segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

TODA FORÇA À FRENTE

Em 2001, com tempo de sobra, resolvi fazer o que gostava, ver futebol, estudar o jeito de jogar das equipes, encontrar seus pontos fortes, identificar suas fraquezas. Comecei pelo Paranaense, fui acumulando dados e, frente a tanta papelada, resolvi remeter o resultado do meu trabalho ao treinador rubro-negro. Ia lá no Caju e deixava o envelope tático com o porteiro, pedindo que entregasse ao treinador.

Prossegui no Brasileiro. A cada jogo lá estava eu conversando com o porteiro. Nunca tive resposta. Pode ser que meus conselhos nunca tenham sido sequer lidos, nenhuma influência tenham tido no título de campeão brasileiro. É o mais provável. Já me imaginei treinador e fiquei na dúvida se daria crédito às sugestões de torcedor, um profissional dando ouvidos à arquibancada.

A prova da minha diligência está encadernada em dois tomos, como diria o conselheiro Sátiro com o óculos na ponta do nariz e seu relógio de ouro seguro pela corrente no bolso do colete, com o título de “Como ajudei o Atlético a ser campeão”. Um dia, espero que distante, alguém terá que jogar fora.

Só voltei ao procedimento insano na Libertadores 2005, pouco antes do jogo com o Santos em Curitiba. O técnico, senhor Antônio Lopes. Passada a partida, o telefone toca, a filha atende. Diz ela assustada: “Pai, Antônio Lopes”.

O comandante acusa o recebimento com atraso, só depois do jogo, agradece, diz ter gostado, me enche de alegria. Até a final em São Paulo recebi outros telefonemas, todos plenos de gentileza e esperança nos resultados positivos. Sou um homem cheio de dúvidas. Penso se meus gráficos e conselhos eram realmente aproveitados ou apenas a educação do delegado, ou a superstição que não o abandona, seriam os motivadores das curtas ligações telefônicas.

No ano negro de 2011, quando o delegado voltou ao Furacão, me apressei a montar um dossiê sobre aquele time horrível, fui ao CT e não passei do porteiro. O serviçal não aceitou receber, fez perguntas de todos os tipos, desisti, aquele era realmente um Atlético ruim do presidente ao porteiro.

Agora vejo Antônio Lopes de volta, diretor de futebol. Será o elo entre a presidência e a comissão técnica. Ninguém melhor. O delegado é grande campeão, já exerceu a função na seleção brasileira campeã com Felipão, tem tudo para dar certo. Eu, particularmente, estou feliz.

È assim que vou começar 2013, feliz com a contratação, cheio de esperanças. Ao rubro-negro de coração, aconselho ter fé. 2013 será o ano da união, as dificuldades serão múltiplas, deverão ser enfrentadas sem desânimos, as mãos dadas, o olhar sempre voltado para o futuro gigante, nada de ciscar para trás.

É família Furacão, vamos que vamos, com saúde, com fé, toda força à frente.

 

 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

VELA POR TODOS NÓS

O Dagoberto levantou com bom pressentimento. Está com os contatos feitos, os jogadores a contratar conversados, os craques que virão para levar o Atlético à Libertadores prontos para viajar para Curitiba e começar a pré-temporada.

Os recursos para a Arena foram assegurados com a definição do Potencial Construtivo na Câmara Municipal. Alguns dizem que os dinheiros podem chegar já no dia 3 liberando outros montantes para a contratação de jogadores.

Daí o bom pressentimento do Dagoberto. Espera todos os dias que seu Petraglia aperte o botão disponibilizando a verba para que ele deflagre o plano de contratações guardado a sete chaves no cofre do clube.

O espírito de Natal dá maior esperança ao homem do futebol. Vai ver o coração do seu Petraglia está voltado para a gastança, um telefonema rápido, a pergunta simples e ele começa a trabalhar ainda antes da ceia. Vale a pena arriscar.

O telefone toca na residência petragliana. A empregada atende.

– Alô, bom-dia, Feliz Natal – Começamos bem, o espírito é natalino, pensa o Dagoberto.

– Bom-dia, Feliz Natal. Aqui é o Dagoberto, gostaria de falar com o seu Petraglia.

– Um momento. – A menina segue para a sala onde Petraglia está pensativo, a mão direita tapando a boca, a esquerda sob o braço direito, fechado como um caramujo. No que pensa o comandante?

– Dagoberto, o senhor vai atender? – pergunta a serviçal. Petraglia parece acordar de um sonho distante, arruma-se na cadeira e assume o aparelho.

– Fala Dagoberto. Estava pensando em você. Você não morre tão cedo.

– Bom-dia chefe, que assim seja, Feliz Natal. Estou ligando para saber do botão, já apertou, posso começar a trabalhar? – Petraglia pensa, curva-se para frente num movimento agressivo, ai, ai, ai, joga o corpo para trás relaxado, sorri e responde.

– Pode começar, mas lembre-se, só cracão. Poucos e ótimos.

– Pode deixar. Feliz Natal. – Dagoberto desliga e começa a procurar o telefone do Riquelme.

Este é um sonho rubro-negro de Natal. Podia ser verdade. Não importa. Vale apenas para introduzir minha mensagem de Feliz Natal a todos os atleticanos, desde o seu Petraglia até o torcedor mais humilde, aos coxas e paranistas de boa vontade.

Tenham um grande dia, uma bela noite, certos de que o Menino em tip-top vermelho e preto vela por todos nós.

 

sábado, 22 de dezembro de 2012

TAREFA DE GIGANTE

Em 10 de agosto escrevi o texto “Parabéns Petraglia” comemorando a liberação pelo BNDES dos recursos para o avançar das obras da arena da Baixada. Exultante, gastei meus parágrafos para elogiar todos os que contribuíram para o presumido fim dos nossos problemas e o deslanchar dos trabalhos até então em ritmo de tartaruga.

Meu engano foi do tamanho do meu júbilo. A data que eu classificava de histórica marcou apenas o início de mais uma longa batalha travada em todos os corners da governança paranaense e curitibana. Quem pode colocar um empecilho colocou, quem pode fugir de compromissos assumidos deu no pé, quem pode exigir um esclarecimento fez questão, quem tinha poder interferiu.

A eleição cooperou. Temendo perder eleitores, candidatos de todas as correntes nunca se colocaram definitivamente favoráveis à execução da obra. Que hora para se esperar definições de políticos temerosos com a perda de votos.

O Judiciário fez sua parte. Gastou litros de cafezinho, consumiu quilos de pão de queijo, até classificar como públicos os recursos a serem colocados na arena. Para os inocentes a definição visa favorecer a transparência da aplicação dos recursos, para mim, a melhor via para prejudicar o andamento dos trabalhos.

O drama arrastou-se até ontem, 21 de dezembro. Neste dia apocalíptico, foi aprovada pela Câmara Municipal, de forma unânime e definitiva, a alteração do Potencial Construtivo e a Arena está apta a receber do BNDES, por intermédio da Agência de Fomento do Paraná, os recursos para a finalização da arena magnífica.

