quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O DEDO DE DON JUAN


Antigamente, muito antigamente, os cinemas apresentavam sempre uma imagem onde se lia “Luiz Severiano Ribeiro – Cinema a melhor diversão”. Eram tempos de Mazzaropi, da impagável Tristeza do Jeca, coisas de rir e de chorar, do entretenimento fruto de uma inocência que o mundo perdeu infelizmente.

O futebol faz parte também do universo do entretenimento, é diversão, embora alguns como eu dediquem a ele paixão sem limites que mais maltrata do que diverte. É culpa minha, o futebol não tem nada a ver com isso.

Mesmo assim, impossível dizer que neste ano o Atlético não me divertiu. Quando, vai perguntar o amigo ainda de cabelos em pé, mesmo com o insistente uso de alisadores de todos os tipos. Eu respondo. O Atlético de Don Juan foi um marco de alegria neste ano difícil.

O técnico uruguaio e sua clara opção pelo ataque saiu do lugar comum da defesa primeiro, se possível um golzinho vencedor. O esquema era todo ataque, as substituições visavam atacar ainda mais.

Com um time de meninos e retornos de atleticanos dos mais variados rincões do planeta, uma economia que deve ter inspirado a CAIXA como patrocinadora da camisa, foi campeão do primeiro turno, fez o presidente coxa ir para casa triste como menino que perdeu na roda a bolinha jogadeira.

Pablo de lateral direito, Manoel, o volante Cléberson de zagueiro, Furlan, Deivid, Ricardinho, Harrison, Marcelo, Héracles, Ligüera, Gabriel Marques, Guerrón, Edigar Junio, Baier, Bruno Mineiro, todos se moviam para atacar, a bola saia direta da defesa para o ataque, e dá-lhe correr, a missão era marcar gols, tudo novidade, tudo de um frescor delicioso, tudo muito divertido.

Impressionante como desse time de atacantes, restaram somente Manoel, Cleberson e Deivid no time que passou para a série A, todos defensores.

Don Juan me deixou saudades. Nos levou à final nos pênaltis com o Coritiba, à eliminação pelo Palmeiras em São Paulo na Copa do Brasil, a duas vitórias, duas derrotas no Brasileiro. Caiu como todos caem, comandando um time que desapareceu com o tempo, prova que, com o que lhe deram para trabalhar, produziu aqui um milagre castelhano.

Sua passagem pelo Atlético não foi em vão. Don Juan criou o Cléberson zagueiro, o menino revelação do Rubro-negro para este ano que dizem vai acabar já no próximo dia 21. No gol solitário contra o Paraná, na bola salva no último minuto, Cléberson estava lá, salvando a lavoura, garantindo a passagem. Poucos sabem, mas na partida de volta ao paraíso, Cléberson foi o dedo de Don Juan.

 

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