O amigo é gremista
doente, percebeu o meu distanciamento das coisas do tricolor e resolveu ajudar,
virar meu correspondente no extremo sul da Pátria imensa que juramos defender
com o sacrifício da própria vida.
O brasileiro parece ter
descoberto agora, escondido em meio ao Hino Nacional, o mágico “verás que um
filho teu não foge à luta”, o verso que simboliza o espírito da profissão
militar. Para quem sempre acordou cedo, nunca viveu o tal “deitado eternamente
em berço esplêndido”, nunca fugiu à luta, o brasileiro está atrasado só 513
anos. Mas chega de saudades desta profissão de honra, vamos ao futebol, à
análise do meu correspondente sulino.
Diz ele: “Novidades no Grêmio são apenas duas, Moisés e Renato
gaúcho, os demais pertencem à base do time. Elano vinha jogando somente um
tempo. Biteco é craque. O sistema defensivo do Grêmio é bom, a saída do Cris
deu mais consistência, o problema atual é que o nosso ataque não está fazendo
gol. Vargas joga um monte pela seleção chilena, mas ainda está devendo para o
Grêmio. Barcos não balança a rede faz um tempão. O elenco do Grêmio é muito
bom, vamos ver como ficamos com o novo técnico. Eu vejo motivação na garotada.
É volta de temporada, sempre é complicado, mas o que vai jogar aí é o Grêmio
com a força que tem. Eu gosto desta escalação, desconheço o Moisés. O time que
vai a Curitiba não é só tradição, tem mais. Vai ser um bom jogo.”
Obrigado amigo velho, saudades, vou ao jogo com os pés no chão, como você
bem disse, vai ser um bom jogo. Desculpe, mas que vença o Atlético.
Saio para inspecionar as obras do colosso da Baixada. Começo pela esquina
que reúne o presidente e o coronel, olhos fixos na impressionante ponte
metálica que se aproxima já do meio campo. Dou uns passos para dentro do
estacionamento de restaurante onde as tainhas estão prontas para encontrar a
panela e observo as estruturas subindo decididas. Uma beleza.
Viro na república dos hermanos e encaro o início da demolição dos prédios
pertencentes ao Exército, a já antiga fachada salpicada de operários. Desço na
direção da Brasílio, paro, um irmão atleticano se aproxima, puxa assunto, quer
saber se a obra será entregue no prazo, mostra-se espantado com o vão livre a
ser coberto pela cobertura. Ficamos ali por uns minutos, falando do time, do
Petraglia, da inveja dos coxas, do futuro radiante que nos espera.
Sigo pela Brasílio, espio pelo portão aberto, dobro de novo na Dulcídio,
observo os degraus da curva dos fundos ainda em princípios, um menino com o
braço engessado me pergunta: “Onde é o espaço Sócio Furacão?”. Indico, o piá
agradece e sai puxando o pai apressado para a compra da cadeira.
A visão de fora não me basta. Tivesse dinheiro, iria comprar um balão
cativo, instalar na praça e passar o dia apreciando a obra crescer. Melhor, ia
ganhar dinheiro levando os irmãos rubro-negros a passear nas alturas, assistir
do céu o crescimento – o irmão cavalariano que perdoe – da mais linda das
arenas.
emociona acompanhar a obra... é bem mais incrivel que nas imagens da internet...
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