sábado, 30 de abril de 2011

EU ACHO ÓTIMO

A vitória de 3 a 1 contra o Rio Branco de Paranaguá serviu para alguns propósitos interessantes:
Número um – cansar Deivid em posição que não é a dele nas vésperas do jogo com o Vasco.
Número dois – dar a oportunidade para que Gabriel faça um bom contrato com o Rio Branco.
Número três – dar o atleticano a chance de ver Bruno Costa fazer partida sem apagão de quebrar o time. Daqui a quatro anos vai aprender a jogar e, então, como Rhodolfo, estará cansado do Atlético e pronto para uma transferência.
Número quatro – mostrar que Dalton, bem orientado, pode ser boa opção de banco. O zagueiro titular ainda não foi contratado.
Número cinco – reconhecer que Fransergio continua virgem no desarme, como o Chico Buarque, vendo a banda passar.
Número seis – tomar conhecimento de que Robston está perdido em Curitiba. Teria que começar por um dia de linha turismo, esquecer o arroz com pequi e se entender com a lasanha na manteiga. Depois, tentar fazer dez metros sem bola em vinte segundos. Conseguindo, voltar aos treinos com bola.
Número sete – admitir que Madson é decisivo. Multa ele e põe para jogar.
Número oito – ter a certeza de que, dependendo do esquema, Branquinho tem lugar no time. É o substituto natural de Baier.
Número nove – lamentar Heverton não ter pago a passagem. Passou por baixo da roleta.
Número dez – lastimar a entrada de Jenison só no segundo tempo, prova que o dia a dia desta semana não foi tão bom. Antes do Atletiba deve ter encantado os quero-queros do Caju.
Número onze – invejar Renan Rocha que foi comer bolinho de camarão em Paranaguá.
Número doze – assistir Lucas receber sua primeira assistência em muitas partidas, tentar de letra e perder.
Número treze – ouvir que, na falta de Paulo Baier, Robston tinha que ser o protagonista. Disparada, a melhor da semana.
Número quatorze – saber que o Coritiba contratou Éverton do Caxias, passando a perna no Atlético. Aleluia, menos uma aposta para incomodar. Bem feito pros coxas.
Número quinze – confirmar que o Atlético é carente de laterais, zagueiros e volantes.
Número dezesseis – ao final da partida, saber que o São Paulo perdeu para o Santos. O projeto do Carpegiani e do Riva parece ir de vento em popa. Encher a mala de dinheiro e afastar os títulos do Morumbi. Eu acho ótimo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O AUTODOMÍNIO

“Um sábio general evita um exército quando de espírito agudo, mas ataca-o quando moroso e inclinado a recuar. Essa é a arte de estudar humores. Disciplinado e calmo, o general espera a chegada da confusão e do rebuliço entre o inimigo. Esta é a arte de conservar o autodomínio”
                                                                                                                                             Sun Tzu
O treinador tem que controlar a todo o instante a equipe que dirige. Ao seu comando seus jogadores deverão alternar situações defensivas e ofensivas. Reconhecer o bom momento adversário e defender, perceber a queda de rendimento do adversário e atacar, são atitudes a tomar orientadas pela sensibilidade e permitidas pelo controle emocional que consente ao cérebro trabalhar com clareza. O descontrole leva ao “branco”, à falta de ideias, à morte sem luta.
Dominar a mente em ebulição é dever do treinador.
O autodomínio permite ao comandante passar por momentos difíceis sem demonstrar desespero ou inconformidade com a atuação de seus subalternos. Ao invés de chutar garrafas d’água, explodir em palavrões, carregar contra a arbitragem, usará o tempo para pensar em como recuperar o equilíbrio na partida, fazer modificações necessárias com tranquilidade e, criadas novas condições, voltar à ofensiva.
De nada adianta o “professor” ser dotado de autodomínio, avaliar corretamente o ânimo do oponente, expedir suas ordens com correção, se os subordinados não atendem ao seu comando. Nunca é demais ressaltar que fundamental é a voz de comando obedecida, não fosse assim, para que se perderiam tantas horas em treinamentos, repetições exaustivas, variantes táticas estudadas e repetidas vezes ensaiadas. Por que tantas horas de ordem-unida nos quarteis?
O autodomínio pressupõe foco no desenvolvimento da ação, na correção de procedimentos, na orientação de melhorias a implementar. Alguns técnicos desejam fazer mais do que o definido como de suas competências. Pressionam a arbitragem, mandam bater, forçam vulnerabilidades de jogadores adversários, incitam a torcida. Dessa forma, abandonam a figura do estrategista atento aos detalhes do jogo, pronto a intervir de forma pertinente. Não é difícil vê-los, em jogos mais espinhosos, dentro do campo, em meio ao tumulto.
Sábio será o treinador que reconhecendo a agitação a enfrentar, preparar seus comandados para, no momento do conflito, tirar proveito da impaciência adversária. Um entrevero rápido, uma reação exagerada, um adversário expulso, seguido de minutos de forte descontrole, a vitória ao alcance dos pés.
O autodomínio do treinador tem que escorrer para dentro do campo, estar dentro da consciência de seus atletas.
(O AUTODOMÍNIO é artigo do Capítulo II – O GENERAL TREINADOR – do livro SUN TZU E A ARTE DO FUTEBOL, de autoria de Ivan Monteiro, registrado na Biblioteca Nacional sob número 329.967 – livro 605 – folha 127 –, não publicado e em constante atualização)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

RUBRO-NEGROS DE AÇO

Segunda-feira, minha caixa de emails amanheceu uma horta. Todos os coxas conhecidos, e até alguns desconhecidos, resolveram usar suas criatividades para testar a paciência deste valente rubro-negro.
Ervilhas brincalhonas, adolescentes e mal-educadinhas couves de Bruxelas, insossos pepinos, intragáveis pimentões apaixonados pelo Marcelo, grisalhos alhos-porrós morrendo de amores pelo Petraglia do CEASA, pés de alface ditando sabedoria sobre tática – coitadinhos, vão ter que sofrer muita rega –, deixaram suas mensagens. Saboreei as divertidas, admirei as criativas, entendi as amargas escarolas, deletei e fui para a cozinha.
A ida ao varejão deixara a gaveta inferior da geladeira lotada de folhas verdejantes, como o treme-treme em dia de entrada permitida com lata de Nescau. Chamei minha cozinheira profissional e pedi para fazer uma salada completa, as foliáceas acomodadas suavemente sobre leito constituído de um saboroso molho cor de esmeralda, cuja receita darei ao final do texto.
Comi como um tamoio comeria náufrago português lançado às atlânticas margens deste nosso Brasil de escândalos e trambiques. Lambi os beiços, levantei o cálice de vinho chileno amadeirado com traço de frutas vermelhas acima da cabeça, em sinal de vitória, e tomei com gosto, encerrando ali o luto pela derrota.
À tarde, resolvi visitar amigo corinthiano que há muito me convidara para conhecer seu local de trabalho, uma trepidante empresa em Araucária.
Passeei entre as grandes instalações, entendi os processos, tomei um cafezinho delicioso e fui encaminhado ao coração do empreendimento, o alto-forno onde se produz o aço que alimenta a indústria nacional.
O calor dos infernos, os vapores emanados e o rubro do aço liquefeito a borbulhar como lava de vulcão desperto revelavam a rusticidade do trabalho e a fortaleza dos operadores. Os capacetes com viseiras, as roupas grossas, as pesadas botas fazem parte do equipamento de segurança obrigatório dos guerreiros do aço.
Junto a eles, no chão da fábrica, uma jaqueta entreaberta me chamou a atenção. Por baixo de toda aquela grossa indumentária resistia uma camisa rubro-negra, um coração escancarado para a luta contra a meia-dúzia de brócolis que certamente infernizavam seu dia naquele purgatório.
Tive que falar com ele, ouvir suas reclamações contra a arbitragem, “volantes que se alternam para expulsar nossos jogadores” contra o Coritiba, “um dia o careca, outro dia o Evandro”. Ri com a justa comparação e lembrei do dito, “contra o inimigo, o regulamento”. Proseei um pouco e outros atleticanos começaram a aparecer, vaidosos, certos da grandeza do Furacão. Foram três minutos de incomum alegria junto ao povo rubro-negro em tarde de velório.
Voltei para casa orgulhoso da nossa siderurgia e certo de ter conhecido uma nova qualidade de valentes rubro-negros.
Os rubro-negros de aço.
RECEITA DE MOLHO PARA SALADA
Ingredientes
- um maço de manjericão
-50 ml de azeite de oliva
- um dente de alho
- sal e pimenta a gosto
Modo de preparo: bata no liquidificador e está pronto.
Sirva em saladeira com alguma profundidade, despejando o molho no fundo, cama para tomates diversos – italianos, secos, os pequeninos cereja, etc –, e berinjelas e abobrinhas cortadas em fatias, e grelhadas.
Alimentos verdes são bons para a saúde. Para dar sabor à vida, os vermelhos e levemente tostados são os mais indicados.
Chef Star

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ABRAÇADO AO BOLICENHO

Com Malucelli, a dúvida de ontem é a certeza de amanhã.

