domingo, 11 de agosto de 2013

FELIZ DIA DOS PAIS

Sexta-feira tive que ir à cidade. O que é ir à cidade? É assim que alguém em 1960 diria para sair da Água Verde e ir ao centro de Curitiba. Os bairros eram desconectados do núcleo central, você pegava o ônibus da Capelinha ali na frente do cemitério e chegava na Carlos Gomes, estava próximo das grandes lojas, do Hermes Macedo, do Prosdócimo, da Bettega, ia comprar bola na Az de Espadas, pedir vidros de relógio nas joalherias para fazer time de futebol de botão. Velhos tempos.

Hoje pego o expresso na República e ele me deixa na Rui Barbosa. Cheguei na praça do velho Rui com pressa, dei um tchau para o meu amigo pipoqueiro paranista e ele me chamou, fiz sinal que voltaria depois, ele insistiu e eu fui falar com o paranista de quatro costados.

Dei um abraço no amigo velho, uma olhada rápida nas delícias perfeitamente organizadas na carrocinha e ele me fez a pergunta que eu nunca imaginara ouvir: “Onde fica o tal espaço Sócio Furacão?”

Ante o meu compreensível choque, foi logo me explicando. Tem um filho temporão e o piá é torcedor do Rubro-Negro, quer por que quer uma cadeira na Arena magnífica. Fico pensando quantas camisas do Paraná o meu amigo deu para essa criança e o danado resolveu torcer pelo Atlético.

Aprendi com personagem de Francisco Cuoco, em novela de anos atrás, que os filhos nascem prontos. É assim mesmo. Você tem cinco e todos são diferentes. Se tiver dez, será a mesma coisa. Eles podem ser parecidos conosco, ter o nariz grande do pai, o jeito de andar, os olhos lindos da mãe, mas o chip do comportamento vem impresso com suas características pessoais, fruto de múltiplas visitas ao planeta.

Assim, numa ninhada de quatro atleticanos, poderá surgir um coxa renitente. O meu porteiro coxa, um homem prolífico, tem uma filha atleticana que só lhe dá alegrias.

Volto ao olhar chateado do amigo pipoqueiro e não resisto à pergunta: “Será um problema com Kombis?” Ele me manda para aquele lugar e eu lhe dou um grande abraço, digo que é assim que funciona, ele é um ótimo pai, o menino ainda vai cuidar muito dele, futebol é só um esporte, uns gostam do azul, outros do verde, muitos do vermelho.

Já estou atrasado mesmo, puxo um banquinho e peço uma salgada, ficamos conversando sobre a aventura de ter filhos, rindo com os problemas que eles nos causam, com as alegrias que nos dão, com seus sucessos que são nossos sucessos.

Hoje é dia dos pais, que saudades do meu herói, um homem sem clubes, com o Brasil gravado no coração, a família seu principal patrimônio. Acho que torcia pelas vitórias do Atlético só para me ver feliz.

Pois hoje, os meus votos de felicidades vão para os pais de todas as camisas, que eles tenham um grande dia, rodeados pelas crianças, meninos e meninas de todas as camisas. A tolerância começa no lar, deixa os estádios coloridos, faz do futebol a festa que ele deve ser.

A todos os pais que me honram com sua leitura, de todas as camisas, feliz dia dos pais.

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