O Atlético começa bem a partida, articulando jogadas, Marcelo dando trabalho, tudo conforme o manual. O time foi montado sem exageros defensivos, temos jogadores para atacar e defender, estamos prontos para o bom resultado.
Marcelo pelo Furacão e Bernard pelo Galo, agora depenado, são as estrelas do jogo. Vitor avança para jogar de líbero e impedir as arrancadas do papa-léguas, Bernard joga pelos dois lados, dribla, cruza, bate faltas, aos vinte e oito enfia bola vertical e obriga Weverton a salvar com os pés.
O lance muda o perfil da partida. O Furacão passa a fazer uso demasiado da bola longa, força o lance aéreo para Marcelo, o Galo percebe, marca e ficamos sem ação ofensiva. O lance repetido devolve a bola para o dono do galinheiro, nossa transição assiste ineficiente o sobrevoo da mariquita, ficamos dependentes da defesa cumprir seu papel. O zero a zero no primeiro tempo é justo.
Na volta, a câmera mostra a entrada de Michel no lugar de Pierre. Um lateral no lugar de volante. Marcos Rocha abandona a lateral e vai para o meio, o Galo quer vencer. Aos dois, Alecsandro, o filho do Lela, entra livre e Weverton salva de novo. O Atlético encolhe demais, sofre pressão, o genérico força pela direita, são quatro a cinco jogadores sobre Botelho, água mole em pedra dura, tanto...
Com Dellatorre pela direita e Marcelo pela esquerda, o Furacão contra-ataca, mas falta o homem de área para finalizar. Aos treze quase dá certo. Everton cruza da esquerda, Delatorre arruma para Elias que perde ótima chance.
O lance que pode ter decidido a partida acontece aos oito minutos. Léo avança e sofre falta dura de Bernard. Cartão amarelo para o menino de ouro. Léo já fora o pivô da expulsão de Souza contra a Lusa. É um afasta problemas.
O Galo passa a morar no ataque, olha a água mole batendo, os técnicos vão fazendo suas substituições, Elias por Felipe, Luan por Berola, Dellatorre por Ederson, Mancini corajoso, eu estou gostando uma barbaridade, quando a pedra não resiste. Eram os fatídicos 35 minutos. Berola faz grande jogada pela direita, cruza rasteiro, a bola atravessa toda a área e vai encontrar Bernard entrando pela esquerda. Um balaço, gol do Galo, o menino comemora, tira a camisa, segundo amarelo, vermelho, é expulso. Atlético contra dez, nos últimos minutos.
Mancini tenta a última cartada, entra Zezinho no lugar de Bruno Silva. Quando reclamei do Zezinho volante no jogo contra a Lusa, querido amigo, com conhecimento dos bastidores rubro-negros, me alertou que o carregador de piano do Super-23 prefere jogar mais à retaguarda. Pode até preferir, mas onde joga melhor é no ataque. O jogo vai até os noventa.
Quarenta e um, Zezinho enfia bola açucarada para Everton entrando pela direita da área, o chute rasteiro, o gol de empate. Se o vizinho estava cochilando, acordei o danado. Quarenta e três, Zezinho avança pela esquerda, toma uma, duas, três trombadas, chega à linha de fundo, cruza, Ederson toca para as redes. O interfone toca, é o vizinho reclamando.
Ainda teve uma falta para o Galo aos quarenta e sete que eu não vou contar, o risco de AVC é absurdo, vou livrar o amigo desse perigo.
O Atlético venceu porque não teve medo, preocupou-se com a defesa, teve ação ofensiva, quando precisou o banco decidiu a partida. Tiramos a cabeça fora d’água. O torcedor que quer time arriscou um sorrisinho de canto de boca. Foi procurar na gaveta os seus smarts, esqueceu que parou de pagar. Fez uma careta estranha, coçou a cabeça e perguntou para si mesmo: “Onde fica o Espaço Sócio Furacão?” Eu respondo para ele: “Ali na Petit meu irmão”.
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