O técnico Jorginho, que agora diz ter montado
a base do atual Furacão, está fazendo das tripas coração para livrar o Náutico
da lanterna do Brasileiro. Perdeu três seguidas desde que chegou ao Timbu,
ganhou do Sport no meio da semana, um dois a zero que nada valeu, foi para os
pênaltis e Marcão pegou tudo, colocou o Leão para seguir na Copa Sul-Americana.
A vitória de dois a zero no clássico
pernambucano motivou a equipe que terá três jogos seguidos em casa, Furacão,
São Paulo e Vasco, chance de acumular pontos e melhorar na classificação.
Resultados negativos decretarão o rebaixamento antecipado do time que Mancini
já comandou no pernambucano deste ano, um dos cinco treinadores que passaram pelo
clube em 2013.
Na luta para fugir da degola, Jorginho troca
esquemas de hora em hora. Contra o Bahia começou o jogo com Berna; Auremir,
João Felipe, Leandro Amaro e Bruno Collaço; Elicarlos, Derley e Martinez; Jones
Carioca, Olivera e Tiago Real. Um time com três volantes e três atacantes, com
imensas dificuldades para fazer a bola chegar ao ataque, Jones Carioca
realizando um esforço tremendo e solitário pela ponta direita sem conseguir
resultado.
Após tomar gol de fora – o Bahia aproveitou
bem espaço entre a primeira linha de defesa e os três volantes para finalizar
de longa distância –, Jorginho resolveu atacar, trocou Derley por Maicon Leite
e o uruguaio Olivera por Jonatas Belusso. O time passou a jogar com dois
volantes, Elicarlos e Martinez, Tiago Real na transição, Maicon Leite pela
direita, Belusso centralizado e Jones Carioca na esquerda. Um 4-2-1-3 mais
animadinho.
Quando começou a incomodar, o Bahia fez dois
a zero em cabeceio de Fernandão. Wallyson passeou por buraco imenso na lateral direita
alvirrubra e fez cruzamento perfeito para o jogador atleticano. O jogo acabou.
Contra o Sport novas mudanças, novas caras.
Aparece o 4-2-2-2 com Berna; Oziel,
João Felipe, Leandro Amaro e Bruno Collaço; Elicarlos e Martinez; Diego Morales e Tiago Real; Rogério e Olivera. Com dois
armadores o Náutico teve mais disposição e construiu o dois a zero com gols de
Elicarlos de cabeça e Olivera em chute de fora.
O Timbu é time em construção, jogadores que
habitavam a reserva entram e tem bom rendimento, nada que se possa dizer
definitivo, outros que me pareceram promissores, como Jones Carioca,
desaparecem, é a fase da muda, os que têm nova chance mostram suas melhores
penas, os afastados choram no banco.
Mancini deve conhecer bem a maioria dos
jogadores. Eu achei o Náutico muito fraco, o zagueiro João Felipe deve ser
explorado, algum cuidado deve ser tomado com o uruguaio Olivera, o velho e bom
pivô, para falar bem de mais alguém vou recomendar atenção com Leandro Amaro
nas bolas paradas, isso se ele jogar, o jogo pode ter a volta de Jean Rolt
titular da posição. É só.
Mesmo obrigado a vencer, não apostaria todas
as minhas fichas na escalação do time que venceu o Sport. Penso que Jorginho virá
com três volantes, o argentino ainda cansado do clássico Diego Morales, Rogério
e Olivera na frente. É só um palpite. Saindo do palpite, caindo na realidade,
impossível acreditar em outro resultado que não seja a vitória do Atlético na arena
Pernambuco.
Aconteça o que acontecer, o Náutico não
precisa se preocupar, o ano que vem será melhor. Jorginho já está cuidando do
seu futuro.
Dias atrás reclamei aqui de pessoas que sem
qualquer necessidade assistem em pé às partidas do meu Furacão. Leitor amigo me
fulminou com seu comentário rápido e certeiro: “Quer sentar vai prá Mauá”.
Inegável a criatividade do nádegas inquietas. Ele não sabe que assisti na Mauá
Atlético dois, Flamengo zero em 1983, o maior público da história do em ruínas,
e assisti sentado, bem, mais ou menos, espremido seria a palavra certa.
Junto ao amigo que deseja ver minha
labirintite ganhar força no treme-treme, outro lamentou o uso excessivo dos
palavrões, disse levar seus filhos pequenos ao campo e nem na presença dos
menores os torcedores aliviam nas palavras antigamente chamadas de baixo calão,
me pediu para explorar o tema.
No jogo contra o Botafogo sentei atrás de um
casal e filho, um rubro-negrinho de seus sete anos de idade. Lá pelos minutos
trinta e poucos, alguém ao meu lado abençoou o bandeira com série de palavrões
cabeludos. O menino nem se mexeu, mas ouviu. De imediato me veio à memória o
leitor e seu pedido.
O campo foi por muito tempo espaço de homens
adultos, quando muito seguidos por filhos machos, com o dever de aprender todas
as grosserias, as mulheres nem chegavam perto. Hoje, as mulheres povoam as arquibancadas,
dizem mais palavrões que muito barbado, quando casadas, seguem seus maridos,
levam suas crianças, o campo virou local para o passeio das famílias, uma benfazeja
mudança cultural, à qual devemos nos adaptar.
Ontem em minha inspeção diária da Arena
magnífica encontrei portão aberto na Brasílio, pude ver de perto a
grandiosidade da obra que nos levará a patamar superior de qualidade em
assistência esportiva. Muitos falam que as novas arenas elitizarão o futebol, só
irá ao estádio o rico, aquele que puder pagar os altos preços dos ingressos.
Espero que não, essa é a mudança indesejada.
O que precisamos é elitizar nossos
procedimentos como torcedores, respeitar os menores, as senhoras, os velhos, os
adversários. O amigo poder ter certeza que o Atlético vai dar um salto vigoroso
em poucos anos, vamos disputar títulos nacionais e internacionais, seremos sem
dúvida o Atlético gigante que todos desejamos. Abri o site do Atlético e vi
Petraglia recebendo a diretoria do Palmeiras no CT, essa é a nova atitude CAP gigante a ser seguida.
A torcida do Atlético já aprendeu com a Arena
que foi por terra a se policiar, tantas foram as perdas de mando de campo por
lançamento de objetos no gramado. Já melhoramos muito, a melhora material nos
empurrou para a necessidade da disciplina. Tomara que a nova Arena nos traga o
polimento necessário, nos faça entender a necessidade de cuidar da boca aflita.
O amigo vai dizer que os maus exemplos estão
por toda parte, nossos políticos são fonte inesgotável, nossas novelas são
escolas do crime, da depravação em seu melhor estilo em pleno horário nobre,
que mal fará um palavrão merecido para o assistente com sua bandeira levantada.
O problema é que o campo virou espaço para a diversão das famílias e a família
é o começo de tudo, a esperança de um futuro melhor.
Temos uma torcida exemplar, linda, fervorosa,
temida. Para botar medo só a caveira basta. Para mostrar fervor, temos o
sangue, o passado, o amor que nos faz persistir noventa minutos a animar
guerreiros. Para mostrar beleza temos as cores, as bandeiras, os painéis, os cantos
e, convenhamos, se não for belo, para que serve.
Não tenho a expectativa de mudar ninguém,
mudar hábitos tão profundamente arraigados, mas repito aqui o pensamento
carregado de esperança, se não for belo, amigos, para que serve.
O Furacão manteve o leitãozinho no forno 180
minutos, o fogo alto o tempo todo, e só descansou quando o bichinho já estava
pururucando. O Palestra que veio a Curitiba para defender seu título,
acostumado com as molezas do treme-treme, voltou para casa com dois quentes e três fervendo, é um sortudo,
vai poder se dedicar agora única e exclusivamente ao retorno à primeira
divisão, coisa que todo time que peregrina pelo negrume da série B deve fazer.
O Atlético anda com o coração peludo, mal que
nem pica-pau, entra em campo para encurralar o adversário e vai fazendo gols
com o irrequieto Ederson, que se fazia um com míseros minutos, agora com
noventa é dois todo jogo.
Disse que se conseguíssemos repetir a partida
contra o Botafogo na sua intensidade e perfeição ofensiva, daríamos um salto
para as quartas de final. Foi o que aconteceu. Em nenhum momento o Verdão teve
controle do jogo, em alguns poucos minutos do primeiro tempo conseguiu trocar
passes, foi só, todo o tempo restante tentou defender, e o fez bem, acumulando
jogadores nos espaços defensivos, reduzindo distâncias, fazendo poucas faltas,
dificultando muito para o Furacão.
O leitãozinho estava indo para o dez quando
Botelho cobrou o lateral, Everton impediu a ação do zagueiro sobre a bola,
Zezinho fez a raspadinha e Éderson em lance de cirque de soleil encobriu Prass.
Estava aberta a porta. Eram 35 minutos. Ótimo,
agora o porquinho teria que fuçar no ataque.
