB e fechamos o circuito do crime.

O problema é que essas manifestações começam pacíficas e se transformam em atos de vandalismo da mais pura violência. O ato de domingo muito provavelmente não fugirá a essa regra. Os primitivos devem estar juntando as pedras. Há risco para a segurança dos jogadores, para o patrimônio atleticano, para o torcedor desejoso em ver o jogo, apoiar o Furacão.

A diretoria do Atlético já deve ter comunicado às autoridades os perigos que rondam a tarde de domingo. Nem precisava, a inteligência militar tem o dever de identificar os riscos para a segurança da população, se antecipar aos problemas, proteger o povo.

Fora de campo, a iniciativa é inútil, em nada vai melhorar a situação, não ganhará três pontos, o desassossego que causa afastará a torcida do grande jogo. Os mentores deste movimento desnecessário e fora de hora podiam guardar suas vozes para incentivar o time em busca da vitória. Seria muito mais produtivo, muito mais futebolístico, muito mais atleticano.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

NA CASA DO CHILIQUENTO

Ontem dei uma olhada nos melhores momentos do jogo contra o Papão. O Atlético pode ter controlado a partida, mas as melhores chances foram do Paysandu. Weverton fez umas três defesas ótimas, o goleiro do papão pegou excelente cabeçada do Manoel à queima-roupa. Passei a achar que o resultado foi ótimo.

Vamos desligar da Copa do Brasil, passar o interruptor para o Brasileiro em que estamos momentaneamente no fim da fila.

Nos seus últimos dias no Náutico, Mancini, que lá pelo Nordeste foi confundido com Walter Avancini por presidente de clube, declarou ser possível equipe ter uma escalação para jogos fora, outra para jogos dentro de casa. Assim, podemos ter alteração na relação de jogadores e, sem dúvida, na forma de atuar do Furacão.

Enquanto o Atlético empatava com o Papão, o Corinthians vencia o São Paulo e conquistava a Recopa. O seu Autuori ainda não encontrou o caminho das vitórias no Bambi Tricolor Club, o presidente Juvenal já está com saudades do Ney Franco. O time mosqueteiro está em estado de graça.

O chatíssimo e campeoníssimoTite chega à Vila CAPanema com sua fórmula de sucesso. Time formado por bons jogadores, nenhum supercraque, em anos à frente do Timão, poucas mudanças na escalação e na forma de atuar. O time é entrosado, aguerrido, vencedor. Um ótimo chamariz para que o torcedor vá ao nosso lar temporário, assim me expresso só para agradar paranista que teve um chilique de perninha quando ontem classifiquei a Vila de nossa casa.

Mancini ainda não pode copiar Tite, deve mudar o Atlético. Já começa a abandonar as informações recebidas quando da chegada, ter uma visão própria das características dos jogadores, deve ter o retorno de Everton, Baier, Luiz Alberto, Bruno Silva, as mudanças podem ser significativas.

O Atlético começa agora a ganhar ritmo de competição, está com pneu de chuva em dia de céu de brigadeiro, tem que acelerar o que dá, trocar pneus a cada volta, entra o duro, volta o macio, tenta o intermediário. O Corinthians está com o pneu certo, ajustado, mas corrida é corrida, sempre se pode quebrar o câmbio, estourar o motor, sofrer um superaquecimento pós-conquista.

O importante é que Mancini passe sua filosofia ao jogador atleticano, convença os seus bons jogadores, e vá montando o time com alterações mínimas, sempre incisivo no ataque, forte na defesa, o meio de campo em constante luta pelo controle do jogo. Aos poucos vamos descobrindo os donos das camisas.

O Furacão vai precisar do torcedor. Gostei da Fanáticos na reta do relógio. É ali que ela tem que jogar. Adorei o fim da cobrança dos cinquenta reais pelo local coberto. Todas as condições são favoráveis para um grande público. O rubro-negro dirá presente, vai empurrar o time. Com sol ou com chuva, com pneu ou sem pneu, vamos vencer na casa do chiliquento.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

SAIA DO SOFÁ

Em jantar com especiais amigos rubro-negros, não vi o jogo – este é o Atlético mais radiofônico dos últimos tempos – e só ouvi os espasmos do locutor quando dos lances mais agudos da partida. Quando no último instante jogador do Paysandu cabeceou na trave, um calafrio percorreu a mesa, estava na hora de acabar o jogo, o juiz atendeu aos angustiados, zero a zero em Belém.

