quarta-feira, 6 de abril de 2011

EUGÊNIO, O INGÊNUO

A situação do Atlético é tão constrangedora, tão deprimente, tão depreciativa para a instituição que só a esclarecedora palavra do presidente, seguida do seu pedido de demissão e de todos os envolvidos na saída de Geninho, poderia levar de volta o rubro-negro aos trilhos da sua magnífica história. Impossível. Para quem não sabe, o piloto sumiu.

Nestes dias de velório moral, a Bandeira do Atlético deveria ser hasteada a meio mastro.

Não sei a verdade dos fatos, não sou padrinho de casamento, não tenho informantes dentro do Atlético, leio, desconfio e concluo. O leitor desconfiará de minhas conclusões, aceitará ou não, formará sua própria opinião sobre o assunto, o que é inteligente e necessário.

Geninho começou a cair quando desembarcou em Curitiba. Não era a primeira opção do senhor Malucelli, nem da maioria dos diretores, era o que existia pronto para o consumo após o 4 a 2 vexatório, disposto a aceitar o mar de más contratações e tocar o barco na tormenta que contra ele se armava, apoiado pela fanática torcida. Quanto ingenuidade.

Somente a conquista do segundo turno e do paranaense poderiam mantê-lo à frente da equipe no restante do ano. Queriam o impossível, um Atlético 100%, um Coritiba de vento a favor sem as mesmas peças, sem o mesmo tempo de entrosamento, sem o mesmo apoio interno e externo que acalenta a vitoriosa campanha coxa-branca. Os números e fatos não enganam. Não só desejavam o matematicamente impraticável, torciam contra.

A torcida valeu. Empatamos contra o Corinthians Paranaense e perdemos para o Operário. O Coritiba é campeão antecipado, com a possibilidade clara de fazer festa na Arena. Quem diz saber a verdade dos fatos afirma ter se decidido ali a saída de Geninho. Os muitos gols perdidos pelo ataque rubro-negro contra o fantasma resolveram o problema dos insatisfeitos de primeira hora e seus escribas.

Tratava-se só de encontrar alguém para demitir Geninho, situação das mais difíceis, afinal, o treinador por mais de uma vez afirmara sua amizade com o presidente, inclusive batido de frente com Petraglia em sua defesa, para quem conhece a fera, tarefa de gigante. Faltava o mensageiro. Escolheram o seu Walmor.

Walmor pescava, demorava, necessitava um impulso. Vazem-se então os números do diretor de futebol para a imprensa, os milhões em contratações que deram em nada, coloque-se a público sua incompetência, o processo necessitava ser acelerado. Quem vazou esses dados para a mídia, eles estão disponíveis na Internet, algum trabalho insano de pesquisa foi feito? Na sede da Buenos Aires, tem Judas para dar e vender.

Vamos dar mais uma semana, torcer um pouco mais. Vai ver o Atlético perde para o Paraná e encontra-se um motivo razoável para a demissão. Meus queridos Madson e Adailton, o que vocês foram fazer? Estava tudo encaminhado. A história tinha um final feliz. Colocaram tudo a perder.

Não dava mais para segurar. Geninho caiu, o Atlético caiu, todos nós rubro-negros caímos. Estamos de luto, não pela queda de Geninho, pelo desfecho antiético, um desastre moral.

E Adilson Batista? Como ele entra nessa novela em roxo e negro? Apenas desconfio. Adilson é um ser humano, melhor, um brasileiro destes tempos, no mínimo tem direito de defesa e ótimos advogados e espaço para defendê-lo. Desejo-lhe boa sorte, só não acredito em “pelo seu Walmor, pelo Atlético, pelos objetivos do clube”. O Atlético é apenas uma tábua de salvação para carreira em crise, como foi para Carpegiani, pronta a ser abandonada quando os reais tilintarem do outro lado do telefone.  

Mas essa é história ainda a ser escrita. Hoje eu escrevi sobre Eugênio, o ingênuo.



Um comentário:

  1. Texto irretocável, Ivan. Mandei agora para o Twitter. Grande abraço. Emílio Sounis Jr ( Napoleão VIII )

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