Terminou o primeiro tempo e eu achando que o
perseguido Baier pouco participou, nossa ação ofensiva ficou muito dependente dos
laterais, da individualidade de Dellatorre, a bola andou arisca evitando os pés
de Baier e Everton.
A vontade de definir a passagem de fase levou
Manoel e Botelho a arriscar no ataque, atitudes que me trazem péssimas
memórias. Quero o segundo gol sem riscos. Aos 14, Dellatorre perde
oportunidade, aos 17 é substituído por Marcelo. Gostei da substituição.
O Parmera tenta timidamente o ataque e sofre
o contragolpe. Bola com Éderson, tira do zagueiro, manda bala, Prass faz ótima
defesa, o rebote sobra para Paulo Baier, logo para quem, está na rede o segundo
que eu queria. O resultado é enganoso, bobeou na defesa, sofreu um gol, morre na
praia. Vamos fazer mais um Furacão.
O gol maracujá vem rápido, logo aos 32. Baier
lança o papa-léguas, Marcelo sai atrás e deixa o zagueiro a quilômetros de
distância, cruza rasteirinho e Éderson decreta o fim da pelada. Gilson Kleina
pode começar a arrumar desculpa, reclamar do árbitro, pensar no título da
segundona, o da Copa do Brasil ficou na história, atropelado por um Furacão sem
pena da criação.
O Atlético foi intenso durante todo o jogo,
buscou o gol, venceu com amplo merecimento. Foi o melhor resultado da rodada,
nem o Corinthians fez três no Luverdense. Mesmo glorificando o ataque,
impossível não realçar o trabalho da defesa, impecável, sem dar qualquer chance
de gol ao visitante. Os laterais trabalharam tanto que a substituição foi obrigatória.
Baier saiu pedindo vaga para Manoel na seleção. Éderson foi um matador digno de
filme de 007.
E a torcida? Outra atuação brilhante, um fole
gigantesco atiçando o fogo da caldevila, por pouco o leitãozinho não passou do
ponto. É amigo, ou você se associa ou vai gastar muito dinheiro com ingresso.
Nesta balada, vamos muito longe.
Ganhamos? Passamos pelo Palmeiras? O torcedor
atleticano quer um incentivo para enfrentar o frio do horário da pneumonia hoje
na Vila Capanema. Uma perspectiva
animadora facilita a decisão. O Atlético precisa vencer por dois gols de
diferença para permitir que o Palmeiras possa focar todos os seus esforços na
conquista da segunda divisão. Então irmãos, vamos ajudar o Verdão. Vamos à
Vila, vamos vencer.
Gilson Kleina já convocou seus três volantes
para segurar o resultado e confia em Mendieta, Leandro e Alan Kardec para
marcar o gol que vai dificultar uma barbaridade o trabalho rubro-negro. Colocou
seis titulares para descansar contra o Boa Esporte, perdeu sem perder a
liderança na série B, e vem com o time motivado pela conquista da Copa em 2012.
Chega a Curitiba para fazer o que gosta,
defender e contra-atacar. O gol nos primeiros minutos em São Paulo já lhe
permitiu exercitar este planejamento com sucesso. Defendeu noventa minutos e
venceu.
Precisando atacar, Kleina pode trocar o
lateral Juninho pelo armador Ronny, o atacante Leandro por Serginho. Precisando
fortalecer a defesa, os volantes Eguren e Wendel participarão da partida.
O Atlético para fazer seu torcedor feliz tem
que dar prosseguimento ao bom jogo do Pacaembu, ser mais feliz nas
finalizações. Marcado o primeiro, o Verdão vai ter que arriscar, vai se abrir,
ficar vulnerável. Tudo vai ficar mais fácil. Necessitando de gols, Mancini poderá
montar um ataque com Marcelo, Dellatorre e Éderson. Um super ataque.
Os treinadores têm suas armas, as regras do
duelo tático estão claramente estabelecidas.
O que vai determinar a passagem para a
próxima fase? Certamente o duelo de vontades, a precisão nas conclusões. Se o
Atlético conseguir repetir o jogo contra o Botafogo na sua intensidade e perfeição
ofensiva, damos um salto para as quartas de final.
Estou esquecendo alguma coisa?
Estou esquecendo e o meu esquecimento é
imperdoável. A torcida que deu show no apagar da estrela solitária botafoguense
será fundamental para o sucesso rubro-negro. A noite será fria, o calor do
torcedor indispensável. Então, coragem meu irmão, o frio nos fortalece, vamos à
batalha, vamos fazer a nossa parte.
Passei o dia zapeando programas esportivos,
procurando ansioso pela camisa rubro-negra, pelas arrancadas de Dellatorre,
pelas finalizações precisas de Éderson. Ao contrário da incansável rotina de
rasgados elogios aos chamados grandes, os comentaristas gastavam preciosos
minutos para falar do Clube Atlético Paranaense, justificar sua impressionante
subida para o G4, fazer previsões sobre o futuro, valorizar o trabalho de
Mancini.
Perguntados se o Atlético era candidato ao
título, ouvi dois comentaristas do grande eixo afirmarem que sim. Como são
profissionais a quem dou ouvidos, acho ponderados em suas opiniões, fiquei todo
faceiro, mesmo depois de ouvir suas justificativas para o prognóstico, todas
elas mais desmerecendo os adversários do que louvando o Furacão.
O torcedor atleticano não precisa ficar
incomodado com possíveis descrenças da mídia nacional. Nós mesmos estamos
tomando um choque de dar vida ao Frankenstein com toda essa subida de rojão
americano, depois do início assustador, o pangaré rubro-negro sempre na última
fila do Fantástico.
A recuperação pós Copa das Confederações não
estava nos augúrios do mais estudioso dos videntes. Para que acontecesse rotas
de planetas tinham que ser alteradas, Júpiter teria que fazer as pazes com
Saturno, Vênus flertar com Marte, Titã mandar beijos estelares para a nossa
Lua. Algo totalmente fora das leis da astrologia moderna.
Pois tudo isso aconteceu, Nhô Drub deu lugar
ao seu Vavá, o time pegou no breu, a defesa passou a defesar e nós estamos aí,
pedindo passagem, a quatro pontos do Cruzeiro, o líder da competição.
O atleticano contabilista vai aos jogos
iniciais e calcula que tivéssemos mantido alguns resultados de vitória quase
certos, hoje estaríamos à frente da Raposa. É verdade, mas fosse assim, a
mudança radical não teria acontecido, quem sabe onde estaríamos no momento.
Eu estou me agarrando aos fatos. As justificativas
dos profissionais da grande mídia para a possibilidade são verdadeiras, times
com elencos caríssimos amargam maus resultados, está valendo mais a união do
grupo, a boa preparação física, o foco na próxima partida.
O Atlético tem bom elenco, fortaleceu-se com
as chegadas de Marco Antônio e Willian Rocha, mantendo o que tem, ganhando mais
uns dois bons jogadores chega bem ao final do ano. O time está unido, entrosado,
a preparação física permite noventa minutos de futebol intenso, as
condicionantes para o final feliz estão presentes. Enfim, o Atlético pode ser
campeão? Pode.
Se tudo isso vai durar, não me perguntem. O
Atlético tem profissionais e instalações capazes de produzir as melhores
condições para que o cenário atual se perpetue por longo tempo. Aí vêm todas as
demais circunstâncias. Os adversários também crescem, as marcações se fortalecem,
as facilidades mínguam, os problemas disciplinares afastam, as lesões são
críticas, em uma semana perdemos Marcelo e Léo, todo o lado direito.
Melhor ficar com a filosofia da entrevista de
Éderson, o artilheiro dos míseros minutos. O negócio é somar pontos a cada
partida, ir ultrapassando barreiras, afastando desconfianças, ganhando
admiradores. Lá na frente, fortes como eu imagino, com a torcida fantástica bombando
nas arquibancadas, a gente vê no que é que dá. Simples como o título do
clássico dos anos cinquenta, o mais que verdadeiro o que será, será.
O grito é veterano, mas hoje, especialmente verdadeiro:
O Furacão voltou. O Atlético varreu o Botafogo, apagou o brilho da estrela
solitária, ganhou com amplo merecimento. A ausência de Seedorf... Seedorf veio?
Desculpem os amigos, não vi o holandês em campo. Oswaldo de Oliveira deve ter entrado
no vestiário e apressado o banho da rapaziada, deixado preces, comentários para
o Rio de Janeiro, na verdade, melhor esquecer, começar de novo, fazer de conta
que o Durival de Britto foi apenas um duro pesadelo.
O Botafogo tentou fazer o seu jogo, arrefecer
o ânimo rubro-negro, demorando na cobrança de faltas, pouco a pouco avançando
seus laterais, seus zagueiros, até conseguiu ali pelos vinte e cinco do
primeiro tempo e foi só. A velocidade do Atlético, as constantes infiltrações
pelos lados do campo desestabilizaram o equilíbrio botafoguense, obrigaram a
defesa ao recuo, à baixíssima produção da peça ofensiva.