Segunda-feira, após o desastre contra o Coritiba, durante reunião do Conselho Deliberativo, estrategicamente marcada para mostrar faceta positiva da sua gestão, disse o presidente Malucelli a respeito da saída do gerente de futebol Ocimar Bolicenho:

“No mercado não há profissionais para trabalhar no setor. São poucos. Não se pode mandar uma pessoa embora sem ter quem colocar.”

Um dia depois, a autoridade, que parecia estar entre demite e não demite, mostra-se uma rocha sobre o assunto:

“Ocimar tem meu apoio total. Ele não admite e nem demite jogadores. É um funcionário do clube, como tantos outros. A responsabilidade do departamento é do diretor de futebol Valmor, e do Adur, que tem auxiliado. Esses dois conduzem o departamento de futebol e o Ocimar cumpre decisões que vem do diretor, o Valmor.”

Que imagem me vem à cabeça?

– Adur, tá a um fim de um café? – diz Valmor para o auxiliar, entretido em ver tape de jogo entre Aparecidense e Itaperuna, em busca de zagueiros indispensáveis para o rubro-negro.

– Até que seria bom, esta pelada tá um saco – responde o enfastiado Adur.

– Ocimar, pega lá dois cafezinhos, o meu com cinco gotas de adoçante, o do Adur puro – ordena Valmor para o Bolicenho, o único profissional da área, uma joia rara encostada ao lado do telefone, pronto para atender às determinações da dupla dinâmica.

– Ahn? – Sacode-se Ocimar, dorminhocando atrás dos imensos óculos escuros.

– Vamos Bolicenho, dois cafés, rápido, olha que eu digo ao Malucelli que você não está cumprindo minhas decisões – cai o pano da ópera rosso-nera.

O rapaz do cafezinho, apenas um funcionário do clube, foi o mesmo que avalizou a contratação de Madson, já havia trabalhado com ele no Santos, um bom menino, só tinha seis advertências sobre faltas a treinamentos. Quantas terá no Atlético?

Sem poder, deve acumular também as funções de porteiro.

– Abre a porta Bolicenho – comanda Valmor para a entrada dos cinco novos contratados. – Acompanha até a porta Bolicenho – determina Adur para a saída dos quatro recém-chegados demitidos.

O que se pode deduzir é que o Valmor e o Adur estão atrapalhando o serviço do pobre Bolicenho, subestimando seu valor, dando-lhe funções não condizentes com sua inquestionável capacidade.

Antes que o departamento seja chamado de “sala da saudade”, já foram buscar Lucas, agora pensam em Marcinho, ou “seção de ataque”, o time só tem um zagueiro e continuamos procurando atacantes, é melhor demitir os responsáveis, o Valmor e o Adur, que não são funcionários do clube, e deixar o Bolicenho trabalhar, cumprir sua missão, sem os estorvos da velha guarda.

Falar sobre bastidores é sempre uma incógnita, sabe-se lá o que está por trás de tudo. Armadilhas, minas e petardos estão distribuídos a cada passo, prontos para detonar quem se atreve a invadir seus domínios.  

Certo é que Malucelli já colocou para escanteio o aliado que o elegeu, agora, joga a culpa da desgraca no colo dos amigos que o vieram ajudar.

Nessa balada, vai acabar morrendo abraçado ao Bolicenho.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O PRESIDENTE COMANDANTE DE EXÉRCITOS

“O comandante dos exércitos é o árbitro do destino do povo, o homem de quem a nação depende para restar em paz ou em perigo”
                                                                                                                             Sun Tzu
Nos tempos do venerável mestre chinês, o comandante dos exércitos era o soberano. Nos dias atuais, as nações têm seus presidentes como comandantes em chefe das forças armadas. No futebol, o presidente do clube é o árbitro do destino da equipe e sua torcida, o soberano da bola.
Um bom soberano, para cumprir suas missões de defesa da Pátria, deve escolher um excelente general. Um bom presidente, para resguardar seu clube do perigo, deve escolher um brilhante treinador, essa a sua principal missão.
Embora a contratação do responsável técnico seja de capital importância na gestão de um presidente, sua atuação não se resumirá a tal tarefa. Ele será base de toda a política de formação, contratação e venda de atletas, de desenvolvimento patrimonial, da criação de fontes de entradas de recursos e do controle de numerosa equipe de trabalho, a qual escolherá a dedo, privilegiando profissionais competentes e atualizados.
O controle de seus assessores presume acompanhamento próximo, verificação de resultados, busca de eficiência no gasto dos sempre reduzidos orçamentos. Como o general perdido em meio à batalha deve ser substituído, o logístico incompetente em fazer chegar os melhores suprimentos à linha de frente sofrerá a mesma sorte.
Os onze jogadores a caminhar decididamente para o centro da arena, sob o comando de treinador de máxima competência, aplaudidos por milhares de torcedores confiantes, serão o produto final observável do esforço de um quadro experiente de profissionais habilmente conduzidos pelo soberano de chuteiras.
O perigo rondará quando o presidente se afastar do controle, permitir a presença de ineficazes, for fraco na administração de conflitos.
A paz será garantida quando o comandante mantiver a infraestrutura do clube em constante aperfeiçoamento, rígido controle das finanças, equipe disputando um máximo de campeonatos, em condições de disputar títulos, ganhar com assiduidade, e mobilizar, a cada ano, uma nova coleção de torcedores.
Para ser completo, o presidente terá que ser carismático, realizador, ter uma ponta de ironia quando se relacionar aos seus adversários, sereno nas entrevistas com a imprensa, tratando-a como organismo a ser usado com eficiência na promoção das coisas da sua instituição, determinado na busca da eficiência de todos aqueles sob seu comando e afastado de extremismos característicos dos de temperamento irascível. O defensor perpétuo pode e deve ser enérgico, mas controlado e justo.
A conquista de título trará consigo a estabilidade da paz. A ausência, contínuo e crescente rumorejar das massas torcedoras. A torcida das grandes equipes não aguenta um longo jejum.

E ENTÃO AMIGO RUBRO-NEGRO!
COMO VOCÊ AVALIA A ADMINISTRAÇÃO DO SENHOR MALUCELLI À FRENTE DO ATLÉTICO?

(O PRESIDENTE COMANDANTE DE EXÉRCITOS é artigo do Capítulo I – O SOBERANO PRESIDENTE – do livro SUN TZU E A ARTE DO FUTEBOL, de autoria de Ivan Monteiro, registrado na Biblioteca Nacional sob número 329.967 – livro 605 – folha 127 –, não publicado e em constante atualização)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

