segunda-feira, 25 de abril de 2011

RENASCER É PRECISO

O meu porteiro coxa, que a cada partida do seu verdão me massacrava com frases do tipo “quatro a zero, fora o baile”, ontem teve a oportunidade de dizer, cheio de natural orgulho, “três a zero, fora o baile”, mas não disse, teve pena, e eu, confesso, com a bateria fraca, agradeci quando o danado, tentando me dar algum alento, foi atacando o Manoel, dizendo que ficou “loco de faceiro” quando o Adilson tirou Branquinho. Ouvi, dei os parabéns, peguei o elevador, e subi para dar o bilhete azul ao Malucelli.
Hoje, li os jornais, ouvi a entrevista do treinador no pós-jogo e me coloquei a pensar, pensar e entreter a vista com a magnífica visão da Arena, atrás dela a longa linha de edifícios da Sete de Setembro se arrastando como cobra gigantesca na tentativa de chegar à Serra do Mar.
Matutei sobre a confusa derrota, apenas o pico de um Marumbi de erros cometidos pelo Atlético em 2011. Refleti sobre o futuro, nebuloso como o céu desta tarde de outono. O chocolate ao alcance da mão lembrou a Páscoa, o renascimento, e me fez concluir que o Atlético precisa renascer.
Renascer em espírito, em mentalidade, em qualidade de procedimentos.
O primeiro setor a ressuscitar é o departamento de futebol. Li que o senhor Ocimar Bolicenho, no intervalo do jogo, saiu a bradar contra a arbitragem, colocando sobre as costas do homem de preto o fardo da derrota, que é, em grande parte, sua responsabilidade.
Contratações equivocadas, elenco sem zagueiros de qualidade, goleiro em evolução, sem reserva conhecido, jogadores como Robston, que até hoje não disseram presente, são problemas criados por sua atuação “profissional” à frente do departamento.
Bolicenho gritou procurando esconder sua falha. Como o Santos do seu amigo Luxemburgo, o Atlético já contribuiu, e muito, para suas finanças. Tem que agradecer de joelhos, pedir desculpas e limpar a mesa. O presidente tem que se mexer. O treinador diz ser necessário qualificar. Não será com o Bolicenho que conseguiremos os reforços necessários.
Espero, também, de Adilson Batista, um renascimento. O treinador tem que mostrar muito mais que partida ante o fraquíssimo Bahia. Até agora se viu um padrão de jogo oscilante, uma falta de reconhecimento de capacidades inacreditável para quem vagava pela Baixada, substituições de levantar o “Burro! Burro!”, deixar coxa “faceiro”, um discurso de fragmentar grupo, do tipo “tirei por não cumprir minhas determinações”.
Desnecessário ser um Tite, fundamental tratar nos vestiários, assuntos de vestiário. Se Adilson não tiver cuidado com as palavras, vai lotar o departamento médico. Foi jogador, sabe que quem tem a boca grande não vai à festa no céu.
O retorno da alegria à Arena depende muito da confiança que os jogadores depositarem no treinador. João Saldanha, quando assumiu a seleção em 69, escalou suas feras na sua primeira entrevista. Adilson tem que ser claro.
Qual é o seu esquema? Quais os jogadores titulares e reservas para cada posição dessa estrutura tática? Que posições são as mais carentes? Afastar dúvidas sobre ressentimentos anteriores, cada dia mais evidentes. Usar o conhecimento do dia a dia com inteligência, sabedor que treino é treino e jogo é jogo, que o diga Jenison.
O lado positivo da derrota é o tempo para acalmar os ânimos, recuperar jogadores, formar um time novo para a Copa do Brasil e o Brasileiro.
O Vasco está aí, batendo na porta, meteu três no Náutico em Recife, o time do técnico que disse faltar testosterona ao Atlético, quando por aqui passou. Tem um ataque com Felipe, Alecsandro, ex-Inter, Diego Souza, ex-galo, e Eder Luis. Quando complica entra Bernardo, um menino que faz gol todo jogo. Com a nossa defesa, se não se cuidar, toma outra varada. Mãos à obra.
Renascer é preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário