sexta-feira, 30 de agosto de 2013

PARA QUE SERVE

Dias atrás reclamei aqui de pessoas que sem qualquer necessidade assistem em pé às partidas do meu Furacão. Leitor amigo me fulminou com seu comentário rápido e certeiro: “Quer sentar vai prá Mauá”. Inegável a criatividade do nádegas inquietas. Ele não sabe que assisti na Mauá Atlético dois, Flamengo zero em 1983, o maior público da história do em ruínas, e assisti sentado, bem, mais ou menos, espremido seria a palavra certa.

Junto ao amigo que deseja ver minha labirintite ganhar força no treme-treme, outro lamentou o uso excessivo dos palavrões, disse levar seus filhos pequenos ao campo e nem na presença dos menores os torcedores aliviam nas palavras antigamente chamadas de baixo calão, me pediu para explorar o tema.

No jogo contra o Botafogo sentei atrás de um casal e filho, um rubro-negrinho de seus sete anos de idade. Lá pelos minutos trinta e poucos, alguém ao meu lado abençoou o bandeira com série de palavrões cabeludos. O menino nem se mexeu, mas ouviu. De imediato me veio à memória o leitor e seu pedido.

O campo foi por muito tempo espaço de homens adultos, quando muito seguidos por filhos machos, com o dever de aprender todas as grosserias, as mulheres nem chegavam perto. Hoje, as mulheres povoam as arquibancadas, dizem mais palavrões que muito barbado, quando casadas, seguem seus maridos, levam suas crianças, o campo virou local para o passeio das famílias, uma benfazeja mudança cultural, à qual devemos nos adaptar.

Ontem em minha inspeção diária da Arena magnífica encontrei portão aberto na Brasílio, pude ver de perto a grandiosidade da obra que nos levará a patamar superior de qualidade em assistência esportiva. Muitos falam que as novas arenas elitizarão o futebol, só irá ao estádio o rico, aquele que puder pagar os altos preços dos ingressos. Espero que não, essa é a mudança indesejada.

O que precisamos é elitizar nossos procedimentos como torcedores, respeitar os menores, as senhoras, os velhos, os adversários. O amigo poder ter certeza que o Atlético vai dar um salto vigoroso em poucos anos, vamos disputar títulos nacionais e internacionais, seremos sem dúvida o Atlético gigante que todos desejamos. Abri o site do Atlético e vi Petraglia recebendo a diretoria do Palmeiras no CT, essa é a nova atitude CAP gigante a ser seguida.

A torcida do Atlético já aprendeu com a Arena que foi por terra a se policiar, tantas foram as perdas de mando de campo por lançamento de objetos no gramado. Já melhoramos muito, a melhora material nos empurrou para a necessidade da disciplina. Tomara que a nova Arena nos traga o polimento necessário, nos faça entender a necessidade de cuidar da boca aflita.

O amigo vai dizer que os maus exemplos estão por toda parte, nossos políticos são fonte inesgotável, nossas novelas são escolas do crime, da depravação em seu melhor estilo em pleno horário nobre, que mal fará um palavrão merecido para o assistente com sua bandeira levantada. O problema é que o campo virou espaço para a diversão das famílias e a família é o começo de tudo, a esperança de um futuro melhor.

Temos uma torcida exemplar, linda, fervorosa, temida. Para botar medo só a caveira basta. Para mostrar fervor, temos o sangue, o passado, o amor que nos faz persistir noventa minutos a animar guerreiros. Para mostrar beleza temos as cores, as bandeiras, os painéis, os cantos e, convenhamos, se não for belo, para que serve.

Não tenho a expectativa de mudar ninguém, mudar hábitos tão profundamente arraigados, mas repito aqui o pensamento carregado de esperança, se não for belo, amigos, para que serve.

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