O prezado Napo que permaneceu o tempo todo ligado no seu radinho, desviando a atenção somente para caçar um petisco, disse do melhor início do Papão, a acomodação do jogo, o melhor segundo tempo rubro-negro, dois lances de perigo em final de partida que quase decidiram para o dono da casa.

O resumo do amigo confere com o do site do Papão: “Os bicolores vieram acesos no primeiro tempo, tendo várias oportunidades de abrir o marcador, mas acabavam esbarrando no forte esquema defensivo atleticano e na boa atuação do goleiro Weverton. Na segunda etapa, o Furacão foi melhor em campo e quase abriu o marcador, e o Paysandu quase surpreendeu o adversário em duas chances no final da partida, porém, o resultado não saiu do zero”.

Importante observar a primeira escalação de Vágner Mancini. Weverton; Jonas, Manoel, Dráusio e Léo; Juninho, João Paulo, Zezinho e Felipe; Marcelo e Ederson. Para quem tem na memória a foto do Atlético que passou para a primeira divisão e se depara com a do time que enfrentou o Paysandu, as diferenças são muitas. Para quem esperava a continuidade daquela base que lutou para o retorno, uma inevitável surpresa. Boa ou ruim? Deixo para o amigo.

A escalação revela o pensamento de Mancini. Uma defesa mais segura com o afastamento de Botelho, um meio de campo com dois volantes e meio, Zezinho é o meio volante, meio atacante, um articulador e dois homens de frente. Qual a movimentação desses jogadores só assistindo o jogo. As entradas de Botelho no lugar de Jonas, Marcão por Ederson e Elias por Felipe foram tentativas de sair de Belém com o resultado positivo. Tinham que ser feitas.

Mancini ressaltou a evolução do sistema defensivo, “não sofremos gols”, destacou o controle da partida, “o Atlético dominou 70% do jogo”. Dráusio achou “importante o sistema defensivo passar em branco”, para Felipe “faltou um pouco de paciência no último passe”, Marcelo saiu satisfeito, o “time soube se impor”.

O olho no olho de Mancini funcionou, o empate foi bom resultado, os jogadores saíram de campo com o mesmo discurso. Para quem está começando e tem o Corinthians pela frente no domingo, o primeiro passo foi dado com êxito.

Agora são dois jogos observados, os jogadores mais conhecidos, dois dias para treinar, uma ou outra mudança poderá ocorrer no time a entrar em campo domingo no Durival de Britto. Mancini vai ter que se mexer.

Além do treinador, a torcida terá que dar melhor resposta neste fim de semana. Os sete mil contra o Grêmio foram decepcionantes. O meu pipoqueiro paranista me perguntou sobre as kombis atleticanas. O torcedor tem que voltar. Agora a Vila é a nossa casa. É ir lá, tomar gosto pelo campo, achar o seu canto e cantar. Vamos rubro-negro, saia do sofá.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

OLHO NO OLHO

A entrevista de Mancini trás aspectos interessantes, que podem sinalizar sua forma de atuar à frente da equipe. Vou transcrever alguns tópicos da entrevista para que o amigo possa tirar suas conclusões. Comecemos com suas ideias sobre o Atletiba.

“O resultado negativo faz abrir os olhos, assumir culpas, a responsabilidade de estar em equipe grande”.

“Acertos e ajustes são necessários, em alguns setores muitos ajustes”.

“Olhar no olho, falar algumas verdades que são inevitáveis neste momento”.

“Atitude diferente dentro do campo, mais vibrante, mais aguerrida, que queira mais a bola”.

Concluo que Mancini ficou insatisfeito com o nível de entrega da equipe no Atletiba, espera muito mais dedicação dos profissionais atleticanos. Desgostoso também com o desempenho tático, a seu ver, os equívocos parecem estar distribuídos por todos os setores. Chega atirando, chamando aos brios. Vamos ver a reação dos boleiros, o que acontece com o grupo.

Com relação ao jogo contra o Papão da Curuzu:

“Jogar em estádio grande, campo grande, posse de bola é importante, desde que a equipe não perca a vontade de atacar sempre”.

“Saber que vai pegar equipe motivada, que quando pega equipe do sul se supera”.

“Foco na Copa do Brasil, equipe competitiva e altamente concentrada”.

Fácil. Manter a posse de bola, atacar sempre, defender com extrema atenção.