Neste caminhar entre inimigos de todas as tendências e todas as capacidades, atleticanos de todos os níveis deram mostras inequívocas de seu amor pelo clube, usando suas capacidades, seus conhecimentos, suas influências, suas palavras para desatarem os infindos nós que cerceavam nossos passos.

Seus nomes estão nas redes sociais, lembrados por quem foi testemunha de seus ingentes esforços. Impossível melhor paga que o reconhecimento público dos amigos. Outros tantos permanecem na obscuridade, nem por isso as gerações futuras lhes devem menor gratidão.

Quando estádios da Copa já se inauguram, conseguimos finalmente a liberdade para trabalhar. O Brasil tem que saber que todo esse atraso se deve unicamente à diligência de adversários bem posicionados na esfera pública, dedicados a destruir o sonho atleticano. É dos que nada fazem além de criar embaraços que o brasileiro tem que cobrar, jamais da instituição Atlético Paranaense.

O Atlético, vítima de invejas poderosas, venceu mais uma vez sob a liderança do presidente Petraglia. O Brasil que honra seus compromissos tem que olhar o Atlético com orgulhosa admiração. Vencer no Paraná é tarefa de gigante.

 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

APOIAR OS SÁBIOS

– E aí seu Ivan, foi lá? – pergunta o rapaz que me serve o cafezinho há milênios.

– Onde? – indago sonolento.

– Na reunião do conselho do Atlético.

– Ah! Fui sim. Claro que fui. – Fico pensando como ele sabia da reunião.

– E a arena, sai ou não sai?

– Sai, mas vai dar trabalho, hoje e amanhã tem votação na Câmara, a última das batalhas antes do repasse dos recursos. Tem uns vereadores querendo botar areia, um ou outro vai amarelar, alegar doença para faltar à sessão.

– Eu sei, é uma vergonha. Eu sou coxa, mas acho isso uma vergonha. – Fico com o queixo caído, a xícara na altura dos lábios, incapaz de sorver a rubiácea.

– Pois é, alguns torce-vereadores do teu time estão vestindo o sagrado manto alviverde para votar e prejudicar a cidade inteira. È chutar o traseiro do eleitor – prossigo com o cheiro do café forte me acordando para o dia.

– Concordo com o senhor, já disse, é uma vergonha, acho isso que eles estão fazendo a maior das sacanagens. Como é que pode?

Tomo um gole e fico imaginando quanto a família Braga Cortes colocou na educação do seu filho para ele dar o vexame que está dando. O rapaz de berço é um míssil alviverde desgovernado na direção do povo que o elegeu.

É difícil entender que a elite da terra, gente de sobrenome possa ter menos sabedoria que alguém que luta para fazer um supletivo noturno após dia de trabalho intenso. Os livros não alteram valores, eliminam baixezas, a gente nasce com eles gravados a fogo no DNA.

Nascemos prontos, uns focados no seu próprio umbigo, outros generosos e sábios. Na primeira categoria acomoda-se o alviverde Felipe Braga Cortes, na segunda o rapaz que assobiando lava as pequenas xícaras interessado no progresso de toda uma cidade.

Hoje, à uma da tarde, estaremos lá na Câmara, atleticanos, curitibanos, gente de boa fé, eleitores atrás de benefícios imensos para Curitiba. Para quem não sabe, são 800 projetos. Vamos lá rubro-negros, não para afrontar os energúmenos, mas para apoiar os sábios.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

APONTADO PARA VOCÊ

Quando todas as torcidas do Brasil descansam, correm aos shoppings para as compras de Natal, preparam-se para sair de férias, os atleticanos desta província de todos os rancores e todas as ignorâncias continuam na luta. Ainda restam dois dias de dura batalha.

Quinta e sexta-feira as últimas decisões sobre os recursos para a Arena Copa 2014 serão tomadas na Câmara Municipal de Curitiba.

O atleticano inocente pode acreditar que são favas contadas, é para o bem de toda a cidade, impossível o vereador eleito para lutar por benefícios para a população curitibana travar com seu voto projeto de tamanha magnitude. Outro pode pensar que o Petraglia tem solução para tudo, deixa com ele que ele resolve.

Ambos se enganam. Em se tratando da Arena chegamos à final do campeonato, decidida em mata-mata em que precisamos duas vitórias. Nesta situação, o povo rubro-negro sabe que o seu lugar é junto ao time, o canto forte incendiando as mentes, garantindo as conquistas.

E onde é o primeiro jogo, e quando, perguntará o rubro-negro começando a ficar preocupado, procurando na gaveta a camisa jogadeira, pronto a saltar em defesa do seu Furacão.

A arena que vai recebê-lo sem necessidade de habilitar smart é a Câmara Municipal, ali na Visconde de Guarapuava, perto do shopping Estação. O horário? Uma da tarde. O amigo sai para o almoço e dá uma corridinha ali para levar seu apoio. Vai e fica.

Para o povo que lotou o Campanella, fez ferver Criciúma, peregrinou pelo Brasil todo neste ano de muitas vitórias, vai ser mamão com açúcar. Todos os ônibus, todas as ciclovias, todas as calçadas levam à Câmara Municipal. Não tem erro. É só seguir o mar vermelho e preto e alcançar o destino.

Nestes momentos é impossível esquecer a frase do presidente Kennedy dando a partida para a conquista da lua: “Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo seu país”, dizia ele com dedo em riste.

Para o Atlético, a lua é a Arena Copa 2014. Se você quer um futuro de vitórias, mexa-se. Até agora um grupo conduziu o processo, você assistiu na imprensa os entraves, as picuinhas, as idas e vindas que nos levaram a este último embate. Agora é a sua vez, não me pergunte o que você pode fazer pelo seu Atlético, você sabe, esteja lá. Digo isso com o meu dedo em riste, apontado para você.

domingo, 16 de dezembro de 2012

PARABÉNS CORINTHIANS

Quando me entendi por gente, quem morava em Curitiba e gostava de futebol tinha no mínimo três times para torcer. Um nesta cidade, um no Rio, outro em São Paulo. O Atlético – a gente nasce Atlético –, o Flamengo, uma decorrência natural da antiga camisa, o Santos, impossível fugir do Santos de Pelé, foram as minhas escolhas.

O tempo passou e Flamengo e Santos desapareceram do meu universo de torcedor. O Atlético cresceu e fui tomado cada vez mais por essa paixão maluca, uma borracha apagando lembranças de antigos namoros.

Isso não impediu minha torcida pelo Flamengo de Zico na final de Tóquio em 1981. Era um time tão espetacular, jogava com tal beleza e senso ofensivo que torcer contra seria inclinar-se pela morte do futebol como arte.

O Corinthians campeão do mundo não é o Flamengo de Zico. No Brasil de hoje não existem mais Zicos, nem Juniores, nem Adílios, nem Leandros,  infelizmente. Já disse alguém que comparações são sempre odiosas e é a mais pura verdade. Então por que estou comparando? Talvez um saudosismo de final de tarde de domingo sem futebol.