Ao final do primeiro tempo contabilizavam-se
no mínimo seis boas finalizações atleticanas, duas de Dellatorre raspando as traves,
uma defesa excepcional de Jefferson em cabeceio de Éderson, outras boas defesas
em chutes do próprio Éderson e de Paulo Baier. Com Bruno Silva e João Paulo na
frente da zaga, uma atuação firme da primeira linha de defesa, o Atlético
controlou o jogo, impediu o Botafogo de construir qualquer jogada, fui para o
intervalo lamentando a falta do gol tranquilizador.
Depois de ver semelhante primeiro tempo da
Portuguesa e sua posterior derrota por 3 a 1, fiquei imaginando se o Botafogo
não teria conseguido seu primeiro objetivo na partida, viria para a segunda
fase para detonar o meu Furacão. O seu Oswaldo pede mais posse de bola e
avançar a marcação. É isso que eu não quero.
O relógio corre um mísero minuto, Dellatorre
recebe na intermediária no meio de três, passa de passagem, avança área adentro,
passa a Éderson, o artilheiro dos míseros minutos toca na saída de Jefferson, a
bola vai pererecando, Dellatorre faz sua escolta até ultrapassar a linha do
gol. Vibra a torcida rubro-negra, é um a zero no placar do relógio. Vamos ver o
Botafogo espernear.
Bem que o Fogão tenta, só consegue um
cruzamento em que a indecisão da zaga leva ao desentendimento entre Weverton e
Manoel. Calma crianças, o jogo é nosso, o jogo é da dupla Dellatorre-Éderson.
Onze minutos, Dellatorre entra como um foguete
pela esquerda e dá um toque mágico para Éderson desviar do gigante Jefferson.
Dois a zero, fim prematuro da partida inesquecível.
O Botafogo estrebucha, Vitinho vai para a
jogada individual, tenta ultrapassar oito jogadores atleticanos dentro da área,
fica na vontade. Consegue choque violento com Weverton, consegue a confusão, a
expulsão, com ele vai Pedro Botelho. O juiz dá mais cinco minutos para a
torcida atleticana fazer festa, ela merece.
A partida de Dellatorre foi excepcional,
Éderson impecável na finalização, o sistema defensivo beirou a perfeição, hoje
vou elogiar até o guarda de trânsito Luiz Alberto. A utilização de dois
volantes de marcação por Mancini teve efeitos muito positivos. As entradas de
Marco Antônio e Willian Rocha mostram a evolução do elenco. A adoção da Vila pela
torcida cria esperanças. É rubro-negro, parece que as pedras rolaram, rolaram e
finalmente se encontraram na beira do rio. Que felicidade.
Tenho que ir ao litoral e resolvo almoçar em
Morretes, comer um barreado, passear pela cidade que na infância conheci em
viagem de ônibus para as praias, parada obrigatória no Bar Barril para comer
uns pastéis, um milho verde, tomar uma garapa, encher o estômago para enfrentar
mais um tempão de estrada de saibro até Matinhos.
Sento em mesa com vista para o Nhundiaquara ao
lado de três chineses em início de batalha com a garçonete. O china aponta para
a propaganda do cardápio e a menina diz “camarão”, os chineses se entreolham
sem entender nada, novo apontar para a foto, a solícita avança um “peixe frito”,
aparece garçom mais antigo cheio de sorrisos e ataca de “barreado”, a conversa
não avança, até que chamam um versado na idioma de Shakespeare. Com ar de soldado
da rainha diz o morreteano sem mais delongas: “Fish, shrimp, tudo à vontade”. Nunca
vi um chinês com o olho tão aberto.
De alguma forma chegou-se à conclusão pelo
rodízio e aí ficou perigoso. O mais velho e mais simpático resolveu demonstrar
como se faz o barreado. Colocou a farinha no prato, a carne, misturou tudo, fez
aquela paçoca que conhecemos, virou-se para a chinesinha, calada como coxa em
final de Copa do Brasil, e disparou: “Olhe para cima”.
A china olhava para os dois amigos com cara
de “que caceta is that”, até que o senhor empurrou seu queixo de porcelana Ming
para cima e virou o prato sobre sua cabeça. A paçoca agarrada ao prato
milagrosamente não cai. Demonstrada a mágica do barreado, risadas gerais, câmeras
fotográficas em mãos, cada china tirou sua foto com o prato sobre a cabeça,
seguiu-se a feliz comilança.
Espero que esses chineses não sejam médicos
em vias de ocupar posto de saúde em Morretes. Somos um povo cego em idiomas. Quantas
brasileiras não se espantarão quando os pajés cubanos em início de consulta as
cumprimentarem com o clássico “Hola! Que tal?”, confundindo o olá com a ave
columbiforme de pequeno porte.
Volto à capital e o Paraná ganhou do Sport, a
Vila lotada, o amigo paranista, novo demais para ter catarata, jorra lágrimas
em cascata, enaltece o time, a torcida, acha que desta vez vai. Torcemos por isso.
Só espero que tenham preservado o gramado para nossa grande exibição de hoje à
tarde.
Pelo que li, o Botafogo vem sem Seedorf, nem
por isso é menos perigoso. O Atlético vai ter que jogar muito, a torcida vai bater
o recorde paranista, ajudar o time a vencer o vice-líder. Estou confiante.
Depois que vi o milagre do barreado suspenso sobre a cabeça da chinesinha temerosa
pela sua progressiva Made in China, tudo pode. O Fogão está aceso demais, está
na hora do Furacão soprar esse fogo. É hoje.
O amigo quer conhecer o Botafogo com Seedorf
ou sem Seedorf? Temos resposta para todos os gostos. Botafogo com o holandês em
campo, temos Portuguesa 1 x Fogão 3, Botafogo sem o dono do time, temos Bota 4
x Galo 2.
Comecemos pelo jogo contra a Lusa no Canindé.
Grande primeiro tempo lusitano, marcou a saída de bola do Bota, bloqueou a
subida dos laterais, viveu no ataque, chegou pelos lados do campo, teve chances
de marcar, não marcou, foi toda animada para o vestiário acreditando na vitória.
Qual a escalação do Fogão? Jefferson;
Gilberto, Bolívar, Dória, Julio Cesar; Marcelo Mattos, Gabriel; Lodeiro,
Seedorf e Vitinho; Rafael Marques. Todos sabem jogar, o time é solidário, Seedorf
comanda, ralha com os fora do ritmo.
O segundo tempo começa e a estrela solitária
consegue avançar a marcação, leva seus laterais e volantes para o campo da
Portuguesa, os três armadores passam a alterar seus posicionamentos, o destino
do jogo muda de rumo. O ponto de inflexão da partida acontece com a saída de
Lodeiro e a entrada de Elias. O Fogão passa a jogar com dois atacantes contra
uma Portuguesa cansada de tanto esforço infrutífero no primeiro tempo.
Aos 18, Bolívar marca de cabeça em escanteio
cobrado no segundo pau. Esse Bolívar já nos incomodou muito quando no
Internacional. A Portuguesa empata aos 26, também de cabeça em escanteio. Um
minuto depois, cruzamento da direita e Rafael Marques finaliza forte, 2 a 1.
Rafael finaliza muito bem, deu espaço Weverton vai ter que fazer milagre. Aos
32, Seedorf dá passe vertical para Elias, 3 a 1, a Lusa morta em campo se
entrega e quase é goleada.
O time que venceu bem o Galo sem Seedorf,
mudou somente a peça ofensiva. Vamos lá: Lodeiro e Vitinho; Rafael Marques e
Alex. Voltou ao bom segundo tempo contra a Lusa, dois armadores para municiar
dois atacantes, ausente o patrão holandês.
Sem Seedorf, defende com duas linhas de quatro
jogadores, Lodeiro bloqueia pelo lado direito, Vitinho pelo lado esquerdo, os
dois atacantes voltam até o meio de campo, sem grandes preocupações com a
marcação. Ataca usando os laterais, principalmente Gilberto pela direita,
forçando a ultrapassagem sobre o lateral, Botelho vai ter problemas, os quatro
atacantes se movimentam muito, Vitinho abusa da individualidade, exige vigilância
dobrada, Lodeiro é esperto.
Contra o Galo, o Fogão fez três gols em
chutes de fora, Vitinho, Lodeiro e Rafael Marques, e foi agraciado com um gol
contra. Tomou um em contra-ataque, outro em lançamento nas costas de Dória.
Vitinho participou de três gols e fez o seu. È fraco o rapaz? Pode até não ser
tão bom quanto parece, mas está em ótima fase, tudo dá certo, tem que marcar.
Fica claro o bom entrosamento defensivo, a
movimentação eficiente dos atacantes, a qualidade da finalização, o superior
rendimento físico no segundo tempo. É pouco ou quer mais?
O Atlético terá que bloquear a saída de bola
alvinegra, evitar o avanço dos laterais para o campo atleticano, anular Vitinho,
evitar os chutes de fora, ter fôlego para se manter no ataque os noventa
minutos, quando tiver chance, vencer Jefferson. O bom uso do banco será
fundamental.