A ordem em que eu transcrevi as frases não é a mesma da entrevista disponível no site oficial do Atlético. O amigo pode ir lá e tirar suas próprias conclusões, discordar do meu pensamento.  

Mancini só não escalou a equipe. Nem poderia. Tem problemas na formação da dupla de zaga – Renato Chaves ou Dráusio, alguém viu jogar? –, apenas dois volantes entraram no avião – ainda bem –, Everton vai fazer falta, Maranhão pode aparecer na lateral esquerda, Marcelo é boa opção para o campo grande, acredito que Elias entre jogando.

Mancini viu um time defensivo, nada a ver com o treinado por seu antecessor. Espero tenha assistido a vídeos de jogos anteriores para ter melhor visão do que é o Atlético com todas suas virtudes e defeitos. É um novo começo. O bom resultado vai depender do acerto na substituição de atletas, da bem-vinda alteração do esquema. Com nenhum tempo de trabalho, muito mais do olho no olho.

terça-feira, 16 de julho de 2013

NEM PRO EVANGELINO

Depois da derrota para o Coritiba, a saída de João Alfredo da vice-presidência de futebol do Atlético foi a notícia do dia. Os coxas na liderança e em paz tomaram seus cafés da manhã deliciados com a tormenta atleticana. Eu disse que dois maus resultados contra Grêmio e Coritiba iriam virar a casa de cabeça para baixo. Virou.

João Alfredo reassumiu dois meses atrás o cargo que havia abandonado, deu seus pitacos nas reuniões, não foi ouvido e pediu o boné. Afundou atirando.

Sou acostumado ao que se chama no Exército de trabalho de estado-maior. Surge um problema, é estudado, alguém apresenta solução, os componentes do staff opinam, o comandante decide. Nada demais reside em que suas opiniões não sejam aceitas. O comandante é o responsável por tudo que acontece e deixa de acontecer, é ele que enfrenta o capa preta, é ele que decide. Quando o Atlético perde a orelha que esquenta é a do Petraglia.

O seu João fez isso, opinou e não ganhou. Achou que, pela relevância do cargo exercido, suas opiniões mereciam melhor análise, afinal, segundo diz, exerceu trabalho relevante na volta do Atlético à primeira divisão. Não foi ouvido, não foi útil, voltou para casa.  Sem precisar de salário, liberto pela autossuficiência econômica, agiu com correção.

O que não precisava era ir para a imprensa botar a boca no trombone, criticar a dificuldade em mudar o pensamento do comandante, coisa que até o meu pipoqueiro paranista reconhece. O amigo velho queria o Petraglia no Paraná, mas pensaria dez vezes antes de lhe vender uma franquia da sua carrocinha.

Ao abrir a imensa boca tumultuou, deixou a coxarada em êxtase. Tivesse se afastado quieto, ninguém precisava saber da sua saída, começado a armar sua chapa independente para a próxima eleição teria feito melhor trabalho, sido mais útil ao Furacão. Fecha o capítulo João Alfredo.

Torcedores atleticanos reclamam da arbitragem. O que temos que entender é que o Coritiba usa muito melhor a arbitragem do que nós. Vejamos.

Na semifinal do Paranaense, Rafinha foi jogar sobre Leo até conseguir o amarelo que o tirou da final. Leo estava incomodando uma barbaridade no sub-23. No jogo de domingo, Botelho tomou tapa no pé da orelha, caiu em desespero e levou o amarelo. Devia levar, como devia levar Robinho pela atitude violenta. O coxa passou em branco. No segundo tempo, Alex foi jogar sobre Botelho, conseguir sua expulsão, o amigo sabe o final da história.

Que a arbitragem favorece ao Coritiba não é de hoje. É histórico. O jogo de ontem foi um mar de tranquilidade. Em anos anteriores quantos atleticanos foram expulsos ainda no primeiro tempo do clássico. O Atlético cai nessa armadilha porque quer. Gosta de parecer um time sanguíneo, responde às provocações, facilita para a arbitragem e entrega as partidas para as flores do campo.  

O segredo para dar a volta na arbitragem é ter time competente. Quando o Atlético teve time, não adiantou arbitragem, não adiantou treme-treme, não deu nem pro Evangelino.

domingo, 14 de julho de 2013

FEIO DEMAIS

Acabou o jogo e fui indignado falar com o meu anjo rubro-negro. Encontrei o danado aos palavrões, as asas em frangalhos, quando percebeu minha aproximação se recompôs e foi falando sem me dar chance: “Não vem que não tem, sou só um anjo, não faço milagre”.