RENASCER É PRECISO

O meu porteiro coxa, que a cada partida do seu verdão me massacrava com frases do tipo “quatro a zero, fora o baile”, ontem teve a oportunidade de dizer, cheio de natural orgulho, “três a zero, fora o baile”, mas não disse, teve pena, e eu, confesso, com a bateria fraca, agradeci quando o danado, tentando me dar algum alento, foi atacando o Manoel, dizendo que ficou “loco de faceiro” quando o Adilson tirou Branquinho. Ouvi, dei os parabéns, peguei o elevador, e subi para dar o bilhete azul ao Malucelli.
Hoje, li os jornais, ouvi a entrevista do treinador no pós-jogo e me coloquei a pensar, pensar e entreter a vista com a magnífica visão da Arena, atrás dela a longa linha de edifícios da Sete de Setembro se arrastando como cobra gigantesca na tentativa de chegar à Serra do Mar.
Matutei sobre a confusa derrota, apenas o pico de um Marumbi de erros cometidos pelo Atlético em 2011. Refleti sobre o futuro, nebuloso como o céu desta tarde de outono. O chocolate ao alcance da mão lembrou a Páscoa, o renascimento, e me fez concluir que o Atlético precisa renascer.
Renascer em espírito, em mentalidade, em qualidade de procedimentos.
O primeiro setor a ressuscitar é o departamento de futebol. Li que o senhor Ocimar Bolicenho, no intervalo do jogo, saiu a bradar contra a arbitragem, colocando sobre as costas do homem de preto o fardo da derrota, que é, em grande parte, sua responsabilidade.
Contratações equivocadas, elenco sem zagueiros de qualidade, goleiro em evolução, sem reserva conhecido, jogadores como Robston, que até hoje não disseram presente, são problemas criados por sua atuação “profissional” à frente do departamento.
Bolicenho gritou procurando esconder sua falha. Como o Santos do seu amigo Luxemburgo, o Atlético já contribuiu, e muito, para suas finanças. Tem que agradecer de joelhos, pedir desculpas e limpar a mesa. O presidente tem que se mexer. O treinador diz ser necessário qualificar. Não será com o Bolicenho que conseguiremos os reforços necessários.
Espero, também, de Adilson Batista, um renascimento. O treinador tem que mostrar muito mais que partida ante o fraquíssimo Bahia. Até agora se viu um padrão de jogo oscilante, uma falta de reconhecimento de capacidades inacreditável para quem vagava pela Baixada, substituições de levantar o “Burro! Burro!”, deixar coxa “faceiro”, um discurso de fragmentar grupo, do tipo “tirei por não cumprir minhas determinações”.
Desnecessário ser um Tite, fundamental tratar nos vestiários, assuntos de vestiário. Se Adilson não tiver cuidado com as palavras, vai lotar o departamento médico. Foi jogador, sabe que quem tem a boca grande não vai à festa no céu.
O retorno da alegria à Arena depende muito da confiança que os jogadores depositarem no treinador. João Saldanha, quando assumiu a seleção em 69, escalou suas feras na sua primeira entrevista. Adilson tem que ser claro.
Qual é o seu esquema? Quais os jogadores titulares e reservas para cada posição dessa estrutura tática? Que posições são as mais carentes? Afastar dúvidas sobre ressentimentos anteriores, cada dia mais evidentes. Usar o conhecimento do dia a dia com inteligência, sabedor que treino é treino e jogo é jogo, que o diga Jenison.
O lado positivo da derrota é o tempo para acalmar os ânimos, recuperar jogadores, formar um time novo para a Copa do Brasil e o Brasileiro.
O Vasco está aí, batendo na porta, meteu três no Náutico em Recife, o time do técnico que disse faltar testosterona ao Atlético, quando por aqui passou. Tem um ataque com Felipe, Alecsandro, ex-Inter, Diego Souza, ex-galo, e Eder Luis. Quando complica entra Bernardo, um menino que faz gol todo jogo. Com a nossa defesa, se não se cuidar, toma outra varada. Mãos à obra.
Renascer é preciso.

domingo, 24 de abril de 2011

DAR O BILHETE AZUL

O desastre que começou com falha bisonha de Manoel no primeiro jogo do campeonato contra o Arapongas, na Baixada, terminou com a expulsão do mesmo Manoel contra o Coritiba, aos oito do primeiro tempo, na mesma Baixada.
Ao lado do presidente Malucelli, Manoel é destaque na comédia de erros que foi o Atlético neste campeonato paranaense, justamente ganho pelo Coritiba.
Manoel queria sair, todos estavam indo embora, tinham tratos com o presidente, eram prioridade, o clube em segundo plano. Convenceram Manoel a ficar, convenceram-no a cumprir sua obrigação, seu contrato com o time que lhe deu vida. Ficou e arrebentou.
O presidente deve estar satisfeito. No terceiro ano de administração, perdeu dois paranaenses, continua remando contra a construção da Baixada, sua obsessão, trocou sabe-se lá quantos técnicos e agora está numa enrascada. Adilson perdeu o clássico, fazendo um monte de bobagens. Vai mandá-lo embora? Pela sua cartilha, amanhã, o novo técnico já estaria sendo contratado.
Nada vai fazer, a parte da imprensa que interessa está de amores com Adilson, culpa jogadores, por certo, como eu, vai pisar forte em Manoel. Amanhã, voltaremos a ler que Geninho era preguiçoso, desatualizado e por aí adiante. Uma cortina de fumaça para esconder erros primários, erros de time amador em jogo de tamanha importância.
Quem vive o Atlético sabe que Manoel manda o braço no adversário sempre que o choque se configura. O juiz sabe, observa e expulsa. Acabou o jogo.
Quem não sabe? O departamento de futebol, o técnico, seus assessores que tudo vêem. Os milhares de reais pagos mensalmente. Quanto amadorismo. Manoel tinha que sair do vestiário orientado, avisado do que não poderia fazer. Fez no primeiro lance dividido.
Quem está acostumado com as maluquices de treinador, lembram de Mario Sergio deixando Washington no banco em final com o Coritiba, encarou com naturalidade as saídas de Guerron e Branquinho, para as entradas de Lucas e Jenison. Coitado do menino Jenison. Entrou no caldeirão para salvar o Atlético e sofreu uma das maiores frituras que já vi. O único motivo para sua escalação seria a tentativa da individualidade, então, por que não Madson?
Adilson foi para a consagração. Se desse certo, se Jenison fizesse o impossível, seria aclamado pela ousadia. Quebrou o que restava do time, destruído pelo seu desconhecimento do adversário. Por que digo isso?
O Coritiba cobra todos os seus escanteios pela direita pouco à frente da marca do pênalti. Os gigantes ficam na entrada da grande área e avançam quando da cobrança. Que fizeram os atleticanos? Acompanharam os deslocamentos dos atacantes, ficando de frente para o gol, em posição de, no mínimo, fazer gol contra. O goleiro ainda defendeu, e o coxa, no cantinho do Romário, marcou livre. Adilson era zagueiro, tinha que orientar a defesa com correção.
O Coritiba fez dezenas de gols em chutes de fora. O Bill recebeu, os zagueiros olharam, o goleiro custou a acreditar, o chute saiu fraco, longo, no canto, a desatenção inacreditável acabou a pelada. Milhares de pessoas que saíram de suas casas para ver seu time jogar, impor alguma dificuldade ao Coritiba, estava frustrada ao findar o primeiro tempo.
Temos que acreditar em Adilson, é o que temos, impossível trocar de treinador todo dia, mas o sofrimento será grande.
E será, também, pela falta de jogadores de nível. Rafael Santos é muito limitado e é titular absoluto. Robston devia agradecer aos céus por ganhar a vida jogando futebol. Outro tecnicamente sofrível e titular. Agora está chegando Paulo Roberto, volante. Mandaram embora três volantes, pelo menos experientes, e estão contratando um desconhecido.
E zagueiros, que precisamos no mínimo três, ninguém vai contratar?
Sim, porque Dalton, Adilson já esqueceu, desde o jogo com o Paraná. Bruno Costa é um perigo Gabriel é aventura de mau gosto. Manoel sabe jogar, mas já desistiu do Atlético, vai ver o presidente faz um trato com ele, acerta a vida do menino e produz outros abandonos.
O Atlético é de um amadorismo doentio. Começa no presidente, passa pelo departamento de futebol e se espraia dentro de campo, um cadinho de limitações, substituições equivocadas e empregos táticos ineficientes.
Já que o presidente não pode demitir o Adilson, nem eu acho que seja este o momento, como disse, sou um homem de esperanças, aposto na continuidade, vou usar meu ilusório poder de torcedor e, no meu pesadelo desta noite, cara a cara com o Malucelli, vou mandá-lo descansar, afastar-se do que nunca quis, vou lhe dar o bilhete azul.