Se falta ao Corinthians campeão un touche d’art, sobram abnegação, futebol coletivo, apego profundo ao esquema tático, uma “argentinidade” na disputa dos títulos nunca vista em time nacional. Venceu com o maior dos merecimentos, um título irretocável.

O time mosqueteiro é exemplo a ser seguido dentro de campo. A manutenção do treinador após o pior dos reveses, a eliminação na primeira fase da Libertadores/ 2011, a construção de um time pouco a pouco, mantendo-se a base e reforçando-a, Cássio e Guerreiro os exemplos, provam minha afirmativa.

Claro que para o Corinthians tudo sopra a favor. Vai ganhar um campo dos sonhos patrocinado pelo pai do mensalão, a arbitragem aqui e ali dá uma boa ajuda, mas não sou eu que vou culpar o time da Gaviões por saber se aproveitar do efeito Brasil varonil. Quero apenas ressaltar que se podemos buscar no timão o exemplo a seguir para a formação de nossas equipes, impossível imaginar caminhos tão desimpedidos para a construção do nosso patrimônio e para a nossa definitiva transformação em gigante do futebol tupiniquim.

Nossas dificuldades serão imensas e teremos que lutar muito para alcançar o patamar corinthiano de conquistas, mas chegaremos lá. O amigo atleticano pode confiar. Enquanto lutamos com entraves de todos os tipos, temos que olhar para a conquista do bando de loucos com grandeza, entender que há poucos anos subiam da segunda divisão, fizeram grande trabalho, merecem estar no céu em Yokohama.

Por isso, sem invejas, com o sereno reconhecimento do mérito da grande conquista, digo como fiel torcedor do Atlético Paranaense, o único time a ocupar meu coração, parabéns Corinthians.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

APENAS COMEÇANDO

Com o título “Ilegal e Imoral” recebi e-mail apresentando documento elaborado pela diretoria do Coritiba e endereçado a autoridades do estado. Segue o texto deprimente.

Vimos, por intermédio desta, manifestar o nosso protesto pela falta de transparência, ilegalidade e imoralidade da engenharia financeira da operação que pretende prover de recursos públicos, na forma de financiamento, a obra do estádio do Clube Atlético Paranaense, por intermédio da CAP S/A.

Entendemos que a forma que está sendo realizada tal operação fere os preceitos básicos de conduta das relações entre o público e o privado, revelando, assim, toda a sua ilegitimidade de princípios, em prejuízo às administrações estadual e municipal e, por consequência, a toda população paranaense.

Nossos mais elevados votos.....

Confesso ao amigo que não acreditei. Nem a paixão clubística mais idiota poderia justificar a redação de algo tão vil e absurdo. Repito, não acreditei. Julguei fosse coisa de torcedor, dessas brincadeiras de mau gosto que prosperam nas redes sociais, a diretoria do Coritiba não se prestaria a produzir algo tão eivado de impropriedades, indelicadezas, vilanias.

Concorria para a minha dúvida a assinatura da nota: Diretoria do Coritiba Foot Ball Club. Fosse algo sério, o nome do presidente chancelaria a golfada de invejas.

Esperei o dia começar e, quando pude, bisbilhotei os jornais da província, e fui surpreendido pelo fato verdadeiro. Uma lástima.

Estou cheio de amigos coxas, eles estão aí por toda a parte, impossível abdicar do convívio agradável com a segunda torcida do estado. É óbvio que estão mal representados, é óbvio que o monstrengo não representa o pensamento do alviverde cidadão curitibano.

O torcedor coritibano precisa acordar. Seu presidente perdeu a mão, seus representantes perderam o foco na gestão do clube e se lançaram em desvio pantanoso que nada tem a ver com o passado de agremiação com mais de 100 anos de história.

Quando o progresso do vizinho é motivo apenas para a lamentação, a desconfiança, o futricar abjeto que nada constrói, é hora de se rever os fundamentos, os valores de quem inconformado se resume ao arremessar das pedras.

A diretoria do Coritiba tem que trabalhar, resolver seus problemas que não são poucos, montar um time, voltar-se para a construção do seu futuro. Se ficar unicamente sofrendo o crescimento do Atlético vai ter muito que reclamar. Nós estamos apenas começando.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ECOS DA UTI

Terminado o ano, missão cumprida, o Furacão hiberna no calorão de dezembro, o torcedor de vez em quando espia o noticiário em busca das contratações para 2013. Até agora nada. A boa notícia é a pré-temporada do Sub-23. Colocar os “aspirantes” para jogar o estadual, dando tempo para que os titulares se preparem com tranquilidade para as competições nacionais é ótima ideia.

Vai dar certo. Os times do interior são muito fracos, com boa preparação é dever ganhar de todos, passar por cima. O Paraná agoniza dando sustos nos gigantes, um Davi movido a invejas e ódios. Pode fazer uma traquinagem. O resultado final depende, como sempre, do jogo com o Coritiba. Aí é jogar a moeda para cima.

Eu estou colocando em forma os meus textos deste ano. No formato livro foram quase quatrocentas páginas. Estou com dúvida sobre o título do calhamaço. “Direto da Sala de Recuperação”, “Quase Enfartei, Mas Subi” e “Ecos da UTI” estão em estudo.

Foi um ano difícil. Um título perdido nos pênaltis, uma eliminação na Copa do Brasil para o Palmeiras campeão, agora na segunda divisão, um início terrível no Brasileiro, uma recuperação de cavalo inglês tratado a cenoura radioativa. Foi sofrido demais, trinta e oito jogos e a vida decidida nos últimos segundos. Quem é que aguenta?

Ao lado da total imprevisibilidade em campo, a construção da Arena, boicotada por qualquer que pudesse colocar um empecilho, foi outro fator de irritação para todos os atleticanos. Boas notícias uma raridade. O campo dos sonhos foi se desmanchando a picaretas, o frenesi da obra em ascensão jamais visto. Dá-se a impressão de fogueira à espera de sopro poderoso a dar vida às labaredas.

O apaixonado atleticano que a tudo isso juntou um probleminha particular, e quem não os tem, caminhou sobre brasas o ano todo. O coitado que tem um celular da TIM chegou a tostar as pelotas.

Assim, para dar algum ânimo, cada parágrafo tinha que ser escrito com um pingo de crítica, três gotas de conselho, um balde de elogios, um tonel de lembranças dos tempos difíceis, de tudo que já passamos, a história como estímulo a nos manter confiantes, com a cabeça fora d’água.

O esforço de todo o povo rubro-negro levou ao final feliz. O povo peregrinou pelo país, armou sua tenda no Ecoestádio e fez daquele cantinho espremido do Barigui o seu desfiladeiro das Termópilas. Ali lutou, sofreu, cantou, achou que tudo estava perdido, levou as mãos à cabeça em desespero, esticou os braços, saltou como criança comemorando o acesso.

