sexta-feira, 29 de abril de 2011

O AUTODOMÍNIO

“Um sábio general evita um exército quando de espírito agudo, mas ataca-o quando moroso e inclinado a recuar. Essa é a arte de estudar humores. Disciplinado e calmo, o general espera a chegada da confusão e do rebuliço entre o inimigo. Esta é a arte de conservar o autodomínio”
                                                                                                                                             Sun Tzu
O treinador tem que controlar a todo o instante a equipe que dirige. Ao seu comando seus jogadores deverão alternar situações defensivas e ofensivas. Reconhecer o bom momento adversário e defender, perceber a queda de rendimento do adversário e atacar, são atitudes a tomar orientadas pela sensibilidade e permitidas pelo controle emocional que consente ao cérebro trabalhar com clareza. O descontrole leva ao “branco”, à falta de ideias, à morte sem luta.
Dominar a mente em ebulição é dever do treinador.
O autodomínio permite ao comandante passar por momentos difíceis sem demonstrar desespero ou inconformidade com a atuação de seus subalternos. Ao invés de chutar garrafas d’água, explodir em palavrões, carregar contra a arbitragem, usará o tempo para pensar em como recuperar o equilíbrio na partida, fazer modificações necessárias com tranquilidade e, criadas novas condições, voltar à ofensiva.
De nada adianta o “professor” ser dotado de autodomínio, avaliar corretamente o ânimo do oponente, expedir suas ordens com correção, se os subordinados não atendem ao seu comando. Nunca é demais ressaltar que fundamental é a voz de comando obedecida, não fosse assim, para que se perderiam tantas horas em treinamentos, repetições exaustivas, variantes táticas estudadas e repetidas vezes ensaiadas. Por que tantas horas de ordem-unida nos quarteis?
O autodomínio pressupõe foco no desenvolvimento da ação, na correção de procedimentos, na orientação de melhorias a implementar. Alguns técnicos desejam fazer mais do que o definido como de suas competências. Pressionam a arbitragem, mandam bater, forçam vulnerabilidades de jogadores adversários, incitam a torcida. Dessa forma, abandonam a figura do estrategista atento aos detalhes do jogo, pronto a intervir de forma pertinente. Não é difícil vê-los, em jogos mais espinhosos, dentro do campo, em meio ao tumulto.
Sábio será o treinador que reconhecendo a agitação a enfrentar, preparar seus comandados para, no momento do conflito, tirar proveito da impaciência adversária. Um entrevero rápido, uma reação exagerada, um adversário expulso, seguido de minutos de forte descontrole, a vitória ao alcance dos pés.
O autodomínio do treinador tem que escorrer para dentro do campo, estar dentro da consciência de seus atletas.
(O AUTODOMÍNIO é artigo do Capítulo II – O GENERAL TREINADOR – do livro SUN TZU E A ARTE DO FUTEBOL, de autoria de Ivan Monteiro, registrado na Biblioteca Nacional sob número 329.967 – livro 605 – folha 127 –, não publicado e em constante atualização)

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