sábado, 23 de abril de 2011

TOLERÂNCIA ZERO

Ir ou não ir?
Eu vou. Vou pelo espetáculo, para assistir jogo de casa cheia, com a maravilhosa torcida rubro-negra dando seu show espetacular.
Vou para assistir time perfeitamente organizado, possibilitando máximo rendimento de jogadores de bom nível, contra equipe dotada de jogadores de padrão pouco superior, ainda em estágio primário de evolução tática, que pode, de um momento para outro, colocar em prática futebol maiúsculo e vencer o invencível.
Para quem vê o futebol como espetáculo e admira a técnica individual – o passe perfeito, a matada carinhosa, o desarme sem esforço –, e procura acompanhar a trama idealizada pelos treinadores, qualquer partida é digna de assistência na bela Arena, com a amplitude de visão a permitir um estudo mais eficaz das variadas situações de jogo. Por tudo isso, eu vou.
Quem é o Coritiba?
Jogadores de boa técnica, unidos pela conquista sistemática dos três pontos, perfeitamente adaptados ao clube e ao esquema 4-2-3-1, são a base do rendimento excepcional do Coritiba.
A presença de cinco jogadores de qualidade – Donizete, Gago, Aurélio, Rafinha e Davi –, há muito entrosados, permite o jogo central, a troca de passes e as assistências verticais para o atacante – Bill ou Aquino –, intrometido na linha dos zagueiros, ou o eficiente chute de fora.
Gols de cabeça são raros – Emerson é importante nos escanteios –, e jogadas pelas laterais do campo são poucas, mais comuns as entradas verticais sobre as posições dos zagueiros e o passe para trás, procurando Aurélio. O maior sucesso é obtido pelo setor esquerdo do ataque.
Para jogar, alonga o adversário, permitindo a troca de passes na sua intermediária defensiva, e mantém Bill e Aurélio avançados. Ao desarmar, sai para o contra-ataque com bom toque e velocidade, normalmente somando Rafinha e Davi aos já posicionados à frente, realizando a desejada superioridade numérica.
Donizete e Gago são importantes pela marcação e pela contínua virada de jogo, abrindo espaços para os laterais. Gago lança bem de média distância e bate falta com precisão. Ambos jogam com intensidade. Simples e funciona. Eu diria que são as chaves do sucesso coritibano.
Marcos Aurélio é a estrela da companhia. De frente para o gol, assiste ou finaliza com precisão. Não bastasse isso, entra na área para arrematar as costuras laterais.
A defesa funciona com duas linhas de quatro, permitindo a chegada pelos flancos, mas congestionando muito a área, dificultando a finalização. Edson Bastos dá rebotes nos chutes de fora, que devem ser tentados, e a bola aérea é a principal vulnerabilidade defensiva.
Em jogos como o de domingo, o Coritiba deve tentar trocar passes, tornar o jogo lento, irritar o Atlético e se aproveitar do erro.
O que fazer?
Basicamente, jogar compactado, não permitir o alongamento da equipe, ir e vir como um bloco único, algo como o primeiro tempo do Atlético em Salvador.
Evitar os lançamentos longos de Gago, bloquear os chutes de fora e marcar com proximidade Marcos Aurélio os noventa minutos.
Explorar as laterais do campo, a lentidão de Pereira, e a bola aérea.
Ter paciência, evitar expulsões e jogar com intensidade.
Adilson estava em Curitiba assistindo jogos da dupla Atletiba. Sabe tudo do adversário. Acho que o bicho não é tão feio quanto parece. Tenho fé.
Segurança
Quem vai quebrar ônibus, brigar em campo, tumultuar a vida da cidade já está aquecendo os músculos do cérebro desde segunda-feira. Não precisa de motivos para exercitar suas idiotices. Já está praticando durante a semana, ferindo inocentes, afrontando policiais. Não é hora para romantismos. Vivemos num estado de guerra. Os idiotas estão à solta.
A polícia orientou e não foi ouvida. Pode lavar as mãos. Os dirigentes do nosso futebol assumiram os riscos. Se problemas acontecerem, esperemos que não, os responsáveis são conhecidos. Pena que morem em outro planeta.
Mesmo assim, a polícia tem seu dever a cumprir. Foco na inteligência, revista cuidadosa, equipamento pesado, rapidez e força na ação repressiva.
Com os idiotas, tolerância zero.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

SEMPRE É BOM PREVENIR

– Vão ganhar hoje? – pergunta um baixinho com o sorrisão escancarado, ao me ver com minha linda camisa rubro-negra, pronto para o jogo, esperando-o à porta para receber a encomenda.
– Hoje e domingo – respondo com a minha certeza de valente rubro-negro.
– Espero que esse remédio aí seja para dor de cabeça, por que domingo quem vai ganhar é o coxa –, disse com a imensa boca aberta. Não é que o miserável era um pé de alface.
– Vocês estão pensando que o Atlético é o Caxias, ou esses times paranaenses, mulheres de malandro, que gostam de perder para vocês, que levam gol no primeiro minuto, os goleiros sempre tomam um de fora e, quanto mais pancada levam, mais felizes ficam? – O baixinho risonho queria responder, mas tinha pressa, ganhava o sustento da família, correndo de moto.
– Vamos ver, acho que vai dar de novo 4 a 2 – Tive que rir.
– Espera aí – Entrei, abri a caixa nova de aspirina, peguei duas e dei a ele junto à gorjeta graúda. – Pega essas duas pequeninas e toma antes do jogo de domingo, só para te livrar do infarto. – Os dentes apareceram todos novamente, agradeceu com os olhos brilhando, desejei saúde e bom trabalho, e ele desapareceu no elevador, cuja porta segurava com o pé.
Voltei à caixinha mágica, tomei uma e fui para a Baixada, pensando no Bahêa, acreditando que a pílula pudesse ajudar meu coração, mais frechado do que talba de tiro ao alvaro.
Nem precisou. Aos quarenta do primeiro tempo, já estava quatro a zero e eu me beliscava para acordar do sonho, que não era sonho, era a mais pura e inacreditável realidade.
Nem todas as mandingas do mundo poderiam ter salvo o Bahêa. O Atlético foi intenso desde o primeiro minuto, jogou no ataque e usando sua fortaleza, a bola parada, contra a vulnerabilidade do tricolor de aço, a bola aérea, construiu o resultado com facilidade.
Na verdade, os baianos entraram em choque ao surgir no campo da magnífica Arena e tomarem contato com a poderosa torcida do Furacão. Ali começou a se desenhar a vitória.
Antes do primeiro gol, clara a estratégia de defender e contra-atacar do time da boa terra, confesso que fiquei um pouco preocupado com o posicionamento de Robert entre os nossos dois zagueiros jogando em linha, sem qualquer cobertura. Se isso se repetir contra os coxas, estaremos em perigo.
Com os laterais chegando ao ataque, Branquinho e Baier fazendo a ligação, e Guerron e Adailton se alternando pelos lados, o Atlético confundiu a marcação, dificultou a saída baiana e foi recebendo as faltas e escanteios geradores da maioria dos gols. O de Adailton, roubando a bola, entrando na área pela esquerda e colocando-a com maestria longe do alcance do goleiro, a cereja do bolo. Justa a felicidade do menino, a boca maior que a do meu entregador de farmácia.
Gostei de Baier, um pintor de gols, e de Deivid, só para escalar dois de um time de notas oito.
Importante ressaltar. Quando Adilson resolveu substituir entraram Wendel, Madson e Lucas, todos jogadores de qualidade e experiência. Um pecado o chute de Lucas na trave.
Uma observação. Guerron, com toda a velocidade que tem, gosta de se aproximar do lateral para driblar, quase que parando à sua frente. Se tocasse a bola de primeira, longa, e saísse em disparada, nem o Usain Bolt, o filho do vento, iria alcançá-lo.
Tenho certeza que lá pela meia noite, o entregador de farmácia soube o resultado e ganhou um ar de preocupação. Passou a mão no bolso da camisa e sentiu as duas aspirinas. É bom tê-las à mão. Contra o Furacão, sempre é bom prevenir.