Será um grande teste, um grande jogo, o
atleticano da arquibancada vai determinar a vitória. Nem poderia ser diferente,
com a torcida rubro-negra lotando a Vila CAPanema, qualquer
adversário é mamão com açúcar, com Seedorf ou sem Seedorf.
Li a seguinte declaração de Mancini no site
Furacão.com: “Hoje fomos infelizes no quesito finalização, se tivesse alguém
ali dentro [da área] talvez a sorte seria outra”. O “da área” entre parênteses
é acréscimo do site. O que significa? Mancini acha que o Atlético precisa de um
jogador de área, um Fernandão, um Marcão, um jogador de presença física na sala
de jantar, normalmente fixo, algo em extinção no futebol nacional.
A correria em que se transformou o futebol, a
necessidade do empenho na marcação, colocou o nove puro em desuso. Hoje são
poucos os jogadores de ataque que não tem missões de marcação, de voltar para
buscar o jogo, cair pelas laterais do campo, abrir espaço dentro da área,
possibilitar a chegada na surpresa de armadores e volantes.
Quem seria um nove puro no atual futebol
brasileiro? Fred talvez seja o único, dois minutos com a bola nos pés por jogo,
um gol por partida. Leandro Damião, que poderia se caracterizar como exemplo
típico, volta para buscar a todo momento, contra o Atlético roubou no meio de
campo e fez a assistência para o empate colorado. Mesmo o Fred seleção foi muito
mais produtivo que o Fred Fluminense. Seu Felipão quando manda todo mundo corre
para atender.
Conheço bem a torcida atleticana. Coloque-se
um poste dentro da área e na segunda canelada do infeliz a cuíca vai roncar.
Foi assim com Bruno Mineiro, com Fernandão, com Marcão só para citar os mais
recentes. Foi assim com Kléber, nosso maior artilheiro depois do Sicupira,
perdido um gol, já se ouvia o “Kléber vai pro inferno”.
O Atlético perdeu gols por que nossos
atacantes, dentro da área, ou erraram a finalização chutando para fora, ou o
ótimo Fernando Prass fez grandes defesas. Eles estavam lá, construíram as jogadas,
deram assistências e o gol não saiu. Que fazer?
Buscar Bruno Rangel na Chapecoense, com 31
anos, é jogar na loteria. Como pode dar certo, pode ser um tremendo tiro n’água,
atrapalhar um bocado. Jogadores são assim, o Willian de fracos nacionais é o
artilheiro do campeonato jogando pela Ponte Preta. O treinador acertou um
esquema para ele, as assistências estão acontecendo, e ele está sendo feliz. O
Fernandão começou um foguete no Bahia e estacionou nos cinco gols marcados.
Acho que o que funciona no Atlético é o
ataque. Contra o Palmeiras fechadíssimo, tivemos cinco ótimas oportunidades
para marcar, Dellatorre fez duas assistências excelentes, o time criou muito. O
amigo dirá tudo bem, mas gol que é bom nada.
Dirá e é verdade. Aí temos que analisar o
contexto do jogo mata-mata. O Atlético saiu atrás, tinha que marcar, o gol
ficou pequeno, Prass é um goleiraço, os meninos se preocuparam em colocar
demais e lamberam as traves. Quando digo meninos são meninos mesmo, Marcelo,
Delatorre e Ederson ainda são muito novos, daí os gols decisivos serem
normalmente de Paulo Baier, alguém com anos de rodagem.
O Atlético tem um dos melhores ataques do
campeonato, temos que elogiar esses piás todo dia, valorizar, fortalecer o
moral, mantê-los, dar a eles tranquilidade para marcar cada vez mais. O problema
do Atlético não está na sala de jantar, está na cozinha, há muito tempo. Deixem
os piás brincarem em paz, eles são ouro em pó.
Ótimo jogo, difícil, corrido os noventa
minutos, resultado que pode ser revertido na Vila Capanema. Eu queria um golzinho fora, tinha certeza que
aconteceria. Chances não faltaram, faltou pontaria, nem o gol acertamos.
Com o meu concordo, o Atlético entra com
Elias no lugar de Baier, sofre a pressão inicial de praxe, leva um gol aos três
minutos em escanteio, bola no meio da área, Luiz Alberto espia, Vilson marca de
cabeça. Luiz Alberto já havia espiado o lateral do Criciúma entrando pelo seu
setor, facilitou, gol do Tigre. Agora espiou de novo, estamos atrás do placar
ao nascer da pelada.
Tenho um queridíssimo amigo torcedor do Flu
que apelidou Luiz Alberto de diplomata. Diz ele que o tricolor perdia e quem
estava lá para a entrevista, dando solução a todos os problemas, o senhor Luiz
Alberto. Para mim é um guarda de trânsito, está sempre sinalizando, apontando,
mas o amigo bem sabe que onde tem um guarda tem congestionamento, tem confusão,
tem problema.
Segue o jogo, segue a pressão, ela vai
diminuir, o Palmeiras vai recuar e tentar o contra-ataque. O gol no início reverteu
as expectativas, o Furacão que pretendia usar o contragolpe vai ter que
pressionar, buscar o empate, se expor defensivamente.
O Atlético equilibra a partida, marca muito
bem no meio de campo, recupera bolas, se mantém no ataque e vai perdendo gols.
Marcelo recebe passe de Delatorre e chuta para fora. Dellatorre tem duas boas
chances, na primeira Fernando Prass faz grande defesa, na segunda bola pela
linha de fundo. O rendimento do primeiro tempo me faz acreditar no empate. Contra
um Palmeiras muito recuado, totalmente empenhado em segurar o resultado, criamos
oportunidades, um pouco de calma e chegaremos ao gol.
Desanimo quando vejo Ederson substituindo
Elias na entrada para o segundo tempo. Ficamos sem a bola longa, o passe
preciso de meia distância. Vamos depender exclusivamente da individualidade dos
nossos atacantes, algo difícil de funcionar, a ação de carregadores de bola
contra defensores agrupados dentro da área. Tenhamos fé.
Bem que tentamos. O Atlético lutou, Ederson
perdeu ótima chance, outra boa assistência de Dellatorre, o jogo vai chegando
ao fim e o Palmeiras se aproveita do avanço rubro-negro, contra-ataca com
perigo, perde chances, quase tomamos o segundo, o que seria um grande castigo.
O Atlético perdeu por eventos que não
aconteciam há muito tempo, sofreu um gol de bola parada, o ataque passou em
branco. Achei que Mancini poderia ter segurado Elias um pouco mais em campo. A
entrada de Felipe no lugar de Dellatorre deu em nada. Desta vez seu Vavá não
tirou coelhos da cartola.
O Palmeiras é time lutador, sem grandes
expressões técnicas, vale mais pela aplicação tática, pelo empenho. A volta em
Curitiba vai ser uma luta de empenhos, de garra, de coração. Em se tratando de coração,
sou mais o rubro-negro.
Existe um ditado do tempo das legiões dos
Césares altamente aplicável à atual situação da Arena da Baixada: Aos amigos
tudo, aos indiferentes o regulamento, aos inimigos até a calúnia.
Os custos subiram, o leite que era 1,87
passou a 2,55, imagine o amigo o preço do aço, do cimento, do tijolo, dessas
coisinhas imprescindíveis à construção de obra padrão FIFA. O montante assustou
governo e prefeitura. O pessoal que criou a fórmula financeira para a execução
do projeto, que assinou contratos, correu para os bastidores.
Por enquanto, o Atlético, felizmente, é
tratado como indiferente. Os representantes dos segmentos políticos envolvidos
rebuscam dados técnicos, índices, querem opiniões de órgãos da construção
civil, procuram nos regulamentos a maneira de enquadrar o Furacão, cortar-lhe
as asas, fugir das suas responsabilidades com algum embasamento, que não os
faça parecer traidores sem causa.
É impressionante que nossos governantes
assinem contrato vultoso e não realizem o acompanhamento de sua execução, não
se empenhem nas suas esferas para que os recursos sejam disponibilizados a
tempo, orientem, e, então, quando os problemas aparecem, se escondam em
reuniões que ninguém vê, transformem-se em promotores, quando na realidade mais
pura e simples são réus de primeira hora.
É óbvio que a decisão para o caso é política,
passa por reunião entre governo, prefeitura e Atlético Paranaense, como se diz
no futebol, a lavagem de roupa suja que encaminha para o melhor resultado.
O Atlético não precisa de amigos, nem do
regulamento, nem da calúnia. Precisa de diálogo com o governador e prefeito,
gente com caneta para assinar, o barulhar da raia miúda em busca de pretextos,
desculpas, culpados, não ajuda em nada, é um gasto absurdo de tempo, quando o
que menos se tem é tempo.