É a esse torcedor apaixonado, ao amigo que me deu o prazer da sua leitura, do seu comentário, do seu compartilhar, do seu curtir, da sua crítica, da correção do meu triste engano é que vai o abraço deste escriba neste último texto a fechar seu livro do ano. Você merece todo o meu respeito, foi um bravo, está na história. A você irmão de fé um Feliz Natal e um Ano Novo pleno de saúde e paz. Você merece campeonatos, medalhas, muito mais, o amor da sua família, ter Deus com os olhos voltados para o seu lar.

Vou me emocionando e me alongando. A Xerox do best seller único  vai ficar cara. Parei, pensei, pensei e me decidi. O título do calhamaço vai ser mesmo “Ecos da UTI”.

 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

PROMESSA É PROMESSA

O Atlético pede a opinião dos sócios sobre o preço das mensalidades após a conclusão da Arena e o faz afirmando existirem “várias táticas a serem aplicadas no futebol”, e acrescenta: “para se fazer um time realmente competitivo existe uma: recurso financeiro”. Basicamente, se você quer time campeão, bote a mão no seu bolsão.

A campanha bem formulada, com informações precisas sobre os valores recebidos em patrocínios, televisão e pay-per-view, demonstra a defasagem entre primos pobres e ricos do futebol nacional. Um cálculo simples mostra a diferença mínima entre Flamengo e o nosso Atlético: 89 milhões de reais/ano.

A frase “para se fazer um time realmente competitivo existe uma: recurso financeiro” é um primor. Seria um desastre se afirmasse “só uma”. Existem outras. Esse “fazer” não ficou bom, me doeu o ouvido.

A prática mostra que para se montar um time realmente competitivo precisa-se muito mais do que recurso financeiro, fosse só o vil metal, Flamengo e Corinthians brigariam pelo título até a última rodada.

Fosse só o volume de entradas financeiras, o Inter com os 106 mil sócios entraria nesta briga Rio-São Paulo e daria contínuas surras de boleadeira em manos e urubus. Há quantos anos o Inter não ganha um Brasileiro? O Falcão já perdeu todos os cabelos que tinha no último campeonato colorado.

O amigo vai dizer que estou jogando contra. Nada disso, já coloquei lá no hot site o valor que posso pagar, se vale muito mais, com a palavra os entendidos. O Atlético pediu apenas minha opinião, nenhuma análise financeira de valor.

Voltando à aritmética, dobrasse a mensalidade para 140 reais, o total arrecadado seria pouco superior a 6 milhões, menos que as entradas projetadas para pay-per-view e patrocínios.  Para chegar ao Inter, receita de 40 milhões/ano, o Atlético teria que mudar a forma de captação, ter gente disposta a pagar, com muito pouco a receber.

Minha intenção é mostrar que também fundamental é a aplicação correta dos valores recebidos, realizada por uma direção cerebral e de coração rubro-negro. O Inter com uma arrecadação de 80 milhões, mais as mensalidades dos associados, naufragou em 2012. Errou no elenco, no técnico, perdeu o rumo, terminou com milionários sonolentos no banco de reservas.

Contratar bem deve ser o objetivo primeiro da aplicação dos poucos recursos. O Furacão está nesse caminho. Deverá contratar jogadores para chegar e jogar e manter jogadores que se revelaram de extrema utilidade. Os recursos limitam, mas não impedem a formação de uma grande equipe para 2013. A tarefa é difícil. 

O Atlético formou um time de especialistas em acesso e subiu. Agora precisa formar um time de especialistas em chegar à Libertadores. É uma nova família, com um novo objetivo. O tempo está passando. Segundo meus cálculos, faltam só nove anos para sermos campeões do mundo. Promessa é promessa.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O DEDO DE DON JUAN


Antigamente, muito antigamente, os cinemas apresentavam sempre uma imagem onde se lia “Luiz Severiano Ribeiro – Cinema a melhor diversão”. Eram tempos de Mazzaropi, da impagável Tristeza do Jeca, coisas de rir e de chorar, do entretenimento fruto de uma inocência que o mundo perdeu infelizmente.

O futebol faz parte também do universo do entretenimento, é diversão, embora alguns como eu dediquem a ele paixão sem limites que mais maltrata do que diverte. É culpa minha, o futebol não tem nada a ver com isso.

Mesmo assim, impossível dizer que neste ano o Atlético não me divertiu. Quando, vai perguntar o amigo ainda de cabelos em pé, mesmo com o insistente uso de alisadores de todos os tipos. Eu respondo. O Atlético de Don Juan foi um marco de alegria neste ano difícil.

O técnico uruguaio e sua clara opção pelo ataque saiu do lugar comum da defesa primeiro, se possível um golzinho vencedor. O esquema era todo ataque, as substituições visavam atacar ainda mais.

Com um time de meninos e retornos de atleticanos dos mais variados rincões do planeta, uma economia que deve ter inspirado a CAIXA como patrocinadora da camisa, foi campeão do primeiro turno, fez o presidente coxa ir para casa triste como menino que perdeu na roda a bolinha jogadeira.

Pablo de lateral direito, Manoel, o volante Cléberson de zagueiro, Furlan, Deivid, Ricardinho, Harrison, Marcelo, Héracles, Ligüera, Gabriel Marques, Guerrón, Edigar Junio, Baier, Bruno Mineiro, todos se moviam para atacar, a bola saia direta da defesa para o ataque, e dá-lhe correr, a missão era marcar gols, tudo novidade, tudo de um frescor delicioso, tudo muito divertido.

Impressionante como desse time de atacantes, restaram somente Manoel, Cleberson e Deivid no time que passou para a série A, todos defensores.

Don Juan me deixou saudades. Nos levou à final nos pênaltis com o Coritiba, à eliminação pelo Palmeiras em São Paulo na Copa do Brasil, a duas vitórias, duas derrotas no Brasileiro. Caiu como todos caem, comandando um time que desapareceu com o tempo, prova que, com o que lhe deram para trabalhar, produziu aqui um milagre castelhano.

Sua passagem pelo Atlético não foi em vão. Don Juan criou o Cléberson zagueiro, o menino revelação do Rubro-negro para este ano que dizem vai acabar já no próximo dia 21. No gol solitário contra o Paraná, na bola salva no último minuto, Cléberson estava lá, salvando a lavoura, garantindo a passagem. Poucos sabem, mas na partida de volta ao paraíso, Cléberson foi o dedo de Don Juan.

 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

TORCER POR ELE


Nhô Drub foi mantido como treinador rubro-negro. Qualquer um de bom senso deve louvar sua permanência. A passagem para a série A, sem dúvida tem respaldo no seu trabalho silencioso. O torcedor fez eco à decisão da diretoria. No futebol, o resultado fala mais alto.

O Nhô Drub, que não conheço pessoalmente, é irmão de grande amigo meu, soldado da melhor qualidade, um poço de seriedade e trabalho. Quando se decidiu pela interinidade do mineiro, sabia que trabalho não faltaria, o que me preocupava era a falta de experiência em time tamanho Atlético.

Nhô Drub foi o pai da esperteza. Muito rapidamente entendeu que a ejeção de treinadores no Furacão era muito mais fundamentada no tom das entrevistas do que no mau rendimento da equipe. Assim, reduziu-se ao futebol, não pediu jogadores, não reclamou de Paranaguá, jamais culpou jogador por resultado infeliz. Mineiramente, ganhou tempo para trabalhar, a confiança do elenco.