terça-feira, 19 de abril de 2011

QUE VENHA O BAHÊA

Ah! Meu rei. Tá pensando nu jogo di dumingo? Puis singanô. O jogo é manhã, contra o Bahêa.  
É, irmãos rubro-negros, nada de pensar em Atletiba, em paranaense, essa coisa ruim que já passou. Nossa mente deve estar focada em títulos nacionais, que nos mantenham no patamar do qual nos afastamos temporariamente, apenas temporariamente.
A Copa do Brasil é troféu ainda distante de nossa galeria e, para nós rubro-negros, um dos mais fáceis de conquistar, simplesmente pela imensa força projetada por nossas arquibancadas em competições do tipo mata-mata. Aqui, a vitória é grande possibilidade.
A história é prova da minha certeza, ou o São Paulo e seu amigo paraguaio nos obrigaram a jogar a final da Libertadores no Beira-Rio por que o Arena não tinha quarenta mil lugares?  Eles tinham medo de você torcedor. Temos que ir buscar esta Copa o quanto antes. Temos que ir buscá-la já.
Essa busca começa amanhã, logicamente com sua indispensável presença. Você é a força da Baixada, sempre foi, desde o tempo em que os pinheiros lançavam suas sombras sobre o campo, os meninos trocavam os números do placar, as camisas desbotadas eram colocadas ao sol nos varais atrás do gol dos fundos.
O Atlético forte na adversidade foi forjado ali. Quem com toda a razão reclama destes quatro primeiros meses, nem imagina o que foram os anos de penúria enfrentados pelos torcedores de décadas passadas. Naqueles tempos, se você não tivesse garra, não fosse forte como raio, corajoso como o leão, não tivesse o coração de um cruzado contra milhões de muçulmanos, que fosse torcer para o time das coxas descoradas. A Baixada nunca foi território de fracos.
Valente rubro-negro! Você pode andar desconfiado, maltratado pelas dificuldades, pelas crescentes incertezas, pelos profetas da derrota, pelo sorriso irônico de torcedores que jamais chegarão às finais da Libertadores.
Mas, aí, dentro do seu coração, há uma chama que tsunami nenhum pode apagar. Bastará um sutil sopro de esperança para torná-la labareda ardente e sua voz transformar o mais nebuloso dos crepúsculos em noite plena de estrelas e estonteante lua cheia.
Valente rubro-negro! Você tem responsabilidade. A diferença entre a ventania e o furacão está no tamanho do seu grito. O comandante é novo, os guerreiros vacilam, mas você é forte. Levante da cadeira, coloque sua linda camisa jogadeira, estufe o peito e encaminhe-se para a magnífica Arena. Cumprimente os amigos pelos corredores e adentre ao caldeirão de emoções mais bonito do Brasil. Você se sentirá magnetizado pelo ambiente de vitória.
O adversário é porreta e vem embalado pela palavra do professor Renê.
Nada a temer. O coro fantástico alimentará a alma dos guerreiros e a vitória companheira aos poucos mostrará seu amor maior pelo Furacão.
Eu sei que você estará lá, torcendo, vibrando, mostrando seu carinho pelo maior time deste Estado. Tudo porque você é um herdeiro de heróis, você é um valente rubro-negro.
Que venha o Bahêa.

domingo, 17 de abril de 2011

O ATLÉTICO E A GRALHA

Sou desses malucos que acompanham futebol com papel e lápis ao alcance da mão. Tenho anotações sobre jogadores de todas as equipes da primeira divisão e no que toca ao Atlético tenho uma infalível. Está copiada e colada abaixo.

“Bruno Costa não deixa passar uma partida sem dar prejuízo. Está indo bem e, num momento, dá um curto circuito, entrega bola capital, é expulso, faz pênalti, compromete todo um jogo.”

A partir do jogo com o Paranavaí, vou incluir no texto: faz gol contra de fora da área.

Permitam-me uma reflexão. O que anoto é fruto da minha observação contínua, nada tenho contra o jogador, o meu desejo era estar elogiando. Deve ser excelente pessoa, esforçado nos treinamentos, cumpridor das ordens do treinador, contudo, o meu Atlético e as minhas coronárias não merecem viver de sustos a todo instante.

Gabriel Pimba é outro. Nunca vi jogar bem. Basta aparecer treinador novo, lá está o menino no banco de reservas. Titanics inteiros tem seus contratos rescindidos, mas esses permanecem assombrando meus sonhos. Na irresponsabilidade dos treinamentos devem fazer chover. No jogo jogado, falta o brilho do craque, visível ao primeiro toque na bola. Parte da torcida lamenta o pouco aproveitamento dos pratas da casa.

A boa fase de Wallyson no Cruzeiro causa reações extremadas. Dizem alguns, demos de graça um talento para o time de Minas. Só vi Wallyson fazer uma boa partida no Atlético, contra o Corinthians, se me recordo em Copa do Brasil. Sempre foi esforçado, nunca conseguiu render o que rende pela raposa. É óbvio que o time do Cruzeiro ajuda muito, Montillo é um pai para Wallyson, coisa que no Furacão o atacante nunca teve.

Nessa relação de vocações não materializadas estão Raul, Choco, Patrick, Marcelo e outros que posso estar esquecendo. Todos tiveram chances e chances e a produção foi de baixo nível. De Marcelo argumentam que bastou ser emprestado para ser convocado para a seleção brasileira. Alguém preferia Marcelo a Adailton?

Permanecendo no Atlético, podem induzir o novo treinador ao desastre cometido por Adilson Batista. Escalar Gabriel Pimba tendo Heverton e Branquinho no banco é demonstrar total falta de conhecimento das características de seus jogadores. Cabeça duríssima, Adilson resistiu até o final do primeiro tempo para colocar Heverton em campo, e precisou a vaca estar indo para o brejo para dar chance a Branquinho.

Alguém vai dizer que sou contra a base. Enganou-se, o Atlético produz jogadores de ótima qualidade, como Neto, Manoel, Rhodolfo, Chico, Deivid e Renan Rocha, só para falar dos mais recentes. Entretanto, nem todos serão aproveitados, essa uma realidade soberana. Jogar no Atlético é difícil, a torcida pega no pé, quer o craque de primeiro minuto, quer Jadson, Fernandinho, Dagoberto, foi mal acostumada.

A diretoria tem que entender o fenômeno, emprestar os em dificuldades, ir colocando os novatos aos poucos, de preferência em jogos fora, onde a pressão é nula e baixa a responsabilidade pela vitória.

Esqueci o Fransergio? Em absoluto. Fransergio tem qualidade no passe, tem que melhorar muito no desarme e jogar com intensidade, usar o corpo, pedir a bola, ser patrão do jogo. Passar, o mais difícil, sabe fazer, o resto depende de vontade, soltar-se, ser sucesso ou não. As chances estão aí. Vai ter que decidir. Para estimular, eu o teria deixado em campo e mandado Robston para o chuveiro muito mais cedo. Robston é um caminhão em corrida de fórmula um.

Mesmo rondando a Baixada há tempos, Adilson está aprendendo o Atlético agora. Conhecer seus jogadores é um dos seus principais compromissos. O Paranavaí foi duríssima lição que esperamos tenha trazido inúmeros ensinamentos ao treinador, principalmente nesse aspecto.

Estivemos muito perto de dar o vexame do século. O banco e a individualidade de Adailton salvaram o Adilson, o Atlético e a Gralha.


sábado, 16 de abril de 2011

SALVAR A GRALHA

Levado pela esposa que adora ônibus, desço na Rui Barbosa, vou chegando perto da carrocinha de pipoca do amigo paranista e ele já vai largando o jornal, os olhos febris, esperando o meu abraço e o meu apoio no momento difícil do time do seu coração.
– E aí meu irmão, o Paraná vai? – pergunto com a óbvia intenção de saber sua opinião sobre a segunda divisão acampada à porta da Vila Capanema.
– Depende do Paraná e do Paraná Vaí. – responde ele, acentuando as palavras, obrigando-me ao raciocínio que não quero fazer. Para quem nos últimos anos tem convivido com o fantasma do rebaixamento, sei que as contas a fazer são múltiplas, as possibilidades diversas, só a matemática pode jogar um time no abismo, ela própria a maior geradora de esperanças. – Eu já esqueci o Rio Branco –, continua cheio de fé, – acho que o Paranavaí vai para o buraco no nosso lugar –. As mãos aflitas parecem rasgar um contrato já quase assinado e os olhos clamam pela minha aprovação ao pensamento lapidado com esmero, imagino por quanto tempo.
– Você sabe que o Paranavaí joga com o Atlético no maior dos bagaços, não sabe? – indago passando o braço por sobre o ombro do suplicante, tentando confortá-lo.
 – Você acha que o Atlético vai entregar o jogo na Arena? – pergunta o angustiado, a voz amiudada, as mãos na cabeça, esfregando os ralos cabelos em pé, como a assistir o Bom Dia Desgraça, o jornal que tem a missão de fazer o povo brasileiro sair para o trabalho cheio de confiança.
– Não se trata de entregar – aperto o paranista num abraço sincero, – mas o Atlético está mais para ventilador chinês do que para Furacão, metade no estaleiro, metade suspensa por amarelos, e as contratações você sabe bem quem faz. Quem faz? – pergunto enfático.
– Eu sei muito bem – sussurra inconsolável, a cabeça baixa, os ombros caídos, quase que a responsabilizar-se pela nossa própria desgraça, os olhos parecendo ver o carrasco com seu imenso machado sobre o frágil pescoço da gralha agonizante.
– É meu irmão, vocês estão nos pés do Gabriel Pimba, do Gabriel, este, aliás, você conhece bem, já jogou no Paraná.
– Meu Deus do céu! – Os olhos pregados na fachada da igreja do Bom Jesus parecem lacrimejar, o corpo cansado fraqueja e eu o amparo consolador.
– Calma meu irmão, Gabriel é nome de anjo, vai dar tudo certo. Como você disse, depende do Paraná, do teu time fazer a parte dele, vencer as partidas que faltam. Deixa o Paranavaí para o rubro-negro da Baixada. A vitória salvadora será difícil, mas virá. Vou lá torcer pelo Furacão e pelo teu Paraná. – Ele me olha com uma expressão de dúvida, procurando uma ironia que não existe nas minhas palavras.
O olhar da esposa cansada de esperar me faz abraçar o amigo velho, desejar boa sorte e partir, carregando um pacotinho da doce, um mimo para amenizar os reclamos da mulher amada.
Sigo com destino a uma lojinha, duas, quantas forem necessárias. O meu porteiro coxa reclamou que o Atlético perderia o jogo para dar o campeonato antecipado ao Coritiba e evitar a festa na Arena. O meu prezado amigo paranista clama aos céus pela vitória rubro-negra. Entre esses dois pensamentos, tenho uma certeza clara como a história atleticana e honesta como a vida do pipoqueiro irmão. É jogo para ganhar e salvar a gralha.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