Por certo, governador e prefeito têm a seus
lados políticos dedicados à composição, ao acordo, que poderão encaminhar a
conciliação, a uma solução razoável para o impasse. Como o amigo pode bem
adivinhar, dependemos unicamente de homens de boa vontade.
Quando o Atlético passou para a fase atual da
Copa do Brasil, falei que a continuidade nos permitia um sonho, estávamos lá
nas quebradas da zona de rebaixamento no Brasileirão, quem poderia imaginar que
hoje estaríamos namorando o G4, podemos sonhar duplamente. Sabia das mágicas do
célebre Houdini, mas das magias de Mancini não ouvira falar.
O Furacão joga hoje em São Paulo contra o
Palmeiras que estreia na Copa do Brasil, para quem já esqueceu, o porco foi
campeão da competição no ano que passou, venceu o Coxa Delivery, o glorioso que
entrega em casa.
Procurando conhecer o adversário, assisti Palmeiras
e Paraná no Pacaembu, um ótimo jogo. Kleina montou o seu time com Fernando
Prass; Luis Felipe, Henrique, Vilson e Juninho; Márcio Araújo, Charles e
Wesley; Valdívia, Leandro e Alan Kardec. O técnico paranista reconheceu o bom
contra-ataque palmeirense, avisou que ia defender e incomodar no ataque.
Dito e feito. A Gralha encolheu atrás da linha
do meio campo, deu umas bicadas no ataque e fez seu gol, melhor, ganhou um
autogol de Charles. No segundo tempo, voou, fez loopings, deu rasantes, não
resistiu e sofreu a virada.
O Palmeiras que perdeu jogou com três volantes
com liberdade para chegar no ataque, contou com o avanço dos laterais, a
participação criativa de Valdívia na articulação, a movimentação constante de
Kardec e Leandro no ataque. Incomodou com um cabeceio de Henrique em escanteio
e em finalização de Leandro recebendo cruzamento de Luis Felipe pela direita.
O Palmeiras que venceu teve outra formação. O
armador Mendieta entrou no lugar de Charles, o time contou com os laterais no
ataque, Wesley, Mendieta, Valdívia, Kardec e Leandro para caçar a Gralha
arredia. Conseguiu com gols de Juninho e Wesley.
Jogando competição em que parece sobrar, o
porco avança seus zagueiros para a linha de meio de campo, junta a eles um
volante, e distribui o restante dos seus jogadores pelo ataque. Circulando a
bola na intermediária, mantém de quatro a cinco jogadores intrometidos na linha
de defesa adversária esperando a definição da jogada, algo que pouco se vê. Com
tanta ousadia, demora na recomposição defensiva, fica vulnerável a contra-ataques.
A ausência de Valdívia, por incrível que
possa parecer, torna Kleina ainda mais ousado. Vai a campo com Fernando Prass;
Luis Felipe, Vilson, Henrique e Juninho; Márcio Araújo, Wesley e Mendieta;
Leandro, Ananias e Alan Kardec.
Nada mais que um 4-2-1-3, com um dos
volantes, Wesley, com boa chegada no ataque, o atleticano o conhece bem,
Mendieta na articulação, Leandro pela direita, Kardec centralizado, Ananias pela
esquerda. Ananias é rápido, dribla bem, sabe manter a bola sob controle. Deve
manter à retaguarda os zagueiros, um dos laterais e Márcio Araújo.
O Atlético pode se aproveitar dessa
arrogância suína, só não pode seguir a receita paranista, tentar defender
noventa minutos num Pacaembu que deverá estar lotado. A observação mostra que
sofrendo gol, o porco vai com tudo ao ataque, abre-se ainda mais. Então, é
jogar com equilíbrio, defender, atacar, explorar a necessidade palmeirense de
fazer bom resultado em casa.
Com a expectativa do espetacular jogo de
domingo contra o Botafogo, eu deixaria Baier no banco, colocaria Elias, descansaria
o velhinho. Estou abandonando um sonho?
Não, claro que não. Só tentando entrar no ramo da magia.
A tropa da FIFA esteve em Curitiba, deu uma
olhada na obra e decidiu-se pela não implantação do teto retrátil para a Copa
do Mundo. Teme-se pelo atraso da entrega do estádio, prevista para dezembro
deste ano. Todos nós da província sabemos que não é o teto retrátil que atrasa
o andamento dos trabalhos, é a falta de recursos, suspensa pelos nossos “homens
públicos” interessados em tudo, capazes de tudo, menos facilitar a vida de quem
procura o progresso.
O nosso governador de cabelos impecáveis já
reiterou que não vai colocar mais um centavo na obra. O prefeito de cabelos não
tão alinhados também. Dizem que com o dinheiro a ser colocado para a finalização
da obra poderiam ser feitas outras obras públicas mais urgentes. Então meus queridos
e honestos homens de bem, por que não fazem?
Por que nossa população é carente de
hospitais, creches, estradas, escolas, segurança? Por que essas obras não
começam amanhã?
Todos nós sabemos que não vão começar. Tudo
não passa de encenação política, uma demonstração de força em vésperas de ano
eleitoral, tentativa vã de mostrar serviço na hora da prova, marmelada na hora
da morte.
Que controle terá sobre obras, gastos de
secretarias, um governador que não consegue manter um mínimo de controle sobre
a sua polícia, atolada até os joelhos com os desmanches da capital? Quem
acredita nos números oficiais sobre violência em Curitiba, se bandido foi
solicitado a roubar carros em Contenda, São José, Piraquara para que os índices
de roubos na capital tivessem um decréscimo? Só os tolos. Uma vergonha.
O atleticano quer voltar para casa com ou sem
teto retrátil. A instalação da engenhoca pode ficar para depois. Anotou no seu
caderninho os nomes de Richa e Fruet para as próximas eleições e segue feliz
rumo à Libertadores.
Quem ligou luz alta para enxergar a Libertadores
foi o Coritiba, surpreendeu-se com a placa do Furacão na sua frente. O Coxa foi
operado no jogo contra o Corinthians, o seu Vilson teve um chilique, estranho
para alguém que considerava a arbitragem passível de erro, a discussão sobre os
homens de preto algo pequeno demais.
A discussão sobre os benefícios que o
Corinthians tem com a arbitragem é realmente café pequeno em relação ao aumento
absurdo de patrimônio que o clube paulista terá sem ficar com um pingo de
dívida. Vai receber de graça um estádio de primeiro mundo, com benfeitorias de
primeiro nível, o governo federal não está poupando granito para a conclusão da
obra faraônica.
Tivéssemos mesmo um pingo de preocupação com
dinheiros públicos, estaríamos todos exigindo explicações sobre o abundante
maná que cai sobre o deserto corinthiano. O amigo percebeu que quando se fala
em estádios particulares para a Copa só a Baixada e o Beira-Rio aparecem na
lista?
Em meio a esse negrume bem Brasil varonil
tenho que concordar que o problema da arbitragem é pequeno demais, embora ele
esteja mudando de opinião, tenho que concordar com o seu Vilson.
Na minha cabeça, o Atlético entra com Jonas
na direita e Léo na esquerda. Começado o jogo, os posicionamentos estão
trocados. Imagino que Mancini queira explorar o bom desempenho ofensivo de Léo
pelo seu setor de origem, Jonas deve dar conta de marcar no lugar de Botelho. A
minha fértil imaginação não segurou o avanço carvoeiro.
O Tigre rosna pelo lado de Jonas e cria
chances, nos primeiros quinze minutos a casa andou para cair. Mancini percebe a
brecha na defesa e troca os laterais. Na sua primeira intervenção pela esquerda,
Léo leva amarelo. O jogo fica perigoso. Será possível?
O
Atlético joga mal, a troca de passes eficiente inexiste, o Criciúma controla a
posse de bola, os jogadores rubro-negros tentam resolver na individualidade,
nada acontece, as muitas faltas sofridas dão esperança, nada acontece. O Tigre
parece estar na sua toca. Aos quarenta entra trocando bolas dentro da área,
costura demais e perde ótima chance de marcar. Aos quarenta e cinco, Sueliton
avança, passa por Léo com facilidade, é marcado pelo olhar feroz de Luiz
Alberto, manda bala, gol barriga-verde. Mais que merecido.
Mancini vai ter que arrumar o time no
intervalo. O jogo, que já estava perigoso, vai ficar muito mais. Vadão troca o
único articulador por volante, vai para a defesa e dá-lhe contra-ataque. Seu
Vavá troca Jonas por Carlos Alberto, o meu porteiro coxa tinha razão, o seu
Jonas está longe do Djalma Santos. A falta de um bom reserva para Botelho tocou
o horror no time. Espero que Willian Rocha resolva esse problema.
Os primeiros cinco minutos são do Criciúma,
ataca, cruza da direita com perigo, entra pelo meio da zaga, chuta de fora,
começo a pensar em outra substituição, algo que coloque o meio de campo para
andar. Não vejo nada organizado que possa levar à virada no placar. O Atlético
controla o jogo, incomoda, mas o goleiro Elton Leite assiste em baixo das
traves. Então os atacantes resolveram.