Fiquei desarmado, as faces afogueadas, os caracóis em desalinho comprovavam o abalo nervoso do enviado das alturas. Se já estava com pena de mim, irritado com o sofrimento que imponho ao meu velho coração, pena maior tive do desconsolado, fui buscar um copo de água com açúcar para o amigo dos céus. Irmãos rubro-negros... Foi pracabá.

Quando o treinador tem a criatividade do tamanho de uma ervilha, escala três volantes, pede raça e sonha com a vitória. Assim foi com seu Alberto, uma extensão do Nhô Drub. Tivesse o Atlético respeito pelo dinheiro que gasta mandaria o incompetente embora amanhã. Com Nhô Drub e Alberto no comando do Furacão, pode-se hoje avaliar o tamanho do milagre que foi voltar para a série A. Os anjos ajudaram muito.

O esquema do seu Alberto funcionou na dimensão da sua possibilidade. Melhorou a marcação, teve o controle do jogo, impediu Alex de jogar, mas foi deficiente no ataque, como tinha que ser, ninguém poderia querer algo melhor. O esquema funcionou perfeitamente.

Começa o segundo tempo e Alex vai jogar pela ponta direita, explorando que jogador rubro-negro? Aquele que desequilibra... Desequilibra para o adversário. Quem? Quem? Quem? Pedro Botelho. Botelho leva um drible em meio metro, evita a falta para não ser expulso, a bola é cruzada, gol. Alex matou a partida. Vou a pé até o ferry-boat de Guaratuba comprar uma cocada branca para quem achar que Botelho joga futebol de nível.

Alberto não teve a criatividade para montar o Atlético em uma semana, não teria capacidade de arrumar o time depois do gol coxa. O time se perdeu. Essa gente que vai chegando, pedindo uma beirada, nunca dá certo.

Outro na hora de aproveitar o sol carioca, cuidar dos netos é o seu Antonio Lopes. Um time que em julho só tem Botelho para a lateral-esquerda, nem reserva tem, zagueiros em dose homeopática, volantes cada dia chega um, atacantes idem, tem que ir catar coquinho em Copacabana. Chega. Cada um tem o seu limite. O limite do delegado foi dentro do campo. Vou a pé até o ferry-boat de Guaratuba comprar uma cocada preta para quem achar que a política de contratações do Atlético tem algum grau de correção.

O amigo vai dizer que estou esquecendo o gol incrível perdido por Marcão. Marcão vai estar em rede nacional uma semana. O importante é salientar que o gol perdido foi fruto de lance isolado, nada resultante de futebol organizado, de pressão do Atlético em final de jogo.

Fico com o meu vizinho. Manda o Alberto e o Antônio Lopes cuidar da vida, o Atlético não é casa de caridade, e contrata uns dois para a defesa. A torcida tem que apoiar o seu Mancini. Temos um elenco indigente em posições chave e diretor de futebol que não sabe definir necessidades. Se faltar apoio, vai ficar feio demais.

É BOM OBEDECER

Era uma vez uma Curitiba em que os clássicos tinham torcida dividida, o jogo terminava e os torcedores saíam do campo entremeando-se pelas ruas, procurando os estacionamentos lado a lado, as  provocações ficavam dentro dos estádios, segunda-feira era o dia de perturbar o perdedor, nada mais que uma manhã incômoda, depois seguia a vida, havia trabalho a fazer.

Nossa cidade cresceu, alongou-se por todos os horizontes, criaram-se indústrias, proliferaram os empregos, ela virou modelo, ecológica, e deixou de ser sorriso.  Um pecado dos grandes. Piorou.

A piora levou aos 10% da torcida visitante, ou até à incompreensível torcida única. Mesmo capaz de ouvir os anjos – só para lembrar hoje vamos ganhar – não sou um sonhador, sei que as medidas tomadas são necessárias, porém, difícil não reconhecer que um certo primitivismo tomou conta de parcela da nossa população antes pacata e ordeira.

O curitibano padrão de poucos cumprimentos, de convidar para a visita e não dar o endereço de casa, foi sendo atropelado pelos costumes mundiais com passagem pelos grandes centros nacionais, medrou e hoje assiste a torcidas sendo escoltadas pela força policial rumo ao campo de jogo, como prisioneiros de guerra conduzidos ao campo de concentração. Lamentável.

