Enaltecer Neymar é
necessário, enaltecer o Brasil coletivo de Felipão é obrigatório. Marcar, marcar,
marcar, aparecendo a chance beliscar no ataque. A filosofia do gaúcho velho foi
seguida à risca desde o primeiro minuto.
Marcada a saída de bola,
o passe para Hulk na direita, o cruzamento, a bola bate em Neymar, no zagueiro e
sobra para Fred caído no meio da área. O chute preciso, evitando a defesa de Casillas,
o gol brasileiro. Para quem gosta de ver coisas mostradas no quadro-negro
transformadas em realidade, tudo estava claro aos dois minutos de jogo.
O torcedor desconfiado
se pergunta se o gol não saiu cedo demais. Não seria melhor o gol ali pelos 35
do segundo tempo, faltando uns minutinhos para acabar? Impossível reclamar de gol
nos primeiros minutos, mas torcedor tem essas dúvidas mesmo. A Espanha é
belíssimo time, tinha o jogo todo para virar, tudo era possível.
E quase aconteceu o
empate. A defesa avança, perde o respeito, sobra pelo direita para Pedro, o
chute sai colocado evitando Julio César,
ai, ai, ai, olha o gol. Nada, David Luiz aparece para fazer o milagre,
salvar sobre a linha. A possibilidade do zagueiro afastar o perigo por sobre a
trave naquela situação é mínima. Daí o milagre. O susto tremendo colocou ordem
no jogo, a defesa, no falar do seu Felipe, resolveu “zagueirar”, o perigo
acabou.
O Brasil teve um anjo da
guarda forte na sua retaguarda durante toda a Copa. Todas as vezes em que nos
excedemos na confiança, exageramos, à exceção do gol uruguaio, fomos punidos
educativamente, aprendemos sem sofrer o dano do gol. Ah... Se todas as defesas
tivessem a mesma sorte.
O ataque daria tranquilidade
com dois belíssimos gols. Neymar se ajeitou para ficar fora do impedimento,
recebeu de Oscar e enfiou o pé. Deve ter pensado: “Pega Casillas”. No meu tempo
de menino ouvi um amigo pé de chumbo comemorar um pelotaço: “Essa varava até o
Gilmar”. Não deu para o Casillas, quem sabe o senhor Gilmar dos Santos Neves
pegasse.
Depois foi a vez de
Fred. Hulk passou na diagonal, Neymar fez o corta-luz e Fred finalizou com
absoluta precisão, um chute de mais de vinte metros, de primeira, dificílimo,
perfeito. O Brasil ganhou definitivamente seu centroavante.
Quando o holandês deu
pênalti para a Fúria, o Maracanã jogou. O peso é grande demais. Atormentado
pela torcida, com a cabeça na penalidade defendida por Julio contra o Uruguai,
Sergio Ramos forçou o chute no limite e errou.
O jogo acabou, só faltava
esperar o tempo passar, trocar passes, permitir que o coro de olé-olé fosse
ouvido pelo mundo todo. O mundo todo
ouviu, o campeão voltou. É só um começo, mas que começo. A Espanha terá um ano
para se reinventar, o Brasil para ser humilde, aprender lições, entender que o
atacante faz gol, todo mundo marca, o zagueiro “zagueira”.
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