Carlos Alberto avança pela direita, passa a
Éderson voltando para buscar pelo meio, de primeira a bola é lançada nas costas
do lateral, o papa-léguas arranca, vai marcar, é empurrado por trás, pênalti.
Baier bate com categoria, dezessete minutos, jogo empatado. Já estou mais feliz,
ainda esperando a jogada de Everton, a meu pedido. O esperto me atendeu.
Aos cinco já tinha entrado pela direita e
chutado bola que assustou Elton. Aos vinte e sete, recebe de Marcelo deslocado
pelo meio, entra pela direita, cruza, a bola atravessa toda a área, o
papa-léguas corre atrás, pega a redondoca, gira e cruza na cabeça do artilheiro
dos míseros minutos. Gol de Éderson. Viramos a pelada. Como vem acontecendo, os
gols tiveram o carimbo de Marcelo.
Foi a pior partida do Atlético sob o comando
de Mancini. Jogou mal, errou muito, exigiu pouco o goleiro catarina, para ser
simples, foi confuso. Bruno Silva parece cansado, o avanço de Zezinho desamparou
a defesa, a armação pouco criou, os laterais sofreram na marcação, ficaram
devendo no ataque, faltaram peças para Mancini, demorou para colocar João Paulo
no jogo, teve sorte, ainda bem.
O que ficou de bom? O que podia acontecer de
melhor, vieram os três pontos.
Vadão, velho conhecido do torcedor atleticano,
acredita no bom resultado em Curitiba. A vitória contra o Náutico, a possibilidade
de manter a mesma escalação para o jogo contra o Furacão, a confirmação de
Wellington Paulista no ataque, animam o treinador que nos levou pela primeira
vez à Libertadores.
Infelizmente, não posso desejar boa sorte ao
inventor do carrossel caipira. O time carvoeiro está com 14 pontos, na zona do
rebaixamento, animou-se pelo bom primeiro tempo de três a zero fácil contra o
alvirrubro recifense, quer a vitória no Durival de Britto.
O time em que o seu Vadão de cabelos brancos aposta
suas fichas tem Elton Leite no gol, Sueliton, Leonardo, Mateus Ferraz e Gilson
na primeira linha de defesa, três volantes na zona de segurança, João Vitor,
Serginho e Marlon, um canhotinha bom de passe na transição, Ivo, dois
atacantes, um fixo, Lins, outro flutuante, Wellington Paulista.
O meio de campo funciona como o diamante do tricolor
Autuori. Os volantes têm liberdade para avançar, Ivo transita na frente da área
tentando colocar os atacantes na frente do gol. Em escanteio cobrado curto,
conduziu a bola e a colocou na cabeça de Leonardo no segundo pau, gol do
zagueiro.
Lins joga entre os beques, faz pivô, um recuo
de seus pés para Marlon resultou em gol em chute de fora. Wellington Paulista
se movimenta muito, volta para buscar pela esquerda, aparece na direita, está
dentro da área para cabecear, fazer pivô, finalizar. Contra o Timbu não marcou,
mas deu um trabalho tremendo.
A primeira fase, que anima Vadão, não se
confirmou nos últimos quarenta e cinco minutos. O Náutico, antes entregue às
baratas, voltou a campo com Rogério na ponta direita e infernizou a defesa do
time do seu Angeloni. Foram inúmeros cruzamentos, o goleiro Elton Leite até
então muito criticado, saiu do jogo nos braços da torcida.
A defesa mais vazada do campeonato resistiu,
o fantasma da bola aérea, sofreu 8 gols de cabeça, não voltou a assustar. O
esforço exauriu os defensores. As cãibras atacaram Leonardo e Serginho
substituídos, João Vitor cedeu lugar por cansaço.
Um tempo de jogo contra o Náutico é pouco
para tanta animação. O Criciúma vai dar trabalho, mas tenho fé que vai entregar
o carvão. Acho o Atlético superior, motivado, com melhor preparo físico, joga
em casa com o apoio do seu torcedor.
O que eu gostaria de ver neste jogo? Gostaria
de ver Everton mais dedicado ao ataque. Nos dois últimos jogos fora, Everton
foi mais defensor que atacante, cansou, nos últimos minutos chegou centímetros
atrasado em bolas decisivas, poderia ter nos dado os três pontos. Everton é
fator de desequilíbrio, tem que ser mais explorado pelos lados do campo, chegar
mais para finalizar.
O amigo quer algo mais, da minha parte é só.
Se não for possível, que tudo continue como está, desde que venham os três
pontos.
Amigos, sou réu confesso, votei em Beto Richa.
O enfrentamento do então prefeito de Curitiba com o governador Requião me fez
ver nele alguém de confiança, alguém de princípios. Não só por isso, os demais
candidatos eram de amargar, Richa era, a meu ver, a maçã menos acre da cesta.
O fim do parágrafo mostra verdade inequívoca,
Richa era mesmo a maçã menos travosa, suas ações refletem meu equívoco
sufragista, como diria Odorico Paraguassu. Errei, sou réu confesso.
A exemplo de Fernando Henrique, que
desamparou Serra e entregou o país ao Lula, ao caos de todas as suas
instituições, abandonou seu sucessor na Prefeitura, entregou a capital, hoje
amargamos um buraco a cada dez metros de via pública, só para falar no que se
vê, espero que em outros setores a investidura municipal esteja sendo mais
feliz. Torço por isso.
O procedimento distante se observa em todas
as práticas do governador. O que fez, qual a grande obra em andamento, qual a
posição firme tomada? O amigo mais chegado à política pode me contestar,
apresentar fatos que me desmintam, acontece que nada vejo, ou o chefe do
executivo é pessimamente assessorado na área de comunicação, ou minha visão é a
mais pura expressão da verdade.
Nesta semana, assisti entrevista do
governador sobre as concessionárias de pedágio. Perguntado se a prorrogação dos
contratos estava em análise, pipocou e disse que não, contrariando a fala do
representante das minas de ouro do asfalto, um cara de pau sem tamanho, que
chegou a alegar prejuízo das concessionárias. Meus irmãos, a única coisa que
pode nos livrar da agressão diária em nossas vias é o fim dos contratos e a
troca de contratadas. Se o governador trata da prorrogação nos subterrâneos do
Iguaçu, trabalha contra o povo que o elegeu, é faca nas costas do povo
paranaense.
Pois o Príncipe das Araucárias resolveu
abandonar o Atlético. A obra atrasou, a inflação corroeu os preços, os
montantes para a conclusão da obra subiram, o contrato entre Governo,
Prefeitura e Atlético induzem à divisão dos custos a maior. Pois o Príncipe
roeu a corda. Disse que o Estado não colocará mais recursos na obra, nas
vésperas da visita da FIFA à Curitiba.
Richa é o antipovo. Acha que o Atlético, que se
endividou mais de oitenta milhões de reais para dar ao curitibano de todas as
camisas a possibilidade de auferir recursos, aprimorar-se na execução de serviços,
ter melhorias na sua cidade graças à realização da Copa, não merece a atenção
do seu Governo. Repito, Richa é o antipovo,
o anti-Atlético, o anti-Curitiba.
Richa não me decepciona, a maçã menos amarga é
sempre dura de engulir, só não o imaginava capaz de romper compromissos com
parceiros voltados para o progresso, que se colocaram em dificuldades para
beneficiar o povo do seu Estado, e, ao mesmo tempo, dialogar benesses com os vampiros
dedicados a chupar o sangue em nossas estradas. Decididamente, não saiu ao pai.
As eleições estão aí, batendo na porta. O
abandono tem volta. A última pesquisa deu Richa com pouco mais de 40% de
aceitação, índice que o coloca em condições de ser reeleito por pequeníssima
margem. O sonho de uns muitas vezes é dependente do sonho de outros, no caso,
dos votos de outros. O seu candidato para a Prefeitura fez um beicinho contra o
Atlético às vésperas da eleição e não chegou nem ao segundo turno.
A distância entre a mesa principal do Iguaçu
e o fim da carreira está na simples escolha entre a postura majestática, que a
nada leva, e o povo operoso. Parece que o seu Richa já escolheu.
Em jogo em que os goleiros foram as estrelas,
o Furacão empatou com o São Paulo no Morumbi. Não foi a vitória completa, o que
todos queríamos, pelo menos trouxemos um ponto e deixamos vinte e cinco mil
bambis lamentando na chuva paulistana.
O começo do Atlético me decepcionou.
Esquecido um chute de João Paulo que assustou Rogério logo aos dois minutos,
nos encolhemos na defesa, tomamos um sufoco danado. Nossa presença maior no
ataque nos primeiros minutos aumentaria a insegurança tricolor, só traria
benefícios, infelizmente, ficou na minha vontade, o adversário joga, impôs seu
mando e chegou ao gol logo aos dezessete.