No mundo, especialmente na Inglaterra dos hooligans, o problema teve solução, a polícia agiu duramente e pôs fim à tragédia nas terras da rainha. Aqui não tivemos tal competência.

Escrevo sabendo das dificuldades para a melhora, relato o passado apenas para mostrar aos mais jovens que já fomos mais pacíficos, as derrotas não significavam desonra, motivos para lutas e quebradeiras, embora as camisas fossem muito mais honradas que nos dias de hoje.

Escrevo para dizer que o Atletiba desta tarde é apenas mais um jogo de tradicionais rivais da cidade sorriso, tudo pode acontecer, a arbitragem poderá errar gravemente, ela sempre erra, tradicionalmente a favor dos coxas, um dos times vai vencer, o empate premiará o esforço de ambos.

Amanhã é outro dia, acabado o jogo temos que chegar logo em casa, jantar com a família, preparar as ironias para maltratar o perdedor, as desculpas para  justificar a amarga derrota. Tudo como se diz no meu Exército, dentro da mais sadia camaradagem.

É preciso provar que ainda somos curitibanos da melhor cepa. Quietos, sérios, civilizados.

São duas horas da manhã, a casa às escuras, um sino toca indolente no cemitério da silenciosa Água Verde, o sono dificulta o ponto final. Jogo-me para trás na cadeira, procuro um fecho rápido para o texto, uma mão toca meu ombro e a voz do anjo rubro-negro sussurra novamente: “Escreva aí, vamos ganhar”. É bom obedecer.  

sábado, 13 de julho de 2013

MUSTANG ENVENENADO

O invejoso coxa-branca corre às bilheterias, vai a campo para acalmar o sentimento que o corrói, vencer o Atlético é única forma de incomodar o gigante que cresce sem parar, atormenta os sonhos de quem já foi primeiro e amarga agora o segundo plano em definitivo.

O invejoso coxa-branca gasta a imaginação, cria patéticos adjetivos, tenta menosprezar quem admira, quem queria ser, mal sabem os cobiçosos que foram eles mesmos que acordaram o gigante, colocaram Petraglia na presidência do Furacão e, de lá para cá, sofrem arriscando o olho gordíssimo sobre ascensão rubro-negra.

Então é jogar para ganhar, perder em campo é perder três vezes, doído demais.

O atleticano nada tem a ver com a dor de cotovelo alheia. Olho para o puxadinho da Mauá com satisfação, sempre é bom ver o progresso do coirmão por menor que seja. Eu, particularmente, adoro as fotos daquelas cadeirinhas empilhadas, os pedreiros proseando sobre a carcaça fragmentada, a obra em arrastado avanço.

O Rubro-Negro vai a campo em busca da recuperação no Brasileiro, um falso recomeçar para quem até agora não ultrapassou a linha de partida. Temos carências, problemas de organização tática, algumas virtudes, alguns bons jogadores, a vontade de vencer de todos eles.

É possível vencer esse Coritiba na ponta da competição? Claro que sim, é possível vencer a Espanha, basta lembrar que o sub-23 sapecou um três a um histórico no time do seu Virso. De lá para cá, o coxa piorou ou melhorou? Não sei, não sei até que ponto a saída de  Rafinha influi no desempenho da equipe. Sei que Alex é o dono do time, passa, dá bronca nos menos esclarecidos, quando o barco vacila, faz o gol salvador.

Futebol às vezes é como carro velho. O time está rateando, de repente salta uma faísca, o meio de campo cria, a defesa arrepia, o ataque desanda a fazer gols. Creio que a experiência de Alberto como jogador, como participante de tantos clássicos, possa ser essa centelha a dar ânimo ao Furacão, convencer quem sabe jogar a ter força para entrar e vencer, por limites em quem tudo quer resolver.

Tenho certeza da vitória rubro-negra. Além do anjo a soprar no meu ouvido, penso que a união do grupo, uma palavra do interino e a presença do novo treinador possam fazer a diferença, transformar o Opalão ruidoso num Mustang envenenado.   

sexta-feira, 12 de julho de 2013

DUVIDAR DOS ANJOS

O amigo acha que sou otimista demais por enxergar boas chances de sucesso com Mancini, pois estou apenas começando. Quer saber minha opinião sobre o Atletiba? Vou lhe dizer de sangue doce, vamos ganhar dessas flores do campo com os pés nas costas.