TRÊS DIAS PARA MUDAR

O Atlético de Adilson Batista e seus três volantes foi bem enquanto o preparo físico aguentou. Atacar, marcar pressão e voltar para defender é coisa para leão bem condicionado. Bastaram dois jogos e Kleberson e Deivid pediram água. Esforçaram-se, cumpriram as determinações do treinador, foram responsáveis pelos bons momentos do rubro-negro, mas caíram em combate.
No início do ano, a cabeça da turma das contratações estava focada em atacantes, e eles vieram. Lucas e Madson foram as estrelas cadentes no Caju, Nieto e Guerron já estavam lá. Tínhamos ainda o menino Marcelo. A defesa que sustentara o time em 2010, teria um possante ataque para ajudar. Nada deu certo, ou deu e o Coritiba deu mais certo, e o Atlético mudou. Voltamos para a defesa.
Vítimas da síndrome do “coxa está melhor”, a rapaziada não entendeu que Adilson é um adorador de volantes e na muda de treinador, mandaram três embora, Clayton, Alê e Vitor. Agora estamos escalando Gabriel, imaginem. Chamam isso de profissionalismo. Para quem assiste e avalia, a gestão do senhor Bolicenho é desastrosa em todos os aspectos, só o senhor Malucelli não vê e continua pagando honorários fabulosos pela caderneta de telefones do ex-paranista. A facilidade para demitir só se revela para treinadores.
Agora, o São Paulo quer nos empurrar Cleber Santana, com salário de apenas 200 mil reais. Paga Malucelli, ajuda o seu amigo Juvenal no momento de dificuldade. Cansei de bastidores. Vamos ao jogo.
O Atlético fez um jogo eficiente durante os trinta primeiros minutos da fase inicial. Jogou na frente, dificultou a saída de bola do Bahia, acumulou jogadores pelas laterais, foi rápido no retorno para a defesa, dominou o jogo. Guerron perdeu gol certo e Rafael Santos fez uma boa finalização. Faltou um jogador dentro da área para concluir o bom trabalho realizado. Alguém devia ocupar o espaço, estar lá para finalizar, algo assim como cruzar e correr para cabecear.
Esse bom momento se foi e o Bahia passou a atacar sobre o setor de Paulinho. O jogo ficou equilibrado e o esquadrão de aço chegou a perder gol certo com o desengonçado Souza. O gol de Guerron, aos 45, só poderia surgir de um contra-ataque. Um belo gol em ótima hora. Adilson poderia acertar a marcação pela esquerda, bloquear a subida de Marcos e fechar o sistema defensivo.  
Que nada. Nos dois primeiros minutos, o Bahia perdeu dois gols em cruzamentos da direita. O flanco estava aberto e continuaria aberto por todo o segundo tempo. Alguém vai culpar Paulinho, mas Paulinho não pode marcar três jogadores caindo pelo seu setor. Diz o menino de seis anos com sabedoria: a marcação começa no ataque.
Como não aconteceu e as substituições eram do fundo da panela, o Bahia cresceu e foi empatar no que eu chamo de “chute louco”. É sempre assim. Você vai ganhando de um zero, o outro time vem para cima, força, os riscos aumentam e, de repente, no sufoco, alguém resolve arriscar um chute de fora. Normalmente, vai na gaveta. Foi o que aconteceu. Robston virou de ladinho e a bola foi no cantinho. Fim da pelada.
Resumo da ópera. O elenco do Atlético foi formado para o esquema do Geninho. Nossos jogadores não têm as características solicitadas pelo pensamento do Adilson ou, se têm, estão longe de possuir o preparo físico para cumprir seus papéis. A falta de um atacante fixo é erro grave. O treino contra o Paranavaí é importantíssimo. Adilson tem três dias para mudar.  

terça-feira, 12 de abril de 2011

CUIDADO COM O JAHIA

O Bahia está atrasado uma semana em relação ao Furacão. Se Geninho caiu na semana que passou, Wagner Benazzi perdeu o emprego domingo último ao ser derrotado pelo Atlético de Alagoinhas. Chiquinho de Assis, que deu lugar a Benazzi, assume novamente o tricolor baiano para a partida contra o rubro-negro. Da sua participação no início do ano ao retorno interino, pouco mudou no elenco do tricolor, muito menos o rendimento da equipe.

O time sofre no estadual e jogará domingo contra o Vitória da Conquista para garantir sua passagem para a semifinal do campeonato. Nem o sucesso contra o Paysandu, garantidor da passagem de fase na Copa do Brasil, amenizou as duas derrotas em sequência contra Bahia de Feira e o genérico de Alagoinhas. As más atuações e as dificuldades no enfrentamento de equipes menores ditaram a demissão.

É esse esquadrão de aço, cobiçado por Joel Santana, Renê Simões e Celso Roth, fala-se até em Geninho, que enfrentará o rubro-negro. Possivelmente, um desses nomes estará nas arquibancadas do Pituaçu assistindo o jogo, estimulando os baianos a se empregarem ao máximo na partida.

O time é quase que desconhecido para nós paranaenses. A torcida reclama das contratações, do preparo físico de alguns jogadores e o pessoal do Barradão já está chamando o rival de Jahia. Essa é ótima.

Omar; Marcos, Thiego, Titi e Dodô; Marcone, Boquita, Rafael Jataí e Ramon; Zezinho e Souza, essa é a provável escalação do tricolor, considerando-se três volantes, um articulador, Ramon, e dois homens de frente, sendo Zezinho um meia em função de segundo atacante.

Para tornar o time mais ofensivo, Camacho pode entrar no lugar de Boquita e Robert substituir Zezinho, ou surgir do banco o menino prodígio da boa terra, Rafael, o gladiador. De todos esses Boquita, Robert e Souza são os mais conhecidos. 

Chiquinho de Assis terá a seu comando time sem padrão de jogo definido, com reservas entrando e saindo sem ganhar posição. Até o menino Rafael entra, faz gol e sai sem assumir a titularidade. Como perder deve estar fora do cardápio do interino, é provável que os três volantes sejam mantidos, ficando as substituições ofensivas para caso de extrema necessidade.

Adilson Batista deve ter colocado seus perdigueiros para estudar o Bahia e está afiado para o jogo. Eu o aconselharia a bloquear as subidas de Marcos e Dodô pelos lados, os chutes de fora de Marcone, entrando pela meia-direita, e evitar as faltas na frente da área, especialidade do lateral Marcos. Entrando Rafael, é bom vigiar, o garoto é imprevisível.

Para marcar os gols fora, fundamentais na Copa do Brasil, recomendo a bola aérea como primeira prioridade. A segunda, as faltas diretas, problema sério para o goleiro Omar.