Jadson cobrou falta, Rodrigo Caio raspou de
cabeça e colocou no canto de Weverton. Aloísio impedido movimentou-se para
completar para dentro do gol chegou atrasado. O lance é polêmico. Diz Gaciba
que se o jogador em impedimento não tocar a bola o lance é válido. Disse o
Arnaldo, que acha que a regra é clara, em lance idêntico de Flamengo e Bahia,
que o impedimento existe.
Quem sou eu para meter minha colher, ainda
mais se a regra mudou. Para mim, tivesse Aloisio ficado quietinho no seu
impedimento, gol do São Paulo. Mexeu, participou da jogada, está impedido. Pelo
visto, o meu achar está mais que ultrapassado.
O gol tricolor trouxe a campo o Atlético que
eu queria. Como se precisasse sofrer o gol para acordar, o Furacão dominou o
jogo a partir do desastre, incomodou Ceni o tempo todo, conseguiu administrar
as investidas bambinescas, quando o tempo fechou, Weverton salvou.
O empate veio em lance muito bem elaborado.
Botelho lança Dellatorre no meio do ataque, o passe saiu de primeira para
Marcelo, o papa-léguas entra na área e Rafael Toloi passa o rodo como se
estivesse no meio do campo. Pênalti claro. Baier bate forte, Ceni ainda toca na
mariquita louca para nos dar alegria. Trinta e sete do primeiro tempo, o
resultado do jogo estava decretado.
A pressa pode ter nos tirado os três pontos. Em
lances com Dellatorre duas vezes, Everton e Marcelo tentamos o chute de fora
quando poderíamos nos aproximar um pouco mais. Se não chuta, avança e perde,
vou dizer que deveria ter chutado. Coisas de quem está atrás do teclado.
Aos quarenta, Marcelo chega pela esquerda,
tira Rodrigo Caio para dançar e cruza para Éderson livre. O artilheiro dos
míseros minutos manda bala e Ceni defende. Os grandes goleiros chamam a bola.
Weverton está chamando a bola.
O empate na missão no exterior contra o Inter
e este contra os bambis em desespero mostram a maturidade do Atlético. Foram
jogos em que o Furacão esteve para vencer, construiu jogadas para isso, defendeu
e atacou com equilíbrio, deixou de ser surpresa, é adversário a ser encarado
com respeito. Ufa! Conseguimos acertar. Mérito do seu Mancini, do grupo como um
todo que o recebeu bem e está jogando com cabeça, força e raça.
O Brasil perdeu para a Suíça. Futebol é
assim, bobeou o cachimbo cai. Quando vejo Neymar fazendo falta grosseira, sem a
menor necessidade, começo a desconfiar do resultado. O Brasil do seu Felipão,
que venceu a Espanha marcando em todo o campo, objetivo no ataque, tem que ser
o mesmo guerreiro contra todos os adversários, dedicado operário os noventa
minutos, virtuoso nos momentos certos.
Saiu desse roteiro, corre riscos, como correm
riscos todos os times que se afastam de suas características fundamentais. Um
bom exemplo para o Atlético hoje em São Paulo.
Ás 19:30, o Furacão entra em campo com o Morumbi
provavelmente lotado. Os ingressos foram levados ao nível mínimo, segundo a
última notícia dois reais, um preço simbólico. A decisão demonstra claramente
as dificuldades enfrentadas pelo tricolor, confirma as suspeitas da diretoria
sobre a qualidade do elenco, estabelece como imprescindível a presença maciça
do torcedor para que o resultado salvador seja obtido.
Autuori vai ter que fazer mágica, Mancini
manter a equipe em alta rotação, explorar as fragilidades bambinescas,
maximizar a insegurança tricolor, calar o torcedor de baixo custo com futebol
forte no bloqueio, preciso no desarme, rápido no ataque, matador na
finalização. Eu acredito.
O Atlético, que vai em busca do G4,
apresentou ontem seus dois novos reforços. O armador Marco Antônio, vindo do
Grêmio, e o lateral-esquerdo Willian Rocha, do Grasshopper da Suíça, desde
ontem pesadelo do Felipão. Bons, ruins, boas ou más contratações?
Jogadores são sempre contratados por seus
bons momentos em algum lugar, bons momentos que no momento não estão
atravessando. Acho as contratações necessárias, principalmente o
lateral-esquerdo, finalmente Botelho tem alguém no banco a lhe fazer sombra. Sua
chegada elimina falha incompreensível no planejamento rubro-negro. Falta ainda
um ótimo zagueiro.
A partir de hoje faltam trezentos dias para a
abertura da Copa no Brasil. O atleticano está comemorando orgulhoso, vai fazer
festa, as obras que colocarão Curitiba no topo do mundo esportivo vão de vento
em popa, mesmo em luta contra mar encapelado em que todas as ignorâncias e
baixezas se reúnem para obstruir o seu navegar corajoso.
É rubro-negro, não tenha dúvidas, o teu
destino é lutar. É por isso que você é forte, é por isso que você é exemplo, é
por isso que sou teu irmão.
O arrogante São Paulo está colhendo o que
plantou. Indigesto, soberbo, influente em todas as esferas, amarga a vice-lanterna
do Brasileiro. Presunçoso, empáfia além da conta, em excursão pelo exterior
denegriu o nome do futebol nacional, voltou ao cenário tupiniquim contra a Lusa
e perdeu. Diga-se a verdade, o único brasileiro que foi à Europa este ano e
ganhou alguma coisa foi o Atlético.
O rubro-negro que amargou viagem a Porto Alegre
para assistir fora de sua moderníssima casa o primeiro jogo da final da Libertadores
2005 está mais feliz que paranista no G4 da segundona. Dá-lhe Paraná.
A casa do seu Juvenal está em polvorosa. Ney
Franco caiu atirando, acertou Rogério Ceni em cheio, criticou sua influência
política dentro do clube, o goleiro em declínio reagiu, disse que por ele Ney
estaria fora do Morumbi há muito tempo, os atletas queriam Muricy no banco, a
diretoria trouxe Autuori, os resultados não acontecem, Ceni perde pênalti,
Osvaldo mete a mão na bola, salva o gol que daria o empate aos bambis contra o
time lusitano, enfim, amigos saboreiem, elas estão descontroladas.
Eu estou adorando cada linha dessa crise.
Assim, com o coração em festa, assisti Portuguesa e São Paulo só para me
deliciar ainda mais. O resultado saborosíssimo, como camarão na moranga em Dia
dos Pais, mostrou ainda mais, mostrou um São Paulo nem de longe parecido com o
time do seu Telê, fraco no elenco, pobre no entrosamento.
Se o amigo acha que o São Paulo com Ceni;
Douglas, Rodrigo Caio, Toloi e Reinaldo; Wellington, Fabrício, Jadson e Lucas
Evangelista; Aloísio e Luiz Fabiano tem super elenco, então, paro de empinar
essa raia. Tirando os veteranos Ceni e Luiz Fabiano, e o nosso Jadson, o que
sobra luta por posição nos demais times do Brasil. O amigo destacou Toloi e
Fabrício, lembrou de Ganso no banco? Vou aceitar com ressalvas.
Se os nomes não impressionam, o futebol jogado
é de fim de feira. A defesa é comum, Ceni se esqueceu de parar, Douglas,
lateral com boa presença no ataque, deve ser substituído por Lucas Farias de 18
anos, com participação em derrotas no exterior.
O meio de campo em “diamante” tem Wellington
na frente da zaga, Fabrício e Lucas Evangelista mais avançados pelos lados do
campo, Jadson centralizado, tentando colocar os atacantes em situação de gol.
Autuori quer que Evangelista se aproxime de Jadson para as tabelas. O menino
fez belo gol contra a Lusa em jogada individual entrando pela esquerda. É
atrevido. Boa marcação sobre Jadson emperra o setor.
No ataque, Aloísio joga aberto pela direita
para receber lançamentos e partir na velocidade, Luiz Fabiano faz seu papel de
centroavante rompedor. Ambos jogam na vertical do gol. Com dificuldades, Fabiano
volta para buscar e Aloísio se desloca para receber o passe no meio dos zagueiros.
É a surpresa do ataque tricolor. Perdendo, entra Ganso no lugar de Jadson,
Osvaldo no lugar de Fabrício. A ave e o evangelista avançam para armar, Aloísio
fica na direita, Fabiano no centro, Osvaldo vai para a esquerda. É o tudo ou
nada.
Se o Atlético jogar com a gana do seu torcedor
atropela o moribundo, vai afundar ainda mais o time do santo, para a alegria de
todo o povo brasileiro. Vamos Furacão, entre com tudo, faça essa graça, bote um
sorriso na cara do Brasil.
O atleticano até poucos dias preocupado com a
zona de rebaixamento está sorrindo de orelha a orelha. Alguns nem acreditam,
querem o mais rápido possível a chegada dos quarenta e cinco pontos, querem se
livrar dos maus pensamentos, aguardar a inauguração da Arena com o time
instalado na primeira divisão.
Penso que o rubro-negro de modo geral, maltratado
pelos últimos anos, tem os quarenta e cinco pontos como seu primeiro objetivo.