Recebeu de Jorginho, seu substituto, o elenco montado. Quando o Cantinflas caiu, o Atlético tinha os jogadores prontos para cumprir a missão, imagino que Nhô Drub, agora seu substituto, o esquema na cabeça para levantar o Atlético.

O mais interessante foi a quantidade de jogadores utilizada pelo treinador. O Atlético deu salto expressivo na tabela contando praticamente com treze jogadores. Vamos a eles: Weverton; Maranhão, Manoel, Cleberson e Botelho; Deivid e João Paulo; Elias, Marcelo, Marcão e Henrique. Quais os outros dois? Felipe e Paulo Baier. Os outros que entraram o fizeram por um jogo ou dois, substituindo ausências causadas por cartões ou lesões de curta duração.

Nesse aspecto, teve no departamento médico e na preparação física organismos de alta qualidade, fundamentais no seu projeto de manutenção do onze principal, origem do entrosamento que nos garantiu a ascensão. Time bom é aquele que a torcida sabe na ponta da língua, diz o princípio transcrito no verso da tábua dos dez mandamentos, em seu Anexo I – Futebol.

Para colocar um defeito, acho o treinador ruim de segundo tempo, sempre as mesmas substituições, muda o jogador, ganha o físico, não muda a forma. As trocas acontecem muito ao final do jogo, quando o tempo já é pequeno demais para virar placar, o adversário já cresceu e o bom resultado passou a depender também da sorte. Se o que escrevo tem mínimo de cabimento, nada que não se possa aperfeiçoar com observação e estudo. No futebol nada se cria, tudo se copia.

O que Nhô Drub não pode fazer é imaginar que tem dívida com os jogadores, achar que pode enfrentar a primeira divisão com o elenco disponível. O Atlético tem que contratar e ele terá que colocar alguns de seus onze históricos leões no banco de reservas. Vai doer, doerá para todos nós, mas tem que ser.

Vai ter tempo para isso, para usar toda a sua mineirice, montar um time novo, algo maior, melhor, manter o espírito, elevar a qualidade. Vai dar certo? O tempo dirá. Dá para torcer por ele.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CORAÇÕES RUBRO-NEGROS


São quatro horas e vinte minutos em Orlando, no Brasil sete horas e vinte da noite. O jogo do Atlético já acabou e eu estou sem notícia, vagando entre as filas da imigração americana, uma babel de línguas, cheiros e angústias de todos os naipes. Ali, naquele mundo de inseguranças, o mais angustiado sou eu.

Livro-me da última barreira, um cara mal educado, que imagina saber português, querendo saber se tenho comida na bagagem e saio para a luz da internet. O genro dedilha o celular e pergunta: “precisava empatar Ivan?”, respondo um “sim” em pânico, “então deu”, foi o fim maravilhoso de um ano inteiro de ansiedades. Passo a exibir a vintage rubro-negra com o maior dos orgulhos.

Pego o aparelhinho do demônio e fico sabendo que o São Caetano ganhou, que o fim do jogo em Curitiba foi para matar, pênalti perdido, bola tirada em cima da linha, vou lendo em voz alta, a filha acompanha no máximo da alegria e conclui sapiente: “pai, o senhor não iria aguentar, a viagem lhe salvou a vida”. É verdade, a viagem marcada há meses pode ter me salvo a vida.

Passo a achar que os dólares que vou gastar, e não serão poucos para o meu nível de renda, serão melhor aplicados que em cirurgia cardíaca inevitável, ou em aplicação ainda pior.

Chego em Curitiba com a impressão que o cérebro está solto dentro da caixa craniana e coloco a gravação do jogo para rodar, sentado na poltrona como naquela atração do Epcot Center em que você viaja de asa delta sem sair da cadeira, mas com a nítida impressão de que vai se esborrachar contra as pedras da montanha que passam milagrosamente a centímetros da sola dos seus pés.

O Atlético ofensivo que eu gosto é parado pelas ótimas intervenções do goleiro paranista, perde gols, marca com Cleberson e vai construindo o retorno com tranquilidade, sem, entretanto, dilatar o placar. Quando isso não acontece, o final de jogo é invariavelmente dramático. E foi, mas não vi.

O atraso no início do jogo cortou minha gravação aos quarenta, quando a torcida estava com as mãos entrelaçadas sobre a cabeça, pronta para a rendição. Fui para o site Rubro-negro, procurei os melhores momentos e não encontrei os fatais últimos minutos, após o cabeceio de Manoel na trave, a imagem corta para a festa, Petraglia no meio do campo abraçado aos jogadores.

Alguém lá no alto quer me proteger até no replay. Eu agradeço.

O Atlético construiu uma das páginas mais emocionantes da sua história, marcada por todos os naufrágios e ressurgimentos característicos da sua extraordinária vida como clube de futebol.

Passei o ano escrevendo essa história e não assisti seu epílogo ao vivo como deveria ser. O destino sabe o que faz. Por certo queria me dar chance de contar mais, me emocionar mais, assistir na arena magnífica o futuro que todos sabemos será ainda mais fantástico. Ele que venha, estaremos aqui, nós e nossos periclitantes corações rubro-negros.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

TUDO VALE A PENA

Quem se lembra desta escalação? Ricardo Pinto, Ronaldo, Ricardo, Luis Eduardo e Alex; Neto, João Antonio, Everaldo e Leomar; Oséas e Paulo Rink. Lembrou? Claro que lembrou. Esses foram os heróis que conduziram o Atlético à primeira divisão em 1995, estão no coração de todos os atleticanos.

Quem era o técnico? Vamos lá. O amigo pode não conhecer José Macia, mas é certo que conhece Pepe, o canhão da Vila Belmiro, o treinador que nos tirou do umbral da segundona.

Todos eles estão na história Rubro-negra, como tantos outros de especial importância – Matosas, Flavio, Toninho, Borçato, Emerson e por ai vai –, protagonistas e coadjuvantes da escalada que culminaria com a conquista do Brasileiro de 2001.

Amanhã, onze atleticanos estarão a um passo de entrar na história, constar dos registros grafados em ouro, estar na foto e na cabeça de milhares de torcedores. Quantas pessoas podem ser lembradas com carinho por tanta gente? O futebol permite esse reconhecimento, mas exige de seus atores fibra de heróis, infinita capacidade de resistir e vencer para se alcançar a glória.

Nada se ganha na véspera. O corredor pode se imaginar rompendo a fita de chegada em primeiro lugar, mobilizar seu pensamento para a vitória, mas imprescindível ter bem clara a estratégia a colocar em prática durante toda a corrida, o controle dos seus adversários, o momento de defender, de atacar, de impedir o contra-ataque, definindo o resultado favorável.

Sonhou demais, perdeu o foco na marcação do etíope magrelo, do queniano perna fina, permitiu o arranque inesperado, lá se foi todo o esforço.