Acordado desde o primeiro minuto de jogo, alavancado pela gritaria do Pezão, o Atlético tem chances na noite baiana, mesmo que incomodado por uns quinze mil torcedores. Dá para ser otimista. Contudo, como já assistimos o Atlético empacar contra adversários muito mais fracos na competição, é bom tomar cuidado com o Jahia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O ATAQUE PODE MUDAR

Treinadores são escravos dos esquemas que lhes renderam seus maiores sucessos. Assim é Geninho com seus três zagueiros, assim é Adilson com seus três volantes. Fornecida a escalação, eles estavam lá: Deivid, Robston e Kleberson.
O jogo em Cianorte foi um treino responsável do esquema que Adilson pretende implantar. Ainda não consigo ler pensamentos, muitos conseguem, até as intenções de Schumacher a 300 quilômetros por hora alguns lêem com facilidade. Ainda chego lá. Enquanto isso não acontece, imagino, quebro a cabeça para adivinhar as pretensões dos nossos treinadores.
O tanto refletir me faz acreditar que a prioridade de Adilson seja um time defensivo, uma primeira linha de quatro, três volantes à frente dessa linha, um pivô e dois atacantes de movimentação, usando os lados do campo e chegando à área para finalizar.
Funciona? Claro que funciona. O melhor time do Brasil na Libertadores, o Cruzeiro, joga assim.
As características individuais dos três mosqueteiros à frente da zaga são fundamentais para que o esquema tenha rendimento superior. Além de bons marcadores, têm que chegar ao ataque com qualidade, passar com eficiência, ocupar espaços dentro da área e finalizar com precisão.
A eficiência do pivô, a intensidade da sua atuação e sua capacidade de servir os companheiros desmarcados dará ao ataque a mobilidade necessária para confundir e criar a surpresa tão importante ao sucesso do movimento ofensivo.
Considerada a minha linha teórica minimamente correta, vamos ver como funcionou dentro de campo. Vencemos, sem sofrer gols. Primeiro objetivo de um time com prioridade defensiva alcançado.
E os nossos volantes, como se saíram? Defensivamente vou dar seis. O que derrubou a nota foi o elevado número de faltas na frente da área e o baixo índice de desarmes, importantíssimos para o contragolpe. No ataque foram bem, por várias vezes se aproximaram da área, trocaram passes, fizeram lançamentos, um excelente de Deivid para Guerron, Robston finalizou duas vezes e Kleberson uma, obrigando o goleiro a grande defesa. Para primeiro treino, gostei.
Embora a vitória se contabilize sobre mais uma assistência de Paulo Baier, acho que o nosso capitão pode jogar mais, dizer presente nas triangulações pelos lados, onde um toque de qualidade cria espaços vitais para chegar-se ao gol. Tenho certeza que vai melhorar.
Os atacantes giraram no ataque, tentaram criar jogadas pelos flancos, voltaram para auxiliar na marcação. A presença de Guerron atrai a manobra ofensiva. Está na direita, o time joga pela direita, vai para a esquerda, a ação se desenvolve pela esquerda. Adailton ficou fora da tela. Senti a ausência de uma melhor distribuição das jogadas, um imprevisto virar de jogo.
Faltou falar sobre a primeira linha de quatro. Pois bem, vamos lá. No primeiro tempo, o Cianorte forçou pelo lado de Paulinho, conseguindo uma série de escanteios, em um deles quase acontecendo o gol do Cianorte. Aos quarenta minutos, em jogada sobre a posição de Dalton, muito parecida com o primeiro gol do Paraná no clássico, outro quase.
Voltando do intervalo, o time da casa veio determinado a explorar nosso zagueiro-direito. Aos dez repete-se a situação e Renan faz grande defesa. Adilson tira Diniz e coloca Bruno Costa. Deivid vai para a lateral, quem sabe uma tentativa de resolver o problema no setor.
Nada. Aos vinte e seis, Renan salvou outro e aos trinta Deivid e Dalton batem cabeça e mais um quase. Era óbvia a falha de marcação. Até a bandinha do Cianorte se animou. Sai Dalton entra Fransergio. Arrumou-se a cozinha.
 A partir daí, o Atlético trocou passes, embalado pela gritaria de Adilson e facilitado pelo bom toque de Heverton, substituto de Adailton. Foi um bom treino. Mostrou erros e acertos, e a capacidade de Adilson entender o problema e tentar resolvê-lo.
Não creio que esse esquema seja definitivo, tem muita gente para entrar. Da escravidão dos três volantes acho que Adilson não se liberta, mas o ataque pode mudar.  

sexta-feira, 8 de abril de 2011

CAPITÃO AMÉRICA

Estivesse Geninho no comando do Atlético, a partida de domingo contra o Cianorte seria encarada como de vida ou morte. Além de ganhar, o rubro-negro teria que jogar bem, mostrar padrão de jogo, deixar o adversário tonto. Geninho se foi.
Com Adilson Batista no banco de reservas, o jogo passa a ser um treinamento, coletivo de luxo visando o confronto da próxima quarta-feira contra o Bahia no Estádio Pituaçu. As antigas cobranças não tem mais sentido, é trabalho novo que se inicia, o Paranaense já está perdido, titulares foram excluídos do grupo, trata-se de ver o que sobrou e montar um time que tenha, pelo menos, o perfil do novo treinador.
Quando penso em Adilson na beira do campo, lembro-me de três volantes de qualidade: Henrique, Marquinhos Paraná e Ramires, Cruzeiro na final da Libertadores 2009. A defesa como prioridade.
Não dá para ser contra. O Palmeiras ganhou do Santos na Vila Belmiro com um time de marcadores, muitas vezes desleais, comandados com pulso firme pelo consagrado Felipão. O Atlético foi bem no Brasileiro 2010 pautado pela força defensiva. É o lema oficial dos campeonatos nacionais: não sofrer gols.
Na lápide do futebol brasileiro estará transcrito o lamento fúnebre: preocupei-me em não sofrer gols e morri.  
As notícias que vem do CT do Caju apontam para o time de Geninho em campo contra o Cianorte, com as alterações determinadas pela revoada de meio de semana e a expulsão de Madson. Renan Rocha; Diniz, Dalton, Rafael Santos e Paulinho; Deivid, Baier e Robston; Guerron, Lucas e Adailton é a escalação do treinamento. No papel, nada mudou. Qual é então a expectativa do rubro-negro cansado de Geninho?
No mínimo motivação redobrada, esperança que acompanha qualquer mudança de treinador. Eu espero algo mais, algo que a participação de Adilson não pode prover. Espero que Lucas não mate na canela, Guerron se movimente por todo o ataque, Baier faça uma assistência, Robston jogue 100% mais do que jogou contra o Paraná.
No time do Cruzeiro de 2009, além dos ótimos volantes, Adilson tinha Wagner na armação, Kleber e Wellington Paulista no ataque. Era um baita time. Adilson ajudava.
Se o que eu espero não acontecer, se novas e ótimas contratações não surgirem no Caju, se Adilson não trabalhar a defesa, o posicionamento e o passe incansavelmente, em pouco tempo estará com aquele olhar triste de Geninho, estarrecido com o sofrível rendimento e pronto a elogiar detalhes insignificantes, assumir culpas para não dividir o grupo.
O Atlético é prova de fogo para Adilson Batista. É bom colocar seu uniforme de Capitão América.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

EUGÊNIO, O INGÊNUO

A situação do Atlético é tão constrangedora, tão deprimente, tão depreciativa para a instituição que só a esclarecedora palavra do presidente, seguida do seu pedido de demissão e de todos os envolvidos na saída de Geninho, poderia levar de volta o rubro-negro aos trilhos da sua magnífica história. Impossível. Para quem não sabe, o piloto sumiu.

Nestes dias de velório moral, a Bandeira do Atlético deveria ser hasteada a meio mastro.

Não sei a verdade dos fatos, não sou padrinho de casamento, não tenho informantes dentro do Atlético, leio, desconfio e concluo. O leitor desconfiará de minhas conclusões, aceitará ou não, formará sua própria opinião sobre o assunto, o que é inteligente e necessário.

Geninho começou a cair quando desembarcou em Curitiba. Não era a primeira opção do senhor Malucelli, nem da maioria dos diretores, era o que existia pronto para o consumo após o 4 a 2 vexatório, disposto a aceitar o mar de más contratações e tocar o barco na tormenta que contra ele se armava, apoiado pela fanática torcida. Quanto ingenuidade.

Somente a conquista do segundo turno e do paranaense poderiam mantê-lo à frente da equipe no restante do ano. Queriam o impossível, um Atlético 100%, um Coritiba de vento a favor sem as mesmas peças, sem o mesmo tempo de entrosamento, sem o mesmo apoio interno e externo que acalenta a vitoriosa campanha coxa-branca. Os números e fatos não enganam. Não só desejavam o matematicamente impraticável, torciam contra.