O que deve ficar claro, é que o resultado obtido até agora não é fruto da sorte
ou de tradicional início virtuoso do trabalho de novo treinador.
O Atlético vencedor das últimas semanas é uma
realidade fundada principalmente no trabalho ofensivo, setor que a direção
rubro-negra se preocupou em reforçar, foi foco de atenção especial de Nhô Drub
e Mancini aperfeiçoou com a escalação de Paulo Baier.
A defesa em pandarecos, que amarrava a
evolução da equipe, evoluiu com Mancini, a meu ver pelo simples reconhecimento
da missão principal de seus jogadores, isto é, defender. Manoel e Botelho restringiram-se
ao cumprimento de seus papeis principais, os buracos imensos deixaram de
existir, a defesa evita gols, o ataca marca, o time ganha pontos.
Inegável o bom rendimento físico. O Prof. Moraci
conseguiu bem preparar os jogadores e agora se preocupa com suas recuperações
entre jogos. O time se mostra forte nos últimos minutos. Contra o Inter, ali
pelos 70 era sensível a queda do rendimento colorado, o Atlético ainda tinha
forças para jogar. Fica para alguém com melhor conhecimento de preparação dizer
se a longa pré-temporada tem algum efeito sobre essa produção superior em fim
de partida.
Então entra o grupo de nível, as substituições
se realizam sem perdas significativas de qualidade, sai Dellatorre entra o
artilheiro dos míseros minutos, sai Baier entra Elias, sai Bruno Silva entra
João Paulo, o volante do tiro certeiro, mudam os atletas, mantêm-se o nível de
atuação, por vezes até melhora.
As reposições para a zaga e a lateral-esquerda
tardam, penso que alguém deve estar preocupado com isso.
Soma-se a todo esse ambiente produtivo, o
comprometimento dos jogadores com a busca do resultado positivo em todos os cenários,
os jogos fora passaram a ser a especialidade da equipe. As declarações dos
atletas só falam em G4.
Se eles acreditam, o torcedor tem que soltar
as amarras que o prendem ao passado de sofrimentos, acreditar em melhor
possibilidade, acreditar que a primeira divisão é pouco, melhor seria inaugurar
a Arena magnífica em grande estilo, com o pé na Libertadores.
Foi por um triz. Quase emplacamos cinco
vitórias seguidas. Quase chegamos ao G4. Não deu, o que ficou de importante foi
a consciência de que o Furacão arrumou um jeito de jogar fora de casa que dá
resultado. Fortalecida a defesa as chances vão aumentar.
Menos de um minuto, Everton entra pela
esquerda, cruza para Marcelo, o papa-léguas encosta para João Paulo fora da
área, o tiro sai rasteiro, forte, estilo JP, belo gol do Atlético. João Paulo
fortalece o Furacão.
Marcado o gol, o time recua, defende todo
antes da linha do meio de campo e vai para o contra-ataque. O Inter demora para
se recuperar do susto, pouco incomoda, o jogo corre sereno até a falta na
lateral-esquerda. O empate vem fruto da categoria de D’Alessandro, a cobrança
explode no travessão e sobra para Juan finalizar.
O gol trás equilíbrio ao colorado, passa a
controlar a partida, assusta com a bola na trave de Damião aos 29, aqui e ali, as
jogadas pelos lados do campo com Botelho e Everton pela esquerda, Marcelo e Léo
pela direita lhe tiram o sossego.
As coisas funcionavam tão de acordo com o
figurino que procurei alguém para substituir no intervalo e não encontrei.
O Inter volta na pressão, o Atlético passa a
fazer muitas faltas, Zezinho e Léo recebem amarelos, incomoda no ataque, aos 5
Marcelo perde no cruzamento de Dellatorre, é incomodado, aos 6 Scocco quase
marca, é um susto lá outro cá, o colorado avança e fica cada vez mais vulnerável.
Aos 25, Delatorre cede lugar ao irrequieto Éderson, o artilheiro dos míseros
minutos.
Aos 29, Marcelo dá um já vai em Kleber na
bandeira de escanteio, avança, cruza e Éderson marca. Agora só falta a defesa
segurar o rojão.
Mais pressão colorada, o esforço é pela
esquerda, D’Alessandro perseguido por Zezinho vem jogar pelo lado, o Atlético
se defende com tranquilidade, aos 35 a defesa abre e Weverton faz dois milagres
seguidos. A melhora do rendimento de Weverton é sensível, os milagres que eu
queria passaram a acontecer.
Mancini troca Baier por Juninho. A
substituição é matematicamente perfeita, mas eu não gosto. Poderia me alongar
sobre o por quê do não gosto, não vale à pena. Aos 42, Damião toma a bola no
meio de campo, passa a Otávio livre, a marcação chega para desviar o chute para
dentro do gol. Dois a dois. A defesa não segurou o rojão.
Éderson ainda marca nos últimos segundos, mas
o assistente assinala impedimento inexistente. O irrequieto leva amarelo. O
Atlético foi duplamente penalizado. Parece pouco? Os auxiliares erram mesmo?
Nada disso, em 2011 tivemos gol de Baier anulado pelo mesmo motivo contra o
Cruzeiro e fomos para a segunda divisão. Não dá para fazer escândalo, mas
acusar o prejuízo é necessário. Fosse contra o Inter e seu Dunga teria colocado
à mostra toda sua inglesa educação, iria horrorizar a doce Branca de Neve.
Marcelo fez duas assistências, Botelho está
mais equilibrado, Éderson está uma fera. O Atlético tem um jeito de jogar, o
ataque cumpre o seu papel, a defesa precisa segurar o rojão. A defesa começa no
ataque e termina no goleiro. O grupo está forte, unido, vai ser fácil acertar,
pode acreditar, bote fé, estamos bem.
Sexta-feira tive que ir à cidade. O que é ir
à cidade? É assim que alguém em 1960 diria para sair da Água Verde e ir ao
centro de Curitiba. Os bairros eram desconectados do núcleo central, você
pegava o ônibus da Capelinha ali na frente do cemitério e chegava na Carlos
Gomes, estava próximo das grandes lojas, do Hermes Macedo, do Prosdócimo, da
Bettega, ia comprar bola na Az de Espadas, pedir vidros de relógio nas joalherias
para fazer time de futebol de botão. Velhos tempos.
Hoje pego o expresso na República e ele me
deixa na Rui Barbosa. Cheguei na praça do velho Rui com pressa, dei um tchau
para o meu amigo pipoqueiro paranista e ele me chamou, fiz sinal que voltaria
depois, ele insistiu e eu fui falar com o paranista de quatro costados.
Dei um abraço no amigo velho, uma olhada rápida
nas delícias perfeitamente organizadas na carrocinha e ele me fez a pergunta
que eu nunca imaginara ouvir: “Onde fica o tal espaço Sócio Furacão?”
Ante o meu compreensível choque, foi logo me
explicando. Tem um filho temporão e o piá é torcedor do Rubro-Negro, quer por que
quer uma cadeira na Arena magnífica. Fico pensando quantas camisas do Paraná o
meu amigo deu para essa criança e o danado resolveu torcer pelo Atlético.
Aprendi com personagem de Francisco Cuoco, em
novela de anos atrás, que os filhos nascem prontos. É assim mesmo. Você tem
cinco e todos são diferentes. Se tiver dez, será a mesma coisa. Eles podem ser
parecidos conosco, ter o nariz grande do pai, o jeito de andar, os olhos lindos
da mãe, mas o chip do comportamento vem impresso com suas características
pessoais, fruto de múltiplas visitas ao planeta.
Assim, numa ninhada de quatro atleticanos,
poderá surgir um coxa renitente. O meu porteiro coxa, um homem prolífico, tem
uma filha atleticana que só lhe dá alegrias.
Volto ao olhar chateado do amigo pipoqueiro e
não resisto à pergunta: “Será um problema com Kombis?” Ele me manda para aquele
lugar e eu lhe dou um grande abraço, digo que é assim que funciona, ele é um
ótimo pai, o menino ainda vai cuidar muito dele, futebol é só um esporte, uns
gostam do azul, outros do verde, muitos do vermelho.
Já estou atrasado mesmo, puxo um banquinho e
peço uma salgada, ficamos conversando sobre a aventura de ter filhos, rindo com
os problemas que eles nos causam, com as alegrias que nos dão, com seus
sucessos que são nossos sucessos.
Hoje é dia dos pais, que saudades do meu herói,
um homem sem clubes, com o Brasil gravado no coração, a família seu principal
patrimônio. Acho que torcia pelas vitórias do Atlético só para me ver feliz.
Pois hoje, os meus votos de felicidades vão
para os pais de todas as camisas, que eles tenham um grande dia, rodeados pelas
crianças, meninos e meninas de todas as camisas. A tolerância começa no lar,
deixa os estádios coloridos, faz do futebol a festa que ele deve ser.
A todos os pais que me honram com sua
leitura, de todas as camisas, feliz dia dos pais.