– Onde? – indago
sonolento.
– Na reunião do conselho
do Atlético.
– Ah! Fui sim. Claro que
fui. – Fico pensando como ele sabia da reunião.
– E a arena, sai ou não
sai?
– Sai, mas vai dar
trabalho, hoje e amanhã tem votação na Câmara, a última das batalhas antes do
repasse dos recursos. Tem uns vereadores querendo botar areia, um ou outro vai
amarelar, alegar doença para faltar à sessão.
– Eu sei, é uma
vergonha. Eu sou coxa, mas acho isso uma vergonha. – Fico com o queixo caído, a
xícara na altura dos lábios, incapaz de sorver a rubiácea.
– Pois é, alguns torce-vereadores
do teu time estão vestindo o sagrado manto alviverde para votar e prejudicar a
cidade inteira. È chutar o traseiro do eleitor – prossigo com o cheiro do café
forte me acordando para o dia.
– Concordo com o senhor,
já disse, é uma vergonha, acho isso que eles estão fazendo a maior das
sacanagens. Como é que pode?
Tomo um gole e fico
imaginando quanto a família Braga Cortes colocou na educação do seu filho para
ele dar o vexame que está dando. O rapaz de berço é um míssil alviverde desgovernado
na direção do povo que o elegeu.
É difícil entender que a
elite da terra, gente de sobrenome possa ter menos sabedoria que alguém que
luta para fazer um supletivo noturno após dia de trabalho intenso. Os livros
não alteram valores, eliminam baixezas, a gente nasce com eles gravados a fogo no
DNA.
Nascemos prontos, uns focados
no seu próprio umbigo, outros generosos e sábios. Na primeira categoria
acomoda-se o alviverde Felipe Braga Cortes, na segunda o rapaz que assobiando
lava as pequenas xícaras interessado no progresso de toda uma cidade.
Hoje, à uma da tarde,
estaremos lá na Câmara, atleticanos, curitibanos, gente de boa fé, eleitores
atrás de benefícios imensos para Curitiba. Para quem não sabe, são 800
projetos. Vamos lá rubro-negros, não para afrontar os energúmenos, mas para
apoiar os sábios.
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