Para conseguir entrar na história, o time de Nhô Drub terá que comandar a partida, fazer o resultado e mantê-lo sem dar chances ao pretendente a desmancha prazeres. Serão noventa minutos de atenção e aplicação ao jogo, sequer um centímetro de campo cedido, sequer um segundo de livre pensamento concedido ao adversário.

Assim sendo, daqui a dez anos abriremos o livro da história Rubro-negra e nos depararemos com a foto emoldurada pela torcida maravilhosa, os contornos do Janguito facilmente perceptíveis.

Diremos então: “Era um time de guerra. Lembra-se do Manoel, do Marcelo, o papa-léguas, do guerreiro João Paulo, do Baier dos gols nos últimos segundos, da canhota do Elias...” e o dedo apontará um a um, os nomes, as jogadas, os gols lembrados, a garra enaltecida, a conversa longa para pouca noite.

Este foi um ano difícil, o coração do torcedor já foi ao mecânico três vezes, os jogadores já fizeram milagres, por incrível que pareça nada ainda está ganho, falta o arranque final para alcançar a fita. É dura a exigência em fim de maratona – quem não sabe? –, mas para entrar na foto, tudo vale a pena.

 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ATÉ AS ALMAS ESTARÃO LÁ

Os atleticanos empenharam-se em dura luta pelos ingressos para o jogo histórico. A briga frenética pela habilitação do smart na internet rivalizou com a paciente espera na fila do Espaço Sócio Furacão. A irritação com o teclado esquentou as cabeças rubro-negras, o sol escaldante queimou os miolos dos fanáticos enfileirados. Todos os esforços são válidos, levam ao Ecoestádio.

Quem não quer estar nas arquibancadas do Janguitão? O atleticano é um trota-mundos, passeou pelo Brasil todo atrás do seu amor incondicional, sofreu horrores de desanimar o mais fiel dos crentes, teve fé quando só a fé restava e agora suspira por assistir a realização de todos os seus sonhos, colher em campo o prêmio por todo seu extremismo.

Fosse possível, os portões deveriam ser abertos, a entrada livre para todo aquele vestido em vermelho e preto. Seria justíssimo. Quem madrugou para pegar o ônibus para Paranaguá, São Caetano, Criciúma, quem gastou suas economias para acompanhar o Atlético nos confins deste Brasil imenso, merece franco acesso ao paraíso.

As dimensões do Janguito tornaram impossível abrigar a todos os ansiosos por comparecer. Certamente, alguns assíduos em todos os confrontos ficaram de fora, lastimam o afastamento na boa hora. Tem todo direito a lamentar, roeram o osso, queriam comer pelo menos uma asinha do frango.

Têm três minutos para chorar as pitangas. Chutaram o balde, cutucaram os que nunca foram e conseguiram a habilitação? Pois bem, já passou. Vamos em frente. Que não se perca a festa por não se estar em campo.

Este foi um ano de ausências, o professor nem tirou as faltas. Quem pode foi, foi e tirou nota 10 na representação dos que chutaram a mesa de centro na tentativa de colocar para dentro o cruzamento de Felipe, acordaram o bebê com o grito de gol contra o São Caetano.

No imaginário rubro-negro, a sala, o quarto, o bar, a churrasqueira, a praça, o ônibus, o avião, tudo vira Arena, tudo é Joaquim Américo. A poltrona tem nome gravado, o doente levanta para cantar o Hino, um rumor da Fanáticos e ele está cantando “vamos Furacão”.

Sábado, o jogo será difícil, igual a todos os outros. Os seis mil rubro-negros em campo empurrarão o Atlético ao vivo e a cores. Os videntes ao olhar para os céus enxergarão os ares em movimento, os fluxos positivos vindos de todos os cantos, aos milhares, um furacão se formando sobre a arena nas alturas que virou Baixada.

O time que concentrou para a última batalha pode ter certeza, sábado, o apoio virá de todas as formas, até as almas estarão lá.

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

NEYMAR DE TERNO E GRAVATA


O atleticano acompanhou aflito por todos os meios disponíveis o depoimento de Petraglia na Assembleia Legislativa, convocado que foi pela CPI da Copa. Quem já viu o mandatário Rubro-negro discorrendo sobre a obra, sabia que a avalanche de informações soterraria os nossos deputados, o resultado seria goleada de tirar o couro.

Às dez e pouco da noite, o sites já davam conta do estrago. O globoesporte.com foi arrasador:

GOLEADA

PETRAGLIA FALA SOBRE AS OBRAS DA ARENA E SAI APLAUDIDO DA CPI DA COPA 2014.

O Terra foi na mesma toada:

MARIO CELSO PETRAGLIA DEPÕE NA CPI DA COPA E É APLAUDIDO

O site da Folha de São Paulo, no mesmo horário, já anunciava na sua capa virtual:

EM CPI DA COPA, PETRAGLIA DIZ QUE LUXO JUSTIFICA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA DO FILHO

Terminei a noite e não encontrei nos sites da Gazeta do Povo e Paraná-online uma linha sobre o assunto. Hoje pela manhã, estava lá no site da Gazeta:

PETRAGLIA BOTA EM DÚVIDA CONCLUSÃO DA ARENA PARA A COPA

O adjetivo para a manchete rima com bota, verbo que qualquer editor de meia pataca trocaria de bate-pronto. A matéria não é de se jogar fora. Traz as frases mais importantes do debate.

O presidente da CPI, deputado Fábio Camargo, foi definitivo:

“Essa investigação perdeu o sentido, se o estado ou o município não vão ter que arcar com nada se a obra ficar mais cara e sim o Atlético, a gente tem que ter a humildade de reconhecer que isso aqui não faz mais sentido”

Petraglia aproveitou o êxito e contra-atacou:

“Se não houver liberação rapidamente dos recursos, há risco de paralisação”

 “A CPI deveria perguntar se o governo estadual e municipal estão cumprindo o que prometeram. Exigir que se cumpra a lei. Nós demolimos o nosso estádio, perdemos 10 mil sócios, estamos pagando para jogar e tendo prejuízo técnico”

Petraglia deu caneta, balão, rolinho, goleou e saiu aplaudido pelo adversário. Um Neymar de terno e gravata.

DOR NA CONSCIÊNCIA


Chego ao frigorífico, leio página de esportes pronta para abraçar uma alcatra e fico sabendo que o Paraná arrendou os salões de festas da sede da Kennedy por 20 anos, ao valor de 1 milhão de reais por ano. O que significa o arrendamento para os velhos que acompanham o futebol da terra?

Simplesmente o fim da parcela Água Verde no time da gralha.

 Quando se uniram Colorado e Pinheiros para formar o Paraná Clube, o vermelho da camisa entrou com nada, para não dizer com nada, trouxe na bagagem a carcomida Vila Capanema, pendurada na justiça, e o azul com a grana, com o patrimônio, com a lisura nas negociações.

Enquanto o dinheiro durou, o Paraná teve seus momentos de glória, ganhou campeonatos regionais, trouxe felicidade à infância de uma torcida que hoje, na maturidade, morre de saudades.