A torcida valeu. Empatamos contra o Corinthians Paranaense e perdemos para o Operário. O Coritiba é campeão antecipado, com a possibilidade clara de fazer festa na Arena. Quem diz saber a verdade dos fatos afirma ter se decidido ali a saída de Geninho. Os muitos gols perdidos pelo ataque rubro-negro contra o fantasma resolveram o problema dos insatisfeitos de primeira hora e seus escribas.

Tratava-se só de encontrar alguém para demitir Geninho, situação das mais difíceis, afinal, o treinador por mais de uma vez afirmara sua amizade com o presidente, inclusive batido de frente com Petraglia em sua defesa, para quem conhece a fera, tarefa de gigante. Faltava o mensageiro. Escolheram o seu Walmor.

Walmor pescava, demorava, necessitava um impulso. Vazem-se então os números do diretor de futebol para a imprensa, os milhões em contratações que deram em nada, coloque-se a público sua incompetência, o processo necessitava ser acelerado. Quem vazou esses dados para a mídia, eles estão disponíveis na Internet, algum trabalho insano de pesquisa foi feito? Na sede da Buenos Aires, tem Judas para dar e vender.

Vamos dar mais uma semana, torcer um pouco mais. Vai ver o Atlético perde para o Paraná e encontra-se um motivo razoável para a demissão. Meus queridos Madson e Adailton, o que vocês foram fazer? Estava tudo encaminhado. A história tinha um final feliz. Colocaram tudo a perder.

Não dava mais para segurar. Geninho caiu, o Atlético caiu, todos nós rubro-negros caímos. Estamos de luto, não pela queda de Geninho, pelo desfecho antiético, um desastre moral.

E Adilson Batista? Como ele entra nessa novela em roxo e negro? Apenas desconfio. Adilson é um ser humano, melhor, um brasileiro destes tempos, no mínimo tem direito de defesa e ótimos advogados e espaço para defendê-lo. Desejo-lhe boa sorte, só não acredito em “pelo seu Walmor, pelo Atlético, pelos objetivos do clube”. O Atlético é apenas uma tábua de salvação para carreira em crise, como foi para Carpegiani, pronta a ser abandonada quando os reais tilintarem do outro lado do telefone.  

Mas essa é história ainda a ser escrita. Hoje eu escrevi sobre Eugênio, o ingênuo.



segunda-feira, 4 de abril de 2011

ADILSON BATISTA É POUCO

A presença de Adilson Batista na Arena no jogo contra o Cascavel tinha um significado claro. Geninho estava com os dias contados. Ganhou o jogo e prolongou a agonia. Ganhou do Paraná e deixou a turma do troca-troca numa sai justa tremenda. Imagino a reunião que decidiu pela saída do treinador. Se algum honesto estava presente, a frase “vocês também só contratam perna de pau” deve ter surgido em meio à reunião perversa, onde se conspirava em prol do benefício maior do rubro-negro.
Para falar sobre sua saída, temos que lembrar as condições de sua chegada. O presidente resolvera manter o Leandro como interino após a demissão de Sergio Soares, garganteou dizendo que não tinha pressa, que não trataria com técnicos empregados, esperaria um grande profissional para tocar o time a longo prazo.
Lançou umas cortinas de fumaça. Caio Junior, estranhamente agora no Botafogo, o técnico argentino que comandou a seleção do Chile na última Copa, Silas e muitos outros. Não contratou ninguém, até tomar uma goleada no clássico com o Coritiba. Então, no desespero, lançou-se nos braços de Geninho. O presidente Malucelli, homem tranquilo, sereno, uma rocha no comando do Furacão, não resistiu ao clássico.  
E lá veio Geninho, com ele o elogio à torcida, ao grupo, a esperança de que com um pouco de trabalho, psicologia e um bom 352 a coisa andasse. Chegou com a missão de ganhar o segundo turno e disputar a final do campeonato. Chegou arrasado por parte da crônica, que só não xingou a mãe do Eugênio por que o papel, ao contrário do que muitos pensam, não aceita tudo. Geninho não conseguiu cumprir a missão.
Então, alguém avistou um problema no horizonte. Um grande problema. Um Atle-tiba na Baixada e a perspectiva de outra fragorosa derrota. Imaginem os senhores o tsunami com direito a vazamento nuclear que será uma derrota no clássico. Que fazer? A solução encontrada foi de uma criatividade impressionante. Troque-se o técnico por temor antecipado. E assim foi feito.
A tropa de elite resolveu trocar o comandante, botar o novo general em campo e correr a esconder-se na trincheira da incompetência, esperando o estrondo, a grita, já com o novo bode expiatório em plena atividade e a certeza de que tudo foi feito pela mudança de rumos, tomadas todas as atitudes responsáveis cabíveis.
Não estou aqui para defender Geninho. Acho que o time não andou mesmo, muito por que as individualidades do ataque estão abaixo da crítica e nossa defesa careça de urgentes contratações. Muito por que Geninho insistiu em jogadores que não corresponderam minimamente à sua confiança. Muito por que não conhecia o grupo, vacilou, trocou de esquemas, inventou Manoel de lateral, perdeu tempo precioso. Enfim, caiu.
Pena que não caiam com ele o Malucelli, o Ocimar, o Walmor e outros mais que levaram um time do padrão do Atlético ao seu quarto técnico em três meses. Vistam a carapuça senhores e vistam rapidamente. O Atle-tiba que os senhores tanto temem está aí. Se desejam tapar o sol com a peneira, Adilson Batista é pouco.

FAZER O QUE É CERTO

Confesso não saber por que um técnico escala jogador e, arriscando o emprego, insiste com ele, mesmo estando claro que sua atuação é uma das causas do péssimo rendimento da equipe. Sou observador cheio de perguntas. Acabado o jogo com o Paraná, dúvida cruel acometia meu pensamento: terá o treinador mais responsabilidade com o atleta, do que com o clube que lhe paga salário milionário?
No caso de Geninho, parece que sim. A prova cabal é a permanência de Robston até os 18 do segundo tempo. Até ali contávamos com apenas 10 em campo. Robston, se um dia jogou, no Furacão está em péssima fase. Geninho deve se achar responsável pela sua contratação, afinal foi seu jogador no Atlético Goianiense, por isso insistir, esperar um grande lance que salve o goiano.
Hoje, todo time ataca com um jogador na intermediária ofensiva, atrás da linha de atacantes, pronto para receber a bola quando o ataque for bloqueado. A ele incumbe virar o jogo, fazer a assistência por sobre a defesa, chutar de fora, começar tudo de novo. O Flu tem Diguinho, o Cruzeiro tem Henrique, o São Paulo tem Rodrigo Souto. É o que eu chamo de pivô ofensivo de circulação da bola. Gostou do nome?
É esse homem que o Atlético não tem e o Coritiba tem no mínimo dois de qualidade, Donizetti e Leo Gago. Dá para entender a diferença de pontuação entre os dois times? No Atlético, Clayton é o único que pode exercer a função. Está sempre no banco.
O caso de Robston não é único. Guerron é outra perda de tempo. Esse deve ter o aval da diretoria, engasgada com a imensa despesa mensal, sem contrapartida no mesmo nível. Guerron é caso grave de falta de produtividade. Geninho sabe, substitui sempre, mas escala sempre. Adailton faz em 15 minutos o que ele não faz em 75.
A vaca atolada, Geninho colocou Nieto e Clayton e foi para o jogo aéreo, forçando pela direita. Por ali conseguiu a assistência para o primeiro gol, a jogada para o segundo, a expulsão do paranista e o contra-ataque para o tento da vitória. Futebol não é tão difícil assim.
Ganhamos do fraco Paraná. Gostei de Renan Rocha, Dalton e Alê. Os nomes do jogo foram Madson e Wagner Diniz. Madson foi incansável e Diniz fez duas assistências, para o 1º e 3º gols, e fez o lançamento para Paulinho no 2º. Está ganhando ritmo, jogando bem. Só falta Rômulo chegar e assumir a posição. Daí tem que pedir para sair.
Geninho demorou, mas fez as substituições necessárias, óbvias.
O árbitro deixou de assinalar um pênalti de Paulo Henrique, toque de braço intencional, e os assistentes prejudicaram as duas equipes. Tudo dentro da normalidade.
Para dar uma ajuda ao Paraná, em consideração aos meus amigos paranistas e em respeito ao nosso goleirão Ricardo Pinto, vou dar um conselho: dá uma chance ao Marquinhos.
Para Geninho não preciso dar conselhos. Ele sabe que Clayton, Nieto e Adailton têm lugar neste time. É só dar prioridade ao seu currículo, ao clube, à torcida e escalar. Fazer o que é certo.