Antigamente, muito antigamente, os
cinemas apresentavam sempre uma imagem onde se lia “Luiz Severiano Ribeiro –
Cinema a melhor diversão”. Eram tempos de Mazzaropi, da impagável Tristeza do
Jeca, coisas de rir e de chorar, do entretenimento fruto de uma inocência que o
mundo perdeu infelizmente.
O futebol faz parte também do universo
do entretenimento, é diversão, embora alguns como eu dediquem a ele paixão sem
limites que mais maltrata do que diverte. É culpa minha, o futebol não tem nada
a ver com isso.
Mesmo assim, impossível dizer que
neste ano o Atlético não me divertiu. Quando, vai perguntar o amigo ainda de
cabelos em pé, mesmo com o insistente uso de alisadores de todos os tipos. Eu
respondo. O Atlético de Don Juan foi um marco de alegria neste ano difícil.
O técnico uruguaio e sua clara opção
pelo ataque saiu do lugar comum da defesa primeiro, se possível um golzinho
vencedor. O esquema era todo ataque, as substituições visavam atacar ainda
mais.
Com um time de meninos e retornos de
atleticanos dos mais variados rincões do planeta, uma economia que deve ter
inspirado a CAIXA como patrocinadora da camisa, foi campeão do primeiro turno,
fez o presidente coxa ir para casa triste como menino que perdeu na roda a
bolinha jogadeira.
Pablo de lateral direito, Manoel, o
volante Cléberson de zagueiro, Furlan, Deivid, Ricardinho, Harrison, Marcelo,
Héracles, Ligüera, Gabriel Marques, Guerrón, Edigar Junio, Baier, Bruno
Mineiro, todos se moviam para atacar, a bola saia direta da defesa para o
ataque, e dá-lhe correr, a missão era marcar gols, tudo novidade, tudo de um
frescor delicioso, tudo muito divertido.
Impressionante como desse time de
atacantes, restaram somente Manoel, Cleberson e Deivid no time que passou para
a série A, todos defensores.
Don Juan me deixou saudades. Nos levou
à final nos pênaltis com o Coritiba, à eliminação pelo Palmeiras em São Paulo na
Copa do Brasil, a duas vitórias, duas derrotas no Brasileiro. Caiu como todos
caem, comandando um time que desapareceu com o tempo, prova que, com o que lhe
deram para trabalhar, produziu aqui um milagre castelhano.
Sua passagem pelo Atlético não foi em
vão. Don Juan criou o Cléberson zagueiro, o menino revelação do Rubro-negro
para este ano que dizem vai acabar já no próximo dia 21. No gol solitário
contra o Paraná, na bola salva no último minuto, Cléberson estava lá, salvando
a lavoura, garantindo a passagem. Poucos sabem, mas na partida de volta ao
paraíso, Cléberson foi o dedo de Don Juan.
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