sexta-feira, 5 de julho de 2013

A MAIS LINDA DAS ARENAS

Publico o meu “Levado Pelo Coração”, afasto-me meia hora do computador e quando volto encontro o comentário do amigo velho, companheiro da nobre Cavalaria, herdeiro das tradições do Legendário Osório, herói vibrante de tantas guerras do nosso período imperial.

O amigo é gremista doente, percebeu o meu distanciamento das coisas do tricolor e resolveu ajudar, virar meu correspondente no extremo sul da Pátria imensa que juramos defender com o sacrifício da própria vida.

O brasileiro parece ter descoberto agora, escondido em meio ao Hino Nacional, o mágico “verás que um filho teu não foge à luta”, o verso que simboliza o espírito da profissão militar. Para quem sempre acordou cedo, nunca viveu o tal “deitado eternamente em berço esplêndido”, nunca fugiu à luta, o brasileiro está atrasado só 513 anos. Mas chega de saudades desta profissão de honra, vamos ao futebol, à análise do meu correspondente sulino.

Diz ele: “Novidades no Grêmio são apenas duas, Moisés e Renato gaúcho, os demais pertencem à base do time. Elano vinha jogando somente um tempo. Biteco é craque. O sistema defensivo do Grêmio é bom, a saída do Cris deu mais consistência, o problema atual é que o nosso ataque não está fazendo gol. Vargas joga um monte pela seleção chilena, mas ainda está devendo para o Grêmio. Barcos não balança a rede faz um tempão. O elenco do Grêmio é muito bom, vamos ver como ficamos com o novo técnico. Eu vejo motivação na garotada. É volta de temporada, sempre é complicado, mas o que vai jogar aí é o Grêmio com a força que tem. Eu gosto desta escalação, desconheço o Moisés. O time que vai a Curitiba não é só tradição, tem mais. Vai ser um bom jogo.”

Obrigado amigo velho, saudades, vou ao jogo com os pés no chão, como você bem disse, vai ser um bom jogo. Desculpe, mas que vença o Atlético.

Saio para inspecionar as obras do colosso da Baixada. Começo pela esquina que reúne o presidente e o coronel, olhos fixos na impressionante ponte metálica que se aproxima já do meio campo. Dou uns passos para dentro do estacionamento de restaurante onde as tainhas estão prontas para encontrar a panela e observo as estruturas subindo decididas. Uma beleza.

Viro na república dos hermanos e encaro o início da demolição dos prédios pertencentes ao Exército, a já antiga fachada salpicada de operários. Desço na direção da Brasílio, paro, um irmão atleticano se aproxima, puxa assunto, quer saber se a obra será entregue no prazo, mostra-se espantado com o vão livre a ser coberto pela cobertura. Ficamos ali por uns minutos, falando do time, do Petraglia, da inveja dos coxas, do futuro radiante que nos espera.

Sigo pela Brasílio, espio pelo portão aberto, dobro de novo na Dulcídio, observo os degraus da curva dos fundos ainda em princípios, um menino com o braço engessado me pergunta: “Onde é o espaço Sócio Furacão?”. Indico, o piá agradece e sai puxando o pai apressado para a compra da cadeira.

A visão de fora não me basta. Tivesse dinheiro, iria comprar um balão cativo, instalar na praça e passar o dia apreciando a obra crescer. Melhor, ia ganhar dinheiro levando os irmãos rubro-negros a passear nas alturas, assistir do céu o crescimento – o irmão cavalariano que perdoe – da mais linda das arenas.

 

Um comentário:

  1. emociona acompanhar a obra... é bem mais incrivel que nas imagens da internet...

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