O dinheiro acabou, sumiu, desapareceu, o patrimônio definhou, o time voltou ao status original de seus formadores, a segunda linha do futebol paranaense. Vive mais para as manchetes do noticiário econômico, atrasos de salários, greves de jogadores e funcionários, da crônica policial, ex-presidente andou desviando os poucos caraminguás disponíveis, do que para as páginas esportivas.

Por que escrevo sobre o Paraná, neste espaço destinado ao Rubro-negro do meu coração? Por que tenho pena da italianada do Água Verde, do leão da Vila Guaíra. Aquela gente lutou pelo crescimento do clube, criou o parque aquático, a sede social, para comprar um lápis fazia uma licitação, e hoje vê todo seu esforço ir para o beleléu.

Se você perguntar para qualquer um deles, a opção seria pelo fim do futebol, nunca do clube que lutaram para construir. Sentem-se enganados.

Com um milhão de reais por ano não se faz futebol no Brasil. A diretoria que não quis alugar a Vila Capanema para o Atlético, fez beicinho, entrega o patrimônio que construiu para terceiros se refestelarem, e promete entregar mais, a Vila Olímpica e a herança do saudoso Palestra Itália, outro italiano.

O Paraná pensa viver de aluguel, sem sequer ter casa para morar. Quando vejo a foto dos atuais dirigentes festejando a parceria, penso que comemoram a morte do Água Verde, do Pinheiros, a raiz forte que segurou a onda por muito tempo. Se eu fizesse parte dessa gente, teria uma forte dor na consciência.

 

domingo, 18 de novembro de 2012

ELEVADOR CHEIO

Querer não é poder. Torcer é fazer tudo para acontecer, mas, também, não é poder. Queria no primeiro, o Atlético do segundo tempo, atacando, perdendo gols, assustando o Criciúma. Queriiiiiia, quem sou eu para querer e poder.

Encolhido atrás da linha do meio de campo, somente Marcão e Elias fazendo uma sombra na saída de bola do Tigre, o Rubro-negro defendeu na primeira fase, só a partir dos 35 minutos Botelho e Maranhão chegaram ao ataque, conseguiram dar algum ânimo ao torcedor em suspense.

Defensivamente o time foi perfeito, o único susto aconteceu logo ao primeiro minuto, em falta que passou por toda a linha de atacantes e defensores, e Santos defendeu com ótimo reflexo.  Quem tinha dúvidas sobre o substituto de Weverton, ganhou confiança no abrir das cortinas. Foi bem o jogo todo.

Arrisco dizer que a opção pela defesa foi de Nhô Drub, os posicionamentos recuados de Marcelo e Felipe justificariam minha opinião. Alguém dirá que foi uma imposição do volume de jogo do time do seu Angeloni, empurrado pela torcida, e pode estar carregado de razão.

Bastou o avanço de Felipe na segunda fase e aos três ele já estava dentro da área cruzando com extremo perigo. Marcelo veio para a esquerda, Maranhão foi liberado para jogar no ataque e o Atlético foi perdendo gols. Aos 29, o cartão amarelo substituiu Felipe por Henrique, aos 35 a rotina trocou Elias por Baier. A partida em São Caetano terminou em empate. O Tigre empurrou o jogo com a barriga peluda até o apito final. Está na série A. Parabéns.

Tudo vai bem quando termina bem. Tudo se encaminha para terminar bem. Só a derrota para o Paraná pode evitar nosso retorno à primeira divisão. Conforme os resultados, nem ela. Ótimo, fizemos por isso. Cabe aos velhos alertar.

Em 2004, brigando para ser campeão brasileiro, o Atlético enfrentou o Paraná na Baixada. Ganhava de 1 a 0, quando nos minutos finais, um tal Messias deu um chute lá do meio campo, Bruno Lança intrometeu a cabeça e gol contra. Os dois pontos fizeram uma falta tremenda. Bobeou, o cachimbo cai.

É semana para se trabalhar duro, manter a concentração em alta. Nada de acreditar que o Guarani vai dar a vaga para o Atlético, jogar com o ouvido no radinho. O Atlético tem que ir à luta, coletivamente, a torcida tem que lotar o Ecoestádio. No futebol, para subir um andar, é mais fácil com o elevador cheio.

 

sábado, 17 de novembro de 2012

BANZAI!


São onze horas e trinta da manhã. Nesta hora o povo atleticano já está em Criciúma, vivendo o clima da partida, intrometido entre os torcedores do Tigre, abismados com a quantidade de camisas rubro-negras desfilando pela cidade. Para os torcedores das duas equipes, o jogo pela vaga vale mais que a final sonhada pelo Corinthians contra o Chelsea.

É muito provável que a torcida do Criciúma, que já andou ensaiando vaias em partidas anteriores, esteja cada vez mais preocupada com o resultado do jogo.

O time que lutava pelo campeonato caiu de rendimento, perdeu três seguidas em casa, teve que mudar o esquema, inventar um 352 para vencer a última e se manter no topo, garantir uma situação que já era líquida e certa.

A contusão de zagueiro impede a confirmação do 352 vencedor. A confirmação pelo departamento médico de que o principal atacante está fora do seu melhor estado físico incomoda.

Perder para Atlético significa encarar o Avaí precisando vencer, uma rivalidade dura de engolir, já não basta o Joinville que foi ao Heriberto Hülse e roubou três pontos de chorar ajoelhado.

Ter o Atlético pela frente é encarar um leão faminto, que quanto mais devora, mais quer devorar, tem necessidade, pior, tem pouco respeito pelo habitat da presa à sua frente.

Agora aparece esse mundão de gente, gente maluca que vai cantar o tempo todo, já invadiu São Caetano, tem experiência em casa alheia. As coisas estão ficando pretas.

Um começo de jogo trepidante por parte do Atlético, um gol, e a toca do Tigre pode ir abaixo. Assim espero. A vontade dos jogadores, a permanente ação ofensiva, o controle da posse de bola, o incentivo da torcida fanática podem fazer a diferença logo aos primeiros minutos, quebrar um fator psicológico já em degradação.

Por isso, vamos torcedor, vamos Furacão. Ao ataque. Mais uma vez, banzai!

 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

É SÁBADO


A derrota para o Bragantino na 27ª rodada me fez duvidar do retorno para a primeira divisão. A derrota anterior para o Goiás era admissível, o time goiano estava embalado, natural perder fora. Perder para o Bragantino, mesmo longe do Janguito, era tomar uma trombada do Narain Karthikeyan no meio da prova.

Olhando para frente, tínhamos nossos principais concorrentes às quatro vagas – Vitória, São Caetano e Criciúma – jogando em casa contra o Furacão. Se o Braga nos atropelou, como ganhar desses times na ponta dos cascos, e ganhar era indispensável, a minha estatística obrigava.
O dia D passou a ser então 30 de outubro, a grande prêmio do Barradão. O Atlético vinha de três boas vitórias, o 5 a 4 contra o América Mineiro de enfartar maratonista. A reta final da campanha “volta Furacão” atravessaria a linha de partida em Salvador. Faltavam oito provas. Vencemos, hora de atacar, mostrar o bico, forçar a ultrapassagem.