De quanto? Dois a zero com possibilidade de balaços na trave, defesas milagrosas do mão de alface defensor coritibano.

Qual a razão de tanto otimismo?

Não pense que é o comando de Alberto. Pudesse o lateral ungido à função de treinador surpreender com alguma solução mágica teria aconselhado o seu Ricardo Drubscky, visto em trânsito na Avenida das Torres, evitado todo esse constrangimento.

Não imagine que uma super-atuação dos jogadores buscando impressionar o seu Vavá recém-chegado seja a causa do meu ânimo de idoso em bailão, empenho nunca esteve ausente nos jogos do Furacão.

Não acredite que acredito na permanência de Manoel no seu local de trabalho, na boa marcação de Botelho, em cruzamento preciso na cabeça de qualquer atleticano movimentando-se para dentro da horta carregada de couves, espinafres e alcachofras.

O amigo vai pensar que se a origem da minha antecipada encomenda de fogos para a China Fireworks Corporation não está do lado de cá, está do lado de lá, reside em induzida má atuação de Alex, vítima do nome colocado na boca do sapo, sapo este caçado nas profundezas mais soturnas do treme-treme, alimentado com musgos e lacraias pegajosas que se agarram nas frestas em crescente do estádio horrível em perene desagregação.

Não amigo, nada disso.

A minha confiança absoluta não tem qualquer razão lógica, amanheceu comigo, se fortaleceu quando o sol despertou por trás da Serra do Mar, lançou suas luzes sobre a magnífica Arena envolvida em brumas matinais, livrou o meu espírito de incertezas, um anjo rubro-negro soprou no meu ouvido... “Vamos ganhar”.

Amigo irmão rubro-negro, quem sou eu para duvidar dos anjos.

 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

BOAS CHANCES DE SUCESSO

Terminou a busca do nosso Sherlock, Antônio Lopes encontrou o treinador para o Furacão. Nada mais, nada menos que o senhor Vágner Mancini. Na lista com dez nomes elaborada pelos especialistas o nome do escolhido estava ausente.

Mancini ficou conhecido pela conquista da Copa do Brasil no comando do Paulista de Jundiaí em 2005. A sua demissão do Grêmio durante o campeonato gaúcho de 2008 foi outro momento de aparição nacional. Invicto na competição, três vitórias e dois empates, caiu.

O estopim para a queda foi a fraca partida do Grêmio na vitória mínima contra o Jaciara-MT pela Copa do Brasil. Dirigente gremista classificou de apática a atuação da equipe. Após sua saída, soube-se que empate anterior contra o Sapucaiense acendera o pavio da decisão, devido ao inferior desempenho do time e postura demasiadamente ofensiva. Mancini reclamou da intromissão de dirigentes no seu trabalho e pegou o avião.

No mesmo ano assumiu o Vitória, foi campeão baiano e conquistou vaga na Sul-Americana. Mário Silva, superintendente do clube, elogiou o treinador, disse da "família" criada com os jogadores, comparou-o ao seu Scolari.

Em 2009 rompeu o contrato com o Vitória para assumir o Santos. Foi vice no Paulistão, perdeu a final para o Corinthians, e teve um início desastroso no Brasileiro com brigas no elenco, demissão de funcionários, acusações de trairagem que devastaram o ambiente. A eliminação pelo CSA na Copa do Brasil dentro da Vila Belmiro e o 6 a 2 sofrido contra o Vitória no Barradão  carimbaram sua saída do clube no meio do ano.

Voltou ao Vitória em agosto, início promissor, esperança de Libertadores, queda pronunciada, a vaga da Sul-Americana conquistada na última rodada. Semanas antes do término do campeonato sua saída do Leão já estava decidida.

Em 2010, fraca passagem pelo Vasco com a duração do campeonato carioca e o rebaixamento com o Guarani.

Foi campeão cearense em 2011 e levou o Ceará às semifinais da Copa do Brasil. Fez um bom primeiro turno no Brasileiro e entregou o cargo. Assumiu o Cruzeiro e fugiu do rebaixamento com o duvidoso 6 a 1 sobre o Galo na última rodada.

No Sport em 2012, em três meses de Brasileiro teve aproveitamento de 29,1% e se afastou do clube.

No Náutico neste início de ano, após sequência de maus resultados foi demitido ao perder para o Ypiranga em casa.

