domingo, 24 de abril de 2011

DAR O BILHETE AZUL

O desastre que começou com falha bisonha de Manoel no primeiro jogo do campeonato contra o Arapongas, na Baixada, terminou com a expulsão do mesmo Manoel contra o Coritiba, aos oito do primeiro tempo, na mesma Baixada.
Ao lado do presidente Malucelli, Manoel é destaque na comédia de erros que foi o Atlético neste campeonato paranaense, justamente ganho pelo Coritiba.
Manoel queria sair, todos estavam indo embora, tinham tratos com o presidente, eram prioridade, o clube em segundo plano. Convenceram Manoel a ficar, convenceram-no a cumprir sua obrigação, seu contrato com o time que lhe deu vida. Ficou e arrebentou.
O presidente deve estar satisfeito. No terceiro ano de administração, perdeu dois paranaenses, continua remando contra a construção da Baixada, sua obsessão, trocou sabe-se lá quantos técnicos e agora está numa enrascada. Adilson perdeu o clássico, fazendo um monte de bobagens. Vai mandá-lo embora? Pela sua cartilha, amanhã, o novo técnico já estaria sendo contratado.
Nada vai fazer, a parte da imprensa que interessa está de amores com Adilson, culpa jogadores, por certo, como eu, vai pisar forte em Manoel. Amanhã, voltaremos a ler que Geninho era preguiçoso, desatualizado e por aí adiante. Uma cortina de fumaça para esconder erros primários, erros de time amador em jogo de tamanha importância.
Quem vive o Atlético sabe que Manoel manda o braço no adversário sempre que o choque se configura. O juiz sabe, observa e expulsa. Acabou o jogo.
Quem não sabe? O departamento de futebol, o técnico, seus assessores que tudo vêem. Os milhares de reais pagos mensalmente. Quanto amadorismo. Manoel tinha que sair do vestiário orientado, avisado do que não poderia fazer. Fez no primeiro lance dividido.
Quem está acostumado com as maluquices de treinador, lembram de Mario Sergio deixando Washington no banco em final com o Coritiba, encarou com naturalidade as saídas de Guerron e Branquinho, para as entradas de Lucas e Jenison. Coitado do menino Jenison. Entrou no caldeirão para salvar o Atlético e sofreu uma das maiores frituras que já vi. O único motivo para sua escalação seria a tentativa da individualidade, então, por que não Madson?
Adilson foi para a consagração. Se desse certo, se Jenison fizesse o impossível, seria aclamado pela ousadia. Quebrou o que restava do time, destruído pelo seu desconhecimento do adversário. Por que digo isso?
O Coritiba cobra todos os seus escanteios pela direita pouco à frente da marca do pênalti. Os gigantes ficam na entrada da grande área e avançam quando da cobrança. Que fizeram os atleticanos? Acompanharam os deslocamentos dos atacantes, ficando de frente para o gol, em posição de, no mínimo, fazer gol contra. O goleiro ainda defendeu, e o coxa, no cantinho do Romário, marcou livre. Adilson era zagueiro, tinha que orientar a defesa com correção.
O Coritiba fez dezenas de gols em chutes de fora. O Bill recebeu, os zagueiros olharam, o goleiro custou a acreditar, o chute saiu fraco, longo, no canto, a desatenção inacreditável acabou a pelada. Milhares de pessoas que saíram de suas casas para ver seu time jogar, impor alguma dificuldade ao Coritiba, estava frustrada ao findar o primeiro tempo.
Temos que acreditar em Adilson, é o que temos, impossível trocar de treinador todo dia, mas o sofrimento será grande.
E será, também, pela falta de jogadores de nível. Rafael Santos é muito limitado e é titular absoluto. Robston devia agradecer aos céus por ganhar a vida jogando futebol. Outro tecnicamente sofrível e titular. Agora está chegando Paulo Roberto, volante. Mandaram embora três volantes, pelo menos experientes, e estão contratando um desconhecido.
E zagueiros, que precisamos no mínimo três, ninguém vai contratar?
Sim, porque Dalton, Adilson já esqueceu, desde o jogo com o Paraná. Bruno Costa é um perigo Gabriel é aventura de mau gosto. Manoel sabe jogar, mas já desistiu do Atlético, vai ver o presidente faz um trato com ele, acerta a vida do menino e produz outros abandonos.
O Atlético é de um amadorismo doentio. Começa no presidente, passa pelo departamento de futebol e se espraia dentro de campo, um cadinho de limitações, substituições equivocadas e empregos táticos ineficientes.
Já que o presidente não pode demitir o Adilson, nem eu acho que seja este o momento, como disse, sou um homem de esperanças, aposto na continuidade, vou usar meu ilusório poder de torcedor e, no meu pesadelo desta noite, cara a cara com o Malucelli, vou mandá-lo descansar, afastar-se do que nunca quis, vou lhe dar o bilhete azul.

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