Duas provas em casa, a pista conhecida, seis pontos quase garantidos. Derrapamos na curva do guarani, o goleiro bugrino em falta nos deixou no limite do G4, um ponto atrás do São Caetano, o próximo adversário, justo o grande prêmio do Campanella. A nação Rubro-negra se mobilizou, o time foi guerreiro e venceu. Assumimos a 4ª vaga. O impulso foi vigoroso. Cuidem-se América RN e ASA de Arapiraca.
Aí faltou gasolina, perdemos dois pontos para a escuderia potiguar no Ecoestádio. Passamos, mas não evoluímos, o inimigo está a um passo, eu não consigo ter paz.

A vitória contra o ASA injetou sangue novo no meu otimismo, permanecemos a 2 pontos do São Caetano e nos igualamos ao rubro-negro baiano, algo que parecia impossível, tal a distância que nos afastava. O Vitória era o campeão certo da segundona para todos os profetas da bola. Com a palavra o futebol.
Dos oito últimos e decisivos grandes prêmios passaram-se seis, aproximamo-nos do Criciúmaring, estamos na iminência da batalha do Hülse. O time fez um milagre, é o melhor rendimento nas últimas oito rodadas, 83%, é um Vettel, mantém-se firme, é bom lembrar, jogando sempre fora de casa.

Casa? Faz tempo que nossa casa é a casa dos outros. Agora nossa casa se chama Heriberto Hülse.  As caravanas se mobilizam, os ônibus lotam em minutos, os ingressos desaparecem em segundos, impossível aqui, a amiga da namorada consegue o passaporte no guichê na terra do carvão. O povo estará lá, mais uma vez.
O Atlético é o valoroso soldado universal, combate em todos os lugares, é apoiado em todos os quadrantes, uma bandeira a tremular vitoriosa sem escolher cenários. Vamos meu Furacão, vamos meu povo, a volta tem data marcada, é sábado.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

COM A FACA NA BOCA


Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. No Heriberto Hülse, os raios vêm caindo a cada apresentação do Tigre catarinense. Nos últimos três jogos em casa, o Cricíúma entregou os pontos aos adversários, foram três derrotas contra Barueri, Joinville e São Caetano.

A queda no rendimento do time do seu Angeloni pode ser boa motivação para o torcedor atleticano seguir rumo sul. Existem outras.

A condição atual do Furacão é uma delas. O time vem muito bem, a torcida sabe a escalação na ponta da língua, nem mesmo as perdas por amarelos e vermelhos trazem alguma preocupação. O time provável contará com Santos; Maranhão, Manoel, Luiz Alberto e Botelho; Deivid e João Paulo; Elias, Marcelo, Marcão e Felipe.

Eu prefiro Felipe no lado, como um ponta-esquerda, sei que a maioria gosta de posicioná-lo no meio de campo ao lado de Elias. Questão de gosto e de estatística, saber onde os números mostram ser superior o seu aproveitamento. Nada como um bom ponteiro para criar situações de gol e anular um lateral.

O amigo pode estar ressabiado com a escalação de Santos, substituindo Weverton em ótima fase. Imagino que o paraibano acompanhe toda a evolução da equipe, esteja perfeitamente ajustado aos posicionamentos de Manoel e Luiz Alberto. Sabe imprescindível estar atento aos lançamentos longos entre os zagueiros, pronto para transformar-se em líbero sem cometer penalidade. Sabe que nas paradas a pequena área é sua, tem que sair e livrar o perigo. Está motivado, pronto, sem receios. Eu também.

Nhô Drub tem toda a semana para estudar o Criciúma, encontrar espaços para vencer, treinar jogadas para tornar isso possível. Será apenas acrescer aos treinamentos de rotina uma ou duas manobras que atinjam vulnerabilidades ou anulem potenciais lances de perigo do time da casa.

Achei que contra o ASA, com a saída de Marcelo, ficamos sem contra-ataque, fomos para a defesa sem ter escape, paramos de incomodar, caímos muito de produção. É bom pensar no assunto, ter velocista no banco, treinado, pronto para cumprir missão. Não me digam que Taiberson é jogador de velocidade.

A maior justificativa para o atleticano pegar a estrada reside na postura ofensiva demonstrada pela equipe nos últimos jogos fora de casa. Ótimos primeiros tempos têm garantido vitórias importantíssimas, diferentemente das agônicas primeiras fases contra Guarani e América-RN. O Atlético fora é vibrante, vai para cima, cala a torcida adversária, agride, faz gols, é outro time.

O indispensável é manter na longa semana o foco na vitória, evitar a dispersão, o perigoso sentimento de superioridade, fugir do mito de que o jogo se ganha nos noventa minutos, o empate é bom resultado. Perdeu o foco, perdeu a força. Esta é semana para manter o emocional em alta, dormir como pirata, com a faca na boca.

 

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

QUE SAUDADES DE VOCÊ


 
Sábado, o torcedor coxa assistia a partida entre Atlético e ASA com saudades de doer o peito. A visão do campo alagoano, as torcidas mancha alvi-negra e império alvi-negro, vestígios das dez gloriosas participações do coxa na segundona, um recorde nacional, traziam lembranças inesquecíveis, uma vontade de retornar àquele cenário arraigado no coração de cada coxa-branca.

O que começou como uma vã tentativa de secar o Atlético, transformou-se em viagem ao passado recente, a cada movimento da câmera um setor conhecido, uma recordação revivida, e como pode a torcida rubro-negra, sempre ela, estar ocupando aquela arquibancada em que coxas-brancas históricos sentaram seus bumbuns, comeram ali suas tapiocas, tomaram seus refrescos de cajá, viveram intensamente a série B. Ah! Série B, que saudades de você.

A transmissão acabou e ficou aquele sentimento de que fazemos na série A, que orgulho é este que nos afasta do nosso verdadeiro lugar, com o qual nos identificamos tanto, a série B. Ah! Série B, que saudades de você.

Nesse turbilhão de emoções, a segundona lembrada a cada instante, o coração aqui, querendo estar ali, outra vez aquela inveja danada do atleticano a lhe tomar o espaço – como pode? –, o coxa voltou à poltrona para assistir o jogo contra o Corinthians Paulista, na cabeça, sempre a série B.

O jogo começa e o espírito “segundista” está impregnado também no maior ganhador de todos os tempos. É um, é dois, é três, Deivid diminuiu, é quatro, é cinco, quase seis. A goleada dolorida, fora o baile, traz de novo a lembrança da série magnífica, as vitórias seguidas, o orgulho de campeão sempre ao alcance da mão.

O coxa corre fazer as contas, imagina que ainda possa conseguir o retorno à sonhada série, a goleada deve ter diminuído o saldo de gols, vai ver ainda dá, calcula, calcula, ainda dá. Três vitórias do Sport, três derrotas coritibanas e a volta está garantida. Ah! Como seria bom juntar-se ao caído Figueirense.

Ah! Série B, que saudades de você.