Opinião de quem o acompanhou em Recife o coloca como técnico trabalhador, esforçado, bom de entrevista, infelizmente tipo eu ganho, eles perdem. Deixou ambiente difícil em Sport e Náutico. Fala-se que na ilha seu apelido era “aprendiz do Leão”. É possível que a contratação pelo Santos e outros clubes de importância possa ter subido à cabeça, transformado o treineiro na última bolacha do pacote.

Mancini é treinador como tantos outros, currículo irregular, mal nos grandes, algum brilho em Vitória e Ceará, altos e baixos, prevalência dos baixos nos últimos anos. Se no Vitória criou uma família, parece ter perdido o tato conforme as declarações do opinante recifense. Fiquei na dúvida se tem gosto maior pelo ataque ou defesa. No Grêmio foi considerado exageradamente ofensivo, o que seria natural para quem foi meia-atacante.

O Furacão é ótima oportunidade para Mancini reinventar a carreira, voltar aos primeiros tempos de formador de bons ambientes, ganhador de títulos. O Atlético tem que conhecer o perfil de quem contratou, estar junto, informando, apoiando, aparando arestas. Pelo jeito tudo vai depender do tamanho das almas  envolvidas. Com técnico e jogadores reduzidos à humildade solidária que dá bons frutos, empurrados pela torcida paciente, creio que são boas as chances de sucesso.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

VOLTAR À BATALHA

O delegado continua com sua lupa atrás do treinador. O torcedor divaga entre múltiplas possibilidades, considerações de todos os tipos. A amigo preocupado com a filha estudante de medicina que vai fazer serviço civil obrigatório por dois anos, só para se humanizar, fala em mandar o delegado, o Prof. Berna e o Alberto embora, somar os salários e contratar um bom treinador. Diz ele que basta não cair e está bom demais.

Esse é o pensamento que se deve evitar a todo custo. Forme um time para não cair e pode comprar passagem para Arapiraca no dia seguinte.

Se aos jogadores for passada essa meta sem qualquer sentido, perde-se o coletivo, a união indispensável, o objetivo passa a ser o brilhareco individual, o chamar a atenção para a transferência futura, o conjunto deixa de ser prioridade, nada mais se acerta.

Andar na corda bamba, passar o ano namorando a zona do rebaixamento, leva à obesidade mórbida do bicho nas últimas partidas, colocada nas cordas a diretoria em desespero. Quem não lembra de Atlético e América Mineiro na penúltima rodada do Brasileirão 2011. O seu delegado lembra bem, estava lá no comando.

Um bom técnico, duas ou três contratações de peso para a defesa e o Atlético está pronto para fazer um bom campeonato, afastada qualquer chance de rebaixamento.

No começo do ano, quando exigia vitórias do sub-23, prezado amigo me ligou reclamando, dizia que eu só pensava em ganhar, não entendia o projeto. Expliquei que compreendia perfeitamente, só não percebia o porquê de tirar da agenda qualquer possibilidade de sucesso.

Com o passar do tempo, o time do Prof. Berna se acertou, deu um baile nos coxas, teve sorte, foi à final. Perdeu, mas foi exemplo de que qualquer grupo bem conduzido pode chegar longe.

O time de 2010, que quase chegou à Libertadores, nada tinha de especial, apenas foi orientado com equilíbrio pelo Carpegiani, acreditou ser possível e andou perto, a defesa forte, na frente o golzinho salvador. Sempre o equilíbrio defesa-ataque. Assim, quem busca treinador para o Furacão deve procurar no perfil do profissional a característica de um bom acertador de defesa.

Seja quem for o escolhido, o importante é chegar para colocar o time na primeira página da classificação. Temos bastante tempo para isso, vejo nos jogadores empenho, creio que estão prontos a cooperar com o novo treinador. O delegado e remanescentes da era Drubscky tem a obrigação de passar a realidade da equipe ao novo ocupante do cargo, sem exageros inaceitáveis.

Pés no chão, verdade, inteligência e equilíbrio são as chaves para um ano tranquilo, a volta da torcida ao campo de jogo. Além da má apresentação no gramado, a torcida também deu vexame nas arquibancadas. Sete mil pagantes não é público para Atlético e Grêmio. Amigos, vamos por a mão na consciência, deixar de fazer fogo da confortável trincheira, precisamos voltar à batalha.